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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Professor e Professora: antes de uma profissão um ato de militância por uma vida melhor

Imagem: diferençaediversidade.blogspot.com

Acordei pensando o que escrever num dia tão importante como o de hoje e resolvi fazer uma pequena reflexão, no sentido de evidenciar que se a educação fosse levada a sério, como deveria ser, por uma grande parte dos governantes, poderia sem dúvidas mudar o rumo de milhares de brasileiros e brasileiras, assim como do próprio país.

Quero antes de tudo agradecer de coração a todos os professores e professoras que contribuíram com a minha educação. Nos meus tempos de criança era muito complicado, em plena ditadura militar. Entre outras coisas éramos obrigados a cantar todos os hinos, todos os dias, com a mão no peito e nunca entendi porque, pois se era por respeito à questão era outra.

Como um seguidor da linha de pensamento de Paulo Freire, quero aqui exaltar a figura do educador, que diferente daquele professor, que dá aula por falta de opção profissional, que chama os alunos da rede pública de “bando”, tira um tempinho para ouvir cada um de seus alunos e compreender o cotidiano de suas vidas. Ao fazer isso descobre que há sentimentos e sofrimentos escondidos em cada olhar. Com um gesto como esse o educador simplesmente o acolhe e evita que muitos deles, por ação ou reação, venham a se desviar para o universo da criminalidade futura ou a violência presente.

Lembro-me de um caso recente que me chamou a atenção, ocorrido numa feira de ciências na escola pública estadual que a minha companheira é diretora. Uma aluna loirinha chegou até ela e dizendo: “O que faço diretora, queria tanto comer um pastel, mas não tenho dinheiro? Minha mãe não tem.” E ela respondeu para a menina: “Pronto esse caso está resolvido”, passando a seguir o dinheiro para a menina comprar o pastel. Após isso, eu e a minha filha vimos o tamanho do sorriso e o brilho no seu olhar. Em outro caso na mesma escola, vi no dia de uma gincana, onde os meninos se vestiam de meninas e vive e versa, uma professora de Educação Física, se vestir como homem e entrar na brincadeira, além de muito divertido, foi um momento lindo onde com certeza ganhou o respeito e a confiança de todos aqueles alunos e alunas. Pequenos gestos que ficam.

Principalmente na questão educacional, vemos claramente no Brasil dois mundos completamente diferentes: um que esqueceu a educação, a partir do momento que não investe no professor, em equipamentos, em materiais de apoio e principalmente na qualidade de vida dos alunos, com a falta de políticas integradas que envolva a família. Não estou nem me referindo aos políticos que desviam verbas da educação e até da merenda escolar, onde faltam os alimentos básicos, pois para esses não tem perdão. Estou me referindo ao país neoliberal, que sucateou o ensino, que construiu milhares de universidade particulares, a maior parte delas para os pobres e as públicas para aqueles ou aquelas privilegiados, que estudaram nas melhores escolas e assim passam com mais facilidade. Esse é o país que da desigualdade e da violência.

O outro Brasil caminha para o desenvolvimento social, contra o primeiro é claro, com cotas para os estudantes das escolas públicas e raciais, com construção de Escolas e Universidades públicas, estabelecendo um salário mínimo para os professores, com um Plano Nacional de Educação extremamente avançado e com milhares de novas oportunidades para os jovens, como é o caso do PRONATEC, por exemplo. Esse será o país do futuro se continuar sendo governado com essa perspectiva.

Quantos prefeitos e prefeitas não estão “enrolados”, porque ou usaram mal a verba da educação ou desviaram os recursos? Essas pessoas tem que serem presas.

Se os gestores querem de fato governar colocando a educação como centro das prioridades, parem de fazer de conta e mãos a obra. O que não falta é recurso do Governo Federal, faltam projetos. Todas as ações e projetos da Educação necessitam integração ampla de governo e a participação efetiva dos atores envolvidos (Professores, pais, alunos, funcionários e parceiros).  O que falar das centenas de prefeituras, que sequer fizeram a Conferência Municipal de Educação? Tenho pena das crianças da rede pública dessas prefeituras. Apenas como lembrete, seguem algumas ações que poderão ser criadas, a maioria sem nenhum custo e as que têm custo, quase todas com apoio do Governo Federal:
  • Criação de um Fórum de Educação com todos os setores envolvidos.
  • Criação de um Núcleo de Programas Educacionais.
  • Criação do Plano de Plano de Cargos e Salários para os professores e funcionários da educação.
  • Criação ou adequação de um Plano Municipal de Educação.
  • Modernização das salas de aula e dos equipamentos.
  • Investimento nos professores, capacitando-os para o mundo digital e outras ferramentas.

Ser Educador é promover naquela criança que a autoestima está em baixa, sonhos capazes de se realizar, onde ela consiga enxergar, que apesar das dificuldades, sempre terá uma mão amiga a lhe conduzir.

"Se nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção." "O educador se eterniza em cada ser que educa". (Paulo Freire)

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

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