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sábado, 26 de agosto de 2017

A solução é vender o Brasil?

Está na hora do povo tomar lado sobre este verdadeiro desmonte do patrimônio nacional.

*Leonardo Koury Martins
Lá se vão aeroportos, Casa da Moeda, indústria nacional, água e energia - Créditos: Reprodução

Lá se vão aeroportos, Casa da Moeda, indústria nacional, água e energia / Reprodução

E se passaram pouco mais de um ano e lá se vão aeroportos, Casa da Moeda, pedaços soltos da indústria nacional do petróleo (como a Gaspetro e refinarias) e se deixar até a energia e a água se vão neste país!
Se fosse música da Xuxa (cômico e trágico), "está na hora está na hora" do povo tomar lado sobre este verdadeiro desmonte do patrimônio nacional. Não se trata apenas de precarização dos direitos sociais ou do fim do conceito de seguridade social.
O que está em jogo é a soberania e o conjunto nacional que nos fazem ser um só povo. Imagine, nossas águas e geração de energia nas mãos de empresas estrangeiras. Nossa numeração de moeda e passaporte disposta por empresários. Nossa aposentadoria na instabilidade dos bancos privados. 
Então, imagine que a nossa luta a cada dia se torna mais difícil frente ao modelo de estado posto, que desvaloriza toda história que trabalhadoras e trabalhadores arduamente construíram.
Raul Seixas em seus devaneios musicais, ao conhecer Temer e correlacionar o novo golpe vivido (não mais militar e sim civil) diria que estes golpistas, de tão ousados, nem mesmo pensam em aluguel. Para eles a solução para enfrentar as crises do capitalismo (que idolatram) é vender o Brasil.
O mínimo do mínimo jamais será um todo como tudo que construímos e hoje ainda temos. Não se desespere, lute!
*Leonardo Koury Martins é assistente social e professor
Artigo reproduzido da Revista Brasil de Fato
https://www.brasildefato.com.br/2017/08/24/artigo-or-a-solucao-e-vender-o-brasil/
Edição: Frederico Santana

domingo, 13 de agosto de 2017

SOCIEDADE LÍQUIDA

Final de tarde de domingo (dia dos pais), assistindo a um show do Eric Clapton na televisão, pego o livro do Humberto Eco, “Pape Satàn Aleppe – crônicas de uma sociedade líquida” para começar a lê-lo.

Sua primeira crônica é a que empresta o subtítulo ao livro, “crônicas de uma sociedade líquida”. Já em seu início, começo a marcar a caneta algumas linhas. Ao final, ainda ao som do Eric, resolvo reproduzir a crônica e dividir com quem ler este texto. Só conseguiria dar continuidade a leitura do livro depois disso. Divirtam-se e preocupem-se. Há braços.
Sociedade Líquida – Umberto Eco (2015)

A ideia de modernidade ou sociedade “líquida” deve-se, como todos sabem, a Zygmunt Bauman. Para quem quiser entender as várias implicações do conceito, a leitura de “Estado de crise” (Zahar, 2016), onde Bauman e Carlo Bordomi discutem estes e outros problemas, pode ser útil.

A sociedade líquida começou a delinear-se com a corrente conhecida como pós-modernismo (aliás um termo “guarda-chuva” sobre o qual se amontoam diversos fenômenos, da arquitetura à filosofia e à literatura, e nem sempre de modo coerente). O pós-modernismo assinalava a crise das “grandes narrativas” que se consideravam capazes de impor ao mundo um modelo de ordem e fazia uma revisitação lúdica e irônica ao passado, entrecruzando-se em várias situações com pulsões niilistas. Mas para Bordoni, o pós-modernismo também conheceu uma fase de declínio. Era um movimento de caráter temporário, pelo qual passamos quase sem perceber, e que um dia será estudado, assim como o pré-romantismo. Servia para analisar um acontecimento em andamento e representou uma espécie de bolsa que levava a modernidade a um presente ainda sem nome.

