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quarta-feira, 20 de março de 2019

A crença nos leva onde a nossa mente permitir...

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Não gosto de dias e noites nublados, tampouco de escuridão. Sinto-me perdido quando isso ocorre. Uma sensação de solidão me vem à cabeça e atinge também o coração. Creio que isso ocorra porque minhas imperfeições impedem que minha luz própria dê conta sozinha de tantas jornadas de forma permanente. Ela se acende normalmente quando meu coração está em paz e se apaga a cada vez que uma tristeza faz questão de dar o ar da graça. 

Descobri na caminhada de vida que sou filho do sol, amante das estrelas e enamorado por uma lua que insiste em se esconder. Para que meu astral esteja completo, preciso de um dia de sol radiante e um céu de brigadeiro que me ofereça suas constelações e a lua resolva brilhar na imensidão.

Quando estou em introspecção e sinto que necessito de mudanças, por um instante paro tudo o que estou fazendo e me volto à crença de que não há lógica que me faça desacreditar que tudo vai dar certo e recorro ao infinito da minha existência em busca do que ainda não encontrei totalmente.

Já concentrado, sigo passos que caminham à minha frente, mesmo sem saber ainda quem me conduz e para onde me leva, mas sinto que são passos leves e suaves que me convidam à abundância plena da minha vida e sigo sem questionar. Lentamente me deixo envolver e de repente sinto que estou totalmente envolvido.

Fecho os olhos e procuro tirar tudo o que me incomoda da minha mente. Como se estivesse renascendo para uma nova vida ou retomando parte dela que ficou pelos caminhos. Deixo-me deslizar por verdes planícies, onde eu possa sentir o toque da vegetação, o cheiro das flores encontradas e sinta o frescor de uma brisa que me dá boas vindas ao mundo de todas as possibilidades. Nesse momento é como se estivesse saindo do mundo físico e me permitindo que as diversas forças do bem ajam sobre o meu ser.

Ensaio uma canção só cantarolando para que eu não perca a concentração e vou me deixando conduzir. Sinto que alguém me chama, embora não consiga decifrar ainda suas palavras e nem ver, mas resolvo continuar e crer na confiança de seus passos e dos porquês de eu ter aceitado essa viagem.

Permito-me a tudo que eu possa encontrar no caminho, mas sei que tudo que eu encontrar fará parte de uma nova história da minha vida, que está apenas começando. Logo de início encontro pássaros que parecem flutuar me seguindo para que eu não me sinta só. Um deles paira no ar bem à minha frente e eu claramente vejo uma beleza infinita de um detalhe da natureza que só enxerga quem se permite enxergar. De repente me sinto totalmente envolvido por uma força estranha que me puxa para frente, como se me dissesse que o melhor eu ainda não experimentei e está logo à frente.

Apesar da longa caminhada já não me sinto cansado e nem só. Sinto-me apto para seguir mundo afora. Lentamente vou abrindo os olhos e movido por um novo olhar, vou acreditando que tudo se transforma, que tudo nasce e morre, mas o que fica, caso seja bem vivido, é o suficiente para acreditarmos que algo maravilhoso aconteceu e está acontecendo e simplesmente sigo em frente sem olhar para trás, com a esperança de que em breve tudo será diferente e seremos personagens principais de uma nova história que nos propomos a construir. Algo como se representasse a evolução de cada um de nós.

Hoje, após um longo dia de reflexão, descobri meditando que o que eu precisava para completar o ciclo da minha existência com a abundância necessária para ser feliz, está aqui dentro de mim e que eu posso convidar alguém para caminhar comigo ao futuro da minha existência, desde que seja algo que se produza a quatro mãos, duas cabeças e dois corações.

Viver é isso. Sofrer às vezes, pelo revezes da vida, chorar quando a saudade transbordar do coração, mas se permitir sorrir sempre quando a vida abrir caminhos para dias ensolarados e noites estreladas, porque é exatamente nesses dias e nessas noites que o que acontecer conosco ficará marcado para sempre no DNA da nossa existência.

Que venha o dia de amanhã trazendo com ele o sol, estrelas e uma bela lua a iluminar o meu caminho e a minha vida até onde o futuro permitir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

domingo, 17 de março de 2019

Os pingos do passado nos convidando para um banho de chuva...

Meu propósito nos dias de hoje é escrever coisas leves, apesar do momento político, econômico e social do país não estar para brincadeiras, pois o país está tomado por zumbis neoliberais e fascistas, os direitos de cem anos de lutas sequestrados e o que é pior, com o aval de grande parte da população pobre. Minha contraposição a isso tem sido lutar com as armas e os sonhos que tenho, porém com a certeza de serem bem diferentes, das usadas na chacina de Suzano, executada por adoradores do Zumbi Maior. 

De que somos feitos? Como construímos nossos sentimentos? Como lidar com a saudade? É possível dialogarmos com as nossas incertezas?

Acredito sermos compostos, além da matéria, por atos e fatos, por momentos e sentimentos, mas principalmente por lembranças e saudades que nos fortalecem para a vida e fazem parte das nossas histórias. Resolvi tornar a saudade como o objeto principal do tema desse post, mirando num certo saudosismo necessário, mas com o propósito e o desafio de tocar os corações dos leitores e das leitoras que me acompanham no blog.

Quer saber o tamanho de uma saudade? Basta fechar os olhos e sentir o que ela provoca em seu coração. Uma sensação inexplicável começa a invadi-lo e de repente estamos há horas, dias, meses e até anos do cenário que a produziu. De saudade em saudade compomos a melodia da nossa existência e produzimos os sentimentos que nos fazem caminhar rumo à felicidade. Tem muitos momentos em nossas vidas que a saudade é a única companheira.

