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sábado, 14 de dezembro de 2013
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Que tal um movimento nacional? “Quem me trata como “garrafinha” não me representa”
O que é "garrafinha"? Para
quem não está acostumado com essa linguagem vamos a algumas explicações. Trata-se
de um termo usado nos bastidores do mundo da política, para determinar quem tem
força, prestígio e o que é mais importante: muitos votos. Não se trata de base
política e sim de pessoas, que não recusarão a um pedido daquele ou daquela que
consideram como líder. Uma base política requer interação, organização e principalmente
um projeto que seduza as pessoas e por ele todas estarão juntas para o que for
necessário.
Para
algumas pessoas que enxergam o mundo da política como uma oportunidade de se
dar bem e não como um campo de ação política e social em busca da liberdade das
pessoas excluídas do processo econômico e social, para que base? As “garrafinhas”
são suficientes, principalmente porque, enquanto não se libertarem não haverá
cobranças e nem reclamarão.
Numa
situação como essa, a política vira um negócio, um espécie de escambo, onde pessoas, ou
seja, o voto delas ou o apoio são trocados por posições políticas, cargos ou prestígio, seja
num partido, numa instância qualquer de poder, numa entidade de bairro
ou mesmo numa ONG. O método é o mesmo e os resultados também. As pessoas que vem votar a pedido de alguém são contadas e vulgarmente chamadas de “garrafinhas”. Quem tem mais "garrafinhas" é considerado "o cara", preparado inclusive para ser um candidato a vereador, a presidente dessa ou daquela entidade e portanto respeitado nesse meio.
Não
parece uma coisa engraçada ter “garrafinhas”? Mas o que tem de engraçado para
um ser humano, que bem poderia se interessar pela boa política, saber que é
apenas uma moeda de troca, como se fosse um objeto ou mesmo um animal irracional?
Para entender essa questão tem ir à raiz do problema. "Garrafinhas" não falam, não se revoltam, têm dificuldades de entender que são usadas e principalmente estão sempre dispostas a servir. Em geral são pessoas simples que imaginam estar prestando um grande serviço.
Todo indivíduo que se diz liderança que, ou acha essa prática normal, ou convive com ela sem se revoltar, não pode ser chamada ou comparada com uma liderança e sim como um oportunista de plantão. Líder que é líder implode as “garrafinhas”, libertando as pessoas de seus casulos, trazendo-as para a discussão do texto e contexto e principalmente capacitando-as para que nunca mais alguém possa confundi-las ou usá-las como “massa de manobra”. Um líder de verdade não tem medo de sua base de apoio. Seja o que for fala abertamente.
Todo indivíduo que se diz liderança que, ou acha essa prática normal, ou convive com ela sem se revoltar, não pode ser chamada ou comparada com uma liderança e sim como um oportunista de plantão. Líder que é líder implode as “garrafinhas”, libertando as pessoas de seus casulos, trazendo-as para a discussão do texto e contexto e principalmente capacitando-as para que nunca mais alguém possa confundi-las ou usá-las como “massa de manobra”. Um líder de verdade não tem medo de sua base de apoio. Seja o que for fala abertamente.
Hoje consigo entender perfeitamente porque, apesar de me considerar um militante político de uma causa humanitária, sempre rejeitei e combati a chamada "ditadura do proletariado". Todo ditador necessita de milhares de "garrafinhas" e não de pessoas conscientes.
Quero só ver quando as “garrafinhas” rolarem morro abaixo, levando com elas tudo o que as aprisionam, rompendo barreiras ou simplesmente passando por cima de quem não só as usam, mas, sobretudo se apoderam do que tem dentro delas.
Quero só ver quando as “garrafinhas” rolarem morro abaixo, levando com elas tudo o que as aprisionam, rompendo barreiras ou simplesmente passando por cima de quem não só as usam, mas, sobretudo se apoderam do que tem dentro delas.
Que
tal unir essas “garrafinhas” e criar um grande movimento de revolta e
libertação. Esse movimento poderia se chamar: “Quem me trata como “garrafinha” não
me representa”. “Garrafinhas” do país: uni-vos!
“Desrespeitando os fracos, enganando os incautos,
ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a
mulher, não estarei ajudando meus filhos a serem sérios, justos e amorosos da
vida e dos outros.” - (Paulo Freire - Pedagogia da Indignação, 2000).
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Quem são os militantes políticos e sociais dos dias de hoje?
Podemos
começar essa conversa dizendo que em outras épocas, como por exemplo, na época
da ditadura militar era muito fácil caracterizar uma pessoa como militante,
pois tinham aquelas que assistiam a tudo sem entender nada, as que achavam que
a ditadura podia ser ruim, porém necessária, os colaboradores do regime e os que
discordavam da situação e lutavam por liberdade. Esses últimos eram os militantes
políticos contra a ditadura.
Como
é ser um militante nos dias de hoje? Que causa ou problemas pode unir a humanidade?
Como fazer com que as pessoas excluídas do processo transformem suas insatisfações
e sonhos num ato de militância? Ainda existem movimentos populares autênticos?
