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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Olhar a vida pela janela de um hospital nos faz entender o quanto vale a vida

Faz algum tempo que não escrevo no meu blog e isso está ocorrendo devido a estar com o meu pai num hospital em São Paulo, depois de passar por outro em Diadema, que o convênio nos transferiu, quase que na marra. Situação constrangedora que será denunciada à ANS, tão logo tenha condições.

Nunca tinha ficado por tanto tempo num hospital como agora e muito menos meu pai tinha passado por uma via sacra como essa. Trata-se de um novo aprendizado. Aprender como conviver com problemas que não podem passar por cirurgias e continuam lá.

Em um hospital normalmente são dias agitados com alguns casos de emergência total, alguns descasos, alguns “coxinhas” de jalecos com narizes empinados, mas também com muitos profissionais dedicados. O maior problema vivenciado é que os planos de saúde só enxergam os números e não as pessoas. Vendem milhares de planos quando não tem capacidade de cuidar nem da metade. Ou ainda fazem um monte de exames somente para cobrarem de outros planos, dos órgãos públicos e o pior do SUS. Aquele mesmo que eles falam mal todos os dias nos instrumentos do PIG.

Ainda bem que existe o SUS, que o PSDB e seus aliados golpistas querem acabar, simplesmente porque odeiam pobres e seus compromissos são com os donos dos Planos de Saúde e não com a população. Quem banca os remédios de alto custo? Quem banca as cirurgias complexas mesmo nos hospitais particulares e tantos outros procedimentos? O Sistema Único de Saúde banca tudo isso e todos os procedimentos dos hospitais públicos. Claro que tem que melhorar, mas se não existisse aconteceria com os EUA que os pobres lá ficam à míngua.

Além da maldade dos Planos de Saúde, as pessoas doentes ficam expostas e nas mãos, em muitos casos, tanto na rede pública como na privada, de pessoas que odeiam o Brasil, que odeiam o governo e também o que fazem como profissão, expondo suas maldades, principalmente no relacionamento com os pacientes, porém o que salva é que também ficam nas mãos de muitos e muitas que se dedicam com amor e exclusividade para salvar vidas e mantê-los com qualidade.

Diante de situações como essas sabe o que pesa mais? É o nível de carência, tanto dos pacientes, como também dos acompanhantes, que ficam torcendo para que seus entes queridos não tomem medicação errada, trocada ou sem necessidade, além do stress quando da piora do paciente.

Termino esperançoso que saiamos o mais breve possível e bem dessa situação, com uma bela citação de Santo Agostinho:

“A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”.


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

sábado, 2 de maio de 2015

O sonho da direita de acabar com o PT e o sangue dos professores do Paraná

As cenas do campo de batalha dos covardes policiais armados contra uma legião de professores e professoras desarmados do Paraná, que lutam contra a delapidação de seus direitos, só nos faz lembrar o quanto custou à conquista da liberdade e da democracia e o falso discurso da direita reacionária e a mídia golpista, de que acabando com o PT o paraíso é logo ali.

A cena foi comandada por um governador tucano desqualificado e por infelizes policiais que agiram piores que seus cães. Marcharam de encontro aos professores com a clara decisão de abatê-los se necessário fosse para que não se aproximassem do local onde falsos democráticos deputados votavam o fim de seus direitos. Uma cena bizarra típica de quem foi é conivente com a barbárie. Típica de quem foi e é conivente com a tortura e morte de combatentes que lutam pelos seus direitos, exatamente como foi na época da ditadura, onde pelo falso argumento de lutar contra o comunismo, que 99% da população não sabe e segundo eles não pode saber o que é, senão se apaixonam pela causa.

A pergunta é: o que tem a ver essa cena de horror com o sonho deles de acabar com o PT? Simples de responder: o fim do PT e dos partidos mais consequentes, além das instituições que ainda sonham para mudar a sociedade, os deixaria à vontade para impor suas condições, onde um pobre não pode nem sonhar e muito menos ser um empreendedor, pois o modelo de desenvolvimento que criaram não é para qualquer um segundo eles, apenas para os afortunados e para aqueles que as divindades escolheram para serem prósperos e logicamente políticos de carreira. Um trabalhador? Nem pensar. Uma mulher como Dilma? Tem que ser atormentada e provar todos os dias que não é ladrona.

Lembro-me como se fosse hoje daquele comício ocorrido à noite em São Bernardo Campo na Praça do Rudge Ramos em 1982, na reta final das eleições para governador daquele ano. Milhares de pessoas presentes e Lula inspirado. Eis que de repente surge na escuridão do céu um helicóptero sobrevoando o comício e joga milhares de panfletos.

O panfleto trazia uma montagem com Lula debruçado na varanda de uma luxuosa mansão e dizia assim: “Enquanto você está aí o apoiando, ele está no Morumbi rindo da sua cara”. Um golpe baixo para ver se atingia corações e mentes de quem já tinham se decidido em quem votar.