E por falar em saudade, que tal um banho de chuva, com direito ao cheiro de terra molhada? Tive o privilégio de viver várias vezes essa cena no meu passado e hoje de vez enquanto, volto lá no local daquela casinha, que hoje só restam os escombros e a visito em pensamentos, principalmente em dias nublados. Parte de mim ainda permanece lá, quem sabe sentado naquela pedra que ficava atrás de casa, onde distraído brinquei tantas vezes.

Era uma casinha simples, localizada na parte alta do sitio onde morava a família toda, pintada de branco, com um vasto quintal de terra e um jardim sempre florido e bem cuidado pela minha mãe, onde os beija-flores faziam a festa e quando chovia um cheiro de terra molhada invadia a casa. Um fogão à lenha e o trivial para se viver de forma modesta. Nossos banhos de chuva no quintal sempre terminavam com muitas brincadeiras. Esse é um daqueles momentos que faço questão de nunca esquecer e que me fazem entender que é na simplicidade que as melhores emoções se nutrem.

Morava eu, minha mãe, minha vó Isabel, que guardo as lembranças dos mimos que fazia para nos agradar e minha irmã, que ainda era um bebê e sem a presença do meu pai com suas idas e vindas para São Paulo, em busca de recursos financeiros. Não havia luz elétrica e nas noites eu e meu primo João brincávamos com as sombras produzidas pelos candeeiros, que sempre nos confundiam e ora usávamos elas pra brincar e ora tínhamos medo. Nessa época eu ainda não tinha descoberto como era tão bom brincar de pipas...

Certa vez quando criança caminhava só por uma estradinha que ligava a casa à vargem onde os bichos ficavam e onde estavam nossas cabras. Apesar de toda família morar em casas próximas uma das outras, era um completo silêncio, que chegava a dar medo pela vegetação fechada. Naquele momento a minha dúvida era saber se o meu pai, que tinha nos deixado para vir trabalhar em São Paulo, voltaria para nos buscar. Lembro que eu estava triste pela dúvida e chamava-o num lugar da estradinha que tinha eco, só para eu ouvir o retorno da minha voz, como uma busca de reafirmação ou mesmo de companhia.

Porque contar uma parte da minha história para vocês? Porque sei que como eu, milhares de pessoas deixaram parte de suas vidas para trás e se aventuraram em busca de uma vida melhor e hoje muitos ainda sofrem por isso, como meu pai, por exemplo, que quando partir dessa vida levará com ele a vontade de ter dado certo por aqui, mas com o direito de ter voltado para sua terra natal e isso jamais aconteceu.

Que os pingos do passado possam sempre refrescar as nossas mentes em busca de nossas origens, pois consiste numa parte fundamental na composição de nossas identidades, assim como nos encorajem para dialogar sempre com as nossas incertezas, que as vezes querem tomar nosso ser por completo.

Quando eu era criança sonhava com os brinquedos que via com as outras crianças e morria de inveja por não poder tê-los. Quando cresci descobri que para que toda criança possa ter determinados brinquedos, mesmo que sejam simples, precisamos antes mudar a sociedade.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

domingo, 10 de março de 2019

Momentos que eu quero... Momentos que não quero!


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Uma cantiga ao dormir. Um mimo inesperado. Uma mão que afaga e um sorriso para afastar as tristezas. Momentos bons são isso! Algo que nutre os pensamentos e abre caminho para o coração. Só tolos não entendem. Todo inverso será enfrentado e combatido, em nome do futuro que ainda virá.

Foi-me sugerido e eu aceitei, escrever sobre um tema bem complexo. Sobre “momentos” da vida. Porém, falar do “momento”, de “momento” ou de um “momento”, que podem revelar situações e resultados bem diferentes, requer a meu ver, sutileza, concentração e principalmente sabedoria, no sentido de saber interpretá-los e tirar deles o melhor proveito possível, seja em que situação for.

Meu proposito nessa conversa é falar de bons momentos. Algo que nos fortalece para os enfrentamentos aos maus momentos, que às vezes a vida nos põe frente a frente. Já aconteceu com você do momento ser tão bom ou tão ruim que não se sabe nem por onde começar vivê-lo ou enfrentá-lo?

Como definir um momento? Que duração pode ter? Os momentos são frutos do destino ou do acaso? Dá para planejar ou se preparar para determinados momentos? É possível corrigir algo ocorrido num momento de infelicidade ou de pura bobeira? Podemos ter várias possíveis respostas ou interpretações e no meio disso tudo algumas dúvidas se digladiando com as certezas.

Momentos para mim são fragmentos da vida vividos em seu percurso. Vão acontecendo e todos acabam sendo marcantes em sua dimensão, seja de dor ou de alegria, de felicidade ou de tristeza, ou ainda simplesmente momentos.

Acostumamo-nos afirmar que a vida é feita de momentos. Creio que de fato seja. Porém, ao assumirmos como verdade, que bom seria se pudéssemos sempre nos preparar para todos os momentos que a vida nos oferece.

Alguns momentos pedem preparação e até planejamento, outros simplesmente acontecem. Vale lembrar que um momento pode ocorrer numa fração de segundo, mas seus efeitos podem durar por uma eternidade ou ainda ser o início de uma longa caminhada só ou em companhia de alguém que pode ter surgido do destino ou de um acaso metido a destino. Só o tempo para dizer!

Muitas coisas na vida são possíveis consertar ou corrigir. Basta para isso, ter uma oportunidade, humildade para reconhecer o erro e o aceite da outra parte.

