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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Às vezes precisamos de uma mão para atravessar o Rio

 

Fiquei imaginando o que escrever como último post do ano, que mostrasse um ar de otimismo, apesar de um ano que tínhamos que apagar da história, tamanho os absurdos que ocorreram.  Tudo isso me lembra o Teatro do Absurdo que tantos discutíamos nas leituras de mesa.

Minha pretensão nesse texto é convidar quem ler para uma pequena viagem em minhas inquietações e sonhos e analisando as soluções que procuramos no dia a dia, como resposta aos diversos obstáculos que nos aparecem, como uma verdadeira travessia nos diversos rios da vida. Porém quero iniciar com o relato de um sonho que tive que não me sai da cabeça.

Sonhei a alguns dias que andava num vale desconhecido povoado por seres gigantes. Eram figuras enormes, que com um simples toque podiam interromper a passagem de seres como eu que caminhavam pelas veredas da vida. Lembro-me que sentia medo do que pudesse acontecer. A pergunta era: onde eu podia me esconder do perigo, se não conhecia o caminho?

Lembro-me ainda que para me sentir seguro tinha que atravessar um longo rio, sem saber o que poderia encontrar no caminho e o que havia do outro lado. De repente me lembrei de que não sabia nadar. Uma espécie de medo, frustração, insegurança e pavor tomaram-me naquele instante por não saber o que fazer. Fiz planos mirabolantes, tentei me esconder para ganhar tempo e cantei para disfarçar. Depois de um tempo interminável acordei com a nítida sensação de que ia ser devorado por algum gigante que me descobrisse naquela situação.

Às vezes é assim que nos sentimos, ora eufóricos por acreditar que venha o rio que vier pela frente que faremos a travessia, tamanho é o nosso entusiasmo e segurança e ora inseguros por não sabermos com clareza com quem podemos contar para a travessia e quem ficará conosco do outro lado do rio. Qual o solução para situações como essa? Aprender a nadar e apostar em companheiros e companheiras que achamos que estará conosco em qualquer situação. Erros e acerto fazem parte das nossas viagens, mas o que não podemos é desistir de tentar. Sempre acreditar ser possível atravessar.

Por mais que achemos que somos seres completos e que nos bastamos, somos seres em eternas mudanças, em ebulição e em constante recriação. Somos hoje o resultado do que éramos ontem, aliados aos sonhos do que podemos ser amanhã. Ninguém se sente feliz ou seguro caminhando sozinho.Somos seres que precisamos de outros seres que nos façam companhia.

A partir desse cenário, algumas perguntas nos vêm diariamente. Como viver a vida em sua plenitude? O que fazer para nutrir nossos sonhos? Com quem podemos contar na atualidade que atravessaria o rio conosco?

A vida é apenas uma curta viagem que não temos o menor controle sobre ela. Um presente a ser vivido dia após dia até o último dia. Composta por adoráveis momentos, fortes lembranças, mas também de vários obstáculos a serem vencidos em sua trajetória. Aconselha-se vivê-la um dia de cada vez com uma noite no meio, que tanto pode ser de plena escuridão, como acompanhada por um céu estrelado e uma linda lua a colorir sua imensidão. Você já dormiu mirando um céu estrelado? Dizem que é cena inesquecível.

Precisamos de muita sabedoria para identificar quem é quem na escalada da vida, para que não cometamos o erro de nivelar ou tudo por cima ou tudo por baixo, que se constitui num julgamento prévio de conclusão de algo ou de alguém que não temos a história completa para julgarmos com convicção. Ou quem sabe o erro seja definir e concluir um ser, às vezes pelas nossas inquietações, que pode muito bem nos surpreender de forma positiva. Assim sendo, muita calma nessa hora. Aprender, crescer e mudar é o caminho.

