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domingo, 15 de maio de 2016

Ai que saudades das Cebolas do Egito

                                                                         
Bruno Francisco Pereira

Os últimos acontecimentos do país são sinais claros que estamos em tempos de muita disputa e muitas coisas ainda necessitam ser esclarecidas, mas uma coisa é muito clara o GOLPE da elite brasileira cada vez mais se consolida. Cabe também neste momento uma reflexão bastante coerente, clara e objetiva do que está por detrás deste golpe, e ao mesmo tempo temos clareza que ele se consolida porque foram deixados espaços para que ele avançasse.
Nesta última década que experimentamos os governos pós-neoliberais na América Latina, a elite deste continente sempre esteve por detrás de tentativas de desestabilizações da democracia. Foi assim na Bolívia, Venezuela, Paraguai, Equador, Argentina e agora no Brasil. Países estes que durante os anos de 2000 para cá tem se demonstrado, com todas as suas limitações, trincheiras de resistência contra a degradação socioambiental que o capitalismo neoliberal provocou e ainda vem provocando no continente e não dá para negar a história que as políticas implantadas nestes países e que favoreceram milhões e milhões de pessoas deram certo e elevou o grau de cooperação e solidariedade entre as nações do continente.
Estes avanços vão contra os interesses das grandes corporações, que aliadas às mídias tradicionais viram seus interesses serem ameaçados, e por isto que uma nova agenda neoliberal avança neste continente e o Brasil se torna o exemplo mais claro desta nova conjuntura. E todos nós sabemos que foi este mesmo neoliberalismo econômico que chegou ao Brasil nos anos 1990 com e eleição de Fernando Collor de Mello, mas que foi aprofundado nos oito anos de outro Fernando o Henrique Cardoso, que levou o Brasil a quebradeira nos final da década.
Voltar ao passado, retomar estas politicas que penalizam os pobres, me fez lembrar-se do Antigo Testamento em que o povo estava a caminho da terra prometida e que na primeira grande dificuldade quis lembrar o tempo em que estavam na escravidão do Egito, querendo voltar aquelas mesmas situações anteriores sobre a opressão e violência por parte do Faraó, esta passagem que está no livro de Números, capitulo 11 versículos de 1 a 23, podem explicitar em muito o momento atual em que estamos inseridos. Como a nossa sociedade tem saudades das “cebolas do Egito”, tempos em que as dificuldades eram maiores e que este mesmo povo estava á margem da sociedade. Onde seus direitos eram deixados de lado, onde o lucro e o poder eram o que interessavam para a elite brasileira.
O que o governo Temer nos mostrou nestes dois dias foi exatamente isto, a volta de uma política que já deu errado e tem tudo para dar novamente, em 12 horas de governo de quinta a sexta feira, os primeiros anúncios já eram o prenuncio de que seria de fato um governo que iria olhar somente para a elite esquecer os anos de avanços na democracia e no respeito aos direitos sociais da maioria da população, valorizar o deus mercado em detrimento da maioria da população.
Cabe a nós, manter as trincheiras da Resistência, denunciar ao mundo o golpe que esta em curso no Brasil, buscar a solidariedade de nações e organismo que não compactuam com estes desmandos da elite, criar uma frente de resistência dos pobres para que este governo, ilegítimo e impopular possa ser derrotado de uma vez por todas. Agora é a hora de radicalizar a democracia, e radicalizar a democracia no dia de hoje e estar presente nas periferias, nos movimentos sociais, nas classes de lutadores e lutadoras sociais para retomar aquilo que nos roubaram a contra revolução social no Brasil só esta no começo.
Se temos algo a nos alimentar de esperança é saber que não saímos pela porta dos fundos como a elite entrou, saímos pelo mesmo local que entramos com apoio da população, com apoio dos pobres que sabem que tudo isto não passa de um golpe da elite brasileira e das grandes corporações transnacionais que querem tirar proveito das nossas riquezas, para liquidar com algo que temos de valor estratégico para a nossa população que é o Pré-Sal que se estivesse sendo mantido a mesmo sistema de partilha nos colocaria em outro patamar em relação aos países do mundo todo, beneficiando setores estratégicos da população como Saúde e Educação.
Serão até cento e oitenta dias de debate em que teremos que fazer valer a vós do povo, de fato o projeto popular começa agora a ser construído e defender este projeto, contra a usurpação da democracia feita por esta elite é dever de cada um de nós, é dever de cada um de nós.

Bruno Francisco Pereira
Sociólogo - Militante do Coletivo do Grito dos Excluídos 
de Americana e Nova Odessa

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Que lições podemos tirar do golpismo

Antes de qualquer conversa é necessário que se esclareça que o golpe de estado em curso no Brasil se situa entre a ignorância política e o neoliberalismo disfarçado, comandado por uma trupe do mal que comungou com o golpe de 64, lutou contra as diretas já, aprovou várias leis e medidas contra o povo e outros que aderiram por puro oportunismo e enterraram de vez as convicções que diziam ter. Trata-se de uma modalidade moderna de golpe, pois ocorre no campo institucional e sem necessidade de envolver as forças armadas.

Outra questão tão importante quanto, é que essa intervenção moderna e de extrema direita, faz parte de uma nova fase do capitalismo mundial, visto que essa mesma prática ocorre nesse momento em várias partes do mundo capitalista, principalmente em vários países da América Latina, no sentido de conter o avanço das forças progressistas e intervir nas conquistas trabalhistas e os avanços de setores que sempre estiveram excluídos da sociedade.  