Perguntaram-me: “Como está sua cabeça no momento”? Respondi que ela está onde o meu coração estiver. Uma complexa resposta, pois ao mesmo tempo em que pode revelar uma bela ilusão de ótica, pode também determinar uma trajetória futuro afora, desde que ninguém solte a mão de ninguém.

Nesse momento, estão em minha mente os ótimos momentos vividos nesse carnaval, marcados principalmente por um desfile inusitado numa escola de samba, que alguém de bom gosto na vida me proporcionou. Algo muito distante da minha realidade do dia a dia, porém de minha inclusão num mundo mágico do faz-de-conta para algumas pessoas ou de organização e participação para tantas outras. Foram momentos inesquecíveis e quem sabe a partir deles, outros bons momentos surgirão. Basta acreditar e fazer acontecer!

Vejam que interessante! O termo “momento” ou “momentos”, nesse caso, me permite transitar nos três tempos: passado, presente e futuro, sem a preocupação ou a necessidade de uma definição mais precisa do que foi, do que é e do que poderá ser. Apenas uma breve alusão para marcar o tempo em sua trajetória e guardar na mente o que vai ficar para sempre.

Momentos podem também fazer parte de um mundo irreal, pois existe um vácuo entre o mundo real e o imaginário que desenhamos em nossas mentes. No mundo real temos o que temos, no imaginário temos o que queríamos ter. Sou quem eu sou no mundo real, mas no imaginário posso ser quem eu quiser. Isso, loucura à parte, determina vários desafios na arte de viver. Podemos estar a cada momento num lugar ou num estágio de vida a se desenhar, basta para isso dar linha às pipas e guiá-las pelo horizonte afora rumo à imensidão.

Que nunca cessem para nós os bons momentos que afloram vida afora e normalmente eles ocorrem a partir da expectativa de que vida queremos ter. Falo daqueles momentos que mesmo a tempestade sendo intensa e temerosa, possa nos brindar em seu final com um belo arco-íris que nos inspire a imaginar, que o melhor de nossas vidas ainda está por vir. 

Se amar pode se revelar num momento e a paixão pode ser vários momentos ao mesmo tempo, o encontro pode ser um momento decisivo para se traçar, seja por qual emoção for, um roteiro para os dias vindouros. Para que isso ocorra, requer-se: vontade, determinação, cumplicidade, reciprocidade e compreensão para valorizar o que já valeu, com a certeza de que muito valerá.  
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O que acontecerá quando o sol se por e a lua não der o ar da graça?

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Imagem disponível em: http://vivereumaconquista777.blogspot.com/2011/03/deserto-oasis.html

Hoje não falarei de bolo, nem de cereja, tampouco de futuro, apenas vou falar de vida e do que busco nela na atualidade.

Sou filho do sol. Não gosto de dias nublados, de fortes tempestades e muito menos de escuridão. Gosto de luz, de vida e de calmaria. Gosto de carinho e de acarinhar. Gosto, sobretudo do mundo da imaginação, pois esse eu posso moldar do jeito que quiser e meu coração aguentar. Além disso, gosto também de quem vai decifrando minha linguagem e de quem se disponha a cantar comigo no sol, na chuva ou mesmo numa noite sem luar.

Como descrevi no post anterior, estou em viagem ao centro da minha existência, por pura necessidade de rebuscar meu presente e não ter medo de desenhar meu futuro, até porque ele começa daqui a milésimos de segundos e se eu nada fizer de diferente, nada de diferente ocorrerá.

Após a leitura de uma breve análise sobre a numeração que vi, resolvi seguir na direção do vento e após horas de viagem, me imaginei numa cidadezinha de interior com uma pequena população. Casas simples de um lado e bem moldadas do outro. Uma divisão insana que separam ricos de pobres.  Ao alto um visual de tirar o fôlego. Uma serra verde que contorna uma parte da cidade, com algumas montanhas, onde todas as manhãs uma forte serração encobre seu ponto mais alto. No lado oposto um estreito caminho que leva ao primeiro vilarejo. Resolvi pegar essa vereda e viver cada segundo em seu percurso.

Vou caminhando lentamente a pé, sozinho, e enquanto caminho, meus olhos não se cansam de apreciar a variedade da vegetação local e quantidade de flores espalhadas por ela, compondo um colorido de verdes de todos os tons e cores variadas das flores que dão um toque final.

De repente me veio à mente o que uma pessoa amiga certa vez me falou: “Toni seu problema é que você tem expectativas demais com as pessoas”. No momento que ouvi questionei de imediato dizendo que não, apenas eu acreditava nas pessoas e ia me doando sem olhar para trás, mas caminhando e pensando cheguei à conclusão de que seu alerta pode fazer muito sentido. Em algumas situações é pura realidade.

Não aprendi a dizer não. Não sei desprezar ninguém. Não sei tirar proveito de nenhuma situação. Vou simplesmente me despindo das minhas vaidades e tentando de forma humilde agradar as pessoas que caminham ao meu lado e isso me faz achar que elas estão na mesma sintonia que eu, ou ainda que venham ao meu encontro quando necessito apenas pelo fato de eu existir.

Continuando a viagem, começo a enxergar um vilarejo. Vou andando em sua direção. É final de tarde. Não conheço ninguém. De repente me bate um medo pelo desconhecido e aí me vem à mente, o que procuro? Onde encontrar?

