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terça-feira, 29 de abril de 2014

Como você lida com seus sentimentos?

Fonte da Imagem: http://mrgomelli.blogspot.com.br/

Após alguns medos, euforias, certa dose de raiva, mas ao mesmo tempo um amor incondicional à vida, às pessoas e pelo projeto que a vida me ofereceu, de forma quase atrevida, me arrisco a escrever sobre os sentimentos humanos. Em especial àqueles que podem nos levar ao centro do universo da nossa existência ou tão distante dele que jamais alguém nessa situação poderá se encontrar.

Diante dessa decisão, me vejo curioso a observar as pessoas que vieram ao mundo a trabalho, que mesmo diante de tantos obstáculos simplesmente vão fazendo, como se nada fosse capaz de contê-las. Como se o resultado do que fazem gerasse satisfação suficiente para ir muito além de seus momentos de introspeção, de medos ou de tristeza. Algo onde a superação invade a alma e alimenta a razão de viver.

Por outro lado, me chama também a atenção outras pessoas, que parecem que vieram ao mundo a passeio ou ainda para atrapalhar quem faz o que elas não conseguem dar conta e se desesperam ao verem alguém à sua frente, agindo de forma tão simples que até parece brincadeira. Algo sombrio, onde os sentimentos ruins são seus únicos parceiros. Na verdade essas pessoas lutam contra elas mesmas.

Todos os dias, seja em que ambiente for, nos deparamos com essas duas formas de encarar a vida e de vez em quando também com pessoas do mal. Alguém que veio ao mundo por engano, com capacidade de destruir sonhos e se enveredar para sempre num mundo de trevas.

Na busca de respostas para essas formas de existência, dizem os estudiosos que os seres humanos têm a sua disposição cinco sentimentos para quem busca a luz. Entendendo a luz como o ponto de encontro ao que se almeja e ao que de fato cada um busca em termos de projeto de vida, ou então aquele brilho que não sabemos explicar de onde vem e qual sua intensidade. São eles: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Amor.

Entender esses sentimentos em suas dimensões no sentido de usá-los a nosso favor, acaba se transformando numa enorme necessidade, pois do contrário poderão gerar momentos sem volta. O desconhecimento ou a falta de habilidade para lidar com cada um deles pode gerar uma mistura de euforia, depressão, pânico, ódio e às vezes até mesmo de um estranho sentimento que absorve o ser humano e pode levá-lo a ações e reações inesperadas. Tudo em demasia demonstra descontrole. Como diz o poeta: "rir de tudo é desespero".

Como buscar o equilíbrio? Como descobrir claramente qual a nossa missão na vida? Como respeitar o limite das pessoas para que não cobremos o que elas não são capazes ou ainda não estão prontas para executar? O que fazer para adquirirmos a confiança suficiente capaz de nos conduzir aos resultados com qualidade que queremos? Como estimular as pessoas para que elas usem o que possuem de melhor?

É bem provável que algumas dessas perguntas jamais iremos descobrir suas exatas respostas, pois a vida vai nos absorvendo e vamos nos embrutecendo de acordo com o meio em que vivemos. Porém, se moldarmos com o tempo e a sabedoria o nosso projeto de vida, é bem capaz de chegarmos a um momento onde estaremos usando esses sentimentos, que pode nos acometer a qualquer momento, para tirarmos de cada um deles as lições que a vida nos vai oferecendo.

Com as lições que a vida nos oferece aprende-se também que, assim como não podemos cobrar das pessoas o que essas não estejam preparadas para nos oferecer, pois cada um ou uma tem seu tempo e isso emana na tarefa fantástica de ajudá-las nessa descoberta, cada um nós também temos que achar nossos limites, tanto em termos racionais, como principalmente no lidar com corpo e alma. Esse encontro poderia ser descrito como um verdadeiro ato de sabedoria.

Descartar o que nos faz mal pode funcionar como a catarse que necessitamos, porém isso tem que ser alicerçado no ato de perdoar, não como a necessidade de consertar o que se quebrou, mas com o simples objetivo de criar espaços no coração e mente para novas emoções que nos façam bem.

Uma coisa é certa: quem veio ao mundo a passeio com certeza não perceberá que a vida passa tão rápido e de repente já passou, porém, quem veio ao mundo a trabalho, com o livre propósito de servir, encontrará em cada momento e cada sentimento a razão de sua existência e a inspiração suficiente para dizer: valeu e valerá.

Sábios serão aqueles que buscarem nas experiências de vida referenciais para ampliar o que é bom e não cair na tentação de repetir o que lhe fez e faz sofrer.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

domingo, 27 de abril de 2014

Uma revolução silenciosa promovida pela Fundação Perseu Abramo está em curso

Encerramento da Primeira Turma do Curso de Pós-Graduação

Estive nesse final de semana participando do encerramento da Primeira Turma do I Curso de Pós-Graduação em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Perseu Abramo, ligada ao Partido dos Trabalhadores, nas diversas atividades, principalmente nas apresentações dos TCCs dos concluintes.

Entre os participantes uma mistura de alegria, expectativa e nervosismo por ter que apresentarem seus trabalhos para uma banca. Algo que uma boa parte daquelas pessoas nunca experimentou. Seja pelo fato de alguns estarem fora das universidades há tempo e outras que nunca fizeram a defesa de um TCC.

Pouco a pouco, de um em um, as apresentações completavam um cenário, aonde seus atores iam descobrindo o prazer de suas obras, o reconhecimento das bancas e o prazer principalmente de terem chegado a um importante ciclo em suas vidas.

A sensação que tive foi de ter ocorrido uma verdadeira revolução na vida daquelas pessoas, tamanha era a concentração durante as apresentações e a alegria no termino de cada uma. Algo que ao mesmo tempo em que possibilitou a integração e o encontro de pessoas com afinidades partidárias comuns de várias localidades do país, ampliou seus conhecimentos, divulgou essa nova fase do Partido e da Fundação e ofereceu referenciais que possibilitarão o envolvimento dessas pessoas em várias atividades, seja em que campo for, porém com uma nova visão mais ampliada com esses novos conhecimentos. Em síntese uma nova possibilidade de voltar a sonhar.

