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terça-feira, 21 de abril de 2020

O que me faz caminhar são os olhos de quem me guia...


Olhos? Que olhos são esses? De quem são? Que cor tem? Precisamos de olhos a nos guiar? Tem alguém que confiamos que nos guie?

Depois de boas notícias, após tantas tão sofridas pelo atual momento, resolvi até por falta de assunto, voltar à velha forma abstrata de ser e procurar na abstração companhia que caminhe comigo por algumas veredas da vida, com sol brilhante ou com chuva e frio intensos, só pelo prazer de compor comigo mais uma página desse meu sério brinquedinho, que já me deu muitas alegrias e a algumas pessoas também. Preciso apenas de um pouquinho de inspiração.

Quem disse que esses olhos precisam ser humanos? Podem ser da intuição, do estado de espirito que às vezes nos invadem, do sentido que desperta quando percebemos que acertamos em sonhar o que nos parecia impossível, ou mesmo que algo deu errado, ou ainda quem sabe sejam olhos de um ser de luz que gentilmente resolveu nos seguir em plena escuridão para nos fazer companhia quando percebeu que estávamos sós. Olhos que nos guia quando estamos entre a realidade e a ilusão, ou entre o sonho e a vontade de ser;

Se fosse recorrer a um ser de luz, começaria pedindo que me busque nas incertezas da vida. Leve-me para onde não haja nem um silêncio provocado, tampouco a escuridão da ausência. Alce-me em voo rumo ao encontro do meu ser, que às vezes fica a flutuar. Sinta-me como se fosse uma canção de ninar que se canta quando se tem para quem cantar e me deixe voar recordando os ótimos momentos que a vida me deu de presente em dias ensolarados ou em noites de céu estrelado, onde cada estrela oferecia um significado.

Indo mais além pediria que continuasse ao meu lado me ajudando a transitar pelo vale das sombras, enfrentando um exército de seres cegos e inanimados que adoram um ser das trevas achando que o amanhã já chegou, mesmo sabendo que não haverá o amanhã para milhares de pessoas que estão indo embora hoje antes do tempo, meio que por descuido.

Depois de uma longa experiência de vida com momentos dos mais diversos, entendo que a felicidade é um estado de espírito muito particular, que tem que ser buscado sempre no interior das nossas emoções e se por um lado é certo dizermos que não devemos vincular totalmente a nossa felicidade a ninguém, por outro nos permite compartilhar com quem queira ser feliz conosco e que juntos, podemos mantê-la em reserva, para que em momentos onde a vida entre numa curva acentuada, busquemos a felicidade a dois para quando acordarmos no dia seguinte podermos brincar de amor e de amar.

Ao fechar os olhos e mirar no futuro, que pode ser daqui a alguns segundos, chego à conclusão que ora me deparo com a certeza de muitas das minhas perguntas e ora com as dúvidas peculiares se de fato a certeza existe, porém o importante mesmo é sempre acreditarmos que o melhor ainda está por vir;

Uma coisa é certa. Enquanto houver o hoje quem disse que o amanhã poderá não vir? Quem tem medo do amanhã é porque o hoje se encontra mal resolvido. Pensando nisso, faço uma declaração aos olhos de quem me guia. Não sei quem eu sou tampouco quem tu és, mas sei que poderemos ser e se assim for o amanhã está logo ali.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


terça-feira, 14 de abril de 2020

ESSE JOGO DE XADREZ QUE É VIVER


          
          Tempos difíceis estamos vivendo, ou sobrevivendo, nossas relações estão em xeque, como num jogo de xadrez, onde cada jogador precisa reinventar novas formas de se relacionar. Particularmente sou uma pessoa intensa, preciso viver, sentir, estar e tenho medo de como será adiante. Tenho medo do frio, da distância, do desapego, da rotina, do desamor e tenho medo da morte, mas não da passagem, tenho medo da morte em vida, da indiferença, da falta de empatia, da solidão e do fim da nossa relação, porque é ela que me mantém viva.

         No meu ponto de vista, a comunicação corporal é o combustível da relação, o toque tem sua mensagem única, seja um aperto de mão; um olhar; um beijo: na mão, no rosto, na testa, na boca; um abraço; um cheiro; um cafuné, temos tantas formas de nos comunicar e de buscarmos calor no decorrer do dia-a-dia,   e não vivemos ou não devemos viver sem isso!

        Ser grata pelo simples e contemplar beleza no singular me proporciona viver, pois ter o privilégio destes detalhes aquece meu coração, os detalhes são essenciais nesta roda gigante chamada vida, e o essencial é que faz a vida valer a pena, não sabemos o que nos reserva mais adiante, o que nos resta é o agora.

         Esses dias li em uma rede social, que teve um momento da vida em que tínhamos pessoas e não tínhamos tempo, hoje temos tempo mas não temos as pessoas, que era uma ironia da vida. Não concordo que seja uma ironia da vida, penso que seja uma ironia da maneira que nós escolhemos viver e como na maioria das vezes, precisamos ser podados para dar valor a certas coisas.

         Por fim, acredito e espero que seja também, tempos de aprendizados, que possamos reaprender a socializar, a ter respeito na nossa relação com a natureza, que a solidariedade faça parte das nossas vidas não publicizadas e que a empatia e o amor ao próximo determine o que é viver em comunidade.

           São tempos de se reinventar, de não desacreditar, de imaginar e de plantar...     
     

Débora Machado
Psicóloga e Pesquisadora Científica


domingo, 5 de abril de 2020

Brincar de viver e viver de brincar...



A vida bem vivida é uma gostosa brincadeira de viver, que às vezes, por pura necessidade, somos obrigados a brincamos sós e nos lembramos com carinho como era bom quando alguém brincava conosco.