Segundo
alguns estudiosos, ser militante é estar engajado numa causa e comprometido com
todas as consequências que por ela advir. Indo mais além, diria que ser
militante é amar a vida e a liberdade, é construir alternativas que caibam
aquelas pessoas que nunca chegariam lá pelas suas próprias pernas, é jamais colocar
preço em suas atitudes, nem mesmo repetindo os erros que condenamos, com o
pressuposto de que depende do resultado final. Diria ainda que ser militante é
fazer uma opção clara de que lado está e para onde devia caminhar a humanidade.
A
militância requer uma causa humanitária, que por não ser pessoal, envolve
outras pessoas e em muitos casos desprovidas de posses, conhecimentos e,
sobretudo de oportunidades. É exatamente nesse ponto que emoção e razão se
encontram. O que move a militância por uma causa é antes de tudo a
solidariedade, movida exclusivamente pelo coração. Um nobre sentimento, que sai
do corpo e invade a alma e o que era apenas um, vai absorvendo novas energias e
acumulando forças e antes que a dor invada seu ser por completo, tornam-se
vários e o campo de luta se estabelece.
A
partir desse momento, ganhar ou perder nem é o mais importante e sim a possibilidade
do renascimento, da recriação, da possibilidade de se tornar um ser humano
melhor e quem sabe cumprir sua missão de vida.
Vale
o registro de que quando se tem uma causa e se opta a lutar por ela, o ser
humano às vezes vai à radicalidade se necessário, o que não pode e nem deve é ter uma visão cega, negando as vezes até uma sua própria autocrítica. Não é atoa
que Paulo Freire dizia que todo militante é um radical quando descobre sua razão,
porém jamais poderá ser um sectário, principalmente porque o sectarismo leva à
intolerância.
Principalmente
nos municípios brasileiros, o que não falta são motivos para que as pessoas se
juntem e defendam seus direitos suprimidos. Uma grande parte dos governantes governam para si e seu grupo de apoio e não para e com a população. A falta de atuação dos movimentos
populares leva a população necessitada a desacreditar da própria existência. A participação
e a militância nos diversos movimentos se transformam na esperança de uma vida
melhor.
É
importante apenas não esquecer que enquanto as conquistas não se concretizarem,
a luta continua. Essa continuidade exige das lideranças um verdadeiro exemplo de
vida, onde a ética e o respeito sejam os principais valores, capazes de transformar
essa atitude na adesão de novos militantes para que a chama da liberdade nunca
morra. O que não é possível é o uso por parte desses militantes dos movimentos e dos espaços políticos para se beneficiarem. Enquanto houver uso, desigualdades, discriminação e injustiças haverá
militantes lutando para que um dia todos sejam iguais.
Para
quem sonha com uma sociedade se reinventando de baixo para cima, como era o
sonho de Paulo Freire, a militância será vista como uma poesia que vai contando a história a partir
de cada conquista. Quem sabe para esses militantes autênticos, a militância não seja o refúgio dos
sonhadores e o momento em que se descobre que nunca a pessoa que luta estará só.
Como
dizia Paulo Freire: "A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação,
exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de
quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela
precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta
sozinho, as pessoas se libertam em comunhão."
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Porque e para que algumas pessoas querem tanto o poder?
Certa
vez quando estava fazendo meu mestrado, li um texto interessante do Thomas Wood
Jr, que hoje é articulista da Carta Capital. O título era: “Nem tudo é
verdade”. Ele se referia no texto ao mundo organizacional. Afirmava que muitas
coisas que ocorrem nesse universo, nem de longe são o que representam ser e
tampouco são o que afirmam.
Algo
que me deixou mais intrigado ainda quando li dois livros. Um deles Feitas para
Durar. Trazia um estudo sobre o porquê que algumas empresas fecham em tão pouco
tempo e outras resistem ao tempo e ultrapassam a barreira dos cem anos. A
conclusão foi a de que, para que uma empresa dure cem anos ou mais, depende
principalmente de uma ideologia estável. Algo que transcende quem a criou e tem
como eixo principal uma política do ganha-ganha, onde funcionários e gestores
exercitam e praticam uma regra de conduta, onde tudo é desenvolvido de forma
transparente e os resultados são compartilhados. Imagino que são poucas em
relação ao universo empresarial que conseguem trabalhar e se desenvolverem
dessa forma.
O
outro livro a que me referi e que também me impressionou tem como título Empresa
com Alma, onde o autor Francisco Gomes de Matos, explica que a alma do negócio
está na empresa. No dia a dia, na lida e como são tratados principalmente os
parceiros e os colaboradores. Cada um deles que incorpora a empresa, como
extensão da sua própria vida, refrigera a alma da empresa.
Será
que é possível transportar isso para um partido político ou uma gestão pública?
E os resultados serão compartilhados? Haverá transparência no conflito de
interesses? Os maiores respeitarão os menores? As decisões são tomadas em grupo
ou somente por um grupo?