A mensagem do Presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, em sua aula não deixa dúvidas quanto ao compromisso de cada um. Ao responder uma pergunta de um participante, disse ele: “Vocês serão protagonistas do Partido no futuro e as mudanças que o partido necessitar ocorrerá com vocês”.

São homens e mulheres em que muitos deles se apresentaram carentes de conhecimentos ao entrar e ao chegarem ao final de suas participações, saíram irradiando felicidade, como se de uma hora para outra, tudo aquilo que parecia impossível para muitos, simplesmente aconteceu e isso é de um valor incomensurável. Os pagamentos pela adesão aos cursos com certeza se realizarão na ampliação de suas militâncias e na possibilidade da socialização de parte desse conhecimento absorvido com outras pessoas do Partido e da sociedade, criando uma nova rede em busca de objetivos comuns.

Assim foi, está sendo e será com os atores da Capacitação em Gestão Pública nas prefeituras onde o Partido está presente; com os atores do Curso Difusão do Conhecimento, democraticamente oferecido a todos e todas filiados e filiadas que tenham formação até o ensino médio; com a primeira turma formada e as turmas que virão da Pós-Graduação e com certeza para aqueles que comporão a Primeira Turma do Mestrado.

O Partido dos Trabalhadores que já tinha uma tradição na formação política com a Escola Nacional de Formação, com a criação pela Fundação Perseu Abramo da Área de Conhecimento que compõe o Laboratório de Gestão e Políticas Públicas, composta pelas quatro áreas de Capacitação Tecnopolítica: Mestrado, Pós-Graduação, Difusão do Conhecimento e Gestão Pública, está na verdade construindo um processo revolucionário silencioso, onde o ponto de encontro é o saber.

No sentido de ampliar esse importante trabalho e a utopia de uma nova sociedade, assim como consolidar o modo petista de governar, legislar e de participação na sociedade, a Fundação Perseu Abramo convoca homens e mulheres petistas a se juntarem aos que já estão participando, para que num futuro próximo o conhecimento, que até então era privilégio de poucos possa ser ampliado para todos os integrantes do Partido dos Trabalhadores e principalmente para os buscam uma nova compreensão de suas militâncias por uma causa humanista.

Numa sociedade desigual em plena Era do Conhecimento, a utopia de uma nova sociedade: fraterna, justa e igual, com certeza passará pela apropriação e socialização do saber.

Parabéns a todos e todas que estão participando desse novo momento do Partido dos Trabalhadores.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com


quinta-feira, 24 de abril de 2014

O que isso tem a ver comigo?

Ao olhar pela janela da vida, às vezes fico a me perguntar o que move as pessoas? Qual a razão de suas existências? Como fazer para que não sejam usadas como massa de manobra, seja por quem for? Ou ainda, porque as pessoas mudam tão rápido de opinião sem a menor convicção ou sem elementos que lhes deem sustentação? Simplesmente embarcam na teoria da conspiração sem o menor constrangimento. O que fazer para conter a violência generalizada que aos poucos vai tomando conta da sociedade e nos fazendo refém da indústria do crime?

Vivemos numa sociedade de interesses e de pleno consumo comandada pelo mercado. Para que sua manutenção esteja sempre ativa, os que caminham na mesma direção vão sendo selecionados, bastando para isso jogar o jogo sem reclamar e os que se colocam contra ou não se enquadram por não terem tido as mesmas oportunidades vão sendo excluídos ou separados para servir. Isso se transforma no dia a dia numa das maiores violência contra a humanidade.

Ao falar em violência, o que falar dos números? Em 2012 ocorreram 50 mil assassinatos no Brasil e só no Rio de Janeiro, quase 10 mil foram assassinatos nos últimos 10 anos. Trata-se de um número maior do que os assassinados em todos os países que adotam a pena de morte. Esses assassinatos foram cometidos, parte deles pelas próprias vítimas em disputa pelo tráfico, outras por várias razões e tantas outras pela polícia, que se tornou uma máquina de matar. Errados ou inocentes, o fato é que já adotamos nossa pena de morte legitimada pelo Estado e pela sociedade.

Dados do Blog Viomundo, mostra que a polícia brasileira é extremamente mal vista por organismos internacionais. “Violenta. Truculenta. Máquina de matar. É assim que a polícia brasileira, e em especial a Polícia Militar, tem sido classificada por organismos e entidades de defesa dos direitos humanos. Ano passado, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), foi recomendado sua extinção, como forma de combate à violação aos direitos humanos e à prática de execuções extrajudiciais cometidas por uma parcela dos membros da corporação”. 

Uma sociedade enlouquecida, que vai matando mesmo sem motivos ou os que incomodam o sistema. Fazendo na verdade uma grande limpeza, onde a maioria é composta por negros e pobres. Trata-se da visão do sistema, que de uma forma segura encontrou uma solução para os conflitos humanos, onde não se resolve os problemas centrais, pois esses incomodariam os agentes do mercado e em troca eliminam-se todos aqueles que caíram em desgraça ou de alguma forma incomodam quem controla ou quer controlar a sociedade.

O cientista político Luis Eduardo Soares, que já foi Secretário Nacional de Segurança Pública, revela algo preocupante: o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope) ofereceu aulas de tortura até 2006. A Polícia Civil do Rio também ensinava como bater até 1996. Ou seja, práticas herdadas dos agentes do golpe militar e que ainda hoje estão infiltradas na sociedade, onde o pior é saber que essas práticas são homologadas pela justiça, seja por ação ou por omissão.

Se for fato que a violência está instalada nos municípios brasileiros, também é fato que um dos maiores problemas está na falta de políticas públicas de segurança e prevenção à violência, principalmente nos estados e municípios e isso faz com que cada governante trate à sua maneira e interesse o problema.