Algo assustador invadiu o planeta e de repente tudo que era pode não ser mais como antes. Tudo que se tinha está ficando escasso. Tudo que achávamos saber está em xeque e planos e projetos foram adiados. Porém, escondidos em nossas tocas para nos resguardar, temos a oportunidade de pararmos no tempo e reaprendermos pequenas lições que a falta de tempo levou.

Estamos em compasso de espera por um novo amanhã e ainda não sabemos quando virá. Continuamos ilhados em nossos quadrados, em nossos guetos, em nossas ilhas particulares, com nossa trupe das redes sociais e em busca de um ponto comum, que nos faça entender qual será o próximo passo, a próxima etapa ou a próxima noticia que possa nos alegrar. Fomos forçados a vivermos experiências inéditas e buscamos energia na fé para seguir em frente.

Descobrimos diante de tantas perdas humanas que somos muito pouco diante de apenas um sopro que separa a vida de outra dimensão. Nossos velhos caprichos para as nossas escolhas e prioridades, aquele ar de tudo saber com superioridade e tantos outros trejeitos que nos atentam já não podem existir. O que existe agora é que olhar temos para a vida, o que enxergamos à nossa frente e que direção tomar que valorize quem nos escolheu para viver.

Existe no ar, além do vírus e de tantas ameaças invisíveis, um feixe de luz que ilumina nossas vidas e que só é possível ser visto, quando relaxamos, fechamos os olhos e nos permitimos ver e ouvir com o coração. Um verdadeiro desafio para os dias atuais de coisas tão técnicas, de tantas banalidades e de tanta facilidade para o bem e para o mal. Jogamos com o tempo, o tempo que imaginávamos não ter e hoje nos sobra tempo para além da nossa imaginação.

Que nesse momento exaltemos e agradecemos o ar que respiramos e que falta para tanta gente, o cheiro, o gosto, o paladar o tato e todas as formas de nos sentirmos vivos, pois a vida é bela e vamos vive-la enquanto ela estiver conosco. Um diário exercício de aprender, crescer e mudar.

Agradecer como um ato sublime que nos eleve à humildade, que nos possibilite um encontro com o nosso interior e quem sabe sonharmos com o que se passa além do horizonte da nossa visão, onde todos os sentimentos estão guardados para ou desaparecerem por falta de cuidados ou serem nutridos todos os dias para que quando estivermos quase nos afogando no nosso dia a dia, sem tempo para mais nada, possamos recorrer a esse estágio maior e sentirmos que só o amor é capaz de completar a nossa existência.

Diante do perigo que nos ronda descobrimos sem querer ser tempo de gratidão. Tempo de busca interior. Tempo de nos refazermos. Tempo de esperança e de esperançar. Tempo de agradecer tudo que chega com carinho e amor, desde uma pequena frase, uma mensagem de paz, uma música que nos toque alma e tudo que vier sem muito esforço, que alguém, que mesmo também vivendo momentos difíceis nunca nos esquecerá.

É tempo de criação de novas atitudes e de novas formas de ver a vida. É tempo de amor e de amar. Tempo de brincar de tempo e quem sabe de convocar todos os nossos personagens que encarnamos no nosso dia a dia para enfrentarmos com coragem o que estamos a viver e convidá-los para brincarmos juntos e dançarmos ciranda pelo dia que passou. Viva o hoje e viva principalmente o amanhã que ainda virá.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e pesquisador em Gestão Social

domingo, 29 de março de 2020

O caos como ponto de partida para um novo amanhã


Facebook frases, Porque o amanha e incerto tudo pode acontecer ...
E de repente muita gente que não tinha tempo nem mesmo para um bom dia virtual, descobriu de forma forçada que agora tem todo do mundo e não sabe o que fazer com tanto tempo, pois se encontra em completo confinamento humano provocado por essa pandemia. Quero a minha liberdade de ir e vir de volta com total segurança como nos velhos tempos de um mês atrás...

Parece inacreditável que em pleno século XXI foi necessário se chegar ao caos para duas situações bem distintas. Parte da população se encontra totalmente alienada e entregue a sorte guiada por falsos líderes políticos e religiosos e parte dela veio a descobrir que tudo que foi feito foi muito pouco diante do que ocorre na atualidade e o pior é não saber o que vai ocorrer amanhã. O começo, o meio e o fim dependem da tempestade cessar, a água baixar e a solidariedade servir de consolo para tantas perdas humanas que ainda virão.

Nem nas cabeças mais nobres e privilegiadas de quem é da elite política, seja da esquerda ou da direita, previa-se que um vírus pudesse parar o mundo, que girava a 360 graus, sempre com a preocupação, do ponto de vista capitalista, de manter a pirâmide econômica e social cada vez mais alinhada, se preservando a distância segura entre ricos e pobres e a esquerda preocupada com a disputa de pequenos poderes e não com um projeto que a unificasse e mostrasse uma saída viável, principalmente no Brasil, diante desse governo fascista e neoliberal, que se apossou do hiato deixado com a ilusão do poder.

Por outro lado há projetos sérios em discussão, mas ficam restritos a pequenos grupos de pessoas privilegiadas, seja nas rodas de conversas privadas, trancadas a sete chaves ou confinadas nas redes sociais trocando mensagens. Não há sintonia com as bases, tanto da sociedade, dos partidos e até dos mandatos. A população fica rodopiando à sorte como se estivesse num grande carrossel. Esse a meu ver é o maior desafio da atualidade. Convencer a população que ainda é possível mudar. Falar a linguagem do povo e organizar a sociedade excluída para descer ao asfalto em busca de seus direitos.

A pergunta que não quer calar é: o que fazer diante de uma situação como essa que ninguém se planejou? Ou ainda: o que restará para ser administrado, visto que até as próximas eleições estão comprometidas com a atual crise?