Para o bem e para o mal, o triste episódio do último dia 17 de abril ficou marcado na história do país, primeiro pelas aberrações que vimos e ouvimos dos defensores do “sim” e segundo pelo fato de que jamais teria ocorrido algo semelhante se o país estivesse sendo governado pelo PSDB e seus aliados neoliberais. Podemos afirmar que só ocorreu a aceitação do impeachment porque é o PT que está no comando e corre-se o risco de Lula voltar como presidente em 2018. Isso levou os agentes da casa-grande ao tudo ou nada.

Estamos falando de um daqueles momentos que chegamos a sentir vergonha de sermos humanos, tamanha a farsa e a hipocrisia. Tamanha a montagem amadora para velhos profissionais da política. Por outro lado o episódio mostrou como é fácil enganar grande parte da população, pois se assim não fosse os bizarros personagens legislativos seriam outros.

É importante salientar que se trata de um enfrentamento de classe e de medição de forças e pouco tem a ver com a competência da Presidenta Dilma e muito menos com o combate à corrupção. É na verdade um embate ideológico pela disputa do projeto que está em curso e o que a burguesia quer em substituição, a mando principalmente do capital internacional.

O que imagino ser de grande relevância avaliar, principalmente no campo da organização política e social, é o fato do país ter eleito um Congresso tão sinistro como esse, composto por mais da metade de parlamentares com grandes dívidas com a tal da justiça, quase metade ser da bancada milionária, além de mais da metade representar o latifúndio, num país eminentemente urbano. Isso sem contar, que num país de trabalhadores a maioria deles representa a bancada empresarial e muito pouca representação trabalhista, o que mostra também uma enorme fragilidade e desconexão com a realidade das entidades sindicais e a escassez de novas lideranças.

Um cenário ideal para o golpismo. Uma grande oportunidade para os golpistas rasgarem a CLT, junto com a Constituição e de quebra terem milhares de pessoas alienadas, cheias de ódio ao PT, aprovando seus atos e pedindo a volta da ditadura. O golpismo tem como grande suporte ideológico o PIG - Partido da Imprensa Golpista, que se comporta como protagonista do pensamento neoliberal e por outro lado mostra o grande erro do governo federal, de não ter criado regras para os meios de comunicação.

O fato mais grave é que essas criaturas do pobre e falido poder legislativo só se sai bem e fazem o que bem querem porque grande parte da justiça de fato é cega, surda e muda para as ocorrências com quaisquer pessoas ligadas ao PSDB e seus aliados, pois se forem ligadas ao PT, a eles simplesmente a lei.

A primeira lição que fica vem do fato do governo federal não ter investido na comunicação alternativa, como as Rádios e TVs Comunitárias, por exemplo, ou ainda a criação de um canal exclusivo com repercussão nacional, como fez a Venezuela e outros países governados pela esquerda.

A segunda lição a ser aprendida é saber que cada vez que um prefeito ou prefeita, governador ou governadora e principalmente um presidente ou presidenta faz alianças mercantilistas ao invés de programáticas, ficam reféns de oportunismos e oportunistas e só conseguem caminhar em seus mandatos, a custa de muitos cargos e/ou de muito dinheiro.

A terceira lição é reconhecer publicamente que a democracia representativa em curso agoniza. Encontra-se em estado terminal. A maioria dos eleitos do Congresso, com votos e apoio da população pobre, representa exatamente seus opositores, ou seja, o grande capital e dia a dia vai delapidando direitos trabalhistas, dos índios, dos quilombolas e principalmente os direitos sociais, que os classificam como gastos sociais e não como um dever do Estado.

A quarta lição é enxergar e entender que o grande enredo de fundo do golpe em curso é o controle absoluto do processo econômico do país. Querem novamente um exército industrial de reserva (contingente de desempregados), que possibilite o controle salarial e trabalhista. São atores políticos com a missão de facilitarem o acesso americano na gestão do pré sal e das reservas florestais, por exemplo. Além disso, pretendem aprovar os mais de 50 projetos que delapidam todas as conquistas e avanços dos últimos 100 anos, entre eles, a terceirização geral, a mudança de curso dos Projetos Sociais, além do fim do SUS e a prioridade absoluta ao ensino privado.

A quinta lição é entender o processo.  Ou se governa com o povo, respeitando suas organizações e incentivando a criação de outros instrumentos participativos e criando oportunidades de ouvir a população, ou tem que apostar na identidade das lutas, como é o que esta ocorrendo neste momento. O povo está nas ruas, muito mais por entender a gravidade dos fatos e o tamanho do prejuízo que pode ocorrer na tão frágil democracia do que pelo fato de ter sido ouvido ou ser protagonista no processo de governança.

A sexta lição vem das ruas nos mandando um recado. Se por um lado nunca vimos tantos e tantas fascistas e zumbis de direita juntos defendendo o golpe e contra a democracia, por outro vemos milhares de jovens, mulheres, negros, brancos, índios, quilombolas e trabalhadores de várias categorias, unidos se manifestando no Brasil e em várias partes do mundo contra o golpe, contra a mídia partidária e golpista e pela manutenção plena da democracia. Ou seja, o povo que luta pelos direitos, por liberdade e por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas, organizado ou não, sempre esteve lá aguardando ser chamado à participação. Que isso sirva de lição.

A sétima lição é a de que o golpe de estado em curso vai revelando a cara e a intensão de seus articulistas, como a traição e a falta de compromisso com a boa política. Fatos esses criados no seio das alianças mercantilistas, onde por um cargo ou uma parcela de poder vale tudo. Isso mostra duas realidades. A primeira é a de que se faz necessário capacitar e formar politicamente a população, principalmente no sentido de seus direitos e para que exerçam melhor o direito de votar e a segunda é de que juntar gente “boa de voto” para ganhar eleições pode levar ao atoleiro, como estamos vendo na atualidade.