São
respostas embaraçosas a serem elaboradas, pois no universo do poder político a
coisa se complica mais ainda. Assim como nas empresas, os partidos e as
instâncias de poder sofrem da mesma anomalia, ficando a diferença para a
objetividade e os diversos interesses em jogo. Qualquer empresário saber
perfeitamente o que quer de sua empresa: lucro imediato, de preferência de forma
exponencial. Quantas pessoas saberão responder de forma objetiva o que estão
fazendo num partido político ou mesmo numa gestão pública?
Em
ambos os casos, as disputas pelos espaços de poder saem do campo racional e se
alojam no inconsciente de algumas pessoas como se fossem batalhas a serem
vencidas a qualquer custo. Como um objeto venerado. Nesse momento o lema é:
amigos, amigos, disputas a parte. Sendo que em algumas instâncias de um partido
político, o mais incrível é que as listas com os escolhidos para os cargos de
direção, com “garrafinhas” ou não, já vêm prontas.
É
claro que como militante político, de uma causa, não vou aqui generalizar, mas,
no entanto usar esse espaço para expor o que penso a respeito desse assunto e
me solidarizar a todos aqueles e aquelas que foram excluídos do processo.
Fico
imaginando se esse procedimento ou prática está incluído na missão que cada ser
humano tem ao cumprir seus dias de vida. Caso esteja, ou essa pessoa terá que
voltar num outro momento da vida para consertar o que sua volúpia destruiu, isso
para quem acredita, ou estarão abreviando seu projeto original, buscando
desvios que cheguem mais rápidos, mesmo que com isso destruam toda vegetação.
Da
minha parte prefiro à calma e branda brisa que me bate ao rosto, onde terei
condições de me reciclar, de repensar minha vida e melhorar o que fiz até hoje.
O poder que em mim habita servirá apenas para que muitas outras pessoas
desfrutem do que nunca conseguiriam por conta própria. Como nos livros que li, um
projeto construído a várias mãos e compartilhado pode se tornar uma nova
instância de poder e essa ser tão duradoura, como aquelas empresas que construíram
uma ideologia estável.
Bem
vindos ao mundo do poder verticalizado, onde as portas só estarão abertas para
quem tem a senha ou “garrafinhas” para trocar.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
A sociedade brasileira ainda necessita de governos ou mandatos personalistas?
Ao
olharmos o comportamento da sociedade brasileira, sem querer generalizar,
nota-se claramente que um herói, mesmo sendo de araque, ainda faz um grande sucesso.
É a partir dessa premissa que os personalistas de plantão fazem a festa.
Segundo
os especialistas, o personalismo é
uma filosofia que tem como maior ênfase conduzir o homem para sua realização
como pessoa, colocando-o acima de quaisquer instituições ou coletividade, pois
o ser humano com sua pessoalidade é único e peculiar e essa peculiaridade
impossibilita que todo o seu querer e as suas ânsias, estejam totalmente em
harmonia ou satisfeitos com as vontades, aspirações ou conquistas de uma
classe, grupo ou instituição.
Em outras palavras, o indivíduo personalista, não só não admite que as instituições, sejam elas quais forem, estejam acima dele, como também necessita constantemente de afago, fortes elogios e uma reverência continua.
É nesse cenário que nascem à maioria dos
candidatos a cargos eletivos na política brasileira. Primeiro afasta-se o povo,
com o argumento de que política não se discute ou ainda na versão atual midiática
golpista, o argumento de que todo político rouba e assim tanto faz como tanto
fez. Se votar é necessário e obrigatório vota-se em qualquer um, pois o
resultado será o mesmo e a seguir vem à figura da boa pessoa, que entendendo os
apelos da população, coloca seu tempo precioso a serviço dela. Não é uma
atitude maravilhosa e humanística?
Porem, em alguns casos chega a ser deprimente.
Em São Bernardo do Campo, por exemplo, cidade onde cresci, tinha um vereador
que perdi a conta de quantas vezes se elegeu com sua benevolência. Ele
simplesmente comprou uma ambulância e levava as pessoas necessitadas ao pronto
socorro e aos hospitais. Era só ligar. Não parece uma ideia genial? O que há de
errado nisso? O mais interessante é que seu filho seguiu a mesma carreira do
pai generoso.
Quem não conhece um político, seja de que cargo for que age dessa forma? Em muitos casos, pessoas que delapidam o patrimônio público, mas que fazem muitas obras e muitas benevolências. Uma pessoa tipo assim: Maluf.
Venho de uma cultura de resistência. De muita
luta pela liberdade e assim, aprendi com os clássicos, que se alguém quer fazer
com que a população seja beneficiada, coloque seu governo ou seu mandato a
serviço de uma causa e essa causa resulte na libertação das pessoas que
vivem de favores, mendicância ou excluídas do processo econômico e social.
O que não falta são recursos e projetos nacionais para isso.
O político personalista benevolente necessita
se perpetuar no poder e para isso não medirá esforços nem práticas espúrias.
Quanto mais fazem pelo povo, mais o povo pobre o venera como o salvador da
pátria. Em muitos casos, as Emendas Parlamentares contribuem muito para essa
prática. Com isso, não respeitam as entidades representativas, os conselhos
municipais, impedindo-os que se tornem consultivos e deliberativos e não querem
a participação da sociedade nas decisões, para que não interfiram em sua
conduta ou o rumo que traçou para si e para seu grupo.