Porém, se a proposta for de recuperar o cidadão que caiu em desgraça, de criar mecanismos que evite que as pessoas escolham o caminho do mal por falta de opção, de lutar contra o mercado das drogas e incluir novamente os recuperados no seio da sociedade, se faz necessária a criação de políticas de segurança cidadã, que fortaleça os laços de humanidade, que coloque a educação de qualidade como fonte de saber, que não tolere a impunidade e muito menos a discriminação e que assegure as mesmas oportunidades para homens e mulheres, brancos e negros e deficientes e não deficientes. Caso isso não ocorra, todas as tentativas serão em vão, apenas iludirão ainda mais a população, além de fazer com que cada vez mais o estado de violência se fortaleça e se generalize.

O Poder Público precisa urgentemente criar mecanismos que possibilite a recuperação das pessoas e não eliminá-las para ser ver livre da situação. Policial que mata primeiro para depois perguntar quem era, ou está completamente louco e necessita de internação ou é tão bandido como outro qualquer. 

A grande pergunta que muita gente se faz é: o que eu tenho a ver com isso? “Pago meus impostos, sou bem informado através dos veículos do PIG, não gosto de política, defendo  pena de morte, meto a boca no mundo quando vejo coisas erradas, principalmente com meus vizinhos e odeio todos os políticos”.

Talvez para responder com mais precisão essa pergunta, seja necessário recorrer a Bertold Brecht e ler e reler “O analfabeto Político”. Por ação ou por omissão, a sociedade tem sua parcela de culpa.

Você parou para pensar o que você tem a ver com isso? 

Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. (Bertold Brecht)
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

quarta-feira, 23 de abril de 2014

QUE AS PRÓXIMAS HORAS NÃO SEJAM AS ÚLTIMAS DO DIA

Cheguei ao mundo muito tarde o grande evento que aconteceu por volta das 18 horas. Já eram quase 21 horas quando cheguei. Tudo já estava decidido e a festa já corria solta. Muita gente que participou deste evento/reunião não se deu conta de que a partir dali se concretizariam novos rumos para a estrutura da sociedade, mas não sem promover tensões. Outras reuniões como esta já haviam acontecido mais cedo, mas para nós, esta foi, sem dúvida, a mais importante e, embora a pauta não estivesse tão bem definida, é a que pauta nossa vida até hoje. Bom, não posso dizer por eles, mas imagino que os que tiveram à frente desta reunião não tinham toda a clareza e nem estiveram muito preocupados em mensurar a proporção que os desdobramentos tomariam e quão perniciosos poderiam ser.

Como cheguei atrasado, o mínimo que posso fazer é tentar entender os caminhos que decidiram tomar para assim, poder entender o que está acontecendo agora, poucas horas depois. Não é tarefa fácil, pois além de ser necessário entender o que aconteceu nas últimas horas, durante minha pequena permanência aqui, preciso tentar vislumbrar o que vai acontecer antes do dia acabar e deixar, ainda que um recado, para os que chegarão mais tarde, pois acredito que muitos chegarão e, quando eles chegarem, talvez sejam mais habilidosos do que temos sido para postergar o fim do dia.

Algum filósofo há muito tempo, já sugeriu que sob o prisma da humanidade o nosso tempo de vida é uma gota d'água no oceano e, de modo similar, sob o prisma da idade da Terra nossa vida duram poucos minutos. O oceano é imenso, é profundo, é raso, é escuro, é claro, é agitado, é tranquilo, é assustador e ao mesmo tempo admirável. Mas, infelizmente nós, gotas d’água, talvez não tenhamos nos conscientizado para o fato de que, querendo ser diferentes, nos destacar, não querendo ficar tão ao fundo, seja individualmente, seja em grupos, podemos comprometer a perenidade desta maravilha que é o oceano.

O ser humano, entendido como o ser vivo dos seres vivos, aquele que está acima dos demais animais por ser “racional”, tem sido muito mais irracional do que imagina. Quem estava aqui às 18 horas não vive mais, e nós, atrasados ou não, aqui chegamos. Preocupados com nossas tarefas, com nossos desejos, com nossos próprios “nós”, parece que acabamos por nos esquecer de um precioso fato: não basta reproduzir a espécie para reproduzir a vida.

Embora não tenhamos estado aqui às 18 horas, recebemos um pacote dos que aqui estavam, e notadamente parece ser difícil imaginar que este pacote possa ser substituído, tão já, por algo novo. Pode ser que este grande evento tenha sido não o melhor, mas o menos pior sistema já experimentado pelos seres humanos, mas está muito longe de ser o ideal. Está ai, é o que temos, quando nascemos ele já existia e quando morrermos, acredito eu, ele ainda estará ai, em pleno vigor. Cuidado, não se trata de 'aceitar a vida como ela é'. A questão é que este pacote nos tornou mais individualistas e menos livres ao no impor padrões, além de ser intrinsecamente desigual e nem tão justo quanto dizem.
A livre iniciativa, a liberdade de expressão, a democracia, a propriedade privada, ganharam nossa simpatia e há motivos de sobra para justificarmos as razões pelas quais. Mas esse quadro pintado esconde coisas por trás, e o nosso 'sucesso' ou 'bem-estar' não dependem somente da 'livre iniciativa'.

Acreditamos na 'liberdade de expressão' mas nem sempre nos damos conta de que as informações à que temos acesso carregam consigo boas doses de parcialidade. Passamos a pensar que o voto é o ápice da nossa condição de cidadãos e não refletimos sobre o modelo de 'democracia representativa', aliás, como boas gotas d'água, preferimos nos recolher à nossa pequenez e acreditar que não há o que fazer e assim contribuímos para a manutenção do status quo. Acreditamos que teremos tudo o quanto quisermos se assim nos esforçarmos para tal, mas nem sempre entendemos porque queremos ter tanto. Esforçamo-nos para ter 'a minha casa' e para encher 'a minha barriga' e somos inclinados a pensar que a fome e a moradia precária se devem ao fato de não estarem se esforçando o suficiente para terem o que precisam, atribuindo ao indivíduo toda a responsabilidade pelo seu insucesso e perpetuando a falsa ideia de que todos, sem exceção, 'competem' com as mesmas armas e, portanto em pé de igualdade.

Por estas e outras razões nos distraímos, e com pequenas coisas nos roubam os minutos que temos, nos impedindo de olhar, refletir e compreender nossa condição sob um prisma mais amplo, pois nossos minutos passam rápido demais para nos preocuparmos com os minutos de 'todos os demais' e menos ainda com os minutos dos que virão depois.

