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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Um tratado com o futuro...


Do ponto de vista pessoal, cá da minha individualidade, falo de futuro com certo receio, pelo simples fato de não saber do quanto será comigo presente, porém do ponto de vista político, como ativista de uma causa humanista, falo de futuro com prazer, visto que poderei ser historia presente em ações futuras e isso me faz caminhar com mais pressa ainda. 


Em minhas andanças no campo da imaginação, fico a me perguntar o que leva uma pessoa a dedicar toda sua vida às causas humanas e tantas outras simplesmente a explorar a boa fé da humanidade. Algo complexo de explicar do ponto de vista racional para quem luta pela humanidade e mais fácil para quem dela tira proveito, visto que estão sempre em busca de resultados.

A partir dessa realidade vêm algumas perguntas: O que deu errado? Como se desenvolve a natureza humana? O que incide para esse comportamento ou escolha? Em que momento da vida pode se dar a escolha para um dos caminhos? Enfim, várias perguntas com várias possíveis respostas, dependendo exatamente das escolhas que se faz.

Ao analisar o cenário nacional nos dias de hoje, chega a ser assustador o fato de milhares de pessoas aceitarem a alienação como condição humana e, portanto serem conduzidas por vontades alheias, como se a alienação fosse uma escolha. Por mais indignado que eu possa estar jamais posso aceitar essa ideia e aí vem nossa enorme tarefa, que é levar o conhecimento e reflexão como pontos de partidas para uma possível mudança de comportamento para esses e essas que transitam no campo da alienação.

O fato é, se a alienação é também uma ferramenta do sistema e que mantém a massa junta para um enfrentamento manipulado, sejamos o que tempera essa massa, o que altera sua composição e passemos a disputar cada grão que a compõe. Sejamos nem que seja o que vai desandar o resultado esperado pelos agentes do sistema.

Por outro lado, se de fato a opção pela luta se dá de forma consciente, vale a pena ressaltar que tudo começa pelo sonho de mudar a sociedade e, portanto, se luta pelo incerto, por algo que nem possa acontecer, porém, para milhares de pessoas que se encontram em luta permanente contra as desigualdades e as injustiças em qualquer parte do planeta, não importa ao certo a qual resultado se chegará e quanto tempo isso vai levar, o mais importante é mostrar ao mundo nossa indignação pelo acúmulo de capital e riquezas em detrimento da miséria e às más condições de vidas de milhões de pessoas e mostrar também nossa indignação constante pela pirâmide econômica que dá sustentação a todas as formas de desigualdades.

É importante deixar claro que lutamos sim também por todos alienados e todas alienadas que se encantaram pelo canto da sereia, pelo simples fato de entendermos que a alienação se constrói no vácuo deixado pela falta de conscientização e aí está o grande papel do ativista, que é a luta diária na disputa das ideias.

Declaro-me totalmente contra a cooptação de quem quer que seja pela via da lavagem cerebral, ou ainda por resultados momentâneos, que na prática se constitui noutras formas de alienação.

Disputar ideias é antes de tudo disputar a condição subjetiva da própria existência humana, no sentido de levar as pessoas a optarem de forma consciente ser alienadas e servir ao sistema ou se juntarem a milhares de sonhadores e sonhadoras que se alimentam da utopia da construção de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.

Comprometer-se com o futuro é ser leal à causa e ser um agente multiplicador da possibilidade das pessoas de bem voltarem a sonhar.

Quero sonhar junto com todos e todas para que meu sonho faça sentido.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com


sábado, 18 de novembro de 2017

Quem inventou esse cenário de trevas e como desinventar?


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Escrevi ha pouco tempo no blog sobre a absurda passividade do povo brasileiro da atualidade, afirmando que nosso povo nunca foi assim. O povo sempre lutou por seus direitos na busca de melhores condições de vida e teve conquistas históricas, principalmente ao longo dos últimos cem anos.

Porém, o que pretendo chamar a atenção nesse post é da enorme dificuldade nos dias de hoje para se produzir um texto com mensagens positivas e de otimismo, tamanho é o cenário de destruição, tristeza e abandono produzido pelo golpe em curso, que de uma hora para outra liquidou com conquistas históricas e memoráveis, seja no campo institucional, político e principalmente no campo econômico e trabalhista. O Brasil deles é um país para apenas 15 milhões de brasileiros e de brasileiras. O restante se encontra nos guetos.

