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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O que você consegue enxergar pela janela da vida?


Você já parou para pensar porque há uma pressa exagerada no seio da sociedade? Para onde vão? O que buscam? É bem provável que nem mesmo as pessoas de quem estamos falando, saibam por que andam tão apressadas.

Quando olhamos atentamente para o movimento de uma rua movimentada numa grande cidade, a impressão que dá é que toda aquela multidão age como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Não dá tempo sequer de olhar no rosto da pessoa que passa ao lado. Pessoas anônimas buscando o que lhes interessa ou simplesmente vagando presas em seus pensamentos. E a vida? A vida para quem não tem um projeto pessoas de vida vai passando pelas pessoas e elas pela vida.

Quando estava na faculdade fazendo meu curso de graduação em estatística, um dos trabalhos que escolhi para fazer junto com outras pessoas, foi o de procurar na noite, nas baladas da vida, o que as pessoas buscavam além do lazer imediato. Fiquei surpreso com o resultado, pois jamais imaginava que naquela multidão de risos, abraços e de completa alegria, havia um universo de sinais contraditórios. A maioria das pessoas que meu grupo entrevistou, eram ou estavam solitárias, apesar de sempre aparecer rodeadas de pessoas. Havia uma tristeza no ar, que pela pressa nem dava tempo de se descobrir. Muitas daquelas pessoas buscavam na noite o que não encontravam em seu dia a dia.

A partir dessa visão de vida e mundo, dá para imaginar o quanto as pessoas comuns transferem de seus sonhos para seus líderes, heróis ou ídolos? Simplesmente vão ao limite emocional, onde sonhos e fantasias se misturam, amor e ódio caminham sempre lado a lado. Em determinados momentos, basta um sorriso para completar uma lacuna na vida de uma pessoa.

Na vida política não é diferente. As pessoas jogam todas as suas fichas numa eleição e a carga emocional de uma eleição é intensa. O carisma e a empatia fazem um canalha virar ídolo e uma pessoa justa ser odiada. O eleitor quer ficar perto de seu candidato, tirar fotos ao seu lado para um momento que ficará em sua história e pela questão emocional, se necessário, irá às vias de fato para defendê-lo. Uma visão cega que nada acrescenta se aquele escolhido ou escolhida for apenas um oportunista de plantão.

Talvez seja por isso que a militância é algo tão subversivo para quem tem interesses pessoais, para quem enxerga a política como um meio para se dar bem. Um militante de uma causa política jamais medirá as consequências quando sente que a luta que escolheu está sendo invadida exatamente pelos representantes da raiz do problema.

Quanto mais as pessoas conseguem entender os códigos da política e do poder, mais se apaixonam e quer participar, pelo convívio com as pessoas e pelos sonhos que conseguem nutrir com o envolvimento de outras pessoas.

Paulo Freire dizia que a militância é um ato de amor por si e pelo próximo. Só milita por alguma causa que tem amor para dar. Dedicar parte da vida por uma causa, às vezes tão distante, onde a maioria das pessoas talvez nem saiba ou ainda não consiga entender é um ato pleno de amor pela vida, assim como brincar com os sonhos das pessoas se traduz na maior traição.

A sociedade está repleta de falsos líderes, falsos gestores e falsas pessoas que vendem ilusões e no meio de tudo isso vários sonhadores, leais à suas causas continuam lutando para que o rio da vida não se já desviado de seu curso normal.

A janela da vida é assim. Uns enxergam apenas o imediato, o lucro fácil, o dinheiro fácil e a idolatria como resposta aos seus interesses pessoais, enquanto outros dedicam à vida, se necessário, pelo sonho da liberdade de milhares de pessoas anônimas que sonham por uma vida melhor.

O que nutre esses sonhadores? A possibilidade, nem que seja longínqua, de um dia ao calar da noite todas as pessoas injustiçadas se unam e resolvam descer o morro da vida e cobrarem o tempo perdido, onde seus sonhos foram apropriados.

“O amor é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro”. Paulo Freire

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

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