Para Bauman, entre as características deste presente nascente podemos incluir a crise do Estado (que liberdade de decisão ainda tem os Estados nacionais diante dos poderes das entidades supranacionais?). Desaparece assim uma entidade que garantia aos indivíduos a possibilidade de resolver de modo homogêneo os vários problemas de nosso tempo, e com sua crise, despontaram a crise das ideologias, portanto, dos partidos e, em geral, de qualquer apelo a uma comunidade de valores que permita que o indivíduo se sinta parte de algo capaz de interpretar suas necessidades.

Com a crise do conceito de comunidade, emerge um individualismo desenfreado, onde ninguém mais é companheiro de viagem de ninguém, e sim seu antagonista, alguém contra quem é melhor se proteger. Este “subjetivismo” solapou as bases da modernidade, que se fragilizaram dando origem a uma situação em que, na falta de qualquer ponto de referência, tudo se dissolve em uma espécie de liquidez. Perde-se a certeza do direito (a justiça é percebida como inimiga) e as únicas soluções para o indivíduo sem pontos de referência são o aparecer a qualquer custo, aparecer como valor (fenômenos que abordei com frequência nas “Bustinas”), e o consumismo. Trata-se, porém, de um consumismo que não visa a pose de objetos de desejo capazes de produzir satisfação, mas que torna estes mesmos objetos imediatamente obsoletos, levando o indivíduo de um consumo a outro numa espécie de bulimia sem escopo (o novo celular nos oferece pouquíssimo a mais em relação ao velho, mas descarta-se o velho apenas para participar dessa orgia do desejo).

Crise das ideologias e dos partidos: alguém já disse que estes últimos se transformaram em táxis que transportam caciques políticos ou chefes mafiosos que controlam votos, que escolhem em qual embarcarão com desenvoltura, segundo as oportunidades que oferecem – o que até torna compreensível e não mais escandaloso os vira-casacas. Não somente os indivíduos, mas a própria sociedade vive em um contínuo processo de precarização.

O que poderá substituir esta liquefação? Ainda não sabemos e este intervalo ainda vai durar muito. Bauman observa que (com o fim da fé numa salvação proveniente do alto, do estado ou da revolução) os movimentos de indignação são típicos de períodos de intervalo. Estes movimentos sabem o que não querem, mas não o que querem. E recordo aqui que um dos problemas levantados pelos responsáveis da ordem pública a propósito dos “black blocs” é a impossibilidade de rotulá-los, como se fazia antes com os anarquistas, os fascistas, as Brigadas Vermelhas. Eles agem, mas ninguém sabe mais quando e em que direção. Nem eles mesmos.

Existe um modo de sobreviver à liquidez? Existe e é justamente perceber que vivemos em uma sociedade líquida que, para ser compreendida e talvez superada, exige novos instrumentos. Mas o problema é que a política e grande parte da “intelligentsia” ainda não entenderam o alcance do fenômeno. Por ora, Bauman continua a ser uma “vox clamantis in deserto”.

Sérgio Mesquita

Secretário de Formação do PT-Maricá

sábado, 12 de agosto de 2017

De onde vem essa passividade absurda do povo brasileiro da atualidade?