Quantos rios, tivemos que atravessar sabendo ou não nadar. Quantos medos, tivemos que superar para fazermos a travessia sozinhos. Quanta água, tivemos que enfrentar para chegarmos até aqui. Essa soma de resultados é que chamamos de experiência de vida e uma parte importante das nossas histórias. O bom mesmo é saber que a vida segue seu curso natural, mas enquanto vida tivermos, o rumo das nossas vidas ainda está em nossas mãos.

Sábios e sábias serão aqueles e aquelas que entenderem que nunca sabemos tudo, que somos eternos aprendizes no ato de viver, que precisamos sempre de alguém para atravessar conosco os diversos rios da vida e se a vida nos permitir com vida, nós faremos a travessia de 2019 para 2020 querendo mais, buscando mais, amando muito mais e acreditando que o melhor ainda está por vir. Estarei sempre com a mão estendida para ser solidário na travessia de alguém. Feliz travessia para todos e todas! Seguimos juntos!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O LOOPING E A SAÍDA PELA ESQUERDA

Foto: Portinari - Parte do quadro Guerra e Paz

No ano de 2019 vivemos tempos únicos para a nossa geração. Entre diversos fatos, cenários e um Golpe de Estado, gostaria de esclarecer que o presente texto não se esgota nas poucas reflexões dos seus parágrafos. Este artigo pretende aprofundar sobre um diálogo fraterno entre as massas, o Looping e a vanguarda política da esquerda brasileira e latino americana.

São tempos de cem anos da morte de Rosa Luxemburgo, um ano sem Marielle Franco. Tempos em que metade do ano se deu como prisão e os demais meses como liberdade, ainda que temporária, mas com a liberdade do ex presidente Lula. São tempos de centenas de atos em diversas cidades brasileiras contra os ataques no mundo do trabalho e nos direitos sociais.

Tempo de resistência ao modelo fascista imposto pelo governo federal, comandado pelo presidente Jair Bolsonaro que através de um golpe chega ao poder. Este governo se constitui conjunto às igrejas neo pentecostais, empresariado, imprensa, judiciário, latifundiários e com as milícias. Um equilíbrio de forças que se traduz na ascensão do neoliberalismo e o neoconservadorismo no país.

São tempos também para refletir até quando vamos ignorar a realidade social vivenciada pela população pobre. Não que as vanguardas da esquerda brasileira não se importem com a pobreza, mas antes disso. Qual a percepção de revolução que temos dialogado com a sociedade, quem são os atores políticos deste cenário posto? O que o Marx chamaria de Lopping do Proletariado poderia ser considerado?

Nos últimos meses deste ano, como exemplo o filme Coringa e sua proximidade com os personagens do esquadrão suicida da DC Comics reforçam um debate na sociedade, em especial aos mais jovens. Através do cinema como expressão artística, as frustrações, sofrimento mental derivada da violência capitalista nos levarão sem dúvidas à barbárie. Não há mudança mais objetiva do que a força se coloca. Como Lênin nos convida à poesia, nas noites mais escuras se mostram mais brilhantes as estrelas.

Porém, no centenário de Rosa Luxemburgo, a importância de pensar o papel das massas e da vanguarda se faz a cada dia mais necessário. As nossas direções políticas da esquerda brasileira e latino americana tem condições de propor a direção apenas com as massas que hoje se alinham politicamente? Quem falta nesta construção? Até quando vamos deixar de lado setores criminalizados como aqueles que se realinham entre a sobrevivência dos presídios, a resistência a ordem jurídica posta.

O que se configura como Looping do proletariado isoladamente não consegue fazer a revolução, dará voltas dentro de si. Mas se houver a direção? Quem tem a possibilidade de contribuir com estes caminhos?

O Lopping do proletariado é na atual conjuntura capitalista revolucionário apenas por existir, ou melhor resistir. Estar na contramão dos valores morais e religiosos e dar conta de propor atos heroicos em uma sociedade punitivista e proibicionista como a que vivemos na América Latina por si já é revolucionário. O descontentamento com as condições de vida, a frustração social provocada frente as mazelas do capital e a meritocracia desviam boa parcela da classe trabalhadora ao Looping do proletariado.