A democracia plena, aquela que nasce das bases
é ferida brutalmente a cada ação personalista e ao eleger pessoas que promovem
o distanciamento do direito à participação e de controle social.
Quem nunca ouviu a seguinte frase: “As pessoas
são chamadas, mas não querem participar”. Será? Por acaso foram chamadas para o
processo de construção desse governo ou mandato? Conseguem entender seus
direitos? Se não estão preparadas porque não preparam?
Para desconstruir essa lógica perversa só tem
três caminhos: o primeiro sem briga, onde o indivíduo entra no processo sem
reclamar e se fingindo que não sabe pensar, pois quem pensa logo age e é
combatido ou se organiza e luta pelos seus direitos. Uma terceira opção que é a
mais comum é o abandono completo de todo processo, com o argumento de que todos
as chegarem ao poder são iguais e se fizerem alguma coisa é lucro.
Como dizia Paulo Freire:
“Precisamos construir uma nova cultura política de natureza democrática” e
transformar essa cultura numa possibilidade do surgimento de novas lideranças,
que irão representar, a partir da delegação coletiva, as necessidades e os
sonhos da população e em especial da que mais necessita e ainda se encontra
excluída da sociedade.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
sábado, 7 de dezembro de 2013
O que fazer quando o bem e mal se confundem?
Figura: meussonhosdoces.blogspot.com
Podíamos
começar essa conversa dizendo que o mundo está dividido entre o bem e mal, que
num processo metáfico, resultaria em quem faz o bem recebe sempre o bem de
volta e quem faz o mal também com o mal será pago.
É
tão simples assim? Dá para dizermos de primeira quem é do bem e quem é do mal,
mesmo sem um conhecimento profundo? Apenas para lembrar, vale citar aquela
frase popular: “O inferno está cheio de boas intenções”.
Analisando
a sociedade como um ser social, nota-se perfeitamente que no discurso o bem e
mal se confundem. Ninguém que é o do mal se declara, a não ser que esteja
drogado ou já tenha sido totalmente absorvido pelo mal e quem é do bem, mesmo
repetindo mil vezes suas intenções, ainda assim terão pessoas que dirão: será?
Usando
o terceiro elemento, que não quer ter controle, que tem dono e que quer ser o
caminho, a verdade e a luz da humanidade, que é a imprensa e grande parte dela
golpista, a coisa fica muito mais complicada. Ela é capaz de fazer um monstro
virar anjo e um anjo ser jogado nas trevas rapidinho. Por outro lado, a
população que depende, principalmente da televisão como lazer, deixa-se levar
torcendo por seus personagens prediletos.
É
nesse cenário que a maioria das decisões políticas, econômicas e sociais da
humanidade é tomada e decidida e as pessoas que conseguem elaborar um pensamento,
que têm poder de intervenção e quem principalmente tem uma causa a ser defendida,
são excluídas do processo de poder, simplesmente pelo medo da competição ou
para não atrapalhar as intensões de quem está no comando, deixando o caminho
livre. É importante citar que em muitos casos, isso não ocorre pela via da
anulação plena ou do confronto, mas criando um desvio aonde de forma ilusória
vem um contentamento momentâneo para aquele ser que imagina estar colaborando.
Quem
nunca passou por uma situação como essa? “Olha,
bem que você poderia fazer parte da direção central dessa instituição, mas como
temos que atender ao pedido de outras pessoas, criamos algo muito melhor para
você: você será o assessor coordenador para assuntos aleatórios”. Com isso aquela a pessoa com um sorriso
amarelo e com medo de ficar totalmente de fora, simplesmente agradece e aceita.
É claro que na prática dará tudo errado, pois a verdadeira intensão era afastar
a pessoa do comando central, mas também poder cobrá-la no futuro com o
argumento de que a mesma está sendo ingrata e não entendeu aquela fantástica oportunidade. Num processo de ação e reação, a pessoa simplesmente desiste de tudo e abandona, as vezes um sonho antigo.
A
luta entre o bem e o mal é antiga. Por muito menos Caim matou Abel. Nos dias de
hoje, onde os valores se confundem. Não há outro caminho. Para que de fato o
bem possa reinar, se faz necessário que seja materializado por um projeto de
vida e esse projeto aponte para onde devemos caminhar.
Ao
trazermos isso para o campo político a coisa se complica mais ainda, pois a
própria democracia está em cheque. De que democracia estamos falando? Daquela
da austeridade e choque de gestão ou da democracia plena desenvolvida e nutrida
de baixo para cima, dando voz a sociedade? Da que afasta o povo das decisões,
mas mostra que tem alguém que foi eleito para isso ou daquela em que as lideranças
às vezes se anulam para que a população organizada seja protagonista de seu
futuro?
A
manutenção do poder a qualquer custo, através dos cargos públicos, se traduz
num caminho sem volta, pois coloca no mesmo nível de compreensão, o bem e o mal.