O Brasil, desde sua invasão pelos portugueses em 1500, somou uma grande quantidade de embates, lutas, revoltas e revoluções. Quero crer que o século XIX tenha sido o responsável pelo maior número desses enfrentamentos, porém foi no século XX que o país experimentou as ditaduras mais sangrentas e em todas elas houve enfrentamento. Ou seja, um povo determinado a lutar por seus direitos políticos e sociais, por liberdade e por justiça social. 
Com base nessa breve análise, como explicar essa passividade absurda ocorrida num momento em que o Brasil é desmontado, a partir de uma nova modalidade de golpe? Como analisar o comportamento inerte de trabalhadores e trabalhadoras, mesmo tendo perdido todos seus direitos? Cadê suas entidades representativas? Como não ficar pasmo com o congelamento do investimento público em saúde, educação e assistência social por vinte anos? Cadê os profissionais da área? Cadê as panelas?
Uma grande parte de pessoas da minha geração, criada em plena ditadura militar e fazendo o enfrentamento do jeito que foi possível, jamais se acostumará com a passividade atual, ainda mais para quem como eu, luta por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Militamos por uma causa de justiça, liberdade, enfretamento a todas as formas de exclusão e de plena solidariedade com quem passa por necessidades.
Somos de uma geração que sonhou com a liberdade, que cantou e lutou contra os inimigos da época e se alinhou aos povos latinos pela completa liberdade da nossa América Latina. Como entender o completo desprezo às lutas e aos direitos sociais? Como aceitar o ódio como pauta principal de alguma mudança? Como entender que na maior parte dos estabelecimentos públicos o único instrumento de lazer seja a globo? Uma emissora a serviço dos golpistas seja militares ou civis como do golpe atual. Brizola tinha razão quando afirmava que a globo era um instrumento servil, que servia ao imperialismo americano e contra o povo brasileiro.
Há pouco mais de dois anos a sociedade brasileira, mais especificamente as famílias mais necessitadas ensaiavam voltar a sonhar. Havia emprego, condições de comprar uma casa, seus filhos estudando, entre tantas conquistas e um pedreiro era disputado a preço de ouro. A felicidade fazia parte do cenário nacional, tanto nas cidades como nos campos. É como se irmanados por um sentimento de paixão, porém não tão distante da razão, se juntassem para dançar em plena chuva de verão, tamanha era o saldo positivo de suas conquistas. Como tudo desmoronou em tão pouco tempo?
A velha mídia teve um papel fundamental nessa mudança de comportamento. Cumplice do poder global, escravagista por princípios e sempre aliada à direita e à extrema direita, essa velha mídia golpista brasileira se apresenta hoje como o quarto poder e reivindica ou impõe uma verdade quase absoluta, ditando regras, fazendo análises absurdas e confundindo a cabeça de milhares de pessoas, além de ter candidatos, fazer campanha declarada e perseguir os partidos do campo da esquerda, principalmente o Partido dos Trabalhadores.
Quem dá esse poder à mídia? Quem legitima essa situação? Que instrumentos poderão ser usados para se contrapor a esse falso poder?
Ouvindo e assistindo os últimos noticiários, em qualquer veículo de comunicação do que chamamos de PIG (Partido da Imprensa Golpista), a impressão que temos é a de que fora descoberto por ela o “olho do furacão” e o epicentro do tremor de terra que abalou a velha republica tupiniquim. Na calada noite, enquanto o povo assistia a tevê, lia veja e ouvia a CBN e a esquerda só pensava em cargos, a direita e a extrema direita invadiu o mundo da política e o imaginário de milhares de brasileiros e brasileiras e instalou o caos, seguindo um velho roteiro bastante conhecido pela militância, porém desconhecido pela maioria da sociedade e com grande poder de persuasão.
Como resultado, as ruas estão abarrotadas de transeuntes, milhares de desempregados e desempregadas para fortalecer o Exército Industrial de Reserva e um número jamais visto de pessoas depressivas.
O momento atual, em minha concepção retrata um drama mal resolvido como sempre foi em épocas de crise e o pior ninguém consegue decifrar nesse momento se é mais uma peça teatral de comédia da vida ou de mais um folhetim escroto, como aqueles que passam na mãe do PIG.
Uma coisa é certa. Ou o povo de bem brasileiro se une para mais uma revolta popular, como tantas que já ocorreram, principalmente no Brasil Colônia, ou terão que decidir de última hora se morrerão de fome ou em luta por sobrevivência.
Da minha parte e de milhares de combatentes, vamos subvertendo a ordem. Criando Fóruns de Cidadania, Comitês de Resistência, Observatórios Políticos e capacitando para liberdade um grande número de pessoas que enxergam no presente uma grande oportunidade de organizar o maior levante popular que essa república já viveu. 
Quem viver verá!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com 

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Poesia para a Luta Popular!