Arrisco afirmar que toda a classe trabalhadora, de formas diferentes tem a sua contribuição no processo revolucionário, na coragem das armas mesmo sem um entendimento da importância política e da ausência da coragem de propor a continuidade da história da revolta popular, mas compreendendo a importância da direção por uma outra ordem de sociedade.

O que as vanguardas devem compreender que a sociedade é criada dentro da ideologia burguesa, não somos nascidos para ser revolucionários. A nossa capacidade de acreditar na opção de classe e que classe em si e para si é um elemento fundamental para perceber que todas e todos nas relações sociais podem ter um papel estratégico e revolucionário, a direção da história é o seu tempo. Marx nos ensina que a história da humanidade é a história da luta de classes e mulheres e homens fazem as mudanças históricas nas suas condições objetivas.

O que passa para além do código penal brasileiro é a resistência da grande maioria do povo que frustrado socialmente não aceita mais ser humilhado nas condições postas pelo capital, Qual a cor, a origem e o perfil de quem está socialmente criminalizado, condenado ou não?

Se o Looping não tem direção que a vanguarda seja! Se a vanguarda não tem a ousadia que o Looping seja!

É hora de traduzir toda as violências do capital e as reações, por mais diversas amorais que sejam, mas datadas pela classe trabalhadora (inclusive o Looping) como ações possíveis de uma reorganização do poder popular.

A história das lutas sociais no Brasil tem como exemplo o Banditismo no sertão brasileiro, sendo que Maria Bonita, Lampião e diversos atores políticos importantes que se entendiam como bandoleiros, cangaceiros e matreiros foram também exemplo de nossa história. Toda resistência parte da ilegalidade, porque a ordem posta não configurará os cenários de avanço das trabalhadoras e trabalhadores da luta de classes como revolucionários.

Mariguella, à 50 anos atrás foi condenado a pena de morte por ocupar a rádio nacional e construir um alinhamento político entre toda a classe trabalhadora sobre as formas de resistência e luta contra a ditadura civil, empresarial e militar que durou 20 anos no Brasil.

Quem são os bandidos? Somos os bandidos? Somos a revolução e todas e todos temos a sua importância e o seu espaço na construção histórica do poder poder. O medo nos serve de fomento para ousadia e coragem, inclusive de possibilitar a escrita para a leitura deste texto. A América Latina sangra e resiste e não haverá justiça, paz e liberdade enquanto nosso território servir de quintal para o imperialismo sem resistência.

Povo latino-americano, e todos os povos, uni-vos!
Leonardo Koury
Belo Horizonte - MG

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Uma linha imaginária que liga sonhos à realidade


Não se preocupe com a distância entre os seus sonhos e a realidade. Preocupe-se com a constância em que coloca em pratica as suas ideias!!! (Fabian Baldovino) #mindset
Sonhos, fantasias, utopias, crenças, ilusões, paixões, amor e tantas outras subjeções que habitam nossas cabeças e nossos corações e quem sabe sejam elas que acabam alimentando a nossa própria razão de viver. Quando uma pessoa para de sonhar ou de amar está morta para a vida e quem morre para a vida morre também para si próprio.

O objetivo dessa prosa em final de ano é caminhar por veredas onde a construção dos sonhos, das fantasias e das utopias se dá. Onde se busca o alimento necessário para se acreditar no ato de viver e no de amar. O amor que é a última instância da nossa sensibilidade, onde habita o ser, o ter e o viver. Onde se produz expectativas abstratas e onde nossa imaginação anda muito mais rápido que a velocidade do ar. O mesmo ar que respiramos e que nos dá vida, que às vezes o dividimos com alguém para que forme um par. Um ciclo que faz o coração bater mais forte com a possibilidade da realização do que se sonha e se entristecer quando tudo não passa de uma bela ilusão.