Como pesquisador diria que nesse momento não tem muito a ser feito de forma racional e prática pela questão dessa pandemia, que ainda não se sabe avaliar sua dimensão. Porém, é possível se planejar, criar uma frente de esquerda e de pessoas sensatas que consigam dialogar internamente e com os principais setores atingidos pela crise e se preparar para o que ainda virá.

O momento é de mudanças profundas na forma de pensar e agir. Além de mudanças de atitudes por parte da militância política. Os agrupamentos, partidos de esquerda e as tendências, se fazem necessário estarem mais acessíveis, pois muitos e muitas agem como se fossem seitas. Totalmente fechadas para o mundo além de suas fronteiras. Será que já possuem quadros suficientes? Desaprenderam de trabalhar formas de cooptação? Muita gente continua em off por falta de opção, de uma conversa ou ainda de um convite.

Costumo dizer que tem dois caminhos para quem veio ao mundo com o propósito de lutar por uma causa. O primeiro é se alinhar a quem manda ou determina do ponto de vista das decisões políticas ou na ausência dessa condição ou possibilidade, lutar para que sua história de vida seja a mais convidativa possível para outras gerações. Algo que ao mesmo tempo seduza pela ordem coletiva e trabalhe os sonhos de quem com ela se identificar.

Que possamos estar juntos no amanhã para darmos o próximo passo.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

terça-feira, 3 de março de 2020

Por onde anda José?

Dizem que José partiu para uma longa viagem sem volta, mas acho mesmo que ele deu uma fugida para ver se acordava Nazaré, pois achava que ela estava dormindo lá no quarto em que os dois ficavam e depois disso foram caminhar juntos rumo ao infinito, brincando no caminho de contar estrelas.

José foi um sonhador. Um trabalhador. Um homem durão, que às vezes nem ligava de não agradar seja quem fosse, mas fazia questão de ser gentil e carinhoso e de exigir tratamento nobre a alguém que abandonou suas raízes e enfrentou até uma forte depressão só para estar ao seu lado e daria sua vida, se necessitasse só para vê-lo feliz. Alguém que sempre o mimou por amor.

José foi um negociante incansável enquanto teve forças e viveu buscando em várias frentes de trabalho e negócios, os melhores resultados, para que pudéssemos ter na simplicidade da vida o básico para se viver com dignidade. Sonhava em voltar à nossa terra natal, mas as desigualdades não permitiram.

José não conseguiu realizar seu sonho de repousar para sempre em seu berço de origem, mas realizou sonhos que muita gente ainda hoje tem dificuldade de realizar. Uma luta constante de alguém que nunca desistiu de lutar.

José me deu a honra de estar comigo em várias caminhadas nas inúmeras passeatas em 1978, 79 e 80, nos encontros do Estádio da Vila Euclides e Paço Municipal de São Bernardo do Campo, além dos enfrentamentos que tivemos no caminho entre o Paço Municipal e o Sindicato dos Metalúrgicos.

Saiba José que isso contribuiu para uma caminhada com dignidade e uma razão de viver com convicção de que a luta nunca acaba. Algo que nunca me arrependi e faria tudo novamente com você ao meu lado nas manhãs de domingo, só para participarmos, ouvimos, assistirmos e aprendermos novamente e quem sabe até chorarmos do que foi um dia e que não volta mais.

José um inquieto nordestino que lutou contra uma doença degenerativa até o dia que se sentiu só. Em alguns momentos foi incompreendido, em tantos outros, questionado e enfrentado, mas sua única razão nos últimos tempos era dar qualidade de vida a sua parceira eterna por mais de setenta anos.

José resolveu partir logo cedo naquela manhã de segunda feira, depois de sofrer mais de um mês de saudade e solidão e passar por vários dissabores. Foi de braços dados com sua amada viverem juntos em outra dimensão. Entregou-se por amor por ter perdido a razão de viver. Egoísmo ou loucura? Que nada! José e Nazaré viveram dentro do possível e dentro de suas limitações e formas de ser, uma das mais belas histórias de amor.

José acalma tua alma. O momento do encontro chegou. Tua partida é hoje comemorada por alguém de estatura baixa, de óculos e cabelos brancos que veio te buscar, como afirmou teu vizinho de quarto. É o momento de vocês continuarem juntos para a eternidade e nós filhos, netas, bisnetos, amigos e amigas só temos a agradecer o tempo que você ficou conosco e o carinho que dedicou a Nazaré e a nós também, principalmente em teus últimos momentos de vida, onde a fragilidade se confundia com o que havia em teu coração.

Siga em paz José. Siga a estrela e se incorpore à constelação, que de cá onde estamos cultivaremos com respeito tua história de vida, tua honestidade e tua luta e determinação em defender quem amava. Honraremos teu nome e viveremos nos dias futuros muito dos teus ensinamentos.

José Lopes Cordeiro - Presente!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Uma viagem à Linha do Horizonte...

Céu bonito do mar e da nuvem no horizonte, fundo do seascape Foto Premium

Diz uma lenda que no início dos tempos o céu, a terra e o mar brincavam de um mundo de faz de conta, mesmo com a distância que os separavam, enquanto os séculos passavam, e para não correrem o risco de nunca mais se avistarem recorreram à Linha do Horizonte para ficarem mais próximos e num passe de mágica ficaram tão juntos que imaginamos um coladinho ao outro.

Chamamos de Linha do Horizonte o ponto onde o céu parece encontrar com a terra no limite de uma esplanada ou num encontro com mar até onde nossa visão alcançar. É ali, naquele ponto, onde a nossa imaginação alça voo, onde depositamos nossos pensamentos e às vezes nos perdemos na imensidão sem fim que essa linha reproduz. Uma viagem no campo das nossas emoções.  