Lembro-me que decidi que nessa viagem meu único objetivo de busca é saber se o que enxergo é verdade ou é fruto da minha imaginação, ou ainda se é uma miragem como aquelas dos filmes de quem anda no deserto e de repente imagina estar diante de um oásis. Pois, se verdade for, verdade se tornará e se for uma miragem logo a poeira do deserto me trará de volta à realidade. O importante é saber que estou em busca de algo que venha saciar minha sede e que eu sinta vontade de viver muito mais.

Ao chegar ao vilarejo, de fato estou com sede e com certo cansaço e sinto uma vontade imensa de encontrar alguém que me ponha porta adentro, me ofereça um café e quem sabe uma cama onde eu possa repousar. Porém, o que me conforta mesmo nesse momento talvez seja um copo d’água bem fresquinho, um sorriso franco de bem vindo e um pouquinho de carinho que ninguém é de ferro. Vou por intuição. Escolho uma casa simples, só para lembrar-me das minhas origens e buscar identificação. Ao bater à porta sou recebido por alguém com um sorriso lindo, que me diz: “Sou um anjo que vim para lhe recepcionar e caminhar com você. Pode entrar que a casa é sua...”.

Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, o telefone toca ao despertar para mais um dia de muitas atividades e eu simplesmente acordo totalmente confuso. Levantei intrigado e fiquei o dia todo a me perguntar se tudo aquilo que vivi e esse encontro inesperado com um anjo foram sonhos ou realidades que ainda irei viver? Só o tempo dirá. Poderei dormir novamente e continuar o sonho ou sonhar acordado para lembrar que a vida é bela e viverei a cena.

Há quem ache que anjos não existem, ou ainda que viagens mentais a nada levam. Prefiro acreditar que todas as respostas que procuramos estão dentro de nós e o nosso maior desafio é fazer com que as pessoas que caminham conosco encontrem em nós uma parte do que também procuram.

Quem me dera ser a luz e ser a lua para iluminar os caminhos de quem por acaso me descobrir.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Metade de mim é certeza e a outra metade é procura...

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Hoje, depois de uma manhã não convencional, resolvi embarcar no trem da vida para mais uma viagem mental, em busca de algumas respostas que meu momento exige e meu futuro espera. Embarquei no trem cantando cantigas de ninar e ouvindo no meu inconsciente alguém que cantou só pra me agradar.

O que de mais importante gostaria de encontrar nessa viagem? Apenas um assento confortável para uma longa viagem, caso seja necessário. Algo que me traga a brisa leve das tardes ensolaradas, o leve sereno de uma noite estrelada e de luar e alguém que me diga que valeu e valerá a pena ter me convidado para ouvir o som do amanhã e que lutará para que esse momento nunca morra.

Do ponto de vista da minha existência, há muito tempo vivo a me perguntar, quem eu sou? O que represento para as pessoas que me rodeiam? Como elas me enxergam e como eu as enxergo? Tem horas que viajo nas asas do vento e descubro facilmente, porém em outras, me deparo com uma tempestade e não consigo enxergar facilmente o caminho de volta e aí a caminhada fica mais longa.

Como sexagenário assumido, vivo na atualidade algumas contradições. Há quem me ache mais novo do que a idade que tenho e nesse caso me sinto feliz e disposto a caminhar, mas há quem aposte que já sou um velho, tanto em ideias como principalmente em ações. Uma relação tão complexa, que se não for bem trabalhada e resolvida, poderá desaguar em mares nunca dantes navegados. Acredito que eu sou na verdade duas pessoas ao mesmo tempo, onde uma delas conforta meu ego e assume sua identidade e a outra contesta todas as formas de discriminação.

De forma radical, vou gritando ao mundo para mostrar que sou quem eu sou. Considero-me velho na idade, jovem na forma de pensar e meia idade nos meus relacionamentos. Construí minha forma de ser lutando pelo que acredito, amando a vida e as pessoas independente da idade delas e buscando o que cada uma tem de melhor a oferecer, pois cada um de nós carrega dentro de si, infinitos defeitos e infinitas qualidades, depende muito com que olhos nos enxergam, como enxergamos as pessoas com quem convivemos e principalmente o que buscamos em cada uma delas.   

O que procuro afinal numa viagem mental como essa? Procuro coisas tão simples que até eu custo a acreditar, pois de tão simples talvez nem mesmo existam e as pessoas não acreditem, mas minha crença e a vontade de que o amanhã seja diferente, me faz seguir em frente em busca de dias melhores e de momentos felizes.

Procuro alguns fragmentos do meu dia a dia que estão espalhados pela vida afora e preciso juntá-los, antes que a vida leve. Procuro junto com eles completar o quebra cabeça que a minha vida se tornou.

Procuro um ser que sonhe comigo por um mundo melhor e que possamos lutar juntos, pondo nossas vidas em risco, se necessário for, na construção de uma nova sociedade, justa, fraterna e igual para todos e todas.  

Procuro na imensidão da vida uma folha em branco onde eu possa escrever o meu passado e meu presente e até mesmo possa desenhar como enxergo meu futuro e alguém que me diga bem baixinho que meu futuro já começou.

Procuro um muro limpo para que eu possa desenhar o símbolo da paz, em frente a ele pessoas descontraídas cantando enquanto pinto e do outro lado alguém que me dê à mão e me diga que após o término da minha tarefa, irá comigo, do jeito que eu sou, ver o por do sol por trás daquele monte, só pelo prazer de comigo estar.

Procuro por fim um jardim colorido, onde um beija flor possa pousar e eu aprenda com ele como extrair o néctar da mais bela flor.

Minha primeira parada da viagem foi às 17:17 e estava num bosque que costumo sempre ir quando estou indo ou voltando de onde trabalho. Cada vez que os números se apresentam dessa forma, eu procuro uma definição.