Você ai! Gritando #ForaTemer
Falando, mas parado e sentado,
Esperando votação de deputado
Para o cenário político melhorar?
Então não reclame das panelas
Se não faz mais do que elas
São às ruas que mudam
E nelas construímos a Luta Popular.

Me perdoe, não é puxão de orelha
Mas a poesia tem dessas coisas
Para quem quer realmente a Revolução.

Não espere dos outros, lute.
Se realmente quer que algo mude
Entenda agora esta lição.

Povo na rua? A burguesia recua.
Povo unido? Playboy sente perigo.

Vamos lutar? Porque a justiça é
Diferente do que conhecemos por Lei.
Justiça é aquilo que nos transforma
E sem mudar o sistema vigente
Ficaremos só no: Eusabia, eu sei, eu sei ..

Leonardo Koury Martins
Professor, Assistente Social e Poeta de Rua

domingo, 9 de julho de 2017

Fundação Perseu Abramo em 2017

Americana - SP

São Bernardo do Campo - SP

Barra Mansa - RJ


Ipatinga - MG

Recife - PE

Visconde do Rio Branco - MG

Cascavel - PR

Santa Bárbara - BA

Taperoá - BA

Serrinha - BA


Mairi - BA

Ouro Preto - MG

Alfenas - MG 

Ibotirama - BA

Ribeira do Pombal - BA

Santarém - PA

Toledo - PR

domingo, 21 de maio de 2017

O povo decide. Diretas Já!


Chamada: Militantes da Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo constroem uma análise no campo sociojurídico para contribuir com o entendimento que todo poder emana do povo, principio constitucional que garante a participação e as diretas já. Para isso é necessário a presença nas ruas no dia 24 de Abril e contribuição dos movimentos sociais nas frentes de luta pela Democracia.

Por: Clara Maragna e Leonardo Koury

Primeiro a gente tira a Dilma, rasga a Constituição Federal, fortalece o Estado policial, e nos resta saber: Quem controla o judiciário?

Entender o processo político que o Brasil vem sofrendo, é uma tarefa árdua e emblemática para todos nós. Mas de certo, é notório que a surpresa tornou-se um elemento central desse arranjo golpista, que tem como pano de fundo a ação do Poder Judiciário.

Traições, malas, chips invisíveis, Família Neves, Lava Jato, Temer, retirada de direitos, capas de revistas, prisões decretadas, almoços, judiciário desequilibrado e a ampulheta do tempo correndo contra o povo brasileiro.

Em meio a tanta fumaça sentenciada, é importante perceber que os atores do golpe não possuem cadeira cativa no Congresso Nacional, e tão pouco se resumem aos aliados de Temer.

Se assim, o fosse, a rejeição de Temer não seria exorbitante, e não estaríamos aqui falando desse novo capítulo, que além da cassação do Presidente golpista trará  também uma corrida de atores pela linha sucessória da Presidência da República .

Quem opera o golpe não deseja que ele acabe, mas que ele se estruture e naturalize de modo a dificultar qualquer reação do povo brasileiro, afinal de contas a história nos ensinou que toda expansão de regimes totalitários sempre esteve relacionada aos problemas econômicos e sociais de um Estado imerso em ações ilegais sob os olhos do judiciário.

A sensação de que ha um distúrbio social é inerente ao processo vivenciado por todas e todos nós, especialmente porque essa anomalia se inicia através de uma ação contra os nossos direitos garantidos num Diploma Legal violado.

Com a previsão da saída de Temer, o golpe toma novos contornos, a Constituição Federal começa a ser avocada através das eleições indiretas por setores golpistas, de modo a legitimar o processo realizado por Michel Temer.

Porque não devemos aceitar as eleições indiretas?

Podemos começar a falar que não devemos aceitar eleições diretas porque não queremos a continuidade dessa orquestra golpista. Além disso, esse desejo por eleições indiretas não passa pela polarização entre coxinhas e não coxinhas, ou pelos projetos de poder ideológicos de esquerda ou direita, mas por uma estruturação antidemocrática que será corroborada por interesses privados.