Tanto os que querem permanecer no poder para encher os bolsos, ou mesmo aqueles
“bonzinhos”, que querem permanecer no poder para fazer o bem pela população, mas
afastando-a das decisões, agem e se transformam em seres semelhantes, pois se
os métodos utilizados forem os mesmos, todos serão iguais no processo de
julgamento no “juízo final”.
Tenho
lançado vários desafios no Curso Plano de Governo e Ações para Governar e que se
de nada servirem, servirão pelo menos para uma reflexão ao travesseiro. Uma
dela é se dá para entender um prefeito ou prefeita que tem medo do povo e ser
chamado(a), pelo menos de progressista. Ou ainda se é necessário tanto dinheiro
para uma campanha eleitoral se esse prefeito ou prefeita tiver o povo ao seu
lado.
Seja
pela via que o ser humano escolher, o bem e o mal estão sempre à sua
disposição. Como dizia Paulo Freire: O simbólico e o diabólico estarão à nossa
disposição a qualquer hora do dia e da noite. Felizes daqueles que conseguirem passar
pelo poder e deixar marcas a serem seguidas.
Aquilo que se faz por amor está sempre além do
bem e do mal.
Friedrich Nietzsche
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
A violência nas cidades brasileiras é só uma questão de polícia?
O
Brasil está em guerra e não sabe. O número de assassinatos no país é 274 vezes mais
que Hong Kong e 137 que a Inglaterra e mais mortes que Iraque. Em apenas três
anos: de 2008 a 2011, foram assassinadas mais de 200 mil pessoas.
Segundo
o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 50 mil mulheres foram assassinadas
entre 2001 a 2011. Uma média de 5 mil por ano. Segundo o órgão, nem a Lei Maria
da Penha foi capaz de reduzir essa violência doméstica. Aliás, até aumentou.
Sinal que o machismo no Brasil ignorou essa lei, que está completando sete anos.
Cerca de 170 mil pessoas foram mortas nos 12 maiores
conflitos no globo entre 2004 e 2007. No Brasil, mais de 200 mil perderam a
vida somente entre 2008 e 2011.
Segundo
levantamento de diversas entidades, 20 mil jovens negros são assassinados no
país, todos os anos, com idade entre 15 e 24 anos. Um verdadeiro genocídio. No
total de assassinatos, os negros representam 70%.
Em
2012 o Brasil teve mais de 50 mil assassinatos. Apenas os que aparecem nas
investigações e que não dá para esconder, porém, assassinatos ocorridos em
várias partes do país, como por exemplo, na baixada fluminense, nem aparecem
nos noticiários e tampouco nas estatísticas.
O
que fazer? Qual o papel dos municípios? Quais as Políticas Públicas que poderão
incidir diretamente no combate a esse estado de calamidade pública?
Vale
a pena lembrar que toda essa violência ocorre nos municípios. Assim, se faz
necessário, de forma urgente, um Plano de Ação de Segurança Pública, mas,
sobretudo de Prevenção à Violência. Esse Plano Municipal, para que tenha o
mínimo de inferência positiva, tem que partir do Executivo Municipal,
envolvendo todos os setores da sociedade e principalmente desenvolvido de forma
integrada a todas as áreas de governo.
É
necessário seduzir a juventude. Os centros de lazer patrocinados pelo Governo
Federal coloca à disposição dos municípios uma estrutura capaz de oferecer aos
jovens várias alternativas.
Além
disso, é urgente a necessidade de criação da arquitetura da participação, com
políticas inclusivas, para as mulheres, jovens, idosos, pessoas com deficiências
e para as pessoas negras. O SEBRAE deu um belo exemplo, criando uma área
específica de empreendedorismo para as pessoas de matrizes africanas. Uma ação
como essa atua na raiz do problema. A desculpa não pode ser a econômica, pois a
criação de um Fórum Temático, que reúna as pessoas e discuta seus principais
problemas e soluções, não tem custo algum.
Diante
dessa situação, existem pelo menos três questões gravíssimas: A questão das
drogas, que invadiu os municípios e afeta principalmente os jovens. A questão
da violência contra as mulheres que ultrapassou todos os limites, se é que tem
limite e a violência generalizada contra os negros, se não bastasse o apartheid
econômico, que distancia em pelo menos 30%, o salario de homens e mulheres,
negros e brancos e deficientes e não deficientes.
A
velha mídia se nutre dessa violência. Ao ligarmos a tv, principalmente nos
canais e programas que se alimentam da violência, temos a sensação de que não há
mais solução. Os crimes ocorrem sem nenhum propósito.
A
sociedade está em crise. Uma crise de valores. Onde a pena de morte é
solicitada todos os dias, assim como a redução da maioridade penal e o aumento
do efeito policial e muito mais presídios. Serão essas as soluções? Criar um
bolsão seguro como é o caso do Rio de Janeiro, faz diminuir a violência, ou
isso servirá apenas para deixar a cidade bonita para a copa do mundo e as
olimpíadas? Qual é a participação de cada um de nos nessa situação, por ação ou
por omissão?
Perguntas que ficarão para uma reflexão futura.
Participe
dessa conversa, diretamente no comentário dessa matéria ou pelo e-mail: toni.cordeiro1608@gmail.com
A violência, seja qual for a maneira como ela se
manifesta, é sempre uma derrota.