Essa combinação que me veio aos olhos, tem muitos significados para se aprender. Num deles diz: “O Anjo Número 1717 também sugere que você se torne responsável por sua vida e pela manifestação dos desejos do seu coração. É sua opinião que dita à natureza de sua realidade – crença e pensamentos unidos. Sua vida muda à medida que você muda suas crenças internas. Seus pensamentos e ações se adequam às suas verdades e valores pessoais. Você é muito elogiado pelos seus esforços! Continue trilhando seu caminho com Fé e alegria”.

Depois que li todos os significados dessa numeração, descobri que só por ter lido essa mensagem, que me fez muito bem, a viagem iniciada hoje de manhã já valeu muito a pena.

Que todos os meus “eus” existentes dentro de mim, comunguem com a ideia de que o melhor ainda está por vir e que eu consiga passar para quem me interessa a mensagem da Clarice Lispector: “Decifra-me, mas não me conclua, eu posso te surpreender”.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Cativar para a arte do encanto de encantar...

De volta à introspecção, me sinto atraído no momento pela arte de cativar e o encanto de encantar, porém o que quero mesmo nos dias atuais é ser cativado.

O Pequeno Príncipe pergunta para a Raposa: “Raposa o que é cativar?” A Raposa responde: “É uma coisa muito esquecida. Significa criar laços”. Criar laços é fazer de uma pessoa comum, alguém especial. Porém, para que os laços sejam firmes e duradouros, a reciprocidade é fundamental.

Como criar laços nos dias atuais, em plena era do conhecimento, da tecnologia e da escassez de tempo? Para um grande setor da sociedade, criar laços significa algo ultrapassado, pois muita gente se torna refém do tempo e dos resultados e acha perca de tempo investir em relacionamentos sinceros. Porque isso ocorre? Pela tamanha facilidade da substituição humana nos dias de hoje, seja em que condições forem. Muita gente procura o nada e o tudo ao mesmo tempo e geralmente se depara com coisa nenhuma. Algo de prazer momentâneo, porém sem nenhum lastro que promova o dia seguinte.

Segundo o dicionário, cativar significa impressionar alguém com o caráter ou com o jeito de ser. Isso parece ser tudo ou mesmo ser nada para quem não sabe o que procura, ou ainda se depara com o acaso ou destino e não sabe o que fazer com eles. A partir daí cria-se um dilema. Como criar laços entre pessoas que não sabem o papel que exercem na vida um do outro. Para saber o papel com clareza tem que comer muito sal juntos como diz uma pessoa que conheço e em alguns casos, nem a vida inteira é capaz de revelar.

Porém, mesmo com as decepções que por ventura a vida venha à nos oferecer, o Pequeno Príncipe nos mostra como atuar em situações como essa: “É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou”.

No processo individual da arte de viver, ninguém precisa de ninguém, porém numa vida que se cativa, um precisará sempre do outro, como explica a Raposa ao Pequeno Príncipe, assim como a Lua precisa do Sol. 

“Tu não és nada ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...”.

Conta uma lenda que o Sol se apaixonou pela Lua e como não conseguiam se ver, pois a barreira entre o dia e a noite os impedia, Deus atendendo o pedido do Sol criou o Eclipse para que pudessem ficar juntos, nem que fossem de vez enquanto e desfrutarem de momentos inesquecíveis.

O que é um relacionamento na vida real? Ele pode ser tudo ou nada ao mesmo tempo. Depende muito do que se quer desfrutar e o que ambas as partes estão dispostas a investirem ao construir. O encontro é uma ação, mas sua manutenção é pura doação. O relacionamento pode ser moldado do jeito que as mentes determinarem ou da forma que os corações pedirem.

Nesse contexto, apego e desapego travam uma longa batalha. Conquistar ou ser conquistado viram sonhos ou noites mal dormidas e amor e desamor lutam pelo coração de quem se deixa levar pela arte de amar. O lado desapego quer só uma balada para passar o tempo e o lado apego um jardim para enfeitar. O lado desamor quer mais um ou mais uma para por na coleção e o lado amor quer o único ou a única, que cative seu coração.

Caso o jardim venha a vencer, que tal Amor-perfeito para colorir, Jasmim para que o ar seja refeito ou pétalas de rosas no caminho a passar, sem esquecer um trevo de quatro folhas desejando boa sorte para uma relação duradoura.

Na vida há o livre arbítrio para nossas escolhas e o livre pensar sobre como rechear presente e futuro. Que sentido faria o presente se não houvesse futuro? Não podemos esquecer que o futuro pode ser daqui a um segundo e a vida que era bela pode nem mesmo ser vivida.

Em resumo, podemos escolher caminhos que cativem ou veredas que desapeguem. Amor que alimenta ou desamor pelo passado a esquecer. No fundo, o que está em jogo é o eu, o você e o nós. Três entidades que ora se juntam e ora se espalham e só a arte de amar poderá juntá-las até o Sol abrir ou a Lua dar a ar da graça.

Viva o hoje, mas não se esqueça de projetar o amanhã e zele sempre pelo Sol e pela Lua que existem dentro de cada um de nós e se preciso for recorra a um eclipse lunar que proporcione o melhor momento que já ocorreu em sua vida.

O segredo da vida está na arte de cativar, onde seus laços proporcionem o encanto de encantar.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

sábado, 9 de fevereiro de 2019

O trem da história fez uma curva...