Há um enorme vazio entre a felicidade de outrora (até pouco menos de três anos) e os tempos de crises atuais. Entre o que a maioria do povo brasileiro imaginava ter e a dura realidade que bateu às portas de milhões de pessoas. O que se torna urgente é descobrir que mistério é esse, ou ainda que magia é essa, que faz com que o povo se cale e aceite de forma pacífica diante de tudo que está ocorrendo e ainda o que vai ocorrer.

Do ponto de vista existencial vive-se uma profunda crise de identidade, do tipo: Quem fui? Quem sou? Quem serei? Esse foi o resultado mais cruel do golpe e do desmonte nacional. Uma crise de identidade construída pela velha mídia pertencente a apenas seis famílias abastadas, que leva as pessoas até a se culparem por ter votado em Lula e Dilma. Como resultado final, temos uma grande parte da população perdida em si mesmo. Paralisada e vivendo a expectativa da próxima desgraça, mas sendo treinada que não há outra saída.

Infelizmente existem dois mundos no cenário nacional. Dois Brasis, separados por sonhos, fantasias e pesadelos. Duas partes do país, que vivem realidades completamente diferentes. Um pequeno lado ilhado desfrutando das benesses produzidas pela maioria dos trabalhadores e das trabalhadoras e a maior parte vivendo de preconceitos, vontades alheias e a completa falta de oportunidades.

O mais incrível é que apesar de tudo isso, as pessoas transitam por esse meio como se nada tivesse ocorrendo. Uns aprenderam que é assim mesmo, outros acham que a culpa é da política e dos políticos corruptos, enquanto a militância das causas tentando mostrar que se faz necessário e urgente uma resposta popular ao que vem acontecendo no Brasil. Em resumo, uma grande parte da sociedade desnorteada, outra destilando ódio, outra ainda se aproveitando da situação e uma pequena parte em luta permanente sem um amplo projeto que unifique suas diferenças políticas e ideológicas.

Quando se atua por uma causa é necessário entender, que determinadas situações nos obriga a buscar na sabedoria respostas de qual o caminho devemos percorrer em busca dos objetivos, principalmente por sermos responsáveis por quem cativamos e por quem construímos rotas que envolvam corações e mentes. Somos eternos condutores dos sonhos que se perderam para milhares de pessoas ou ainda dos que não acreditam mais poderem sonhar.

A vida pode ser um jogo para alguns, uma arte para outros, ou ainda a plenitude do encontro existencial e o que pretendemos deixar como história. A experiência de vida nos oferece a reflexão, mas também as dúvidas, enquanto a sabedoria nos conduz ao ponto determinado com maior segurança.

Ser sabido é muito fácil, mas ser sábio requer determinação, reflexão, estudo e principalmente renúncias ao que não há valor algum. Ser sábio exige antes de tudo, comprometimento com a verdade, com a pureza e a leveza do ser e principalmente com a vida, coisas que vão muito além das palavras.

Da minha parte, prefiro brincar de ser sábio, mas que me leve à descoberta de minhas limitações e a disposição de continuar lutando, do que me mostrar experiente, do tipo sabe-tudo, que imagina de forma vã um sucesso inexistente. Prefiro viver dos desencontros possíveis e palpáveis que a vida me leva, a viver achando que encontrou o que jamais existiu ou existira.

Quem inventou a tristeza, como na música de Chico Buarque, todos nós sabemos, porém para desinventar só tem um caminho seguro: organização popular de forma consciente e o enfrentamento contínuo à toda essa situação até o dia que o sol voltar a brilhar e possamos caminhar rumo à uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.

Enfim, a situação nos faz refletir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública



sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Ciência e Tecnologia e a Agenda 2030 da ONU.


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Muito se discute sobre a Agenda 2030 da ONU, mas poucos sabem do que se trata e o porquê da escolha do ano como referência. Criada em 2015, a agenda é composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a serem implementados pelos governos, em especial pelos municípios.