A partir dessas constatações ficam algumas inquietações no ar. Como mudar essa realidade? Será via institucional ou via enfrentamento? O que virá após o golpe? Como resgatar alguns valores perdidos?

Creio que só será possível estancar esse cenário golpista com um enfrentamento organizado, seja no campo, nas cidades, nas redes, mas principalmente nas ruas, que em nome da democracia e da mudança da sociedade, mostre aos envolvidos que a luta é por uma causa e não apenas pela manutenção do governo ou de mandatos. Caso contrário, o país corre o risco de voltar pelo menos uns 100 anos na história. Seja o que for que virá, ou aprendemos e enfrentamos os erros ou eles poderão vir com muito mais vigor.  

Há de se entender, que se for para moralizar de fato esse país, uma das coisas que tem que acabar é com o profissional de mandatos. Aquela criatura que uma vez vereador, deputado ou senador, não quer mais largar o osso, quer morrer grudado no cargo. Essa prática, além de perniciosa, intervém diretamente de forma negativa, no surgimento de novas lideranças. É como se os eleitores necessitassem sempre de heróis ou heroínas e não de lideranças construídas no âmbito da participação.

A democracia representativa só sobreviverá se acabarem as candidaturas eternas e as pessoas eleitas tiverem bases participativas de fato e de direito, principalmente para se cumpram na prática os direitos constitucionais de participação e de controle social de todas as políticas públicas. Um dos caminhos para isso é criação e organização dos conselhos de mandatos.

A realidade nos mostra que a partir desse momento, nenhum de nós, nenhum partido, nem mesmo o país será o mesmo, pois grande parte da população busca luz enquanto outra parte caminha para as trevas e conta às lendas que quando estamos bem intencionados e bem acompanhados, todos os caminhos levam à luz e para lá que estou indo.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A luta continua!

O dia de hoje estará amanhã descrito nos livros de história. Como bom educador aprendi a contar na sala de aula que índios e negros sofreram a escravidão dos brancos, plebeus massacrados por reis, trabalhadores gerando lucro para burgueses e quem sofre todo processo golpista é o povo.

A luta é o que muda! Deputados votam por seus bens e família, não serão das panelas batendo, dos noticiários da Globo  ou das camisas da seleção a saída do problema que afeta todos nós: a corrupção.

Mas não vamos perder a esperança. Lenin de forma poética disse que nas noites mais escuras, se mostram mais brilhantes as estrelas. Se é a luta que promove mudanças não deixaremos as ruas se esvaziar. O rio e o mar dependem do encontro para juntos seguirem. Este encontro é tortuoso, mas é necessário para simbolizar a liberdade.

Avante, pois só mudaremos com luta e força. Devemos bombear todo o sangue para causar batidas de esperança e amor em nossos corações.

Leonardo Koury - Escritor, blogueiro e militante dos movimentos sociais

domingo, 3 de abril de 2016

Lutar pela liberdade mesmo que por caminhos não conhecidos

Quando ocorreu o fatídico golpe militar de 64 eu tinha apenas nove anos de idade e lembro apenas do som de um tiro de canhão, transmitido pelo rádio. Algo que não sabia explicar, porém a sensação que tinha era de muito medo.

Os anos se passaram e meu primeiro contato com a ditadura veio na militância política, iniciada na minha cidade de Belo Jardim-PE, a partir da intervenção do Padre Reginaldo, que acabou largando a batina e casando com uma colega de trabalho. Reginaldo nos passava que o pior da ditadura são seus instrumentos, como a AI-5, a LSN (Lei de Segurança Nacional), o SNI (Sistema Nacional de Informação), assim como os instrumentos de repressão e que por trás de várias pessoas que se diziam lideranças locais se escondiam os delatores do SNI. Entre eles padres, políticos de toda ordem, lideranças comunitárias infiltradas e outros vermes que serviram à ditadura.

Quando voltamos para São Paulo, a luta foi via CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), já no debate da igreja conservadora versus a Teologia da Libertação, no Teatro Amador através da COTAESP e com o Grupo Móbile de Teatro, nas lutas estudantis, na luta sindical e depois minha filiação no Partido dos Trabalhadores, onde permaneço até hoje.

A partir de então, nunca mais abandonei as lutas concretas por liberdade, justiça e por democracia plena. Entre tantas lutas que participei destaco a luta pelas Diretas Já, com o memorável Comício no Vale do Anhangabaú, o enfrentamento nas lutas estudantis, as memoráveis greves do ABC de 78, 79 e 80 e a caminhada da Igreja Matriz de São Bernardo do Campo ao Estádio da Vila Euclides no dia 1º de maio de 1980. Fazer parte de tudo isso me faz refletir e compreender que com certeza vim ao mundo a trabalho e não para passear pela vida, seja qual for à dimensão que vai alienando as pessoas.

Essa reflexão me leva ao absurdo que estamos vivemos na atualidade. Onde a mídia partidária e golpista se coloca ao lado dos herdeiros dos tempos de trevas para solapar todas as conquistas dos trabalhadores e das pessoas sofridas do país, que a partir dos governos Lula e Dilma conquistaram direitos que nunca tiveram e começam a enxerga que de uma hora para outra poderão perder tudo de uma só vez. Ou seja, ou vão à luta ou voltarão ao passado.

A ditadura representou uma ruptura nos sonhos. Um aborto dos pensamentos de uma vida melhor e principalmente a morte do processo de liberdade e de justiça, onde apenas um grupo e seus colaboradores tinham o que queriam e as demais pessoas lhes serviam. Foram milhares de pessoas que pagaram com a morte, torturas e a completa perseguição contra a liberdade de expressão e de pensamentos e por direitos antes conquistados. Quem defende algo como o que aconteceu no Brasil e em vários países da América Latina, ou vai lucrar com isso, como é o caso dos empresários, que financiaram  tantos golpes na América Latina ou serão delatores permanentes a entregarem quem se colocar contra os privilégios da casa-grande.