Só me dei conta dessa cena quando já era adolescente e tive contato com o mar. Nasci num sítio, num vilarejo e longe do mar e depois cresci em contato com outra selva. Uma selva de pedra, em descompasso com a minha infância.

Às vezes fecho os olhos e me imagino seguindo em direção à Linha do Horizonte, quem sabe num resgate das várias viagens que fiz por diversos rios do norte do país que parecem mares. Miro em direção àquele ponto onde na nossa imaginação a terra acaba ali e o céu acabou de encontrar o mar.

Sinto-me em viagem. Uma leve brisa vem ao meu encontro, junto com ela pingos de água reproduzidos pela embarcação que imagino estar. Sinto frio e não há nada por perto para me aquecer. Um filme de vida desfila suas cenas pelos meus pensamentos e uma sensação de que a vida é o encontro entre as nossas fantasias, os sonhos refletidos num instante como esse e a realidade quando estamos de os olhos bem abertos e encaramos a vida de frente.

Nesse instante me lembro de muitas coisas, entre elas da gostosa brincadeira da arte de Pipar. Linha, carretel, uma pipa na mão, o desafio ao vento e o sabor de horas de um leve pensar, onde se permite fantasiar até mesmo o que queremos ser quando crescer e na brincadeira do dia seguinte.

De repente começo a recordar das várias músicas que cantei para alguém ou cantarolei no percurso da minha vida e que me podiam fazer companhia numa viagem mental como essa e uma delas não me sai da cabeça, pois fala de um percurso de vida, da precaução que a maturidade nos trás, do choro incontido que às vezes chega às pessoas que se comovem com o que vem do coração, mas principalmente fala de esperança nas flores que ainda vão nascer.

Obrigado Flávia Wenceslau por compor algo tão belo. “Por uma folha” é uma daquelas canções que nos faz viajar dentro de uma viagem onde se busca a paz interior e o sonho justo que embala nosso sono.

Ainda em viagem vou deslizando pelos rios da vida e lá na frente abro os olhos e dou de cara com uma revoada de pássaros, onde minha imaginação voa junto rumo ao que sonho, ao que amo e principalmente ao que quero ser. Pego carona com a primeira ave que passa e voo lentamente em busca da felicidade e do que fazer amanhã, quando abrir os olhos, enxergar o sol que brilha e olhar a telinha do computador para ver quem de forma descuidada me deu um bom dia e quem me deixou a ver os barquinhos que deslizam rio afora.

O horizonte revela que quem sonha acordado chega mais perto do infinito e se esse sonho tiver uma boa companhia à próxima viagem poderá ser ao Jardim do Éden via Linha do Horizonte.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Socorro! Meu Whatsapp foi clonado...


Imagem disponível em: https://canaltech.com.br/apps/saiba-se-seu-whatsapp-foi-clonado/


Diferente da maioria dos meus posts, que falam de vida, de comportamento humano, de relacionamentos, das contradições humanas e de amor pela vida, esse é para um alerta de algo assustador. Algo que nem imaginava existir.

Como já relatei em outros momentos, não gosto de dias nublados, principalmente quando chove ou faz frio e estou só, de escuridão em noite sem lua e estrelas e muito menos do silêncio forçado, pois tenho a sensação de abandono completo. Porém, vivo nesse momento uma experiência das mais inusitadas e cruéis ao mesmo tempo. Clonaram meu Whatsapp e estou me sentindo fora do mundo, como se estivesse na era das cavernas.

Tudo aconteceu de forma que nem podia suspeitar que se tratava de um golpe. Um amigo de muitos anos me manda uma mensagem pedindo um dinheiro emprestado até o dia seguinte. Como achei estranho disse logo que não tinha e aí ele me pede que faça um favor bem simples. “Estou com um probleminha no meu celular. Tem como você receber uma mensagem de SMS, printar e me mandar de volta?”. Disse claro que sim e foi exatamente o que fiz. Ao enviar o print meu Whatsapp bloqueou geral. Logo depois disso recebi uma mensagem de SMS pedindo para baixar o Whatsapp Business e com um novo código.

Liguei a seguir para o meu amigo e descobri que o Whatsapp dele tinha sido clonado e quem clonou estava usando a sua lista de contatos para continuar fazendo o que fizerem comigo e com ele. Um verdadeiro transtorno. Hoje é o terceiro dia fora do mundo. Sentindo-me alguém completamente abandonado. Porque a coisa é como um vírus e as pessoas ficam com medo até de atender seu telefonema. Algo que só quem passa por isso sabe o que acontece.

Aprendi que temos que tirar grandes lições de uma situação como essa. Primeiro fica claro o quanto estamos refém dessas novas tecnologias. Algo assustador. Conheço gente que consegue ficar um dia inteiro online e como se usa para as mais diversas finalidades, se brincar ficamos o dia todo mesmo e esquecemos da vida real. Segundo que a galera do mal todos os dias inventa uma nova forma de golpe, financeiro, assim como na política. Terceiro como estamos totalmente nas mãos do Google, que nos controlam, sejam pelos algorítimos, onde todas as nossas informações de vida são controladas por lá, ou por suas ferramentas, que cada dia ficamos mais dependentes delas.

O que fazer quando isso ocorre. Muitas informações distorcidas e desencontradas. Na real, temos que enviar uma mensagem por e-mail para o suporte do Whatsapp solicitando bloqueio da nossa conta. A partir daí só se pode usar o mesmo número para o Whatsapp depois de 30 dias. Depois comprar um novo chip de celular e começar a vida nesse novo número.

Aviso aos meus amigos e às minhas amigas: Sem pânico! É só não responder nenhuma mensagem de Whatsapp com o meu número que foi clonado, mas não precisa deletar tudo, pois seu Whatsapp e seu computador não estão bichados. Só o meu. Creio que o mais seguro foi fazer como eu fiz. Mandei um e-mail para: supportsupport.whatsapp.com solicitando bloqueio da conta.