Cada Objetivo é acompanhado por suas metas que somam 169 no total (https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/). A agenda tem, entre suas finalidades, equilibrar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade e a justiça social, através de uma governança baseada na transparência e participação democrática. Cabe aos municípios se organizarem e adaptarem suas políticas públicas e projetos de maneira a se enquadrarem nos Objetivos e suas metas.

Por que o ano de 2030? No começo do Século XX, John Maynard Keynes, economista britânico, apresenta uma série de ideias que visavam a recuperação da economia mundial que sofria por conta da crise de 1929 (EUA). A partir da política econômica apresentada por ele, Keynes fez a seguinte previsão: “a humanidade, dali a 100 anos, iria enfrentar seu problema permanente: como usar a liberdade de preocupações econômicas prementes, como ocupar o lazer que a ciência e os ganhos econômicos lhe trariam para viver bem, sábia e agradavelmente? 
Nos basta um pouco de fosfato no cérebro, para chegarmos à conclusão de que se não louco, suas ideias foram ignoradas ou aplicadas em partes, em especial no pós Segunda Guerra. Porém, ainda no final dos anos 60 e início de 70, o mundo caiu na graça do neoliberalismo e as ideias de Keynes foram abandonadas e o mundo é o que é hoje. O oposto às previsões de Keynes. Por isso o simbolismo do ano 2030, o ano que estaríamos preocupados em como gastar nosso dinheiro e aproveitar o tempo livre em consequência dos avanços da Ciência e da Tecnologia. Curiosamente, a Ciência e Tecnologia avançou o suficiente para nos permitir tempo e saúde para aproveitar a nossa vida com mais tranquilidade.

O que aconteceu, uma vez que temos mais intranquilidades que tranquilidades?

A resposta está no uso que o homem dá aos avanços tecnológicos. A sede por lucro e acumulação de bens, acaba por transformar os avanços tecnológicos em inimigo do bem estar e do viver. Alguns poucos encastelados, a partir do uso privado das forças armadas dos EUA, nos impõem o desemprego e a fome.
Há braços
Sérgio Mesquita

Secretário de Ciência, Tecnologia e Comunicações de Maricá-RJ

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O pensamento vivo de Ernesto Guevara, o Che