Muitos e muitas se venderam e continuam a venda. Um processo de traição que começa às vezes quando um político se torna profissional e seu exercício de servir à população construída numa peça de marketing eleitoral se transforma numa profissão, ou ainda quando alguém que nada tinha descobre como é fácil enganar e usar a população em benefício próprio, como diversos pastores, políticos e muitas pessoas envolvidas com o famigerado terceiro setor, que é instrumento neoliberal de suporte às privatizações das questões sociais do Estado.

A única coisa boa nessa história toda é saber que milhares de pessoas que se achavam distantes de tudo e que não sonhavam mais ou ainda que estavam acomodadas com suas poucas conquistas, estão dando a demonstração de que estão mais vivas do que nunca e não hesitarão em lutar por liberdade e por seus direitos que a turma da casa-grande quer solapar.

Jovens de todas as idades estão se alistando para as lutas e isso é certeza de que águas novas estão brotando e o povo se amando sem parar. Há um fio de esperança nascendo por entre as veredas deixadas pelo PIG e isso nos fortalece e nos faz acreditar que o melhor ainda está por vir, mesmo que seja através de uma luta concreta.

Como dizia Brecht: Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem.”

NÃO HAVERÁ GOLPE. HAVERÁ LUTA!

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

terça-feira, 29 de março de 2016

Quando a escolha de um vice faz toda a diferença

Tenho afirmado nos cursos que ministro pela Fundação Perseu Abramo sobre Gestão Pública, que na extrema maioria dos municípios, os governos são arquitetados, formados e geridos de forma mercantilista e não de forma programática. Ou seja, se junta pessoas para governar um município ou um estado, a partir de seus interesses e não a partir de um Plano de Governo, que pudesse ser o indicativo inicial para todas as ações de governo.

Esse fator faz com que cada secretaria de um governo se torne uma “caixinha de poder”. Uma nova prefeitura com regras próprias, como se fossem várias prefeituras num só governo.

A coisa se torna mais séria ainda, quando a escolha do vice se dá por interesse. Seja porque a figura é boa de voto ou faz parte de um partido que trará votos para a vitória eleitoral. Centenas de prefeitos e prefeitas adorariam que seus vices virarem pó. Desaparecessem do mapa. Porém, isso se torna impossível na medida dos pactos estabelecidos no processo eleitoral.

A escolha de Lula com o empresário José Alencar para vice, apesar de muita gente do PT achar que Lula iria ficar refém do empresariado, para o tipo de governo que Lula fez foi acertada, enquanto a escolha de Dilma trazendo Temer do PMDB, partido até então fiel aos acordos, se configurou no maior caso de traição dos tempos modernos. Um verdadeiro amigo-da-onça. Um clássico traidor, que primeiro conquista a confiança da pessoa e depois a entrega aos leões para ser devorada e ele assumir sua posição.

A chamada base aliada, a começar por um vice. Ou vem para a composição do governo a partir de um Plano de Ação Participativo, que comprometa as ações futuras e construa uma linha ideológica de atuação ou se tornará mais dias, menos dias, num clássico caso de traição como Temer representa nesse momento para o Brasil e para o mundo. Um golpista sem caráter, que tem por trás a maçonaria, que já esteve por trás também de tantas ações golpistas, como por exemplo, na renúncia de Jânio Quadros como presidente.

Uma coisa é certa. Quem sempre esteve do lado do império jamais estará ao lado do povo. Quem sempre esteve com a casa-grande jamais se aliará à senzala. Alia-se a eles achando que era assim, mas mudará a partir de um projeto quem quer ganhar eleições, porém correrá sempre o risco de não governar, como de forma tão didática está se vendo no caso de Dilma.

Uma coisa tem que ficar muito claro. Quem vende a ilusão de que a luta de classe acabou, comunga com o neoliberalismo, se apoia no famigerado terceiro setor e de quebra golpeia a democracia, na medida em que usa a teoria da conspiração como principal elemento de mediação na sociedade. A luta de classe está mais presente do que nunca e precisa reagir contra o desmonte democrático e de direitos, promovidos pelo Congresso.

O único aliado que se pode contar é o povo organizado e formado conscientemente a partir de seus direitos.

Voltar às ruas será a única saída para não haver golpe, assim como a manutenção da democracia requer menos políticos de carreira e mais lideranças populares organizadas.

As velhas raposas se unem para acabar com o galinheiro, com o firme propósito de trocar galinhas por tucanos, não se sabe se pela beleza das penas ou ainda pelo tamanho dos bicos que acumulará muito mais comida no futuro.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com

quarta-feira, 23 de março de 2016

A espera ansiosa da direita e do PIG pelo primeiro cadáver


De repente voltamos ao cenário do início do fatídico ano de 1964. Um clima de revolta abala a sociedade. De um lado golpistas e fascistas de toda ordem e do outro os defensores de uma causa, misturados à população atônita pelo que possa ocorrer.

Um clima de incerteza invade mentes e corações de quem já viveu essa mesma situação. Não sabemos sequer o que pode ocorrer no final de cada dia.

No olho do furacão, dois setores necessitam destaques. O primeiro setor empresarial, envolvido no processo cultural de corrupção através da sonegação fiscal e achando que isso não é corrupção e sim meio de sobrevivência, usa de forma clássica a crise de origem mundial, para aumentar os preços, demitir pessoas e pressionar de todas as formas a queda de conquistas trabalhistas históricas, através de seus aliados e representantes do Congresso Nacional. Tudo em nome da democracia e da ordem pública. O segundo muito mais pernicioso é a mídia golpista, pertencente a apenas seis famílias abastadas, com todos seus instrumentos, que prega o ódio diário e a divisão de classes, jogando uns contra os outros. No meu entendimento é a mídia, a grande responsável pela desavença atual e toda violência que ocorre em vários setores da sociedade.