Esse pacote que recebemos impõe um modo de vida, que há existia quando nascemos e que estamos perpetuando. Esse pacote permitiu à humanidade coisas grandiosas, porém não temos conseguido dar respostas a problemas relativamente simples, o da fome, por exemplo, que nos parece não ser um problema de escassez material. O problema é que, se não enxergarmos sob um prisma que exceda nosso tamanho, nossos minutos se passarão e não teremos dado nossa contribuição para os que virão depois de nós e que, poderão mudar a pauta e, quem sabe, se reúnam e façam melhor que nós.

Há potencial de crescimento econômico em diversos países, mas não paramos para pensar se o 'modelo' de crescimento é o mais adequado. O crescimento pode vir, mas o desenvolvimento não necessariamente. Precisamos aprender a fazer diferente e melhor, para evitar que as próximas horas sejam de caos. É incontestável que os Estados Unidos da América (EUA) são o baluarte do capitalismo, o modelo mundial de sociedade 'desenvolvida' e, mais uma vez sob um ponto de vista de muitas horas, precisamos refletir sobre o fato de que se este 'modelo' pode ser reproduzido e sustentado por mais quantas horas.

O que poderia acontecer se outras grandes economias quiserem adotar para si um modelo de desenvolvimento similar ao do 'baluarte'? Se os padrões de produção e consumo do 'baluarte' se disseminarem por muitos outros países, o que aconteceria? Sem mudanças, sem novos rumos no processo produtivo, caso continuemos o caminho que estamos trilhando, estaremos acelerando o processo de catástrofes climáticas.
Precisamos de uma nova agenda de desenvolvimento, de um novo pacote que seja construído nos próximos minutos e que paute a atuação da humanidade para as próximas horas, tarefa ingrata, incompreendida, que não atrai atenção popular e que não angaria voto.

A mudança precisa começar nas bases, nos alicerces da sociedade. Falo da educação, da cultura, do acesso á formação é à informação, da politização. Talvez não tenhamos minutos suficientes para ver um sistema de sociedade muito diferente do atual, mas precisamos pensar no que queremos para os que virão.

Se quisermos um mundo melhor, sem pobreza, menos desigual e mais livre, precisamos nos atentar para o fato de que este mundo só será possível se pensarmos para além dos minutos que temos.

Pode ser contraditório, paradoxal, mas ainda acredito na humanidade. Espero que os que estão por vir não se decepcionem tanto quanto poderão com os seus antepassados, nós. Que possamos começar algo melhor para que os que estão por vir o desenvolvam e desfrutem, corrigindo o que há para ser corrigido, reformando o que há para ser reformando, jogando no lixo o que não serve mais e renovando.

Precisamos provar e fazer jus à “racionalidade” que dizemos que temos. Precisamos parar de olhar só para o nosso próprio relógio, pois ele funciona por pouquíssimo tempo, e começar a olhar para o tempo sob o ponto de vista da humanidade. As próximas horas virão, e elas não necessariamente precisam ser cinzentas, penosas, vazias. Se nós não fazemos as escolhas, outros farão por nós.

Roberto Rodrigues
Economista, Especialista em Economia Social e do Trabalho, Mestrando em Desenvolvimento Econômico junto ao Instituto de Economia da UNICAMP, Professor do ISCA Faculdades e Economista Associado à LMX Investimentos.

rodriguesrobertto@yahoo.com.br

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A sociedade precisa se reinventar para resgatar o humanismo

Figura: netmarinha.uol.com.br

Quero iniciar essa conversa nesse tempo de reflexão, me referindo ao humanismo em seu sentido amplo, que significa a valorização do ser humano e a condição humana acima de tudo.

Com esse olhar humanista, fica difícil compreender e aceitar a guerra invisível contida no seio da sociedade, às vezes entre pessoas que aparentemente caminham juntas. Porém quem se considera melhor que o outro, vai excluindo as outras pessoas, boicotando possibilidades, construindo a teoria da conspiração e tentando afastar quem se mostra tão capaz quanto essa que se considera a única opção possível e viável para a humanidade. Por incrível que pareça na maioria das vezes isso ocorre pelo simples fato de uma disputa por uma ínfima parcela de poder, ou ainda por simples paranoia e pura incompetência.

O fato é que infelizmente nos deparamos com situações semelhantes em praticamente todos os espaços onde seres humanos habitam. Quem não consegue se viabilizar e não tem uma missão a seguir, tenta parar o mundo para que não gire numa velocidade maior que a sua.

Que mundo é esse, onde falsos líderes tratam pessoas simples como “garrafinhas”, somente para provar que desfrutam de prestígio e de poder de voto? Nesse momento minha revolta é tamanha que me enxergo totalmente anarquista e a minha atitude é entrar na luta, apenas para não permitir que essas pessoas simples sejam mais uma vez enganadas. Quem pensa e age assim não nos representa.

Já repararam atentamente no trânsito? Algumas pessoas nos ultrapassam, até pela direita, apenas para ganhar uma vaga e ficar à frente. Uma disputa insana pela dianteira, simplesmente para ser o primeiro ou ainda para provar que o seu carro é mais poderoso. Trata-se na verdade de um desvio de conduta rumo à violência.

Outra questão que está destruindo a humanidade vem do fato de que se permitiu que a velha mídia virasse o quarto poder e determinasse os hábitos e as vontades das pessoas.

A humanidade está em crise? Que tipo de crise? O que buscam as pessoas? Qual a verdadeira intensão de quem: toca um projeto, chefia, gerencia, coordena ou mesmo governa? É preciso anular as pessoas para provar quem manda? O que fazer para resgatar o humanismo? Até que ponto isso tem a ver com cada um de nós?

É impossível responder qualquer uma dessas perguntas sem antes descobrirmos qual é a nossa missão, tanto como cidadãos, mas principalmente como seres humanos. Qual é a sua causa que alimenta sua vida? Veio ao mundo à passeio ou a trabalho?