Imagem disponível em: https://www.canstockphoto.pt/vindima-trem-1463849.html

Uma vez ouvi uma frase que toda vez que me lembro tento materializar, nem que seja parte do que penso, pelo simples fato de não querer ficar para a história como mais um ser abstrato, que só pensa e nada age: ”Toda vez que o trem da história faz uma curva, um pensador cai”. Algo profundo e de uma leitura crítica sem igual.

Saindo um pouquinho da linha da introspecção e caminhando pelo que sobrou do país que sonhávamos, além de encarar a realidade de frente, senti vontade de voltar a falar um pouco dos meus sentimentos sobre esse país da atualidade, onde a Casa-grande manda e desmanda e a Senzala Brasil se encontra de joelhos esperando a guilhotina descer. Algo tão sinistro que jamais imaginei viver.

Que país é esse onde o ódio se torna mais poderoso que o amor ao próximo? Que país é esse que tira direitos dos pobres e transfere aos ricos? Que país é esse que elege um ser que só fala em mortes e tem o apoio majoritário das igrejas evangélicas e uma grande parte da igreja católica? Sinceramente não conhecia esse modelo de país e tampouco um fenômeno como esse. O Brasil se tornou em pouco tempo, um país excludente, discriminatório, racista, homofóbico e movido pelo ódio. É assustador! Aonde essas coisas estavam guardadas? Por onde andava essa turma do capitão? Quem sabe no nosso quintal...

Tenho conversado muito com o público que votou no coiso-capitão e sinto aos poucos a desilusão pela política e não por ele, estampada em seus rostos. Um sintoma bem conhecido e normal de quem não conhece a política como ciência e age de forma terceirizada por alguém de muita má fé e com múltiplos interesses.

Como continuidade desse processo, que serve ao império, é muito mais inteligente apostar no extermínio de parte da população, de forma romântica, afirmando que é tudo em nome do desenvolvimento e combate à corrupção, do que isso ocorrer de acordo com as velhas formas, como a luta armada, que nos dias atuais seria lutar contra o exército, armados de estilingue e assim seria muito fácil se chegar aos 30 mil mortos falados em campanha.

Para que tudo seja consumado de acordo com os ritos do sistema, tudo já foi cuidadosamente encaminhado, sem se esquecer de nenhum detalhe.

Primeiro se libera todos os venenos proibidos em vários países e com isso teremos muito mais doenças e muito mais gente indo para o andar de cima mais cedo. A seguir, arma-se a polícia do sistema e com total liberação para matar quem “peitar” o Estado. Logo depois precariza-se a saúde publica em detrimento da privada e por fim liberam-se as armas para que a população decida suas desavenças como nos filmes do Velho Oeste americano. Com tudo isso o cenário de guerra e de guerrilha está pronto, porém sem ser notado.

Vejam que fui generoso e nem pus nessa conta, os mais de 60 mil mortos por ano, onde a maioria é negra, jovem e das periferias, uma mulher assassinada a cada hora e meia por machistas de plantão, remédios essenciais em falta, etc.

Como educador da área de Gestão Pública e Social, muita gente tem me perguntado o que fazer diante de um cenário como esse. Tenho respondido de forma tranquila e com base nas experiências de vida, que primeiro se faz necessário que o povo oprimido e agora desprestigiado como trabalhador, reaja para que não se perca tudo de uma só vez, segundo que só se muda a realidade de um povo com duas palavras que terão que virar ação: Formação e Organização. É preciso organizar de forma planejada quem sofre e formar para que entendam o debate e a disputa ideológica que está em curso no país. 

Continuo um militante de uma causa, saudosista com visão da atualidade e foco no futuro. Sou do tempo da poesia, dos saraus noturnos, das brincadeiras de pipas, de pião e de tantas outras que se perderam para o mundo tecnológico. Tempo que se acreditava que o Brasil era um país solidário com todos e todas. Nessa época o ódio só era visto em casos pontuais e hoje está presente a todo instante, puxados pela direita radical e pela ultra direita fascista com seus seguidores, apontando seus dedos e suas armas para a esquerda mundial e quem se dispuser a defender os Direitos Humanos e as Causas Sociais.  

Porém, apesar de tudo, nem tudo está perdido, até porque o trem da história no meu entender, apenas fez uma curva acentuada à direita e pode estar enroscado momentaneamente nos trilhos da vida, mas a história é dinâmica e amanhã será escrita e reescrita pelas mãos de quem acredita que lutar por uma causa nobre pode valer até a própria vida, caso seja necessário. Acredite! Vamos virar esse jogo!

Assim, venha conosco e de mãos dadas vamos ao futuro!

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Uma caixinha chamada utopia



Com uma grande contribuição de Paulo Freire, aprendi desde cedo que a utopia nos move em direção dos nossos sonhos e desejos de viver bem. Pode até ser um viver do faz-de-conta, mas o importante é sabermos que a utopia cabe perfeitamente em qualquer tipo de sonho e também em qualquer tipo de coração, até naqueles que parecem ser de pedra, desde que seja algo que faça nosso corpo estremecer e nossa alma pedir para que a vida seja longa, só pelo prazer de por ela lutar.

Porém, como tentar explicar a utopia de forma simples e sem a necessidade de um conceito mais acabado ou recorrer à filosofia para possíveis explicações que unam a realidade presente a um impossível ideal futuro?

Do ponto de vista popular, utopia poderá ser interpretada como algo abstrato, longe de ser realizado e com referência mais no campo pessoal do que no coletivo. A partir dessa premissa, utopia perpassa o campo dos sonhos possíveis e se envereda no campo das fantasias. Daquelas que imaginamos nas noites e nos dias que estamos em busca do êxtase para viver.