Não é legítimo avocar normal legal de uma Constituição violada, posterior a retirada do Estado Democrático de Direito, para consolidar uma violação nacional.

Defender eleições indiretas é legitimar o golpe na medida em os atos anteriores à sucessão presidencial produzirão efeitos concretos. A estrutura de poder é determinada pelo conteúdo da sua ação, e de fato os interesses da maior rede de televisão se resumem em apropriar-se do processo mais do que a população que constrói esse país.

É preciso entender que a ordem de um Estado Democrático destina-se a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna e pluralista.

Exigir o cumprimento desses princípios que regem a Constituição Federal, é construir uma disputa justa, e a possibilidade da escolha de representatividade pelos cidadãos e cidadãs brasileiras.

Estamos diante de um capítulo que nos aparece sob a corda bamba à beira de um abismo, recheado de fatos que nos dá elementos suficientes para lutarmos pela Democracia brasileira. Não é apenas a conexão de uma nova fase da conjuntura, mas uma etapa da tática que a elite brasileira avança no objetivo central que é a volta do liberalismo e o estado mínimo.

Leonardo Koury Martins, [21.05.17 14:32]

Talvez a pergunta inicial, sobre quem controla o judiciário, aqui, toma outra percepção, a de que é preciso estar nas ruas, em todos os tipos de ações diretas, para tentarmos nesse último respiro, restabelecer um mínimo de razão com as eleições diretas. Estas não podem ser entendidas como apenas a volta de um governante eleito por voto popular, mas a concretude de que todo poder emana do povo, afinal está no parágrafo único do primeiro artigo da Carta Magna de 88.

É preciso estar atentos, fortes, e nas ruas, afinal o poder emana do povo, o povo decide. Diretas Já!

Clara Maragna
Advogada Popular e Militante da Frente Povo Sem Medo
Leonardo Koury
Professor, Assistente Social e Militante da Frente Brasil Popular
Foto: Diego Padgurschi /Folhapress

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Quatro parágrafos sobre Reforma, Revolução e o Golpe

Nascem para estudar, estudam para trabalhar e trabalham até morrer. Estamos mortos deste o princípio. Este sim é o verdadeiro Golpe!

Então, morte ao sistema capitalista. Nosso sangue não pode servir para a mais valia destes vampiros de "sociedade anônima" que privatizam o que é de todas e todos.

Em curtos quatro parágrafos (e só falta este e mais um, rs) tento objetivamente dizer que a estratégia e a tática são fundamentais nos processos, pois só pode existir uma saída para o problema de "vida e morte", a revolução construída pelo poder popular.

Ao contrário é Reforma. Toda Reforma só faz demorar o fim do sofrimento dos explorados (nós). Seja da previdência, trabalhista ou até novo nome para a presidência. Se não for o povo, é só Reforma. Exija e construa a Revolução, não a confunda com outras formas.


Leonardo Koury

Professor, Assistente Social e militante dos movimentos sociais.

domingo, 26 de março de 2017

Do Consenso de Washington à volta ao Brasil colônia

Você consegue fazer uma avaliação de conjuntura? Porque nos dias de hoje só os intelectuais se mostram aptos para essa tarefa? O que houve de tão estranho nessa mudança de concepção, visto que no passado, qualquer pessoa bem informada conseguia fazer uma avaliação com propriedade?

Comecemos essa conversa afirmando que qualquer avaliação de conjuntura que se preze nos dias de hoje tem que focar duas questões. A primeira em caracterizar a situação do Brasil como uma extensão da crise capitalista mundial, iniciada há alguns anos e vivendo seu ápice nos últimos três e a segunda o avanço da extrema direita em várias partes do mundo, caracterizada pelo nacionalismo e em alguns países pelo avanço ou retomada do neoliberalismo, mais especificamente em alguns países latino-americanos. Em ambos os casos com forte influência do fundamentalismo religioso, da maçonaria e instituições extremistas. Enquanto a democracia participativa e direta é atacada a representativa enganosa toma conta do cenário.