Espero ter contribuído com as informações e espero também que não caiam como eu cai no conto do “amigo”. Daqui a pouco estaremos conectados novamente!

Antonio Lopes Cordeiro(Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Ontem sonhei com uma sociedade se reinventando de baixo para cima...

Resultado de imagem para uma sociedade se reinventando de baixo para cima
A frase do título vem de uma das respostas de Paulo Freire no livro “Essa escola chamada vida”. Uma entrevista feita pelo Jornalista Ricardo Kotscho com Frei Beto e Paulo Freire. Uma verdadeira obra prima. Algo tão belo que ao ler o livro nos remete a uma reflexão permanente sobre a vida e sobre qual é a nossa missão em vida e o quanto estamos comprometidos com ela.

A utopia de mudar essa sociedade de desiguais, de injustiças e violência, para uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas, acaba se tornando uma missão de vida para quem dela se nutre e vai preenchendo nosso imaginário e nos fazendo mirar no futuro em busca de quem estará conosco. Diria até que serve em muitas situações como a razão das nossas existências.

Dizem os sábios que quando desejamos muito que algo aconteça e ela se encontra muito distante de acontecer, precisamos mirar no horizonte ao por do sol para buscarmos sinais e conversarmos com nosso imaginário na esperança de sonharmos ao dormir, como se estivéssemos em pleno estado do desejo. Enquanto isso os poetas sugerem que a cada “não” formemos um verso, para quando o “sim” chegar à poesia esteja pronta, ou quem sabe uma canção que fale de amor pela vida e transborde para quem caminha conosco.

Já os pensadores comprometidos com uma causa nos faz um alerta. Os sonhos, diferentes das fantasias que apenas nos levam ao abstrato e muitas vezes ao nada, requerem de nós compromissos para que possam ter a possibilidade de acontecerem. Além disso, como alimentar os sonhos se não for através das nossas utopias? Uma utopia não pode ser confundida com uma fantasia, pois nasce da esperança armazenada em nossos corações e nos vai levando vida afora até a última mensagem da nossa história de vida.  

Ao alimentar meus sonhos diários, desviando das minhas contradições, ontem à noite sonhei com uma nova sociedade. Uma sociedade onde o ódio não existia, nem pessoas perdidas por não saber quem são e o que vieram fazer em vida. Uma sociedade de iguais, alimentada por atos de amor, que é algo que está fora de moda. Fazer qualquer coisa sem amor, nem todo bicho faz, mas fazer com e por amor, só as pessoas especiais se dão a esse luxo.

Que sociedade é essa que tanto almejamos? Como pensar nela se uma grande parte da sociedade nem sabe o que estamos falando e outra parte luta contra o que pensamos? O que fazer em plenas trevas?  

Antes de qualquer pensamento ou ação abstrata, vale lembrar que mudar a sociedade, antes mesmo de ser um ato político e às vezes um ato revolucionário, é um ato de amor. Amor pela causa. Amor por quem não enxerga o outro lado da rua e amor pelo que ainda vai nascer. É um ato pela vida de milhares de pessoas e um pacto com a liberdade. Mudar a sociedade só nos importa se tivermos condições de pautar todo processo através da solidariedade, que na prática é a maior das ideologias.

Ser de esquerda e ser revolucionário ou revolucionária, não é somente fazer parte de um partido ou um grupo de esquerda e sim, se revolucionar, amar de forma radical, agir com sinceridade para mundo e criar condições das pessoas acreditarem que a verdadeira revolução começa no nosso universo, transborda para nossos meios e invade a sociedade com o que plantamos, regamos, ajudamos a crescer e virou parte dos sonhos que um dia acreditamos ser.

Revolucionar-se é antes de tudo ter a coragem de fazer uma catarse interior e por para fora tudo que é banal e assumir que somente a confiança, a verdade, a solidariedade, a lealdade e o amor, nos fazem gente de verdade.

Antonio Lopes Cordeiro(Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O que é ISSO que governa o país?

Depois de um tempo em plenos rios da vida senti necessidade de voltar e escrever uma breve análise do comportamento do povo frente à dura realidade do país. Algo que para quem luta por uma causa há anos, seria inimaginável pensar numa situação como essa. Quem dirá vivê-la. Um estado crítico de calamidade humana nunca vista, além dos ataques a setores específicos da sociedade e o país em namoro com o fascismo. Um verdadeiro filme de terror.

É evidente que o tal “mito” não foi eleito por acaso. Ele é uma criação do próprio sistema em contraposição aos governos do PT e também nasceu e cresceu como o “novo”, num processo de ocupação do vazio deixado pela esquerda brasileira nos últimos anos, que parte achava que tinha conquistado o poder e com isso deixou um enorme vazio para que a direita o usasse da forma que quisesse, até mesmo criando a ultradireita ou a extrema direita, que não havia de forma organizada até então, como existe hoje de forma explícita.   

A vitória dessa trupe que Desgoverna o país nos mostra de forma clara o que é a alienação, as artimanhas do sistema e o quanto o povo sem clareza política está entregue aos manipuladores de plantão que transformam, seja através do comercio da fé ou do ódio, quem os seguem, num bando de ovelhinhas adestradas a seguir seus pseudos líderes ladeira abaixo.

Além disso, nos mostra também o quanto estamos longe dos nossos sonhos, a enorme tarefa que temos pela frente, o precário nível de politização do povo brasileiro, além do processo de desvalorização humana, onde o ter se sobrepõe ao ser. A meritocracia e a teologia da prosperidade dão o tom, em detrimento ao direito de igualdade de oportunidades e a teologia da libertação. Algo tão seletivo que acaba excluindo a extrema maioria da população.