A pressa no trânsito, a falta de crença, o desencontro com a missão, a disputa pelo nada e uma busca incontida pelo senso comum, talvez sejam apenas desculpas para a omissão. O que tenho a ver com isso? E nessa insensata falta de compromisso muitas pessoas passam a maior parte de seu tempo. Como se nada demandasse da omissão de cada um. No final das contas, ou por ação ou por omissão todos que se omitem carregará para a eternidade sua parcela de culpa.

As pessoas estão tão envolvidas ou com o nada ou com sua sobrevivência, que não conseguem enxergar que a sociedade capitalista é extremamente seletiva e faz uma seleção natural para determinar quem serão seus escolhidos para a continuidade.

De um lado seus escolhidos com direito a tudo e do outro os que a servem, esses sem direito algum. Para esses a justificativa é que não souberam aproveitar as oportunidades ou nasceram mesmo sem sorte. O pior é que esse ciclo se transfere também para o mundo da política. Em regras regais a maioria dos escolhidos por um sistema eleitoral falido e tendencioso defendem exatamente os que nasceram com sorte. Sobra para a maioria da população brasileira, ou a conformação de que nasceram sem sorte ou lutar bravamente pelos seus direitos.

Das duas uma: ou a sociedade se reinventa, no sentido de incluir e receber bem as pessoas que deram suas vidas para que a minoria pudesse se beneficiar às suas custas e nunca tiveram nada em troca ou a maioria que nunca teve nada e agora estão conquistando seus direitos marcharão rumo ao poder no sentido de destruí-lo.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

segunda-feira, 14 de abril de 2014

As principais mensagens do filme Saneamento Básico

Fui convidado pela minha orientadora de Mestrado, Elisabete Stradiotto Siqueira, a escrever um capítulo de um livro que ela está idealizando, onde a partir do conteúdo de um filme seja possível fazer uma análise da Administração.

Como a minha área é Administração Pública, escolhi o Filme Saneamento Básico, que de uma forma simples e descontraída nos oferece conteúdo suficiente para fazer uma ampla análise da situação do saneamento básico nas cidades brasileiras. Segue abaixo uma parte do capítulo, justamente a que faz uma leitura do filme.

Partindo da realidade da maioria das cidades brasileiras, pode ser observado que o filme aborda um contexto peculiar, ao situá-lo num vilarejo sulino com moradores descendentes de italianos. Isso caracteriza que aqueles moradores, apesar de morarem numa periferia, ou com características de periferia, pelo abandono do poder público, sabem se defender e reivindicar seus direitos. Situação bem diferente dos migrantes que povoam as periferias brasileiras. A justificativa dessa afirmação pode ser notada em alguns detalhes, tais como: o fato do personagem Otaviano já ter sido subprefeito, o que mostra certo grau de compreensão política; a existência no vilarejo de pequenos empresários como ele próprio e o personagem Antonio e um sentido de organização social, na medida em que se cria uma Comissão de Moradores, que entre outras ações já tinham elaborado vários abaixo-assinados reivindicando a construção da fossa. Esse fato só vem reforçar a tese de que a população conhece seus direitos, o problema está como essa população se organiza e quem são e como atuam seus representantes.

Como ocorre em grande parte dos municípios brasileiros, principalmente nos de pequeno porte, as reivindicações não são atendidas e muito menos quem reivindicou é recebido por algum gestor, prática que reforça a falta de crença da população, tanto pela política como principalmente pelos políticos. É evidente que não é bem assim, pois mesmo nesse tipo de administração pública existem pessoas comprometidas, sejam comissionadas ou servidor de carreira. Quem nivela por baixo é a imprensa brasileira, que em nome das seis famílias que detém 70% dos meios de comunicação, se constituem no quarto poder.

O fato da prefeitura da localidade não ter recursos destinados ao saneamento básico, apesar de ser uma reivindicação antiga, revela em primeiro lugar o descaso de muitos gestores com relação à questão do saneamento, que desagua em vários problemas, inclusive de saúde pública e segundo a necessidade de manter a população distante do entendimento do orçamento público. Essa situação pode ser notada na medida em que nem mesmo os gestores das diversas áreas de governo, na maioria das prefeituras, sabem como o orçamento é elaborado, num primeiro momento através do PPA (Plano Plurianual) e posteriormente através da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

Segundo o Fórum Brasileiro de Orçamento Participativo, a extrema maioria dos municípios não praticam o Orçamento Participativo e muitos dos que adotaram o OP como é chamado, abandonaram no segundo mandato. Há evidência que isso ocorre por algumas razões, entre ela o fato de não haver integração de governo e isso levar a participação de apenas um ou dois secretários nas reuniões de OP e sobre eles cair toda a insatisfação da população e também pelo fato de não haver, por parte das administrações públicas, uma relação mais próxima com a população, seja através de Conselhos Gestores Participativos, onde a maioria ainda são apenas consultivos ou mesmo a falta de incentivo para que a sociedade se organize, através de suas entidades representativas e possa exercer o direito de Participação e de Controle Social. Algo que o poder público poderia iniciar pela organização de Fóruns Temáticos, sem custo algum para os cofres públicos e de grande benefício para a formulação e controle das políticas públicas.

O enredo do filme se desenrola em como usar uma verba federal aprovada de R$ 10 mil para a produção de um filme, na construção de uma fossa que custaria R$ 8 mil. A existência de uma verba federal aprovada, independente de que área, nos dias de hoje demonstra a existência de um projeto e a mudança de curso dessa verba relatado no filme, da cultura para o setor de obras, nos permite alguns comentários. O primeiro deles voltado à criatividade humana, aonde através de uma breve pesquisa, os personagens vão vencendo suas barreiras e limitações e vão alinhando o enredo de acordo com a necessidade da população do vilarejo. Na prática, as pessoas precisam ser estimuladas. Um segundo comentário está ligado como a personagem Marcela, gestora da subprefeitura, enxergava o fato de uma possível devolução dos recursos para Brasília. Dizia ela: “Não se pode devolver verba para Brasília. É um absurdo”. Um comentário com alta dose de maldade e adotado por parte do grupo, principalmente pelo fato de que se a verba não for utilizada tem que de fato ser devolvida. Além disso, o comentário traz à tona como a população enxerga a cidade de Brasília e os políticos, como uma cidade do poder e repleta de ladrões. Nos dias atuais essa avaliação é reforçada diariamente pela velha mídia, que afirma que todos os representantes eleitos seja uma corja de ladrões, com o nítido interesse em reafirmar que política é uma coisa ruim e, portanto tudo que dela migrar também será. Afirmações que afastam cada vez mais a população de enxergar seus direito, de se aproximar dos códigos do poder  e de uma efetiva participação na vida política de sua cidade, seu estado e no próprio país. Trata-se de algo direcionado para coibir o crescimento dos setores esclarecidos da sociedade

O desenrolar do filme mostra também o conflito entre os personagens. Fazer o filme de qualquer jeito apenas para ter acesso ao dinheiro ou fazer bem feito?
           