Há evidências de que esse fenômeno ocorreu e ocorre principalmente pelo vácuo deixado pela esquerda e pelos movimentos organizados. Ambos os setores recuaram ao longo do tempo e isso foi o suficiente para o avanço das forças conservadoras. Perderam o tempo de reação conjunta. 

O Brasil vive tempos mais sombrios do que nos tempos de FHC e isso representa a retomada do Consenso de Washington. 

Para quem não acompanhou a escalada neoliberal no Brasil, se faz necessário alguns esclarecimentos e leitura do livro “O Consenso de Washington” de Paulo Nogueira Batista, disponível em: http://www.consultapopular.org.br/sites/default/files/consenso%20de%20washington.pdf. Nele, o autor fala qual era o papel do Collor, FHC e principalmente da mídia no processo de implantação do neoliberalismo no Brasil.

O Consenso de Washington foi o nome dado a uma reunião ocorrida no final do ano de 1989 em Washington, que em tese, visava propalar a conduta econômica neoliberal com a intenção de combater as crises e misérias dos países subdesenvolvidos, sobretudo os da América Latina. Sua elaboração ficou a cargo do economista norte-americano John Williamson. Porém, a verdadeira intenção era planejar a implantação do neoliberalismo na América Latina e no Caribe, comandada pelos Estados Unidos.

As ideias defendidas por Williamson serviram de base do neoliberalismo nos países subdesenvolvidos, uma vez que depois do Consenso de Washington, os EUA e, posteriormente, o FMI adotaram as medidas recomendadas como obrigatórias para fornecer ajuda aos países em crises e negociar suas dívidas externas.

As principais recomendações do Consenso eram: Reforma Fiscal, Política de Privatizações em tudo que fosse estatal e Redução Fiscal do Estado (Redução de gastos com corte em massa de funcionários). Caso os países se recusassem a cumprir essas normas, encontrariam dificuldades de receberem investimentos externos e ajuda internacional por parte dos EUA e do FMI.

Qualquer semelhança com o momento atual não é mera coincidência e sim faz parte dos acordos e compromissos da direita golpista com os magnatas da terra do Tio San. Tentaram com Collor, mas o mesmo os traiu e por isso foi impitimado. O neoliberalismo se consolidou com FHC, que acabou fazendo muito mais do que seus superiores esperavam dele, porém essa saga foi bruscamente interrompida com a eleição de Lula e na sequência com sua reeleição e a de Dilma. Isso foi demais para os protagonistas neoliberais.

O impeachment de Dilma foi a resposta. Não dava mais para eles aceitarem mais um governo fora dos planos do Consenso. Dilma tinha que cair de qualquer jeito, para que fosse retomada a escalada de abandono do Welfare State (Estado de Bem Estar Social), a verticalização política e econômica e a volta da clássica da pirâmide social que tem um valor real, principalmente no mundo econômico, sem contar a necessidade do retorno do Exército Industrial de Reserva (que é o contingente de desempregados que serve de base para os arrochos salariais, a precarização do trabalho e as mudanças de regras, como é o caso das reformas em pauta pelos golpistas). 

A partir desse cenário, o que mais me impressiona é a completa falta de interesse de uma grande parte da sociedade pela política e mais ainda de algumas pessoas que se mostram como lideranças populares, no entanto apenas usam a política como trampolim para seus interesses. Algumas características comuns entre elas: descartam a formação política, ignoram a importância da organização popular e se digladiam entre si pela direção partidária ou de qualquer instância ou organismo, deixando claro que o que importa é o poder a qualquer custo. Ou se tem capacidade de intervenção pela base, ou qualquer tipo de ação sem popularizá-la se torna apenas meras conveniências dos agentes poder.

Avaliar uma conjuntura significa entre outras coisas, traduzir os códigos do poder, sob o ponto de vista ideológico, o que faz com que, mesmo num partido como o PT, composto por diversas linhas de pensamento, tenha diversas leituras para as possíveis saídas ou enfrentamentos a essa crise e ao golpe. Uma avaliação precisa da conjuntura é o ponto de partida para a organização da sociedade para seus enfrentamentos necessários.