Um povo que não reage e muito menos age para proteger seus direitos está entregue ao abate. Continuam fazendo cara de paisagem como se nada de grave tivesse acontecendo. Enquanto isso a geração do “pato amarelo” continua a festejar o próprio enterro, mas o importante para esse setor é que derrotaram o PT. Estão sofrendo com prazer.

Porque isso ocorre? Cadê a indignação? O que estão esperando que aconteça? A criação de um campo de extermínio em massa?

Falta muito pouco para isso. Destruíram mais de cem anos de história e de conquistas. Precarizaram as políticas públicas e delapidaram os direitos trabalhistas, de aposentadoria e os direitos sociais. Queimaram livros. Demonizaram Paulo Freire, perseguiram professores e funcionários públicos, mataram índios e invadiram suas terras e nada acontece. Em nome das religiões ufanistas, do falso pudor e do mentiroso combate à corrupção estão levando o país à falência, à subserviência aos EUA e ao fundo do poço.

O que fazer diante de tudo isso? As eleições municipais próximas é um caminho? Até certo ponto sim, pois tudo ocorre nos municípios. Mudar os governantes e legisladores que comungam com os ideais do golpe, ou ainda quem nada fez contra a tudo isso é uma urgente necessidade, mas ainda é muito pouco diante da atual situação. É fundamental eleger pessoas comprometidas com os projetos populares a participativos e com as mudanças necessárias que o momento exige, além de organizarem seus mandatos através de Fóruns Participativos e Conselhos Deliberativos de Mandatos.

É importante ressaltar que a luta permanente não é contra fulano ou beltrano aliado ao sistema, porque isso não é novidade e sim contra o fascismo que acabou de chegar e invadiu os lares brasileiros dividindo as famílias, além de degolarem a democracia e por em risco a soberania nacional. Uma coisa é certa. Ou o povo de bem luta pelos seus direitos ou não terão história para contar aos seus filhos e netos, além de terem que prestar contas para o futuro.

Quem tem como missão lutar por justiça, liberdade, democracia e tantas outras pautas, mesmo em plenas trevas nunca esmorece, pois sabe que em algum canto desse país há alguém com os mesmos ideais e esse encontro vai alimentando nossos sonhos e as nossas utopias e seguimos de mãos dadas em busca da vitória. A luta continua!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Como se homenageia uma estrela?


Ao olhar no céu e ver milhares de pontos de luz a brilhar, me vem à cabeça num primeiro momento, a escuridão vivida no sítio onde nascemos. Uma mistura de medo, com a contemplação de um céu estrelado com uma lua que desafiava a imensidão do universo e clareava o chão para que pudéssemos caminhar com alguma segurança. Num segundo momento, me vem à certeza que um ser de luz que acabou de partir se tornou uma estrela a nos iluminar.

Por um instante o céu escureceu, se abriu e parou para recebê-la. Era chegado o momento da separação do corpo físico para o inicio de uma nova vida espiritual, onde nada se vê, mas se sente a sua presença por todos os cantos por onde passou. A partir daí até a natureza molhou o chão como uma forma de despedida. Sua partida aconteceu do jeito que sempre quis. Em casa, antes de seu companheiro José e com um clima de paz na família. 

Como entender um ser que nunca reclamou na nossa frente da dura realidade que encontramos em nossa caminhada de vida, nem de uma pequena dor quando sabíamos que poderia estar doendo até a alma?  Ah esqueci! Estrela não reclama apenas brilha e ilumina o caminho de muita gente.

Como homenagear uma estrela? Quem sabe dizendo em alto e bom tom: obrigado por tudo que fez por nós. Obrigado por todos os momentos de cuidados com o filho e com a filha, com as netas, bisnetos, sobrinhos e sobrinhas, genro, nora, amigos e amigas e todas as pessoas que a procurava como um porto seguro. Somos muito gratos pela companhia, pelos ensinamentos e por cuidar de nós.

Quis o destino que o palco da despedida da família mais próxima ocorresse no Dia de Natal, em comemoração ao seu 92º aniversário, onde além do primeiro pedaço de bolo ser destinado ao José, e um brinde com Champanhe, notava-se sua felicidade e gratidão por aquele momento. Registros em fotos e vídeo que servirão para a vida, como exemplo e para matar a saudade.

Lembra-se Nazaré do dia que tivesse que intervir numa montaria e de repente nascia o amor? Pois é. Dia 5 de abril próximo vocês completariam 70 anos dessa gostosa brincadeira. Maria e José completariam sete décadas juntos. Uma vida de muita luta, de idas e vindas, mas repleta de momentos felizes.

Que seu nome seja lembrado como um exemplo de resignação, respeito, carinho e muito amor por todos e todas que conviveram consigo.

Maria Nazaré dormiu para a vida e depois se foi, mas está vivinha numa constelação iluminando nossos dias e noites que virão pela frente.

Obrigado pela existência e por nos iluminar Maria Nazaré de Araújo Cordeiro

Antonio Lopes Cordeiro(Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social








quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Como dialogar com o silêncio?


O silêncio serve para ouvir e nunca para calar.... Frase de Swami Paatra Shankara.
Três coisas que sempre me puseram a refletir: O silêncio provocado, por me sentir incapacitado para qualquer forma de ação ou reação, a escuridão, quem sabe por relembrar meus medos de infância e ter uma relação de grata lembrança com um céu estrelado e uma lua a lhe colorir e de dias nublados e carrancudos em tempos de inverno, onde o frio invade a alma e o que sobra é apenas o semblante de um dia que poderia ter sido de pleno sol.