O que pretende essa turma de golpistas juntos, além do golpe? O primeiro cadáver em confronto de ruas como já ocorre no futebol, para que o PT, Lula e Dilma sejam responsabilizados? Uma revolução para matar milhares de pessoas? Uma convulsão social que abale as estruturas da democracia? Como se permite ameaças declaradas de vários setores ao Ministro Teori e a divulgação do endereço de seu filho para ser linchado em nome do combate da corrupção e a imprensa maldita achando isso normal? Como admitir que a polícia brucutu de Alckmin proíba sob repressão, que petistas se reúnam, em plena democracia e isso ser encarado como normal? Como espionar a Presidenta da República e o ex-presidente Lula e também acharem isso normal, ferindo a Constituição? 

A única saída possível diante de um cenário tão conturbado será a organização popular e o enfrentamento ao desmonte das instituições e do processo democrático tão frágil da atualidade. Organizar e enfrentar para que as conquistas não sejam surrupiadas.

É bom que os golpistas saibam. Se acharem que o povo vai ficar de braços cruzados com impeachment de Dilma sem provas de crimes de responsabilidade e a prisão de Lula, também sem provas, tenham a certeza de que uma vez que isso ocorra, será como o rompimento de uma enorme barragem. Não haverá mais controle da situação.

Quem viver verá.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Não tem avaliação de conjuntura que dê conta do cenário político nacional

Tenho comentado em outros posts o descaramento da oposição ao governo federal, em não admitir ter pedido as eleições para Presidente. Claro que isso é uma estratégia descarada, tanto da oposição, como da elite devassa e da imprensa golpista, que visam, através de “golpe legal”, derrubar o governo eleito de forma democrática e em especial o Partido dos Trabalhadores, com alegações que anteriormente passavam despercebidas, como por exemplo, a captação de recursos eleitorais via “caixa dois”, ou ainda as tais “pedaladas fiscais”, que são apropriações de recursos públicos, no caso do governo federal, para continuidade de alguns importantes programas sociais.

Ao ampliar essa conversa, chega-se à conclusão que não faz o menor sentido o valor gasto numa campanha eleitoral, seja em nível municipal, estadual ou federal, para todos os cargos eletivos. Tornam-se campanhas milionárias, onde os eleitos se tornam presas fáceis de seus investidores e uma pessoa sem recurso e sem apoio financeiro, jamais se elegerá.
Só para se ter uma ideia, oficialmente declarado (fora o que entrou por fora), cada deputado federal eleito investiu em média R$ 1.429.000,00, sendo que os seis deputados que mais investiram, suas campanhas custaram entre 6 a 8 milhões de reais cada uma (Arlindo Chinaglia/PT, Iracema Portela/PP, Marco Antonio Cabral/PMDB, Eduardo Cunha/PMDB e Carlos Zaratini/PT). O investimento no senado também foi alto. Cada um dos 27 senadores eleitos investiu em média R$ 1.859.000 cada. As campanas mais caras foram a de Anastasia (PSDB) que custou 18,33 milhões, a do Serra (PSDB) 12,67 milhões e a do Caiado (DEM) que custou 9,62 milhões.

A pergunta que cada brasileiro e cada brasileira faz é de onde veio esse dinheiro, visto que é um valor muito alto para uma pessoa dispor em caixa próprio, a não ser de forma ilícita. Aí entra parte dos recursos dos Fundos Partidários e as empresas, que investiram pesado nas campanhas eleitorais, visando negócios futuros.

Vale lembrar que a maioria dessas empresas não tiraram esses recursos de seus lucros e sim do “caixa dois”, advindos da sonegação fiscal, que é um dos ralos gigantes de recursos públicos e alimentando cada vez mais a indústria da corrupção.

Imaginemos em 2015 as infinitas conjunturas vividas. Desde a votação dos deputados recusando o Plano Nacional de Participação Social, sugerido pela Presidenta Dilma, passando pelas inúmeras tentativas de golpe e as midiáticas manifestações, com patrocínio da TV Globo, contra o governo federal e contra o PT e chegando à caça ao ex-presidente Lula. Teve dias de termos vários cenários de conjuntura política, econômica e social.

Se um leigo em política fizesse uma análise da conjuntura nacional na semana passada, chegaria à conclusão de que tudo estava consumado. Dilma ia ser caçada, Lula ia ser preso e o PT na visão do PIG estava liquidado, não só com a debandada de inúmeros oportunistas e a difamação diária sofrida. Além disso, a direita surfava em altas ondas, pois a chamada Operação Lava a Jato, comandada por um juiz tucano, prendia apenas petistas, enquanto o pupilo Cunha continuava livre leve e solto.

O PSDB e o DEM comandavam a festa. Pousavam bons e éticos samaritanos, enquanto imputavam ao PT ser o inventor e Lula  o pai da corrução.

Eis que alguns fatos tenderam a mudar completamente o cenário. Primeiro foi o STF que rejeitou a comissão ilegal de Cunha. Depois veio a ocupação das escolas estaduais de São Paulo, se estendendo para outros estados, pelos meninos e meninas em luta pela educação. Além disso, a caminhada da esquerda em dezembro contra o golpe reforçou a ideia de que, mesmo descontente com a postura da Presidenta que criou um grupo de governo neoliberal na área econômica, a esquerda foi unida às ruas do país em defesa de seu governo e principalmente da democracia.