Com base nisso, se faz necessário o entendimento, de que só se constrói uma unidade de luta contra o mesmo mal se a causa for a mesma, independente das leituras que se façam para o texto e o contexto do que se está lutando e contra quem. Os diversos cenários e os atores envolvidos são de fato os principais personagens, mas o que importa mesmo é o resultado final dessa luta e quem serão os beneficiados. Mudar uma sociedade para entregá-la a setores sectários, mesmo que de esquerda, é jogar novamente a população nas mãos de seus algozes. Se o lema é para o povo e pelo povo, se não for com ele próprio de nada servirá qualquer mudança que seja.

A luta constante de quem tem uma causa como referência de vida é ser escudo e servir de proteção contra todos e todas que se aproveitam das diversas situações para ludibriar, enganar, usar e fazer de massa de manobra, as pessoas com menor poder econômico, e desprovidas de compreensão política para saber quem e quem.

Sejamos prudentes no trato com as nossas pessoas, principalmente por sabermos que cada pessoa tem um tempo de amadurecimento e de compreensão de vida. Muitas delas morrem sem descobrir qual era sua missão e é esse o principal papel de uma liderança política. Ajudar essas pessoas a voltarem a sonhar e encontrarem a razão de suas existências.

A vida nos oferece situações para os ajustes necessários no ritmo de vida, mas quando não observamos, seja por descuido ou mesmo por desleixo, a vida nos impõe as regras e às vezes quando vemos já é tarde demais.

Abraço Fraterno a Todos e Todas
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)

Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Porque a busca do conhecimento é tão perseguida?

Se tem algo que põe os ditadores de plantão, sectários do dia a dia e os reacionários de toda ordem com as barbas de molho é uma pessoa esclarecida e se essa pessoa, além de esclarecida for consciente politicamente, aí passa a ser inimiga declarada. Essas variações ocorrem de acordo com o grau de conhecimento que uma pessoa dispõe e como esse conhecimento é utilizado.

As perseguições ou ainda as discriminações em relação à pessoas esclarecidas existem, tanto no universo público como no privado. Se no privado o conhecimento passa a ser uma arma contra um chefe medíocre, por exemplo, no público a luta é contra quem se apodera dos cargos públicos para fazerem suas carreiras-solo e uma vez no que chama de poder se sentem ameaçados por alguém que tenha mais conhecimento. Na prática esse enfrentamento caminha lado a lado com o dilema ser chefe ou ser líder.

No setor privado a maioria das empresas ainda opta por um chefe à moda antiga. Uma espécie de capataz. Aquele que comanda no grito. Apesar de todos os avanços em termos de gestão, a maioria das empresas ainda se encontra na Teoria “X”, onde, na visão de quem pensa assim, é a figura presente do chefe sanguinário que faz a produção crescer.

No universo público, a coisa ainda é bem mais complicada. Basta dizer que praticamente todo acervo acadêmico da área de gestão pública no Brasil, não tem dez anos. Isso faz com que tenhamos gestores com a cabeça na chefia e com o pensamento em transformar o que poderia ser uma missão em sua profissão principal. Tem vereador e deputado disputando a décima eleição.

Voltando a questão do conhecimento, podemos caracterizá-lo como um ato de libertação. Algo que eleva o grau de percepção das pessoas e as leva a aprenderem a pensar ou ainda a saberem elaborar um pensamento, que é pior ainda para quem quer manipulá-las. Um ato insuportável para quem tem pretensões individuais e não coletivas, em todos os cargos, seja no campo público ou privado, ou ainda de todos os partidos políticos, agremiações, organizações, etc. Algo que está na cultura de quem se deixa levar pela vaidade de ter um cargo e a primeira reação é a de se mostrar superior.

Dentro dessa temática algo me deixa muito preocupado. Quando a direita se une como agora e destrói a educação, por exemplo, ficamos furiosos por sabermos duas coisas. Primeiro que o que foi conquistado foi a partir de anos de lutas e segundo por saber que o que eles querem de fato é privatizar tudo, sucateando e deixando os pais e mães indignados com o ensino público.