Do ponto de vista etimológico, utopia vem do grego "ou+topos" e se refere a “não lugar”. Algo que não existe do ponto de vista real, só no imaginário.

Para o filósofo Michel Foucault, buscando uma possível caracterização, utopia seria um ideal de sociedade futura. Algo irreal a partir de um pensamento real.

Para Mateus Bunde do site Todo Estudo (www.todoestudo.com.br/historia/utopia), "a utopia pode ser referida, sim, como algo irreal. No entanto, ela parte muito mais do princípio hipotético do ideal, do que propriamente do irreal". Caso não se acreditasse ser possível acontecer, ninguém lutaria por algo inexistente ou surreal. Nem que seja nas ilusões ou a partir das crenças, a utopia ganha vida todos os dias pelo mundo afora.

Ao buscar uma forma de afirmar esse pensamento, me deparo com o amor verdadeiro, duradouro e perfeitamente correspondido. Ele existe? Para milhares de pessoas isso não passa de algo utópico e totalmente inexistente ou temporariamente existente. Nessa mesma linha o que pensar de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas? Duas formas de exercitar a utopia. Um na busca do amar a dois por identidade e na outra da construção de uma utópica sociedade ideal. Algo tão simples e tão complexo ao mesmo tempo, que nem o tempo foi capaz de ajustar.

Porém, o que nos chama a atenção, é que apesar das duas formas utópicas de convivência humana, para um grande setor da humanidade, há quem busque a vida toda, tanto por um grande amor que emudeça quem o vive, como pelas mudanças efetivas da sociedade, que acabe com a desigualdade e se torne numa vida justamente humana. Isso não é incrível?

A partir dessa leitura da vida, o que move a utopia? O que nos faz transferir sentimentos e emoções para um futuro incerto, se não for à esperança de que o que é utópico hoje possa ser real amanhã? Nesse ritmo precisamos de uma boa dose de utopia misturada com uma alta dose de fantasia. Utopia e fantasia juntas pode-nos levar ao Olimpo, mesmo numa manhã onde o sol tem preguiça de sair para dar o ar da graça ou que as angústias da vida tentam roubar nossos sonhos.

Em particular, minha utopia vai em direção ao sol, invade mentes e corações e chega para contemplar um belo arco-íris depois de uma tremenda tempestade. Nela quero brincar de faz de conta. Quero a luz da manhã como guia. Quero voltar à beira mar, andar descalço pelas areias meio sem direção e se o tempo colaborar ir por trás daquele monte ver o por do sol.

Não quero fadas e nem duendes no meu caminho tentando me iludir. Quero um ser de verdade, com muita luz, que cante, chore, abrace e beije em dias de todas as luas e que me diga bem baixinho que quer ir comigo ver o por do sol.

Guardo na minha caixinha chamada utopia, sonhos inacabados, rostos da multidão, passos rumo ao infinito, lindas paisagens vistas em sonhos e uma vontade imensa de ser um beija-flor para contemplar aquela teimosa flor que se esconde no meio daquele jardim.

Sonho ainda com as fantasias que me levem ao encontro daquela estrela que insiste em andar sozinha pela imensidão do universo. Quer algo mais utópico que isso?

Utopio-me para viver. Utopia para seguir estrada afora e até utópico posso continuar a ser, mas jamais será distante da minha esperança de chegar próximo ao lúmen das estrelas.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Vida - Construção e Reconstrução


Imagem: Picasso - Desconstrução e Reconstrução da Obra de Arte
Disponível em: http://impressionartetavira.bl ogspot.com/2013/04/picasso-desconstrucao-e-reconstrucao-da.html

Tenho me valido da subjeção como uma trilha a seguir e a busca do imprevisível como desafio constante. É assim que estou lidando com a escrita e com a vida. Li algo que me inspirou para essa conversa de hoje: “Gosto de borboletas. Fazem-me lembrar de que na vida tudo se transforma. Sempre!”.

Minha intenção nesse texto é a de me deixar levar ao ponto central da existência humana, que é a construção da vida e do ato de viver, com todos seus ingredientes e as possibilidades de construção e reconstrução quando sentimos necessidade de profundas mudanças. Creio serem essas mudanças necessárias e a reconstrução da vida que nos põe no rumo da felicidade.  

De forma pretensiosa, quem sabe possa lhe convidar a vir comigo a essa viagem ao interior das nossas essências e das nossas imaginações.

Construindo um roteiro mental para esse post, fui deitar saboreando a sensação do que ainda virá, pois acredito que o melhor ainda está por vir e acabei sonhando que estava num lindo campo verde e correndo de forma despretensiosa, só pelo prazer de correr, exatamente como fazia nos meus tempos de criança e por conta disso acordei com uma vontade imensa de brincar de pipa. Coisa que sempre me deu muito prazer. Não sozinho, pois não tem a menor graça, mas de brincar a dois, com todas as molecagens que o ato de pipar nos propõe.

O que é pipar em sua dimensão? Pipar é juntar a vontade de voltar a ser criança novamente sem regras alguma, com o desafio de vencer o ar e nos aproximar da linha do horizonte. Uma gostosa viagem ao infinito da nossa existência, onde a descoberta da vida começa logo ali. Porém só se pipa com alguém que esteja a fim, que entre na brincadeira e sinta as mesmas emoções. Do contrário é melhor nem começar.

Pipar pode ser também muito mais do que um gostoso passatempo, na medida em que exige de uma só vez, estratégias claras, propósitos definidos, concentração, equilíbrio, foco na tarefa, muito carinho, amor pela vida e aventura permanente ao desafiar o tempo, o vento e a vontade de voar mais alto.