Jean-Paul Sartre.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
Comentário do Bruno Francisco Pereira, chamando a atenção para a violência pela falta de uma Reforma Urbana que rediscuta a cidade:
Meu caro amigo Toni Cordeiro,você traz um tema muito pertinente para o debate. Em uma sociedade onde o que está pautado pela mídia é a culpabilização da violência sobretudo pelos pobres e jovens,com a temática da redução da maioridade penal, você traz a tona muito bem o esforço das políticas publicas que enfrentam esta temática e sobretudo a interdisciplinariedade das áreas. Quero aqui somar a esta reflexão com uma contribuição. O tema da Violência também esta ligada a questão da reforma urbana que deve ser implementada nos municípios, sobretudo com a ocupação dos espaços e a significação destes espaços dentro do território. Muitas vezes nos grandes centros há uma ocupação desordenada dos espaços gerando uma segregação social, criando grandes bolsões de violências, e quando isto acontece não há politica publica de dê conta. O debate da reforma Urbana deve perpassar todas estas questões, porque espaços democráticos são sementes que geram participação politica consciente.
domingo, 1 de dezembro de 2013
Ideias para o Brasil: o sucesso do I Fórum FPA
Abertura do Fórum FPA
A
ideia de criar um Fórum para discutir Ideias para o Brasil se materializou,
como um daqueles momentos que ficará na história do partido dos trabalhadores,
de sua militância e principalmente na cabeça de todos que consideram que o
Brasil está no caminho certo e resgatando a dignidade humana, perdida há muito
tempo.
O
envolvimento dos alunos do Curso de Especialização em Gestão e Políticas
Públicas foi fundamental, principalmente no sentido de decifrar aos alunos,
alguns códigos do poder e fazer uma avaliação de conjuntura, mostrando os
inúmeros avanços, avaliando possíveis falhas, mas, sobretudo apontando onde é
que teremos que ficar atentos, para que as forças conservadoras não destruam
tudo que foi plantado e a vigorosa colheita que começa a vingar.
Um
instrumento lançado me chamou a atenção no evento. A criação do FPA Dados,
capaz de trabalhar em rede com todos os municípios governados pelo Partido dos
Trabalhadores, não só cumpre um valoroso papel técnico e científico, como
também responde a necessidade apontada por diversos municípios, de um banco de
dados com as melhores práticas a serem socializadas. Será uma revolução em
termos da ampliação das possibilidades na gestão pública desses municípios.
A
sociedade brasileira, principalmente a que saiu às ruas em busca da moralização
na política, não suporta mais a corrupção, o uso do “caixa dois”, notadamente para
a manutenção de campanhas milionárias e gestores que governam para si, transformando
o ato governar num método individualizado, com fim em si mesmo e não como meio
para as mudanças efetivas na sociedade. O Brasil não precisa de heróis e sim de
lideranças que não tenham medo da população e de novos líderes que aparecerão
em seus caminhos.
Evento
como esse Fórum ocorrido em São Paulo, promovido pela Fundação Perseu Abramo,
com pessoas de todas as regiões do Brasil possibilita entre outros fatores, a troca de experiências, a busca incessante e o encontro de
informações e novos conhecimentos, mas principalmente eleva a autoestima dos
participantes, ao serem convidados a optarem os novos caminhos que o Brasil
trilhará no futuro.
Algo
novo esta no ar. As sementes plantadas pela formação técnica e política,
envolvendo gestores, técnicos e principalmente a militância, resultam e
resultarão em pessoas mais críticas e que enfrentarão qualquer tipo de gestão e
gestor que não respeite a população, com todos seus segmentos organizados, além
de mostrarem claramente estarem se preparando para a construção ou a intervenção
nas Políticas Públicas, que sejam transversais e respondam aos anseios dos principais
atores da sociedade envolvidos no processo.
Estamos
de forma lenta e gradual construindo um novo Brasil: inclusivo e participativo.
Feliz
daqueles que conseguirem entender esse momento e se colocarem à disposição como
mais um membro na luta do individual versus coletivo.
Se
depender da militância que convivi nesse final de semana, o Brasil do futuro
será plural e igual para todos e todas.
Mais informações: http://novo.fpabramo.org.br/acervo?page=1
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública
Laboratório de Gestão e Políticas Pública - Fundação Perseu Abramo
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
A democracia está em crise?
De que democracia estamos falando? Qual a real diferença política
entre a representatividade e participação? As duas caminham juntas?
Em tão pouco espaço, não tenho a pretensão de responder na íntegra
essas perguntas, até mesmo porque se trata de um debate de cunho ideológico,
repleto de desvios construídos na disputa do poder, porém, é importante
ressaltar alguns aspectos contidos nessas perguntas, que construíram a história
do passado e interferem diretamente na história presente.
John Gaventa, ao escrever o Prefácio do Livro Participação e
Deliberação, afirma: “No mundo todo estão surgindo novos debates sobre como
revitalizar e aprofundar a democracia”. Segundo ele existe um “déficit
democrático” ou uma “perda de vitalidade” da democracia: “Os cidadãos estão se distanciando
das instituições representativas tradicionais, à medida que grupos de interesse
ganham controle sobre as instituições e que a participação passa a ser
impulsionada mais pela lógica do consumo do que por uma postura ativa de
cidadania”.
O autor explica em seu texto que tanto a deliberação quanto a
participação estão sendo usadas por um espectro de atores muito diversos, com
objetivos também muito diversos e que isso traz implicações radicalmente
diferentes na agenda democrática.
Segundo ele, para alguns, a visão democrática é aquela que
privilegia menos governo (tese neoliberal do Estado
mínimo), impulsionada pela perspectiva neoliberal da eficiência e da
austeridade e para outros, trata-se de utilizar novos espaços democráticos e
oportunidades e promover uma ampla transformação social.
Em regras gerais, o que está em jogo é que tipo de sociedade
estamos construindo e que sociedade queremos para o futuro e no centro dessa
análise está metade da população mundial que ainda se encontra fora das
estatísticas econômicas e de desenvolvimento.
Partindo do pressuposto que ainda é um tabu estabelecer um
processo de governância, citado por Yehezkel Dror, como sendo o ato de governar
a várias mãos, qualquer iniciativa de governo que se transforme numa ferramenta
com resultados concretos, que trabalhe a fundo tanto a participação como a
deliberação como uma ação do próprio governo, passa a ter uma importância
significativa, tanto do ponto de vista da gestão como principalmente pelos
resultados políticos obtidos a partir da experiência, porém para que isso
ocorra é necessário cumplicidade e compromissos claros das pessoas envolvidas
com o projeto em construção.
Nem estou me referindo aos Conselhos Municipais, que não vejo o
menor sentido de serem apenas consultivos, mas da construção do que chamamos da
Arquitetura da Participação, com todas suas ferramentas: fóruns, conferências,
encontros e outros.
Assim sendo, trabalhar de forma participativa e com transparência,
requer antes de qualquer coisa, mudanças de postura do gestor com relação ao
poder e principalmente em relação à forma de administrar uma instancia de
poder, porém isso só é possível se o projeto que está em sua mente como meta de
vida não for individual e sim coletiva, construída a várias mãos.
A democracia não pode servir de pretexto para punir de forma
injusta ou privilegiar quem quer que seja, ferindo o direito da maioria.
A partir da cultura individualista concebida numa sociedade
capitalista e de consumo, por onde todos os serem humanos passam desde seu
nascimento até sua vida adulta, o ato de sair do individual para o coletivo,
onde se abandonem às posições pessoais e se valorizem as posições coletivas,
requer uma postura humanista e, sobretudo política, se sobrepondo a qualquer
situação que vise à valorização do indivíduo ante a necessidade da população e
em especial a que mais necessita e isso possa resultar na inclusão dessas
pessoas e no resgate coletivo do direito à cidadania, visando à construção de
uma sociedade justa e igual para todos e todas.
A experiência de um trabalho em grupo só faz sentido para quem
está preparado a mudar se necessário e fazer a defesa de sua proposta como mais
uma apresentada e não como soberana, pois a verdade de cada um ou de cada grupo
representa o somatório dos diversos pensamentos e nesse somatório está contido:
interesses, desejos, vínculos afetivos e posições ideológicas e o que poderá
unificar esses pensamentos e materializá-los é a construção de forma coletiva e
ideológica do projeto central, aliado ao compromisso de cada um em fazer esse
projeto dar certo.
Não é que a democracia esteja em crise, mas em constante ebulição,
acometida pelas investidas das forças conservadoras e reacionárias, através de
seus representantes legais ou não. Para isso, tem a velha imprensa golpista e
todo aparato ideológico, que às vezes está presente num determinado personagem
numa simples novela.
O sonho de Paulo Freire era ver uma sociedade reinventando-se de
baixo para cima, onde as massas populares tivessem na verdade o direito de ter
voz e não o dever apenas de escutar. Assim como ele acredito que isso seja
possível e em experiências como a de Artur Nogueira com o Grupo Gestor de
Integração e Planejamento e principalmente com a de hoje, levando conhecimento
e um forte debate nas diversas regiões do país, estamos plantando uma semente e
se essa semente for bem cuidada, num futuro próximo o “Compromisso com o
Futuro” será uma tarefa de todos e a geração futura poderá dizer que na
história de qualquer cidade, que teve um governo que teve a coragem de
reinventar o próprio ato de governar. Assim foi Artur Nogueira.
Mais vale uma verdade, mesmo que tenha que ser contada mil vezes
ao dia, do que a teoria da conspiração, que ronda e invade as cabeças das
pessoas que vagam perdidas.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
É possível governar de forma participativa mesmo com a oposição presente?
Figura: territoriogoncalense.com
Esse
tema é um dos que compõe o debate no Curso Plano de Governo e Ações para
Governar da Fundação Perseu Abramo e um dos mais rápidos de resposta. Muitos dos presentes respondem ser impossível.
