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sábado, 12 de abril de 2014

REMANDO CONTRA A MARÉ

Como pude conviver anos a fio, em muitos casos desde a infância, com certas (muitas!) pessoas sem nunca ter percebido nelas traços de direitismo - hoje cada vez mais explícitos -, sem jamais desconfiar?
Não, não se trata de esperar ingenuamente que todas as pessoas com quem convivo ou me relaciono sejam de esquerda, muito menos que sejam petistas ou sequer minimamente simpáticas ao partido, mas que ao menos, em grande parte desse contingente, tenham preocupação com os mais necessitados, que compreendam a importância histórica da redistribuição de renda e da emergência dos programas de inclusão social.
Os que torcem o nariz ao povo são os que sempre criticaram a política e os políticos - de qualquer matiz ideológico, mas especialmente os de esquerda. O PT, porém, sempre navegou no contra fluxo, defendendo a Política como único meio civilizado de promover a justiça social, a democracia como valor inalienável, as vias institucionais como forma de respeitar o estado democrático de Direito, fundamento da nossa República, segundo a Constituição.
Nesse aspecto, Lula foi exemplar. Sofreu três derrotas consecutivas e jamais arquitetou um golpe ou qualquer expediente antidemocrático que desestabilizasse os poderes constituídos. Jamais ouvimos dele, ao longo dos oito anos de PSDB à frente do governo federal, um grito de "Fora FHC" ou uma queixa de fraude nos pleitos eleitorais em que foi derrotado.
Na presidência, priorizou a inclusão social, promovendo a ascensão de milhões de miseráveis ao patamar da dignidade e elevando a condição social das demais classes. Por seu obstinado trabalho, hoje o pobre tem acesso a recursos públicos e privados, como crédito, ensino superior, aeroportos e shoppings centers.
Teve oportunidade de conquistar o terceiro mandato, mas, por sua estatura de verdadeiro estadista, desautorizou quem chegou a formular essa proposta. Ao sair, soube colocar-se na penumbra, em silêncio respeitoso a quem o sucedeu. E agora, a despeito de um certo clamor popular pelo seu retorno, já se anunciou como cabo eleitoral pela reeleição de Dilma Rousseff.
Em suma, o político Lula deu vida e sabor à Política, em sua essência. Escrevi certa vez que Lula, tido por analfabeto, discriminado por não ser detentor de curso dito superior, é um compêndio vivo de ciência política. Tenho-o por um estadista, um líder revolucionário, dos maiores da História universal, para mim o maior de todos, superior a Gandhi e Mandela, porque, à frente do governo, trouxe ao seu povo resultados mais significativos e sustentáveis que as conquistas dos demais.
Hoje, minha esposa comentava sobre o absurdo de um discurso rancoroso do comediante (!) Marcelo Madureira, compartilhado no Facebook por um desses amigos de nossa convivência de cujo direitismo jamais desconfiávamos. Não que essa característica fosse alterar alguma coisa na nossa sincera amizade, mas é algo que sempre decepciona.
Ouvir e compartilhar um Madureira, que como analista político é um péssimo comediante, dizer que Lula desmoraliza a política - ou algo assim - só se justifica se for para apontar a indigência intelectual do ator global e seu descompasso absoluto com a realidade.

Enfim, com decepções aqui e ali, sigamos em frente, nadando contra a maré, enfrentando a correnteza do senso comum, porque nenhuma luta é fácil e a lutar estamos mais que acostumados.
Luís Antônio Albiero
Advogado na cidade de Americana/SP
laalbiero@yahoo.com.br


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