Porém, ninguém podia imaginar o que estaria para acontecer. Primeiro o roubo da merenda em São Paulo, comprometendo a cúpula tucana e seus aliados e segundo a ex-amante de FHC, que desnudou o até então o intocável presidente, que mesmo tendo comparado sua reeleição por 200 mil cada voto, privatizado todos patrimônio público federal e quebrado o país três vezes, pousava como o ídolo maior dos chamados “coxinhas” e uma galera alienada que pedia a volta da ditadura e o impeachment da Presidenta Dilma.

A coisa é muito séria, pois envolve a traição, o pagamento da mesada mensal com empresa de fachada, o pagamento de dois abortos, a falsificação do DNA do próprio filho e tantas outras acusações. Além disso, a irmã de sua ex-amante é funcionária fantasma de Serra e ele se defende que ela não aparece por estar em missão secreta. Só não falou qual é a missão.

Uma coisa é certa. O PIG fustigou tanto a vida de Dilma e de Lula, que as pessoas já estão se dando conta de que o grande objetivo é afastar Lula de 2018 e intervir diretamente nas conquistas do povo brasileiro de 2003 a 2015.

Principalmente esse ano eleitoral e de tantos interesses em jogo, com certeza teremos centenas de casos que mudarão, quase que diariamente a conjuntura nacional. O importante é quem luta por uma causa estar sempre vigilante.

Cabe a esquerda brasileira e os militantes de uma causa, se organizarem e se unirem em torno do projeto de inclusão em curso e pela manutenção plena da democracia brasileira tão jovem e tão perseguida.

Os próximos dias e meses prometem. Quem viver verá!

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Erradicação do analfabetismo continua como meta não alcançada


Ricardo Costa Gonçalves[1]

A erradicação do analfabetismo é a primeira das dez diretrizes estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE), no qual duas metas tentam atacar diretamente este problema. Presente em planos anteriores, o objetivo de combater o analfabetismo no país se desenvolve a passos lentos, com redução muito pequena nos índices a cada ano. De acordo com a última Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2009, o Brasil possui ainda 14, 1 milhões de analfabetos e mais de 20% da população é considerada analfabeta funcional. Questões como a formação de educadores, as estratégias para manter adultos nos programas de alfabetização e o próprio conceito de analfabetismo estão presente na discussão sobre como evitar que a meta tenha que ser prolongada para o decênio seguinte.

No PNE, a meta número 5 (cinco) prevê a alfabetização de todas as crianças até, no máximo, o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental. A estratégia apresentada para consecução desta meta é ampliação do ensino fundamental para nove anos, já implementada em todo país. Segundo o texto do PNE, o objetivo é garantir a alfabetização plena de todas as crianças, no máximo, até ao final do terceiro ano, como recomendado pela Conferência Nacional de Educação (CONAE). Atualmente, as crianças de seis anos devem estar matriculadas no ano, encerrando aos oito anos o chamado ciclo de alfabetização, de forma que o último ano da pré-escola configura agora o primeiro ano do ensino fundamental. No entanto, esta estratégia ainda parte da ideia de que aumentar o tempo dedicado à alfabetização é a solução para o problema do fracasso escolar. Medidas como esta já foram adotadas anteriormente, sem dar resultados expressivos.

Outra estratégia assinalada para atingir a meta 5 (cinco) é aplicação de exames para avaliação alfabetização de crianças. Em 2008, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) aplicou a primeira Provinha Brasil, cujo objetivo é avaliar a alfabetização de crianças matriculadas no segundo ano de escolarização das escolas públicas do país. Os resultados da Provinha é de uso privativo dos professores e gestores das escolas, que interpretam os resultados a partir de orientações contidas no material distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) às escolas.

Outra meta é a número 9 (nove) que propõe elevar a taxa de escolarização da população com 15 anos ou mais para 93, 5% até 2015 e erradicar até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Esta meta tem relação com o compromisso firmado no Fórum Mundial de Educação em Dakar, em 2000, mas enfrenta um imenso desafio: a evasão de adultos dos programas de alfabetização.

Em 2003, o governo federal institui o Programa Brasil alfabetizado (PAB). Este programa é voltado para a educação de jovens e adultos (EJA), através de apoio a estudantes e aos professores da rede pública. Conforme dados da página do programa na internet, relativos a 2010, mais de um milhão e meio de pessoas estão sendo alfabetizadas por meio do PBA. No entanto, os resultados ainda estão distante do esperado. Entre 2000 e 2010, a taxa de analfabetismo entre a população a partir de 15 anos caiu de 13,63% para 9,63%, segundo IBGE.

Em relação ao analfabetismo funcional, os dados coletados pelo IBGE seguem as recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que considera analfabetismo funcional aquele que teve menos de quatro anos de estudos completos. A partir desse critério, é possível afirmar que mais de 20% da população é analfabeta funcional. Contudo os números não refletem a realidade da população brasileira quando se fala em habilidades de leitura e escrita e no conceito de letramento, ou seja, o uso social dessas habilidades.

Outra questão é em relação ao conceito de analfabetismo. A própria diretriz indicada pelo plano pode ser considera inadequada. A diretriz parte da visão errônea de que o analfabetismo é uma doença, um câncer, uma peste que precisa ser erradicada, curada de forma radical. A grafia erradicação só serve para situar o analfabetismo na ordem do biológico, do psicológico, do individual, escondendo a sua natureza social, ou seja, que é resultado das desigualdades e dos processos de marginalização social que sustentam o desenvolvimento das sociedades capitalistas. A diretriz deveria ser alterada para universalização da alfabetização.