Desde aquela ocasião até os dias de hoje, centenas de episódios como esse inundaram os lares e infestaram as cabeças dos mais fracos e também daqueles que ao não participarem da vida política do país deposita seus sonhos de vida nas mãos de quem nunca se comprometeu com eles.

É importante registrar que situações como essas não são produzidas por acaso ou sem nenhuma intenção. Elas têm endereço certo. Visam intervir no processo democrático eleitoral pela via do fuxico, pela vertente da teoria da conspiração e jogam com a desinformação da população, onde tudo se transforma em ódio, sem ao menos a maioria saber os reais motivos desse ódio de classe. São levados por grupos e pessoas que se beneficiam com toda essa situação, como por exemplo, o pensamento global, que tem dono e partido azul e amarelo no comando. Tudo isso em nome da democracia, mas que democracia?

A grande preocupação é que existe uma perigosa inversão de valores na sociedade nos dias de hoje, onde se prega a ideia de que basta votar em alguém que está representado, quando está claro que a maioria dos eleitos representa a eles próprios ou a seus grupos. Quem duvidar disso é só ver o que aconteceu logo após as eleições com a votação contra a Política Nacional de Participação Social e agora com a votação do projeto de terceirização e precarização da CLT.

Com esse cenário não há dúvidas em afirmar a existência de uma profunda crise da democracia representativa, pois não tem lastro e muito menos vida. Sem essa de super-heróis. Sem essa de salvadores da Pátria. Sem essa de achar que só quem pode ser político são os iluminados e por isso ganham o privilégio de serem eleitos para sempre. Qualquer pessoa a partir de um projeto participativo pode ser um bom político, pois as decisões nascem e crescem a partir do coletivo e não do individual. Para isso, basta apenas que respeitem os fóruns constituídos.

Entendo perfeitamente porque eles consideram a democracia participativa como uma afronta. Como algo subversivo. É que essa é uma forma de dar voz às Senzalas, aos oprimidos, aos menos favorecidos da sociedade e a toda população discriminada. Por outro lado os representantes da Casa Grande, além dos seus pares individualista tem a mídia golpista como sua eterna aliada.

É bem provável que grande parte daqueles professores votou exatamente nesse indivíduo que era governador e foi reeleito, mas também é certo que mesmo esses que votaram e apanharam, terão a oportunidade de aprender que não se vota por marketing e muito menos a partir do que falam jornais, revistas, rádios e canais de tvs, que são de apenas seis famílias abastadas e que tem como certo o fim dos direitos trabalhistas e de liberdade de expressão.

O que fazer para mudar essa situação? Só a organização popular poderá de fato trazer mudanças profundas. Só com a reação da multidão nos seus micros espaços de poder, poderá criar uma situação sustentável. Do contrário continuaremos a ver a mesma direita que apoiou a ditadura, tortura e mortes, discursando sobre a ética, como se nada tivesse com o ocorreu num passado bem próximo, não só no Brasil, mas principalmente na América Latina.

Sobre o PT, no sentido de deixa-los ainda mais indignados, transcrevo abaixo dois trechos do poema de Pedro Tierra explica a essência petista:

“Viemos da margem. Somos a anti-sinfonia que estorna da estreita pauta da melodia. Não cabemos dentro da moldura. Somos dilacerados como todos os filhos da paixão. Briguentos. Desaforados. Unidos. Livres: como meninos de rua.
Quando o inimigo não fustiga inventamos nossas próprias guerras. Desenvolvemos um talento prodigioso para elas. Com nossas mãos, sonhos, desavenças compomos um rosto de peão, uma voz rouca de peão, o desassombro dos peões para oferecer ao país, para disputar o país....”
“Os filhos da margem têm os olhos postos sobre nós. Eles sabem, nós sabemos que a vida não nos concederá outra oportunidade. Hoje, temos uma cara. Uma voz. Bandeiras. Temos sonhos organizados. Queremos um país onde não se matem crianças  que escaparam do frio, da fome, da cola de sapateiro. Onde os filhos da margem tenham direito a terra, ao trabalho, ao pão, ao canto, à dança, às histórias que povoam nossa imaginação, às raízes da nossa alegria. Aprendemos que a construção do Brasil não será obra apenas de nossas mãos. Nosso retrato futuro resultará da desencontrada multiplicação dos sonhos que desatamos”. 
Que de cada canto da cidade surjam os personagens que se encontram escondidos. Que de cada canto dessa enorme Senzala que se tornou o Brasil para quem pensa e principalmente para quem tem um sonho de uma vida melhor, surjam os guerreiros para juntos lutarmos pela transformação dessa sociedade.

Viva os trabalhadores de bem!
Viva os professores que tem a coragem de lutar pelos direitos!
Viva àqueles 17 policiais que foram presos por não acatarem o comando dos cães de guarda do governo tucanalha do Paraná.

Que toquem os tambores para anunciar que a luta mal começou.