Pipar pode ser ainda uma analogia perfeita para a busca do outro “eu” que reside dentro de nós. Quem és tu? Quem sou eu? Quem somos nós? Eternas perguntas que talvez levemos a vida toda e podemos partir sem ao menos saber.

A busca da nossa outra parte, que revela nossas personalidades, é um exercício continuo pelo autoconhecimento e também a possibilidade de reconstrução a partir dos vários encontros com o destino ou acaso que a vida nos propõe. Por onde buscar?

Busco-me nas poesias dos poetas e das poetisas que nem conheço, ou nas músicas que me levam a viajar no tempo. Busco-me naqueles versos que uma fada madrinha por descuido me mandou. Busco-me nos dias de sol, na chuva fina que cai sobre a cidade fria e nas noites estreladas que às vezes vemos por uma fresta mágica que o tempo criou.

Busco-me na certeza do que farei hoje e nos sonhos que tenho para o amanhã ou ainda naquela luz que surgiu quando tudo parecia escuridão. Busco-me no olhar de alguém que me convide ao infinito ou mesmo nas duvidas que surjam nas encruzilhadas da vida. Busco-me na alegria de viver, na certeza de que nada está pronto e na convicção que tudo pode ser criado e recriado.

Busco-me ainda nas noites bem dormidas e nos sonhos que virão ou naqueles que sonhei a vida toda. Busco-me por fim nos atos impensados, na rebeldia contra o sistema, no anarquismo de peitar toda forma de poder que a nada leva e na busca do amor incondicional pela humanidade.

Não me dou como pronto. Vivo sempre em construção. Faço-me e refaço-me quantas vezes forem necessárias para que eu sempre seja melhor hoje do que fui ontem. Não sou assim e nem sou assado. Não sou isso e muito menos aquilo. Sou apenas eu e a luz da vida em busca do meu ponto de equilíbrio.

Crio-me e me recrio cada vez que descobrir que nada sei ou que nada sou. Construo-me e me reconstruo todas as vezes que minha alma solicitar que minhas sensações sejam mais leves, que minhas emoções me levem ao êxtase e minha vontade de viver aumente ao encontrar pessoas que me façam voltar a sonhar.

Caso você também seja uma pessoa incompleta como eu e esteja em busca de seu outro lado que a vida ainda não revelou, saiba que ele pode estar lhe aguardando na sombra de uma árvore em dias de muito sol, nas fantasias objetos de sua imaginação ou no encontro do par perfeito para pipar e se assim for, siga sua intuição e pipe...

Quero terminar lhe fazendo um convite. Escrevi esse texto ouvindo uma sinfonia e quem sabe ela possa também lhe inspirar em busca do que ainda não encontrou.
Chopin - https://www.youtube.com/watch?v=EFJ7kDva7JE

Quero de levinho conquistar minha essência para poder conquistar o mundo.

 Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

domingo, 20 de janeiro de 2019

A incógnita e o porvir

Prezadxs Amigxs

Notadamente, vivenciamos um cenário de incertezas no tocante ao projeto de sociedade em constante ebulição, bem como o horizonte que almejamos chegar. Sendo assim, torna- se pertinente trazer à tona alguns elementos balizadores deste mencionado contexto.

Conforme aponta Rubem Alves, a política é a arte de saber cuidar do jardim da coletividade. O aspecto mais evidente de disputa é justamente o do campo subjetivo, líquido, ou seja, o mundo das ideias. Todavia, setores ultra neoliberais, demonstraram que a disputa  do concreto, do real, não lograria êxito, desse modo, inclinou-se para o viés da disputa "ideológica simplória", trazendo como centralidade do seu debate a agenda do conservadorismo moralista, com viés fascista como instrumento  balizar do cotidiano dos indivíduos, adotando estratégias de comunicabilidade "fakes news" que traduzindo significa " notícias falsas", a fim de induzir a população a acreditar em inverdades, com o nítido intento de ludibriar a opinião pública.

Destarte, havia um clima de tensões e temeridade que necessitava explicitar para a sociedade brasileira o que estava em voga e que conquistas históricas a duras penas, com muito sangue e suor como foi a Democracia e o Estado de Direito estavam sendo ameaçadas, atacadas. Uma vez, que o Brasil chegou ao patamar de pleno emprego, de retirada de aproximadamente 40 milhões da extrema pobreza, que oportunizou Universidade para mais de 4 milhões de pessoas, que fez chegar até os longínquos rincões mais de 11mil médicos pelo relevante Programa Mais Médico, a construção de milhares de moradias do importante Programa Minha Casa, Minha Vida, da extraordinária descoberta do Pré-sal com destinação de 25% para a saúde e 75% para a educação, do seguro safra que beneficiou milhares trabalhadores e trabalhadoras do campo com inclusão sócio produtiva, dentre as demais políticas públicas sociais ao longo desses últimos 14 anos de Governos Democráticos, estava sendo posto em xeque de modo que aqueles que mais precisam estariam sendo cruelmente penalizados.

Por fim, diante deste mencionado contexto, cabe uma reflexão franca e aberta do campo progressista brasileiro que possa enxergar os equívocos políticos cometidos por setores e, a partir disto, repactuar com a sociedade um diálogo e uma ausculta sensível e efetiva de forma que possa defender uma nova construção de um projeto democrático e popular, tendo como sustentação política , os direitos sociais dos trabalhadorxs, e do povo pobre brasileiro, sendo a resistência,  a luta e a resiliência o nosso porvir esperançoso.

Jivaldo Oliveira
Pedagogo(UNEB)
Prof. Rede Pública/Serrinha