Embora as metas estabelecidas no PNE sejam consideradas difíceis de atingir, alcançá-las pode não significar o avanço que se espera na educação brasileira. Portanto, precisamos refletir sobre “que tipo de educação estamos buscando”? Apenas de números ou realmente uma educação que busque o desenvolvimento pleno, crítico, cidadão desse sujeito? Logo, a questão do analfabetismo é uma questão de justiça social, portanto, exige uma atuação conjunta que leve em consideração as condições estruturais de exclusão política, socioeconômica, pedagógica e cultural.

A importância da alfabetização, como se pode inferir não só dos PNEs elaborados até o momento atual, mas da própria constituição brasileira, das discussões nas diversas instâncias da educação no país, governamentais ou não, é questão unânime, porem repleta de incongruência. Portanto, não basta afirmar que a alfabetização e a escolarização constituem objetivos prioritários. É necessário muito mais que isso. Há que traduzir tal discurso em fatos concretos: em dotação orçamentária adequada, em prédios escolares que mereçam o nome de escolas, com a devida infraestrutura e equipamentos; em docentes em número suficiente, qualificados e devidamente remunerados.




[1] Professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino do Maranhão, Mestrando em Estado e Políticas Públicas pela FLACSO/FPA

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Como identificar um ou uma fascista travestido de democrata?

É inegável afirmar que a sociedade tem uma nova doença contagiosa, elaborada passo-a-passo pela direita e pela extrema direita. Trata-se do ódio, individual e coletivo, que não chega a ser um fenômeno isolado quando estamos falando de ciúmes, invejas e tantas outras loucuras humanas, porém no campo da política e do modo como vem sendo tratado e disseminado, podemos sim afirmar que é algo novo e assustador para a democracia.

Esse ambiente de ódio revelou duas criaturas ocultas até então. A primeira o “Coxinha” e de quebra ampliou o espectro fascista. Entre ambos habita uma galera alienada comandada pelo caos midiático e com pouca massa cinzenta na cabeça, que não luta desfila.

Esse conjunto forma uma tropa de paranoicos travestidos de éticos, de democratas e com a visão de que nada presta nessa Nação chamada Brasil. Bom mesmo é o EUA, principalmente pelo fato do fascínio de saber que estão tratando com um império que tenta dominar o planeta. Sonham inclusive de voltarmos a ser um agregado dos Estados Unidos e do FMI, como éramos nos governos tucanos.

Enquanto coxinhas são espécies alienadas, normalmente de classe média, pessoas mimadinhas pelo dinheiro, que se julgam melhores que os outros, comandados pelo PIG e nem sabem por que desfilam de verde e amarelo contra o PT, Lula e Dilma; fascistas são vermes de outra categoria, que seguem um ritual ideológico e são de alta periculosidade.

Apoiado no artigo da filósofa Marcia Tiburi, escrito para a Carta capital, me arisco a traçar um breve perfil dessas criaturas, no sentido, muito mais de alerta do que de enfrentamento político a eles, principalmente porque temos que combater primeiro quem fomenta suas criações, quem lhes dá guarida e quem altera o comportamento da sociedade com o envenenamento coletivo.

Segundo Marcia, é impossível estabelecer uma conversa com um ou uma fascista, pois essa gente sofre de uma grave incapacidade de se relacionar com pessoas que pensem de forma diferente, sobre qualquer aspecto e sobre qualquer assunto. Normalmente reagem aos berros. Exaltam-se com tudo e com nada. Sentem-se vítimas constantes da sociedade e se consideram eternos perseguidos. Acreditam que só gritando e humilhando as pessoas, poderão mostrar que são superiores ou ainda como esconder suas inferioridades humanas.

Outra faceta desse tipo de gente é odiar a democracia. Aliás, nem imaginam o que venha a ser isso e enxergam na ditadura militar a única forma de estabelecer a ordem e a luta constante contra o comunismo, que também, nem de longe, sabem de que se trata. Imaginam algo como era a frase que originou o lema da Bandeira Nacional: “Ordem é Progresso”. Ou seja, só com ordens repressivas haverá progresso. Quem não conhece alguém assim?

Aqui no Brasil odeiam tudo que se referira às questões sociais e adoram a meritocracia. Adoram a riqueza e odeiam não a pobreza, mas os pobres.

Porém, o ódio maior é destinado ao PT, a Dilma e principalmente ao Lula, pois ousaram intervir e mudar radicalmente um cenário nacional esculpido desde a invasão de 1500, exclusivamente para os moradores da casa-grande e seus representantes e o ódio aumenta quando lembram que o PT e alguns de seus aliados, que militam por uma causa, impedem na prática que fascistas e direitistas de toda ordem, transformem os menos favorecidos, numa gigantesca senzala a lhe servir.

Em regras gerais, tanto “coxinhas”, como fascistas, são preconceituosos, machistas, racistas, homofóbicos e em especial odeiam pobres. São pessoas (se podem ser chamados assim), que mesmo sabendo que de alguma forma são elas as grandes responsáveis pelas desigualdades humanas, imputam isso, ou a sorte imaginam ter, ou ainda a falsa visão de que as oportunidades estão para todos e todas, só não aproveita quem não quer. Muitos deles ou delas se escondem atrás de uma religião e viram adoradores da Teologia da Prosperidade e odeiam a Teologia da Libertação.

Ainda segundo Marcia, que concordo plenamente, o fascismo é uma aberração política, que se origina da miséria de nossa época. A pobreza e a miséria no mundo acabam sendo uma grande fonte de renda e de inspiração para fascistas, direitistas, populistas, políticos que transformam a política em profissão, o tal do terceiro setor, ONGs, OSCIPs e tantas outras patifarias e comportamentos neoliberais e de extrema direita, que ao invés de combater os males em suas raízes, se nutrem deles.