O silêncio pode se apresentar por diversas formas. O silêncio em momentos de introspecção é um exercício necessário da mente, em busca de respostas para a travessia dos vários rios da vida. O silêncio por precaução quando nos sentimos deslocados e não sabemos como agir e reagir diante de determinadas situações também é algo que se necessita até como refúgio e aquele tipo de silêncio obrigatório em vários espaços e momentos onde a fala incomoda e que é salutar que se respeite.  

Porém, meu objetivo aqui é divagar sobre o silêncio provocado, por saber que é uma forma de comportamento intencional, que afeta milhares de pessoas que são silenciadas e que pode ser prejudicial em qualquer tipo de relação, principalmente por estar presente justamente onde se espera o diálogo como uma forma necessária de se resolver qualquer conflito ou mesmo para evitá-lo.

Ao pesquisar sobre o assunto, um trecho do texto “Deixar de falar com alguém por punição”, disponível no site “portalraizes.com”, me chamou a atenção: “Gerenciar o silêncio é mais difícil do que lidar com a palavra”, disse o jornalista e político Georges Clemenceau. Sem dúvida, o silêncio pode dizer um monte de coisas sem dizer coisa alguma. Mas temos de ter muito cuidado ao usá-lo como punição, pois quando a gente não diz o que pensa, dá ao outro o direito de interpretar o nosso silêncio da forma que ele quiser. E como disse o músico Miles Davis, “o silêncio é o barulho mais alto”.

Ainda algo mais direto: “Usar o silêncio como punição é uma atitude manipuladora e agressiva, pois a indiferença é o pior tipo de ofensa numa relação”. Ainda mais tendo as redes com várias formas de interação.

Quem emite sabe exatamente o porquê de estar emitindo, mas quem o recebe não consegue imaginar o porquê de estar sendo penalizado e recorre à inquietação como forma de buscar respostas.

Vale ressaltar que essa forma de comportamento existe, não só na relação afetuosa ou amorosa entre duas pessoas, mas em diversas formas de relacionamento, profissional, acadêmica, política, de amizades e tantas outras.

O texto traz ainda algo preocupante: “A pessoa que é vítima de tratamento de silêncio vai se sentir confusa, frustrada e até mesmo culpada. Também se sentirá sozinha e incompreendida. Obviamente, esses sentimentos não contribuem para melhorar as relações e resolver o conflito, pelo contrário, eles criam uma crescente lacuna”.

Que esse tipo de silêncio prejudicial à saúde mental seja banido de todas as formas de relacionamento sadio, pois nada é mais eficiente do que uma conversa cara a cara e olho no olho e na impossibilidade momentânea dessa forma de comunicação, basta uma linha de interação para que tudo se aquiete, ou nada se crie que venha a exigir uma solução futura. Comunicar-se é dar a atenção que a outra pessoa necessita.

Fale, grite, comunique-se, expresse sua reação e diga o que pensa em palavras ou em escrita, mas nunca use o silêncio como uma forma de reduzir ou de provocar ansiedade a quem está contigo nas caminhadas da vida, pois muito mais difícil que entender o universo que envolve as pessoas é tentar adivinhar o que se passa em suas cabeças em relação a nós. Prefiro muito mais errar falando a achar que acerto me silenciando.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O que virá após a travessia?


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Minha intensão era abrir o ano do Blog com uma conversa sobre o silêncio provocado. Algo que sempre me incomodou e que já se encontra pronta a partir de uma ampla pesquisa sobre o assunto, mas ao refletir cheguei à conclusão de que melhor mesmo é falar, cantar, gritar e dizer ao mundo o que meu coração sente. Quem sabe o eco da minha voz soe levemente como uma canção daquelas que se cantarola sempre e que não sai da nossa cabeça.

A partir desse contexto e buscando um complemento para o texto anterior, além de apostar sempre na minha disposição para continuar nadando nos rios da vida, cá estou para mais um ano cheio de esperanças e disposto a fazer grandes mudanças internas durante a viagem, no sentido de colher melhores resultados do que o ano que passou e recorrendo sempre à sabedoria para que eu possa aproveitar cada momento que virá como se fosse o único em minha vida.

Como você enxerga o ato de viver? O que é a travessia para você? Que sonhos te movem rumo ao por do sol? A consciência política nos faz enxergarmos o “ser” como valor absoluto versus o “ter”, como avaliação humana? Será?

Particularmente enxergo a vida e o ato de viver como uma viagem e suas travessias nos diversos rios da vida. Algo que não temos o menor controle sobre a duração da viagem, do que encontraremos pela frente, de quem vai nos acompanhar durante o percurso ou quem sabe de quem vai nos recepcionar na chegada. Uma verdadeira aposta. Há quem viva de fantasias e há quem procure uma fantasia para viver...

Se tivéssemos a capacidade de mudar o passado, eu teria algumas coisas para mudar, principalmente me lembrando do tempo de vida como eixo principal, mas como não temos esse privilégio, vou aprendendo com meus erros e agregando novos conhecimentos por onde passo e com quem se dispõe a caminhar comigo futuro afora.
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Não podemos mudar nada do que já passou. São apenas memórias. Umas nos alegram outra nos põe a pensar, mas no caminho que está à nossa frente podemos controlar a rota, tirarmos belas fotos, nos enriquecer com a natureza e falarmos tudo o que se encontra em nossos corações. Podemos até sentir os pingos d’água em nossos rostos.

Ao fechar os olhos e mirar numa dessas viagens que tive o prazer de fazer, vejo à minha frente um imenso rio de águas límpidas nuns dias e turvas em outros, com pequenas ondas feitas por diversas embarcações que o desafiam todos os dias. Não consigo enxergar suas margens e uma sensação de infinito me vem à mente e me causa inquietação. Chegando mais perto vejo peixes em abundância, nadando em círculos, que é a promessa de alimento farto, pois aquele rio ainda não tem dono.

Aquelas cenas me levam a muitas reflexões e a partir delas muitas perguntas me vêm à cabeça, entre elas como pretendo chegar ao final da viagem? A travessia pode ser encarada de diversas formas. Algumas pessoas nem veem a vida passar, pois vieram ao mundo a passeio, outros e outras se angustiam por não saberem conduzir o barco e outros e outras parece não ligar se a viagem for interrompida a qualquer momento, pois colheram tudo que podiam e se encontram fartos e fartas do manjar dos deuses.

A travessia pode ser compreendida como o passar de mais um ano, mas também pode ser o início e o fim da própria vida. O importante é sempre lembrar que ao acordarmos amanhã, a travessia pode ter sido a passagem do dia de hoje para o de amanhã, onde novas portas se abrirão e o livro da vida estará sempre aberto para que possamos escrever mais um capítulo da nossa história. A minha história já tem algumas páginas escritas, mas quero muito mais... Boa escrita e boa travessia para todos e todas.

Vamos escrever uma parte das nossas histórias juntos?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social



segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Às vezes precisamos de uma mão para atravessar o Rio

 

Fiquei imaginando o que escrever como último post do ano, que mostrasse um ar de otimismo, apesar de um ano que tínhamos que apagar da história, tamanho os absurdos que ocorreram.  Tudo isso me lembra o Teatro do Absurdo que tantos discutíamos nas leituras de mesa.

Minha pretensão nesse texto é convidar quem ler para uma pequena viagem em minhas inquietações e sonhos e analisando as soluções que procuramos no dia a dia, como resposta aos diversos obstáculos que nos aparecem, como uma verdadeira travessia nos diversos rios da vida. Porém quero iniciar com o relato de um sonho que tive que não me sai da cabeça.

Sonhei a alguns dias que andava num vale desconhecido povoado por seres gigantes. Eram figuras enormes, que com um simples toque podiam interromper a passagem de seres como eu que caminhavam pelas veredas da vida. Lembro-me que sentia medo do que pudesse acontecer. A pergunta era: onde eu podia me esconder do perigo, se não conhecia o caminho?

Lembro-me ainda que para me sentir seguro tinha que atravessar um longo rio, sem saber o que poderia encontrar no caminho e o que havia do outro lado. De repente me lembrei de que não sabia nadar. Uma espécie de medo, frustração, insegurança e pavor tomaram-me naquele instante por não saber o que fazer. Fiz planos mirabolantes, tentei me esconder para ganhar tempo e cantei para disfarçar. Depois de um tempo interminável acordei com a nítida sensação de que ia ser devorado por algum gigante que me descobrisse naquela situação.

Às vezes é assim que nos sentimos, ora eufóricos por acreditar que venha o rio que vier pela frente que faremos a travessia, tamanho é o nosso entusiasmo e segurança e ora inseguros por não sabermos com clareza com quem podemos contar para a travessia e quem ficará conosco do outro lado do rio. Qual o solução para situações como essa? Aprender a nadar e apostar em companheiros e companheiras que achamos que estará conosco em qualquer situação. Erros e acerto fazem parte das nossas viagens, mas o que não podemos é desistir de tentar. Sempre acreditar ser possível atravessar.

Por mais que achemos que somos seres completos e que nos bastamos, somos seres em eternas mudanças, em ebulição e em constante recriação. Somos hoje o resultado do que éramos ontem, aliados aos sonhos do que podemos ser amanhã. Ninguém se sente feliz ou seguro caminhando sozinho.Somos seres que precisamos de outros seres que nos façam companhia.

A partir desse cenário, algumas perguntas nos vêm diariamente. Como viver a vida em sua plenitude? O que fazer para nutrir nossos sonhos? Com quem podemos contar na atualidade que atravessaria o rio conosco?

A vida é apenas uma curta viagem que não temos o menor controle sobre ela. Um presente a ser vivido dia após dia até o último dia. Composta por adoráveis momentos, fortes lembranças, mas também de vários obstáculos a serem vencidos em sua trajetória. Aconselha-se vivê-la um dia de cada vez com uma noite no meio, que tanto pode ser de plena escuridão, como acompanhada por um céu estrelado e uma linda lua a colorir sua imensidão. Você já dormiu mirando um céu estrelado? Dizem que é cena inesquecível.

Precisamos de muita sabedoria para identificar quem é quem na escalada da vida, para que não cometamos o erro de nivelar ou tudo por cima ou tudo por baixo, que se constitui num julgamento prévio de conclusão de algo ou de alguém que não temos a história completa para julgarmos com convicção. Ou quem sabe o erro seja definir e concluir um ser, às vezes pelas nossas inquietações, que pode muito bem nos surpreender de forma positiva. Assim sendo, muita calma nessa hora. Aprender, crescer e mudar é o caminho.

Quantos rios, tivemos que atravessar sabendo ou não nadar. Quantos medos, tivemos que superar para fazermos a travessia sozinhos. Quanta água, tivemos que enfrentar para chegarmos até aqui. Essa soma de resultados é que chamamos de experiência de vida e uma parte importante das nossas histórias. O bom mesmo é saber que a vida segue seu curso natural, mas enquanto vida tivermos, o rumo das nossas vidas ainda está em nossas mãos.

Sábios e sábias serão aqueles e aquelas que entenderem que nunca sabemos tudo, que somos eternos aprendizes no ato de viver, que precisamos sempre de alguém para atravessar conosco os diversos rios da vida e se a vida nos permitir com vida, nós faremos a travessia de 2019 para 2020 querendo mais, buscando mais, amando muito mais e acreditando que o melhor ainda está por vir. Estarei sempre com a mão estendida para ser solidário na travessia de alguém. Feliz travessia para todos e todas! Seguimos juntos!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social