Partindo
do pressuposto de que o ato de governar seja um fim para inúmeros governantes e
não um meio para as mudanças efetivas na sociedade, a óbvia resposta para essa
pergunta será a de que é impossível fazer gestão participativa, sabendo que em
todos os ambientes ou instrumentos participativos, a oposição estará lá presente.
Esse
comportamento da impossibilidade de aceitação da crítica presente, aliado a
alegação do curto tempo de quatro anos para deixar a marca de um governante,
vão justificando alguns fatos ou desculpas, como: o da população não estar preparada para a
participação e, portanto, mesmo o Plano Diretor não pode ser participativo, os
conselhos municipais devem ser consultivos para não travar a máquina pública ou
ainda que muitas conferências, seminários, encontros e outros momentos
participativos devem ser evitados. Assim sendo, o povo não está preparado e também não é para estar.
Já
imaginou se o Ex-Presidente Lula pensasse assim. Como teve ele coragem de
realizar 74 Conferências Nacionais e mais, tornar os Conselhos Nacionais Deliberativos?
Por acaso a oposição não esteve presente, seja nos eventos e nos fóruns
deliberativos? E a Presidenta Dilma que deu continuidade ao processo, como
faria, sendo mulher e Presidenta?
Algo
me diz que quem pensa dessa forma está preocupado apenas com o seu bem estar enquanto
governante e até mesmo seus gestores, mesmo que não pensem dessa forma, terão dificuldades de agir dessa forma. Na verdade trata-se de um pensamento e de uma prática conservadora, herdados da forma vertical de gestão e que nesse caso, nem mesmo um "choque de gestão” (algo que cientificamente não tem o menor significado e que foi bom apenas na ditadura, realizado nos presos políticos), mudará sua forma de pensar e agir.
Suprimir
os direitos constitucionais de participação e controle social, inclusive agora
reforçado pela Lei de Acesso à Informação, pensando apenas de deixar um passivo
próprio de bom ou austero governante, só faz aumentar ainda mais as divergências
contidas no imaginário da população, que além de ainda não terem seus direitos assegurados, aprendeu com a mídia conservadora que
todo político é ladrão e mesmo que não seja, tem que ser ou enfrentado ou desprezado.
Um
governante que tem o ato de governar como meio, principalmente ligado a um partido de
esquerda, sabe que um governo tem que servir de texto e contexto para o
fortalecimento dos setores organizados da sociedade, pois somente esses poderão
fazer o enfrentamento necessário para as mudanças efetivas que a sociedade,
principalmente a que contém o setor excluído, necessita. Pensando dessa forma, em qualquer
lugar onde o governo esteja e portanto com propostas e projetos construídos a
partir da interação com a população, jamais temerá o enfrentamento, seja ele o que for, porque terá a população ao seu lado.
A
única certeza é de que toda essa conversa se torna impossível e impraticável se
o governo tiver sido concebido a partir de bases mercantilistas, pois o
povo junto num evento se tornaria uma enorme ameaça.
“Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de
pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E
agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento,
que só à humanidade pertence.” (Bertold
Brecht)
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Curso Plano de Governo e Ações para Governar em Matão/SP
Nos dias 22
e 23 últimos realizamos na cidade de Matão mais um Curso Plano de Governo e
Ações para Governar da Fundação Perseu Abramo.
Estiveram
presentes 41 participantes de 11 cidades, composto por gestores, prefeitos,
vereadores e técnicos dos diversos governos presentes. Foi mais um
momento mágico, pois ensinar e aprender nos traz a sensação que todos nós
saímos muito mais sábios do que iniciamos.
Abaixo alguns depoimentos dos
presentes, como também algumas fotos do evento.
O curso foi
além das minhas expectativas, pois o palestrante é uma pessoa que se comunica
de maneira muito clara. Envolveu os participantes nas discussões e o fato que
foi muito atrativo, foram os exemplos utilizados para cada item discutido. O
curso foi riquíssimo. (João Roberto da Silva - Vereador do PT de
Jaboticabal)
O curso tem
um propósito que na prática supera as expectativas. Proporcionou uma importante
reflexão sobre os conceitos éticos, estratégicos e idealistas. A bagagem e o
domínio do aplicador é surpreendente e claramente embasado na prática e no
estudo aprofundado sobre gestão pública. Ótimo e claro para os princípios de
uma boa gestão pública. (Marcelo Augusto de Moraes - Coordenador de
Projetos da Associação de Gestão Cultural do Interior Paulista)
O curso foi
realmente satisfatório, pois auxiliou que desenvolvêssemos um olhar mais amplo
sobre o papel da equipe de governo e a otimização na ocupação da máquina
pública. Através dos diversos exemplos das experiências de outros municípios, o
palestrante, de forma clara e inspiradora, mostrou a necessidade e capacidade
que temos para inovar na organização e ações de governo. A dinâmica utilizada
no decorrer do curso foi ótima, abrindo espaço para o debate, interação e troca
de experiências. Além disso, a exposição foi muito clara e novamente
inspiradora, seja no sentido de nos mobilizarmos nos trabalhos, seja na
capacidade de continuarmos sonhando e lutando para as transformações de nossas
cidades. (Juliana Faria Caetano - Professora e Assessora de Gabinete
Legislativo)
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