A falta de informação e de conhecimentos acaba sendo em última instância, os alicerces dos oportunistas, dos falsos líderes e dos paranoicos pelo poder. Essas pessoas sequer se amam, pois não conhecem o que é amar e sim serem servidas. São consumidas diariamente pelos inimigos invisíveis e pelo ódio que habitam em suas mentes e corações.
A única coisa boa a se pensar é que representam a extrema minoria da sociedade e parecem muitos devido à mídia golpista os transformarem em milhares de dragões, com forças sobrenaturais, porém não passam de pessoas oportunistas, doentes mentais e atormentadas pela defesa do lado que ocupam na luta de classe.

É bom que se diga que quando um(a) gestor(a) ou um(a) legislador(a) se comporta como alguém que não quer perder o que chama de poder, também, em maior ou menor proporção, não passa de instrumento que fortalece, tanto “coxinhas”, como fascistas.

A partir desse cenário, infelizmente a eleição de 2016 será o palco de novas disputas, não políticas e ideológicas, mas do bem contra o mal, dos que lutam pela liberdade contra os que querem a volta da ditadura militar. Dos que sonham com uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas e aqueles e aquelas que querem aprisionar a liberdade e transformar o povo de bem desse país em escravos a lhes servir.

O antídoto para essa situação e a essa gente é a união intransigente das pessoas de bem que militam e lutam por uma causa, formando uma grande rede que luta por justiça e liberdade.

Quem se cala diante de uma injustiça é tão cúmplice do processo, como aqueles e aquelas que a provocaram.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social

toni.cordeiro@ig.com.br

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Uma dose de otimismo num cenário adulterado

Você já parou para pensar no cenário político-econômico-social que estamos vivendo? O que deve ser verdade? O que deve ser mentira? Quais as maldades em jogo? Qual é a real situação da sociedade e do país? Quem adulterou o cenário em beneficio próprio? Qual o seu papel nessa história?

Enfim, são tantas perguntas que às vezes muitos se perdem nas possíveis respostas, pelo simples fato de não estarem atentos ao que se defende como projeto de vida e não estarem conectados com as causas humanas que estão sendo delapidadas. Aliás, nunca foi tão difícil acompanhar as inúmeras conjunturas que ocorre no país, às vezes no mesmo dia. O próprio PIG que se mostra grande sabedor passa cada mico que só.

Muitas pessoas desistem até de sonhar, perdidas no horizonte pintado por ilustres representantes da elite devassa sem cores. Isso gera, além do desconforto de achar que nunca mais será possível, certa aptidão pelas pessoas tristes em seguir falsos líderes ou em acreditar na bruxa da Branca de Neve.

A sociedade capitalista é cruel. Classifica as pessoas e as selecionam a partir da meritocracia, comandada e disputada por apenas 20% da humanidade e os 80% restantes, segundo eles, vieram ao mundo para servi-los.

Aprofundando esse problema, chegamos às religiões, onde muitas delas pregam a Teologia da Prosperidade, vendendo a ideia de que basta seguir os mandos de um pastor, para que sua vida tenha prosperidade. Uma heresia, tratada como se o mundo se dividisse apenas na dualidade de ricos e pobres, ou os de bem de vida e os que nunca terão nada e, portanto, deverão sempre servir os que têm ou que conseguiram ter.

Certa vez li um artigo com o título: “No universo da sociedade nem tudo é verdade”. Há tantos interesses em jogo que seria impossível enumerá-los nesse post. Desde o deus mercado que oferece o paraíso e vende o purgatório, passando por várias igrejas que vende a salvação, mas em troca a alma já foi vendida e chegando-se ao sombrio mundo da política como profissão, onde uma pessoa, que se acha iluminada, quer ter o direito de nascer político de carreira e morrer como tal. Exatamente como era o Senado antigamente no tempo do Império. Ninguém é tão bom que não mereça ser substituído, desde que seja por alguém que defende as causas coletivas.

Há de se entender que tudo não passa de uma grande peça teatral e o que é pior, em certos casos, uma grande tragédia humana. O que é o capitalismo onde metade da população mundial passa fome, senão uma grande tragédia? O que é a oposição direitista e golpista brasileira posando de democratas éticos, senão uma grande chanchada? A vida é como uma peça teatral. O grande problema é que não se permite ensaios. Errar e acertar fará parte do resultado final, mesmo contra a nossa vontade.

Normalmente pensamos que se o ano que acabou não foi bom, que venha o próximo que o receberemos com muito mais energia. Sem planejamento, mas com muita vontade de mudar. Não é o ano de 2016 que tem que ser diferente e sim cada um e cada uma de nós. Temos que ter atitudes positivas, imaginando que se não conseguirmos mudar a sociedade como um todo, mas se fizermos a caminhada juntos com quem confiamos e que defende a mesma causa que defendemos, plantaremos a mudança durante o caminho. Faremos uma grande revolução silenciosa.

Em minha opinião, um dos maiores problemas humanos, vem do fato das pessoas não saberem o que vieram fazer na vida. Não terem um projeto. Qual a missão a ser cumprida e principalmente que caminhos e com quem seguirão. Essas pessoas na prática não vivem e sim vegetam. Não conduzem. São conduzidas.  Assim, a primeira mudança que tem que ocorrer dentro de nós é identificarmos qual a razão das nossas existências e verificarmos se daríamos nossa própria vida para que ela pudesse acontecer.

Acredite menos no que você não vê e busque mais aliados para construir a tão sonhada ponte do presente incerto ao futuro promissor. Na dúvida consulte quem está fazendo. 

Que o ano de 2016 possa provocar em cada um e cada uma que estará lendo esse post, as mudanças necessárias para que possamos transformar juntos, esse enorme limão que a mídia mostra e que a politicalha provoca, numa grande e saborosa limonada.

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br