Ricardo Costa Gonçalves­*


Há cinquenta anos, em 08 de outubro de 1967, o exército boliviano, com ajuda do governo norte-americano e da CIA, capturou Ernesto Guevara de La Serna, o Che, nas selvas deste país, no dia seguinte, às 13h 10, um ranger boliviano, sob as ordens dos Estados Unidos, o executou a sangue frio. Além de sua firmeza de princípios e exemplo de combatente, Che Guevara deixou um acervo de contribuições para o debate político, ideológico e teórico que vão além do foco guerrilheiro. O objetivo desse texto é apresentar, nesse aludido 50 anos da morte de Che, alguns desses aportes de Ernesto Guevara de La Serna.
Naquele momento, morria um dos maiores inimigos dos “velhos e novos colonialismos”, junto com Fidel e Raúl Castro, Camilo Cienfuegos, Célia Sanchez e outros guerrilheiros cubanos comandou a revolução Cubana. Quando seu algoz entrou na sala onde ele foi aprisionado, Che se levantou, olhou nos olhos do seu assassino e disse: “atire, covarde, que você vai matar um homem”. Essa atitude digna diante da morte não foi diferente de como ele viveu sua vida.
Che enxergou de perto o regime de exploração imposto aos latino-americanos por companhias estrangeiras apoiadas na cumplicidade de governos locais. Nas rotas traçadas por Che pelo continente latino-americano, é importante destacar a sua passagem pelo Peru. É neste país andino que Che teve contato com a obra de José Carlos Mariategui que exerceria influencia considerável na sua compreensão acerca da trajetória e da realidade da América Latina.
A partir do diálogo com o marxista peruando Ernesto Guevara passou a entender a presença do latifúndio como marca característica das sociedades latino-americanas, resultado da herança colonial. Compreendia a grande propriedade rural como “la base del poder económico que sucedió a la gran revolución libertadora del anticolonialismo del sigo passo” (CHE GUEVARA, 1961, p. 407). Também esteve na Guatemala em 1954, quando uma operação organizada pelos EUA derrubou o governo popular e democrático de Jacobo Arbenz. Depois foi para o México, onde teve contatos com os revolucionários cubanos.
Em Cuba ele foi o primeiro revolucionário a ser promovido a comandante. Foi o líder da tomada de Santa Clara, depois de uma dura batalha de três dias contra o exército regular da ditadura de Batista, vitória que levou à queda do regime. O seu livro a Guerra de Guerrilhas é uma doutrina militar e revolucionária forjada no calor dos combates, como tudo o que ele escreveu.
Ernesto Guevara sempre procurou unir teoria e prática. Foi assim como médico, chefe militar, dirigente partidário, representante de Cuba em dezenas de missões diplomáticas, presidente do Banco Nacional, do Instituto de Reforma Agrária e ministro da Indústria. Segundo ele, a teoria só cresceria em constante confronto dialético com a realidade do mundo. Diversas vezes ele se posicionou contra o dogmatismo e o sectarismo, polemizando inclusive dentro do partido Comunista cubano. Como Lênin, Che entendia a teoria como um guia para a ação, não como um manual de instruções.
Che desde jovem se dedicou a leitura. Leu desde os filósofos gregos a Confúcio, de Tomás de Aquino à filosofia política inglesa e francesa, de Jules Verne e H. G. Wells a Pablo Neruda. Ele leu com atenção “A Crítica da Razão Pura”, de Kant, e “O Crepúsculo dos Ídolos”, de Nietzche, leu ainda as obras de Freud, Bertrand Russel, dentre outros. E, também, leu com bastante interesse a tradição marxista e revolucionária. Ele insistia no estudo, sempre integrado à vida, como uma das tarefas dos revolucionários. Mesmo na selva boliviana, quando o isolamento da guerrilha o colocou em situações muito difíceis, Gueavara levava consigo uma pesada mochila cheia de livros.
Posteriormente a tomada do poder, quando entendeu que a revolução estava se consolidando, ele renunciou a todos os postos no estado cubano e foi para o Congo colaborar na luta de libertação. Pois, Che achava ser necessário difundir a resistência anti-imperialista por todos os continentes subjugados a regimes coloniais ou neocoloniais, abrindo diversas frentes de luta. Segundo ele, solidariedade não é algo que se preste com declarações de apoio, mas com atos: seu internacionalismo era consequente. Com o mesmo espírito e coerência inabalável, ele foi para a Bolívia organizar o que, segundo o plano traçado, deveria ter sido o núcleo de um exército de libertação que se irradiaria por toda a América do Sul.
Todo seu caminho foi alicerçado por uma profunda ética revolucionária e humanista. Diferente do que costuma acontecer, Che praticou com austeridade o que pregava. Todos os ensinamentos que deu aos jovens comunistas, em célebre discurso, ele próprio seguiu: manter um elevado senso de honra e dignidade, assumir as responsabilidades ante os demais, revoltar-se contra qualquer injustiça, consolidar um espírito cotidiano de sacrifício e fazer a guerra aberta contra os formalismos que engessam os processos de transformação. Ele dizia que o revolucionário deve ser um exemplo vivo. Por isso, a teoria de um comunista é, de acordo com o Che, indissociável de uma prática de vida coerente.
Por tudo isso, o Ernesto Guevara de La Serna, - homem digno, ético, latino-americanista, anti-imperialista, profundamente movido por um senso de justiça que levou consigo até as últimas consequências - não morreu em La Higuera. Seus inimigos de classe, que ainda o temem, tentaram domesticar sua memória, torná-lo um produto publicitário vazio de sentido, agredi-lo com infâmias. Mesmo assim, Che vive e continua nos ensinando. Ele transformou-se em símbolo de rebeldia, exemplo de valores e princípios verdadeiramente revolucionário.
Aos cinquenta anos de sua imortalidade, a melhor homenagem que podemos lhe prestar é seguir o seu exemplo quando vivo. Na verdade, essa é a única homenagem que ele consideraria sincera e coerente.


* Professor e Mestrando em Estado, Governo e Políticas Públicas pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).