Às vezes nos deparamos com pessoas tão certinhas em termos de projeto de vida, que até imaginamos que elas tenham saído das histórias em quadrinhos diante da realidade de cada um de nós e isso, primeiro nos assusta pela comparação e segundo nos remete a fazermos uma reflexão para se saber o que foi, o que é ou o que ainda poderá ser em termos de vida, mesmo que dependamos da sorte, da junção de acertos, do bom uso do tempo, para que alguma coisa extraordinária ocorra, além da possibilidade de que nada ocorra em contrário e torcermos para que estejamos aqui para comemorarmos as vitórias e conquistas obtidas. Algo exclusivamente ligado ao destino e ao acaso. A vida é apenas um sopro que não temos o menos controle.

Em regras gerais, algumas dessas pessoas certinhas foram mais eficazes na busca dos melhores resultados, das melhores práticas e souberam se planejar para o tempo vindouro. Enquanto isso quem está muito distante dessa realidade sente os dias de vida fugirem das mãos e uma sensação de derrota logo aparece para questionar se ainda dá tempo ou não. Aí vêm os sonhos e as utopias nos dizendo que enquanto há vida há esperanças e reais condições de acontecer. O que não se pode é desistir.

Em profunda reflexão me vem sempre à cabeça a conversa que tive com Paulo Freire em 1989, que ele fechou dizendo: “Nunca esqueça que somos seres movidos por sonhos, que temos que alimentá-los todos os dias para que não morram e quem move os sonhos são as nossas utopias, que se constituem numa longa caminhada de crenças rumo ao futuro e à nossa própria história de vida”.

Por um lado caminhamos pelos nossos pensamentos sem certeza alguma. Buscando às vezes o que nem imaginamos existir, mas por outro, acreditamos nos sonhos e nos alimentamos deles como se tivéssemos bem perto de suas realizações e é isso que nos faz continuarmos caminhando. Dormimos no hoje e acordamos no amanhã. Uma passagem simbólica que junta num curto espaço de tempo passado, presente e futuro.

Um intervalo no tempo onde uma viagem interior acontece através dos sonhos, sem termos o mínimo de controle sobre ela e sobre eles. Quando acordamos lembramos apenas de uma pequena parcela desses sonhos, ou às vezes nenhum deles. Quem sabe as respostas para a maioria das nossas perguntas estejam naqueles sonhos que se perderam no sono profundo e sobra apenas a vontade de que essas respostas do que almejamos possam estar no próximo sonho que tivermos e lembrarmos.

Mais um final de ano se aproxima e nosso imaginário é levado a construir sonhos para o novo ano. Algo inerente aos seres humanos que ainda conseguem sonhar.

Um momento onde mente e coração andam de mãos dadas comemorando o que se conquistou até o momento e um nutrindo o outro para que novas coisas boas possam dar o ar da graça no ano que se aproxima. Precisamos entender apenas que coisas novas só poderão acontecer em nossas vidas se nos dispusermos a fazer coisas novas.

Que nunca paremos de sonhar. Que sejamos alimento para novos sonhos. Que sejamos refúgio para quem nos procura, luz para quem nos segue e amor para quem enxerga em nós uma nova forma de amar. Boa caminhada para todos e todas rumo ao que se sonha...

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

E se...


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Quem sabe que por falta de assunto ou ainda para não repetir o mantra de que estamos em pleno caos, que esse caos nos invade e com muito pouca perspectiva de mudanças em curto prazo, mesmo para quem tem uma causa para lutar, trago para reflexão um fragmento nas nossas inquietudes, que requer um olhar atencioso no passado e um pensar mais profundo do que possa ser feito de diferente no presente de nossas vidas. Um olhar para o que já foi, para o que é e para o que gostaríamos que fosse ao amanhã, mesmo em dias nublados, mas sempre esperando que o melhor ainda está por vir.

Um tema que nos leve a refletir e fazer um exame de consciência, para ajustarmos o foco do presente mirando nossos sonhos e utopias futuras.

E se... Tivéssemos o poder de voltarmos ao passado da nossa existência, ao ocorrido ontem, ao dia anterior, ou ainda há minutos atrás, seja em que passado e tempo forem, o que faríamos de diferente? O que mudaríamos em nossas decisões ou em algo que fizemos e nos arrependemos em fazer? O que o ocorrido de forma diferente poderia ter mudado em nossas vidas? O que desagradou ou feriu alguém, teria conserto? Ainda é possível ser feito?

Enfim, o que pretendo chamar a atenção nessa complexa temática, é que passado, presente e futuro estão sempre na pauta das nossas decisões e às vezes por distração ou mesmo por certa arrogância, nem nos damos conta e quando acordamos já nem dá mais tempo do que poderia ter sido feito...

Vale lembrar que muitas das nossas decisões e atitudes ocorrem em muitos casos apenas para justificarmos o nada ou enfatizarmos para outras pessoas que somos assim ou somos assados e nada acrescentam de valor em nossas vidas. É quando o senso de liberdade que achamos ter ultrapassa a barreira do bom senso e acaba como um troféu de coisa alguma...

Uma pesquisa feita com essa dimensão, por certo revelaria que cada pessoa teria uma história para contar de algo que se arrependeu em fazer ou que faria de forma diferente, que não foi feito por falta de atitude, ou quem sabe de alguma atitude tomada que mudou o ciclo natural da vida. Algo que requer apenas uma reflexão para que se possa fazer de forma diferente no presente, mas jamais para ficar preso na bolha do tempo venerando o passado. O que foi se foi...

Algo é certo! Tudo isso nos mostra de forma muito clara que somos seres frágeis perante a vida, pois nem podemos mudar o passado, tampouco temos qualquer controle sobre o futuro e assim só nos cabe um olhar com muita atenção para o presente, para que o amanhã seja perto do que gostaríamos que fosse. Que tal cuidarmos com carinho do que temos para o momento?

Certa vez conversando com uma pessoa sábia ela me disse que como humanos que somos nunca devemos dar o ar de que sabemos tudo, pois na imensidão da vida sabemos muito pouco e quando sabemos ou não damos a importância devida ou não sabemos o que fazer com o que temos em mãos, em nossas cabeças e principalmente em nossos corações e por isso muita coisa se perde no vácuo das nossas indecisões ou indefinições. Quando menos se espera o tempo trouxe e o tempo levou de volta. Quem sabe isso ocorra por apenas usarmos dez por cento do nosso cérebro e as nossas certezas estarem em algum lugar dos noventa por cento que desconhecemos.

Estamos diante de um final de ano que se bem analisado temos que dar Graças por termos sobrevivido e temos que comemorar a vida, tamanha a estupidez de tudo que aconteceu. Perdemos pessoas para a morte, mas também algumas delas pelas escolhas que fizeram e nos separou em vida. 

E se tudo tivesse sido diferente? E se tivéssemos sido mais tolerantes? E se o acaso não tivesse intervido ao que imaginávamos ser o destino? E se a vida não tivesse dado uma curva que nos colocou em plena encruzilhada?

O que passou não volta mais e nem deve ser visto como algo tão relevante, pois o relevante mesmo é termos acordado hoje, ouvido uma música que alguém por descuido nos mandou e imaginarmos que tudo pode ser diferente e que as nossas decisões estão no livre arbítrio do que ainda podemos ser.

Que venham as festas, que venham os sonhos, que venha a vontade de viver. Que venham os momentos de celebração de todas as utopias que nos fazem existir e caminhar, mas que venham principalmente nossos cuidados e atenção com a arte de amar, porque amar é viver e viver é amar.

Salve o ontem da nossa existência por tudo que tivemos. Salve o hoje com o que conquistamos e está em nossas mãos e salve o amanhã que é onde deixaremos nossas histórias espetadas na árvore da vida.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

terça-feira, 5 de novembro de 2019

O tempo e Suas Faces


Tic-tac é o som do relógio marcando o tempo. Eu particularmente gosto de pensar no tempo não cronológico e sim filosófico. E é partindo daí que quero começar minha reflexão.
Quando penso no tempo, me arremeto as fases da lua, ao nascer e o pôr do sol, a chegada e o findar das quatro estações, do processo de polinização das flores do meu jardim e também pelo fim dos ciclos de evolução da minha vida. Sim, ciclos de evolução, porque hoje entendo que tudo que vivenciamos é um processo evolutivo quanto individuo, depende só de nós a forma que usaremos as lições que a vida e as nossas escolhas nos traz, eu sei, é mais fácil se vitimizar, tomar uma situação como certeira, pra justificar seu medo de tentar novamente, eu sei, já fiz muito isso. Mas hoje não mais.
Ah o tempo e suas tantas subjetividades, para uns é inimigo, este tempo que não me permite fazer mais, dormir mais, sair mais, dançar mais, comer mais, amar mais, brincar mais, estudar mais, e mais e mais e mais. Pra outros é cômodo, meu tempo já passou, não preciso mais correr, foi o tempo. Pra uns é esperançoso, um dia vou fazer, chegará meu tempo, quem sabe um dia. Já pra outros é imediato, se for tem que ser agora, não deixe pra amanhã o que se pode fazer hoje, só se for agora.
E o que todos esses olhares tem de errado? Nada. Absolutamente nada, pois cada um tem seu TEMPO!
É fácil eu olhar para as situações do outro e pré-julgar a partir da minha percepção, da minha construção de vida, do meu olhar, difícil é entender que cada um tem suas próprias construções, esta é uma ótima oportunidade de colocar em pratica a empatia.
Eu, decidi escrever meu primeiro texto aqui no blog com este tema, porque o tempo tem feito muito sentido na minha vida, na minha construção e evolução, eu já o vi como inimigo, já o tratei ilusoriamente apenas como futuro, mas hoje, eu o vejo como aliado, o meu tempo me permite viver, sentir, querer mais, ter intensidade e verdade em tudo que me proponho a fazer, a não ter medo das consequências que virão das minhas escolhas, porque eu vivenciei e explorei. Que bom seria se nas nossas relações as pessoas estivessem no mesmo tempo que a gente, seria tudo mais fácil né?
Não me permito viver com medo por conta de possibilidades que nem sei se acontecerão, num futuro que espero que chegue, mas que nem posso garantir, tenho um presente nas mãos e o que fazer com ele? Não escolho anular meu presente em função do futuro, ambos devem caminhar leves, em paz um com o outro, sem que eu precise me neutralizar.
O tempo é o que você quer que ele seja, você escolhe suas prioridades, suas necessidades, só não esqueça, não dê tempo ao tempo, porque ele não precisa disto, nem você.

Débora Machado
Psicóloga e Pesquisadora Científica

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Viver entre a Emoção e a Razão

Escrever num blog tem algo de fascinante, principalmente pelo fato de termos a liberdade de escolhermos o tema que quisermos e não ter que passar por nenhum julgamento, seja literário ou político-ideológico, restando apenas uma prestação de serviço de qualidade aos leitores e leitoras que acompanham essa aventura literária desde 2013.

O tema escolhido de hoje é um caminhar por essa dualidade de sentimentos, tão distintos e tão antagônicos, que compõem as nossas vidas. Viver entre a Emoção e a Razão é, antes de tudo, algo que nos desafia em busca de equilíbrio.

Enxergo a Emoção e a Razão como dois lados de uma mesma moeda, que convivem com os seres humanos e tomam assento onde forem chamadas, porém de comportamentos e resultados completamente diferentes uma da outra, que faz com que identifiquemos cada ser humano, a partir do tratamento que se dá entre uma e outra.

Enquanto a Emoção nos joga no centro do universo de todas as emoções e a partir dele sentimos diretamente todos os efeitos do sol, da chuva, do sereno, do frio, do calor e principalmente dos efeitos do silêncio, além da entrega emocional ser intensa; a razão por sua vez tangencia tudo isso a partir da sua capacidade de enxergar a linha do horizonte, vista de cima e se antecipar a qualquer tempestade. Enquanto a Emoção nos bambeiam, a Razão sobe no telhado só para provar que não depende de nada para existir.

A Razão nos ensina o desapego, que do ponto de vista emocional é tudo que se precisa para deixar a vida nos levar, sem a preocupação do que venha a nos seguir ou nos habitar. Por outro lado a Emoção nos empurra ladeira abaixo e em muitas situações precisamos de uma mão invisível que não nos deixe cair. A Razão é fogo que queima quem se aproxima e a Emoção é chuva e tempestade, que requer um lugar seguro para não sermos arrastados e arrastadas pela correnteza.

Há quem diga que a Razão mora no alto de uma colina só para ter o controle da natureza, evitando atropelos e descendo do morro, apenas quando lhe dá na telha. Por outro lado, dizem que a Emoção mora numa casinha colorida, onde a felicidade habita, porém, sempre preocupada com a enxurrada em tempos de tempestade, que ponha abaixo a construção que levou anos para ficar pronta.

Como avaliar o que nos faz mais bem? Como enxergar se há tempos distintos para que uma ou outra conviva com nosso bem-estar? Como saber a melhor hora para usarmos a Emoção e qual a hora de chamar a Razão?

Prefiro fazer isso cantando para uma sereia que me desafia, antes de eu ser induzido por ela a entrar na água, sem saber nadar e sucumbir como nas lendas que crescemos ouvindo. Meu canto surge como uma defesa nos momentos mais inusitados e ancora naquela canto onde tudo começou.

De onde vem a minha segurança? Vem dos tempos vividos, das emoções que sempre transbordaram em minha vida e da vontade de voltar naquela noite estrelada que ficou na história, vencendo todos os medos e me apegando apenas na possibilidade de andar em plena escuridão de mãos dadas com uma fada madrinha que saiu das histórias em quadrinho e me fez companhia. Parece loucura não é? Aprendi nas curvas da vida que todo mundo que é sadio ou sadia necessita de uma alta dose de loucura para deixar que a Emoção venha por onde a Razão nem desconfia.

É muito bom ter várias histórias para contar, pois isso alimenta nosso ego e descreve, passo a passo várias etapas das nossas vidas, mas muito melhor é estar de corpo e alma dentro de uma lenda e escrever todos os dias um novo capítulo do que ainda nem desconfiamos como será o desfecho. Ao permitir que a vida siga conosco no comando, vamos assistindo um grande duelo diário entre nossas emoções e a nossa razão, onde no final sobreviverá quem nos der o maior tempo de prazer que possamos ter.

Do ponto de vista particular, sou muito mais emoção que razão e isso me faz um ser dramático em tantas horas, e outro extremamente apaixonado pelo ato de viver.

Ser Emoção é viver se equilibrando entre o topo e a base, entre o riso frouxo e o choro contigo, mas de uma emoção sem igual quando a chuva passa e aparece no alto um arco-íris a ser contemplado. Só aí que podemos avaliar que a emoção entra pelo coração e invade alma a dentro, fazendo com que tudo valha a pena. Só assim descobrimos que quem vive de amor se banha naquela fonte ocupada por uma lenda que diz que amor foi dormir muito pobre e a noite sonhou que tinha ficado rico. Ao acordar deu de cara com um vasto jardim e pessoas apaixonadas colhendo flores para seus amores.

Bem-vinda a dose de Razão necessária para que a Emoção não tome conta do meu ser.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

M U L H E R



Arlete Rogoginski *
Essa linda criatura
Que ao mundo Deus mandou
Tem poder de dar a vida
Imitando o criador

Essa força criadora
Por todos chamada mulher
Tem a força de uma fera
E encara o que vier

Pelo filho faz de tudo
Dá a vida, se preciso
Chora, ri, cai e levanta
Padece no paraíso

Quando o filho adoece
É ela quem mais sofre
Passa noites sem dormir
Com bênçãos o filho cobre

Sofre muito vida afora
Machismo, preconceito, humilhação
Às vezes pensa que essa angústia
Não terá uma solução

Se é negra, pobre e analfabeta
Essa angústia ainda é maior
Pois a fome e a miséria
É o que enxerga ao seu redor

Mas mulher enfrenta tudo
Da dor do parto à velhice
Leva acalento a todo canto
E encanta com sua meiguice

Aos homens dou um recado:
A mulher não trates mal
Pois nascestes de uma delas
Sem mulher não há natal

Sem mulher não há beleza
Nem carinho ou harmonia
A mulher que traz a vida
Com amor e valentia

E ela é responsável
Por muitas transformações
Pois lutou em toda a história
Fazendo as revoluções

Às mulheres deste mundo
Tenhamos amor e gratidão
Pois como disse o papa Francisco:
Pelas coisas da criação
É a mulher a criatura
Com mais sensibilidade;
Diferente dos homens
Tem um olhar mais profundo
Sem a presença da mulher
Não haveria harmonia no mundo!
Arlete Rogoginski
Formada em História e Gestão Pública
Diretora do SINDIJUS - PR

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Que o vento leve o que não for leve...


Resultado de imagem para que o vento leve o que não for leve
Quando me atrevo a escrever sobre a essência humana, me vem à memória o Samba da Benção de Vinícius de Moraes, que num dos versos diz: "Mas para fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não". Nessa mesma linha, para se escrever um texto com pureza é preciso um bocado de sentimentos, misturados com uma certa inquietação, para que o que se escreva venha do coração.

Vivemos tempos pesados, com uma estranha apatia pela extrema maioria da população. Uns e umas por pura conivência com a atual situação e outra parte, como na música do Zé Geraldo, tudo isso acontecendo e eles e elas na praça dando milhos aos pombos. Faz-se necessário uma forte ventania que varra toda erva daninha que foi plantada, de propósito, em meio aos roçados que estavam em plena produção, quem sabe que por maldade, para que nem os pássaros possam se alimentar.

Ao me reportar ao vento penso em duas situações bem distintas. Primeiro que vento e tempestade estão intimamente ligados e toda tempestade nos deixa em tensão e de alerta e necessita de um lugar seguro até ela passar e segundo que vento me lembra também que necessitamos dele, sem ventanias, para que as pipas continuem no ar.

Minha relação com uma pipa sempre foi das melhores. Uma brincadeira leve do ato de viver. Um desafio constante para aprender a empiná-la e permanecê-la no ar. Algo que me remete ao passado com tantos momentos felizes e de pura distração. Pipar é um dos melhores momentos que uma pessoa possa viver. Pipar é o remédio para tantos aborrecimentos da vida. Ah se eu pudesse pipar exatamente agora...

Como não tem pipa agora, fecho os olhos e logo me imagino em pleno voo, como uma pipa, pelos ares dos meus pensamentos. Uma gostosa viagem de emoção e equilíbrio. Paro para tomar fôlego e conseguir ir muito mais além, que é o principal objetivo, sendo que de vez enquanto aparece um obstáculo intruso no caminho sem nenhum sinal e tenho que desviar em tempo, com todo cuidado para não cair de uma altura que eu não dê conta. Um momento de reflexão, onde metáfora e vida real se fundem num só pensamento e nas diversas possibilidades que a vida nos dá e nos remete a pensar.

Em voo, observo a cidade em movimento. Pessoas transitam de um lado para o outro sem se olharem ou se cumprimentarem. