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terça-feira, 16 de setembro de 2014

O papel do Estado num País capitalista e o ódio contra os defensores das Políticas Sociais



Quero iniciar essa conversa afirmando que do ponto de vista das relações humanas, o ódio representa o sentimento mais negativo que o ser humano possa experimentar, pois em sua essência ele representa exatamente a ausência de amor, em qualquer situação.

Existe um embrutecimento na sociedade, alimentada diariamente pelos meios de comunicação pertencentes a apenas seis famílias abastadas, assim como pelos fundamentalistas encabeçados por Malafaia e pelo deputado homofóbico Feliciano. Uma violência sem igual que invade o País, com a cumplicidade de inúmeras autoridades dos estados e municípios, principalmente pela falta de políticas públicas inclusivas e omissão com os problemas sociais. Isso é que se pode chamar de ausência do Estado, como provedor do Bem Estar Social.

Você já se perguntou por que isso acontece? Qual é o enredo principal da disputa eleitoral do momento? Por que os neoconservadores estão todos juntos contra a candidata Dilma? Você já se perguntou o que você tem a ver com isso?

Vou me arriscar a fazer uma analogia, comparando a violência econômica, política e social com o pecado. Enquanto a maioria das pessoas acha que pecado é o que se convenciona em muitos templos, defendo que pecado mesmo é o indivíduo ou indivídua achar que podem fazer todo tipo de maldade, como homofobia, racismo, discriminação de toda ordem, corrupção ou ainda fazer o que bem entender em nome da população, principalmente porque a maioria não sabe ou não consegue reagir. É bom lembrar que depois das maldadas eles voltam aos templos e em suas cabeças com as maldades zeradas e, portanto, prontas para as próximas.

Ao invés de políticas públicas que resolvam os problemas centrais da população, esses políticos omissos oferecem benevolência e assistencialismo e nesse ponto entra um sério equívoco político praticado em muitos municípios. Ao invés de se priorizar e fortalecer o Conselho Municipal de Promoção Social, que a principal função é a inclusão das pessoas e a promoção delas, com base no SUAS, prioriza-se o Fundo de Assistência, para que as primeiras damas façam benevolência e possam aparecer.

Ao fazer uma breve análise, nos deparamos com algumas perguntas difíceis de respostas precisas: Porque será que é tão fácil criar um novo partido ou ainda uma nova igreja, tudo isso em nome da democracia e da liberdade de expressão? Uma das hipóteses tem como base a falta de conhecimento da população do que esteja sendo negociado em seu nome, gerada a partir da desastrosa convenção de que política, religião e futebol não se discutem. 

No caso da política, essa falta de discussão está embasada em outra convecção de que, basta votar em alguém que esse alguém lhe representará em todas as situações, inclusive de seus projetos futuros. Uma espécie de dom desenvolvido no processo eleitoral, onde os mais sabidos e os mais afortunados com campanhas milionárias, passam a herdar após a vitória. Algo como uma procuração assinada e em branco. Na prática querem o povo bem longe, pois desfrutam de privilégios exclusivos e em troca vão fazendo negociatas para a reeleição e sucessão e pequenas ações assistencialistas que em muitos casos, enchem os olhos da população. Algo como um belo saquinho de algodão doce.

No caso das igrejas o caso é até mais sério, pois em nome do pecado e combate ao mal, todos os males podem ser cultuados, como por exemplo, a homofobia, o racismo, o machismo e o combate aos problemas sociais, com o argumento de serem gastos do Estado, na medida em que se sataniza as pessoas, sejam em que cargo for que se envolverem com as causas sociais. Não pode ser esquecido de que uma grande parte dessas igrejas é mantida e impulsionada pelo dinheiro para seus líderes ou para a própria instituição. Nada tem a ver com fé, assim como com a recuperação de seus próprios fieis. O dedo em riste de Malafaia é um chamado para a violência, ou ainda a lei que o Feliciano queria aprovar. Uma verdadeira provocação à cidadania. Uma afronta ao Estado de Direito, ou ainda com um Estado que deveria ser laico como está na Constituição.