Outra questão importante abordada é a saudade dos italianos por sua terra natal e pela cultura de seu país. Essa cena nos leva a refletir os desencontros de imigrantes e migrantes, que pela sobrevivência financeira tiveram que abandonar a história de vida de cada um e se deslocarem para regiões que não conheciam, onde muitos deles sofreram e ainda sofrem maus tratos e discriminação.
           
No campo empresarial algumas observações. Primeiro o fato do personagem Antonio, que é dono de uma pequena empreiteira de obras, assumir o projeto de construção da fossa, sem licitação. Sua convicção é tamanha que chega a comprar de forma antecipada materiais para a realização da obra, chegando ao absurdo de sugerir o uso da verba da merenda escolar para a construção de uma ponte. Em seu diálogo com a gestora, fica claro um jogo de interesses de ambos os lados. Em outro momento o filme aborda os patrocinadores do filme, que aceitam em troca de divulgarem seus produtos para as crianças e pais da localidade, como algo natural.

A troca de acusações feita pelos personagens Otaviano e Antonio, mostra tanto o processo de corrupção mantido por parte do poder público e as empresas, como também a sonegação fiscal, que em regras gerais representa pelo menos duas vezes do valor da corrupção existente hoje no país, que se constitui numa poderosa vertente da corrupção.

O universo da sociedade machista é abordado no filme em dois episódios. O primeiro no patrocínio, quando um dos empresários fica interessado na conversa da gestora se referindo às mulheres do bar e segundo pelo personagem Zico, o produtor que surge na parte final do filme. Todo seu interesse esteve voltado à Silene, inclusive sendo pano de fundo para uma mudança surpreendente no roteiro do filme, ao explorar sua sensualidade.

No campo do poder, o prefeito local, como ocorre em várias partes do país, se omite da responsabilidade na medida em que não destina nenhum recurso para solucionar o problema do saneamento básico, reivindicado pela população há tempo, porém quando o filme chega à fase final e as obras se iniciam, mesmo sem a aprovação da verba, o que é muito estranho, surge a figura do político de carreira querendo aparecer às custas do trabalho da população. No final do filme ainda arremata ao citar seu investimento, como se tivesse sido investimento da prefeitura em cultura, para a realização das obras, de não terem sido concluídas, o que demonstra que pelo menos parte da verba tenha sido desviada, houve um crescimento cultural e de turismo na cidade.

Algo inusitado ocorre na parte final do filme. Os atores, mesmo de forma amadora, porém comprometidos com o resultado do trabalho, procuravam desenvolver o enredo que planejaram. A mudança do nome do filme: “O monstro da Fossa” para “O Monstro do Fosso”, ocorre quando surge à figura de Zico, procurado para editar o que já estava pronto. Logo começa a palpitar e usando toda a sua experiência, malandragem e interesse na personagem Silene, convence o grupo que o que já é bom pode ficar melhor, pagando por isso, é claro. Um dos problemas a ser administrado a partir desse momento é o orçamento do filme, que com essa novidade come a ficar caro e distante do seu objetivo principal. O recurso usado pelo personagem Zico para convencer a mudança de rumo, é tocar na vaidade pessoal dos atores e uma mudança de postura de alguns deles começa a acontecer.

Após o convencimento, Zico consegue seu intento. O filme é editado, regravado algumas partes e com isso muda totalmente o enfoque, inclusive dos atores e membros da Comissão de Moradores. O objetivo que era arrecadar fundos para a construção da fossa, dá lugar à projeção individual do elenco. No meio disso tudo algo positivo: mostrar para todos que para ser ator e atriz não precisavam ir para Porto Alegre. Tinham acabado de realizar uma obra digna de ser mostrada ao público.

O filme termina com a revelação de que as obras da fossa não foram concluídas, como ocorre em inúmeras cidades brasileiras, porém os atores da comunidade se sentem prestigiados com o sucesso do filme e exploram isso das mais variadas formas possíveis e a população da Linha Cristal? Continuam a esperar pela construção da fossa prometida, assim como muitos brasileiros e brasileiras aguardam ainda por água e esgotos tratados.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

sábado, 12 de abril de 2014

REMANDO CONTRA A MARÉ

Como pude conviver anos a fio, em muitos casos desde a infância, com certas (muitas!) pessoas sem nunca ter percebido nelas traços de direitismo - hoje cada vez mais explícitos -, sem jamais desconfiar?
Não, não se trata de esperar ingenuamente que todas as pessoas com quem convivo ou me relaciono sejam de esquerda, muito menos que sejam petistas ou sequer minimamente simpáticas ao partido, mas que ao menos, em grande parte desse contingente, tenham preocupação com os mais necessitados, que compreendam a importância histórica da redistribuição de renda e da emergência dos programas de inclusão social.
Os que torcem o nariz ao povo são os que sempre criticaram a política e os políticos - de qualquer matiz ideológico, mas especialmente os de esquerda. O PT, porém, sempre navegou no contra fluxo, defendendo a Política como único meio civilizado de promover a justiça social, a democracia como valor inalienável, as vias institucionais como forma de respeitar o estado democrático de Direito, fundamento da nossa República, segundo a Constituição.
Nesse aspecto, Lula foi exemplar. Sofreu três derrotas consecutivas e jamais arquitetou um golpe ou qualquer expediente antidemocrático que desestabilizasse os poderes constituídos. Jamais ouvimos dele, ao longo dos oito anos de PSDB à frente do governo federal, um grito de "Fora FHC" ou uma queixa de fraude nos pleitos eleitorais em que foi derrotado.
Na presidência, priorizou a inclusão social, promovendo a ascensão de milhões de miseráveis ao patamar da dignidade e elevando a condição social das demais classes. Por seu obstinado trabalho, hoje o pobre tem acesso a recursos públicos e privados, como crédito, ensino superior, aeroportos e shoppings centers.
Teve oportunidade de conquistar o terceiro mandato, mas, por sua estatura de verdadeiro estadista, desautorizou quem chegou a formular essa proposta. Ao sair, soube colocar-se na penumbra, em silêncio respeitoso a quem o sucedeu. E agora, a despeito de um certo clamor popular pelo seu retorno, já se anunciou como cabo eleitoral pela reeleição de Dilma Rousseff.
Em suma, o político Lula deu vida e sabor à Política, em sua essência. Escrevi certa vez que Lula, tido por analfabeto, discriminado por não ser detentor de curso dito superior, é um compêndio vivo de ciência política. Tenho-o por um estadista, um líder revolucionário, dos maiores da História universal, para mim o maior de todos, superior a Gandhi e Mandela, porque, à frente do governo, trouxe ao seu povo resultados mais significativos e sustentáveis que as conquistas dos demais.
Hoje, minha esposa comentava sobre o absurdo de um discurso rancoroso do comediante (!) Marcelo Madureira, compartilhado no Facebook por um desses amigos de nossa convivência de cujo direitismo jamais desconfiávamos. Não que essa característica fosse alterar alguma coisa na nossa sincera amizade, mas é algo que sempre decepciona.
Ouvir e compartilhar um Madureira, que como analista político é um péssimo comediante, dizer que Lula desmoraliza a política - ou algo assim - só se justifica se for para apontar a indigência intelectual do ator global e seu descompasso absoluto com a realidade.

Enfim, com decepções aqui e ali, sigamos em frente, nadando contra a maré, enfrentando a correnteza do senso comum, porque nenhuma luta é fácil e a lutar estamos mais que acostumados.
Luís Antônio Albiero
Advogado na cidade de Americana/SP
laalbiero@yahoo.com.br


quinta-feira, 10 de abril de 2014

As lições que o Curso Plano de Governo e Ações para Governar vai colhendo pelo caminho

Tem sido um novo aprendizado viajar com o Curso Plano de Governo e Ações para Governar pela Fundação Perseu Abramo, nas diversas prefeituras onde o Partido dos Trabalhadores se encontra presente na gestão. É algo tão intenso que a técnica e a empatia caminham lado a lado. Chegamos até o momento a 21 cidades sedes, com 140 cidades presentes e mais de 750 participantes.

Sem sombra de dúvidas, o depoimento mais contundente foi o do Prefeito de Santo Cristo no Rio Grande do Sul, ao afirmar que o conteúdo do curso, que é bom, poderia nem ser, pois o mais importante foi o que o curso proporcionou: um grande debate sobre o desafio e o modo petista de governar e sobre a importância de enxergar que um governo onde o Partido dos Trabalhadores estiver presente, não pode ser igual aos que já passaram por aquele município. Temos a obrigação de sermos diferentes, onde a população organizada será a grande protagonista.

Assim, o curso traz para o cenário da gestão os conflitos da sociedade, o conflito dos gestores que muitos nem mesmo sabe como proceder e faz uma enorme provocação, na medida que desafia o gestor a sair do individual para o coletivo, na busca de uma forma de governar a várias mãos.

O principal objetivo desse trabalho é construir um referencial humanista na forma de governar, onde as questões técnicas sejam conduzidas por um Plano de Ação e a frieza da máquina pública seja alterada na medida em que os servidores vão sendo convidados a colaborarem e isso começa numa pesquisa com o lema: “O Governo quer ouvir você”. Além disso, fortalecer o modo petista de governar, deixando claro que quem governa pelo Partido dos Trabalhadores não governa para si e sim para o Partido e principalmente com a população.

O curso é atual na medida em que personaliza cada região, busca dados socioeconômicos dos municípios e termina com um trabalho em grupo, buscando respostas para os principais desafios locais, no sentido de construir juntos, um Plano de Ação até o final do governo.

O mais interessante é observar que há um momento diferente a cada turma para sair da forma vertical de conduzir o curso, onde ainda há certa desconfiança por parte da maioria dos participantes e caminhar para o envolvimento emocional, numa forma horizontalizada, onde todos, além de se envolverem no debate, passam a contribuir de forma espontânea buscando entender o papel de cada um na gestão e o que cada um tem a ver com o trabalho do outro para que o resultado seja a eficiência e a eficácia go governo.

É isso que fica. É essa a essência do encontro. Homens e mulheres atentos em suas missões, procurando detalhar cada tarefa e resultando numa mudança completa na forma de governar, passando do estágio onde cada setor de governo se vê como uma instância isolada do todo e cada um procurando buscar envolvimento nas ações integradas.

Como isso é possível? Relacionamento sincero, olho no olho e compromisso estabelecido onde o desvio, seja de quem for, poderá comprometer o Plano Estratégico de Governo.

Dos 750 depoimentos colhidos, a extrema maioria avalia o curso como bom, ótimo e excelente, o que nos dá uma enorme sensação de dever cumprido, porém com muito mais responsabilidade na busca da excelência.

Cada cidade por onde passamos é um novo aprendizado. Ensinar e aprender, como uma troca de saberes necessária para o pleno entendimento. Ao final vemos que seria necessário de mais tempo para explorarmos cada assunto, porém afirmamos que estamos dispostos a voltar com outro tema na medida em que os gestores derem continuidade às tarefas acordadas em curso.

Além disso, os Cursos oferecidos pela Área do Conhecimento estão tão integrados, que parecem um trabalho em rede. Um complementa o outro e é isso que deixamos claro a cada encontro.

Não há sensação mais gratificante do que um pedido para voltar e não há compromisso maior do que formatarmos juntos uma nova forma de governar.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

domingo, 6 de abril de 2014

O PIG e os Institutos de Pesquisa declaram guerra à Presidenta Dilma


É surpreendente a habilidade e a traquinagem maldosa da oposição à Presidenta Dilma e ao PT. Entra ano e sai ano e eles não conseguem mostrar um plano alternativo para governar o país, que se contraponha ao que foi construído no país nos últimos 11 anos, simplesmente porque não existe. Eles não têm uma proposta sequer para o setor que os financiam, quem dirá para a população menos favorecida, porque nunca tiveram. A população que foi o foco dos governos petistas.

A habilidade está apenas no campo da maldade, com um verdadeiro arsenal de novidades do mal voltadas apenas para prejudicar a imagem da Presidenta a virtual pré-candidata à reeleição, além dos ataques diários ao Partido dos Trabalhadores. Uma tramoia atrás da outra, seja no Jornal Nacional ou no das manhãs, no Globo News, na CBN em quase todos os programas e editoriais, nos Jornais de grande circulação e principalmente num lixo de revista chamado Veja, que sempre esteve do lado do mal.

É um time fantástico, que envolve pessoas, a justiça e principalmente os veículos de comunicação: falado, televisionado e escrito, além das redes sociais. Só para se uma ideia do tamanho da sacanagem foram descobertos 23 mil perfis falsos, criados para atacar o PT na época do julgamento do chamado mensalão e hoje se fala na contratação de pelo menos 15 mil pessoas para atacar o PT e a futura candidata Dilma.

As últimas foram: a reunião ocorrida na semana passada com vários Institutos de Pesquisa, para combinarem uma estratégia para derrotar a futura candidata Dilma à Presidência da República. Isso na verdade já começou com duas  estranhas pesquisas feitas pelo IBOPE e a Folha de São Paulo hoje diz que a popularidade da Presidenta caiu 6 pontos em função da economia. Como se a população menos esclarecida soubesse fazer cálculos mirabolantes, principalmente para saber os motivos quando a bolsa de valores cai e a responsabilidade direta da nossa Presidenta. A outra é que estão tentando dizer que o povo pede a volta de Lula e isso mostra a fragilidade de Dilma. Quanto a isso eu gostaria de saber o que fariam se fosse lançada Dilma para Presidenta e Lula para vice. Que tal a ideia?

Prestam um péssimo serviço à população. São parciais e partidários dos partidos de direita, é claro e ideologicamente vinculados a quem sempre explorou os trabalhadores. Estiveram o tempo todo defendo o golpe de 64 e os golpistas, assim como sempre estiveram contra todos os movimentos de organização dos trabalhadores.

O mais hilário foi ouvir dias atrás o Marcelo Madureira, um canastrão direitoso e que se encontra afastado da televisão, fazer uma análise cientifica e global da Petrobrás e principalmente sobre a compra daquela empresa americana, quando seus aliados políticos, que hoje encabeçam uma CPI política, tentavam a qualquer custo precarizar a Petrobrás, simulando vazamentos em várias partes do país, inclusive chegando ao cúmulo de afundar uma Plataforma (P-36), causando a morte de 11 trabalhadores.

O que temos que fazer? Organizarmo-nos a partir de uma linha de atuação voltada à defesa do governo federal e da Presidenta Dilma. Além disso, usar nossa rede de relacionamento para contarmos a outra história. Não aquela fundada na teoria da conspiração e sim aquela forjada em números concretos e na satisfação da população que quase eles mataram de fome e hoje desfrutam de bens e serviços que jamais ousariam ter.

É necessário democratizarmos os meios de comunicação, assim como criarmos instrumentos populares, como por exemplo as Rádios e TVs Comunitárias urgente.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A educação machista de todos nós

Tão igual aos outros!

Posso até ser muito criticado, mas é verdade: "Se dependesse da criação que recebi da minha mãe - seria tremendamente machista". 

Cresci ouvindo as velhas frases:
1) Homem não chora;
2) Homem é quem manda em casa - meu pai viajava e ela me... tratava como o homem da casa - e eu era um moleque;
3) Homem não leva desaforo pra casa (leva pra onde então? pro caixão?);
4) Homem que é homem não tem medo (e o que eu faço com ele -o medo?);
5) Homem tem que ser esperto - o mundo é dos espertos (se ela soubesse o que tem de 'esperto' na cadeia) - e o mundo é de que tem dinheiro, da burguesia - o que eu tenho é meu e o que sobra pode ser dos outros (e olhe lá se eu não ficar com a sobra também).

Nunca ouvi ela dizer:
1) "Não se bate em mulher", e, se for para 'apanhar' que seja rindo;
2) Que eu podia chorar a vontade (ainda mais se estiver sozinho) - NINGUÉM TEM NADA COM ISSO!
3) Quem manda na casa, na gente, nos filhos, em tudo, são as mulheres - só nos limitamos a fazer a vontade delas;
4) "Não só LEVO o desaforo para casa, enterro ele no quintal ou jogo na privada e dou descarga - assim continuo vivo!
5) Tenho lá os meus medos, porém descobri que a coragem não tem nada à ver com o medo - TUDO É SÓ UMA REAÇÃO QUÍMICA. Estas, aprendi sozinho!

Só Deus sabe o que passei para aprender, eu já nem quero mais lembrar.
Talvez, se tivesse aprendido desde pequeno, seria outra pessoa!
Mesmo tendo uma criação totalmente machista, pude aprender a respeitar nossas companheiras... CONSCIÊNCIA E RESPEITO!

MULHERES, NÓS HOMENS SOMOS CRIADOS PARA SERMOS ASSIM (NEM TODOS É CLARO) - PRECISAMOS MUDAR ESTA REALIDADE DESDE A CRIAÇÃO.

Não culpo meus pais por isso, foi a criação que eles receberam. Meus avós eram assim e antes deles também. O mundo era assim a realidade era essa. HOJE AS COISAS SÃO DIFERENTES, AS MULHERES CONQUISTARAM SEU MERECIDO ESPAÇO E SEUS DIREITOS! É LEI. CABE-NOS CUMPRIR!

Opinião, com base na minha própria criação!

Elder Cruz
Jornalista e Assessor Parlamentar
eldercruz@msn.com