Porém, quando vemos as confusões estabelecidas por algumas pessoas que se consideram politizadas e se rotulam de esquerdista e na prática boicotam um curso, uma capacitação ou ainda não dão a mínima importância para a formação política, aí minha reação é de espanto e porque não dizer muita decepção. Agem da mesma forma da direita conservadora, enfraquecendo as opções de reação por parte da militância política e da população que cada vez mais ignora, por falta de conhecimento, a política como ciência.

Ou seja, na prática, sofrem do mesmo mal que a direita e usa os espaços coletivos e democráticos para implantarem uma forma de continuidade do que chamam de poder.

O que fazer numa situação dessas? Fazer o enfrentamento. Ganhar a confiança das pessoas e deixar muito claro que só se muda a prosa e o rumo da própria vida com conhecimento.

Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia escreveu: Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Fundação Perseu Abramo lança novo curso em Americana


A imagem pode conter: 20 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas sentadas
A Fundação Perseu Abramo em parceria com o Mandato Popular e Participativo do Vereador Professor Padre Sergio, lançou em Americana no último dia 28 de janeiro o Curso “Governar e se Organizar a partir da crise”. Um curso semipresencial com 80 horas de duração e com tutoria do próprio Vereador.

Esse novo Curso é resultado da integração de dois setores da Área de Conhecimento da Fundação Perseu Abramo, que compõem junto com o Mestrado, o Laboratório e Observatório de Gestão e Políticas Públicas: Capacitação Continuada em Gestão Pública nas Prefeituras Petistas, coordenado por Antonio Cordeiro e Difusão do Conhecimento, coordenado por Luís Vita.

O principal objetivo do curso é oferecer novos conhecimentos e uma visão integrada entre as gestões, os mandatos legislativos, suas bases de apoio político, a sociedade organizada através de suas instâncias e a militância política formada por petistas e simpatizantes, além de lideranças comunitárias. Assim, o curso terá duas versões, uma mais voltada à capacitação dos gestores, os mandatos legislativos e suas bases de apoio e outra versão voltada mais especificamente aos movimentos sociais e sindicais.

Participaram da Aula Inaugural proferida pelo Ex-Deputado Estadual Simão Pedro e pelo representante da Fundação Antonio Lopes Cordeiro (Toni), quase 50 alunos e alunas, que avaliaram a iniciativa como sendo uma ação bem vinda e com foco atualizado para os difíceis momentos que o Partido dos Trabalhadores passa na atualidade, além de trazer novos conhecimentos que em muito ajudarão na compreensão e preparação política para os enfrentamentos necessários.

A palestra teve como tema: “A conjuntura nacional e os desafios para o enfrentamento da crise” e a Aula pôs em discussão dois temas: “A Gestão Petista, o Golpe e a Crise e Políticas Públicas e os Direitos e Participação e de Controle Social”, com grande participação dos presentes.

O principal público alvo do curso será:
  Gestores(as), Vereadores(as) e suas bases de apoio
  Servidores(as) Públicos e Técnicos alinhados(as) com a linguagem e propostas do Partido dos Trabalhadores
  Conselheiros Municipais
  Lideranças Políticas e Comunitárias
  Militância Política e Social
A parte presencial do curso é composta pela Aula Inaugural, Aula de Encerramento e a cada quatro aulas presenciais uma Oficina Temática com os seguintes temas:
  1. Movimentos Sociais e o Desafio da Organização Popular
  2. Economia Solidária como estratégia para novos negócios
  3. A importância e o poder popular da Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/11)
O curso terá como estrutura:

As doze aulas online são:

Esperamos levar o curso para os 26 estados em algumas de suas regiões, basta que para isso o curso seja solicitado. Nessas localidades normalmente o curso é ministrado em uma cidade sede com convite para as cidades de seu entorno.

Maiores informações poderão ser obtidas através do e-mail: tonicordeiro1608@gmail.com


Toni Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social