No caso da igreja católica no Brasil essa violência é mais velada e fica por conta, principalmente das entidades de extrema direita, como a TFP (Tradição, Família e Propriedade) e a Opus Dei, da qual o candidato Alckmim faz parte. A primeira defende o direito à propriedade privada, entre outras coisas, numa guerra contra o MST e contra a Reforma Agrária, num país que até 1850 ninguém possuía um palmo de terra, era tudo do Estado e hoje 99% da terra está nas mãos de 1% da população e 99% não tem terra. Já a Opus Dei é muito mais complicado, pois segundo a Revista Super Interessante, usa entre outras coisas, a autotortura como flagelo para cura dos pecados, ou ainda passar por um ritual chamado de “Sinceridade Selvagem”. Uma coisa muito louca. Resta perguntar se o Alckmim também pratica isso. Tenho certeza que não. Além disso, os padres e os bispos ligados à Teologia da Libertação, que o Papa Francisco teve a sua origem, pois representam a igreja povo e não a igreja templo são perseguidos até hoje, inclusive o Papa, onde os neoconservadores dos Estados Unidos e de tantos outros países não admitem um Papa popular e defensor de uma causa.

O mais sinistro é que tudo isso se passa nos bastidores do poder e o povão não fica nem sabendo. Os meios de comunicação se encarregam de esconder o que lhe interessa e revelar, mesmo que seja uma hipótese, o que interessa a ela e a seus candidatos. Atuando como um ritual onde, em tese se defende o bem e o mal é quem se posicionar contra o deus mercado e seus seguidores. 

A coisa funciona como uma lavagem cerebral. Uma fé cega. Malafaia grita e todos obedecem e o resultado disso é transformado em várias mortes homofóbicas pelo País.

Num momento eleitoral como o que estamos passando, se faz necessários olhos bem atentos e ouvidos afiados para saber diferenciar o que está sendo oferecido. A eleição termina ainda em outubro, porém o povo fica com uma pessoa eleita, que por quatro anos, sem que se perceba, intervirá no futuro de cada brasileiro e brasileira.

No meu entendimento, a proposta de Dilma tem como principais diferenciais duas questões importantes aos demais candidatos, além de inúmeras outras em prática e como propostas. Não se trata de uma revolução para um País socialista, pois isso tá muito longe de acontecer, principalmente pelo papel de quarto poder da velha mídia que confunde a cabeça da população e o poderio econômico, mas em primeiro a defesa de forma clara de um Estado de Bem Estar Social, num país com a estrutura econômica essencialmente capitalista e responsável por todas as desigualdades e segundo e por mim avaliada como a mais importante, a criação da Política Nacional de Participação Social, que poderá ser um grande instrumento para envolver a população na política, sem contar o exercício dos direitos constitucionais de Participação e de Controle Social. União, Estados e Municípios, possibilitando que a população decida seu destino. 

Os dois candidatos que disputam com ela a eleição, tem como principal fator a desconstrução das políticas sociais e a entrega do País para as forças econômicas nacionais e internacionais, que na prática seria a implantação e consolidação do Estado Mínimo, que é a tese que sustenta o neoliberalismo. Quanto menos Estado mais mercado e assim tudo se resume na subserviência ao econômico, exatamente como era antes de Lula e Dilma, onde os Presidentes não fariam nada sem consultar o FMI e os Estados Unidos.

Minha esperança é que os milhares de pessoas que foram beneficiadas pelas Políticas Sociais desenvolvidas por Lula e Dilma, ao caminharem às urnas em cinco de outubro, mesmo que seus líderes religiosos tenham dito que votar em Dilma é uma coisa do demônio e votar em Marina e Aécio é coisa de Deus, lembre-se que eles querem sua fé cega, mas jamais pagarão suas contas ou ainda prezarão pelo bem estar de suas famílias. 

Nem um passo atrás e muito menos um mergulho num futuro de pura aventura.

Encontramo-nos nas ruas até o dia e nas urnas no dia da eleição.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro@ig.com.br

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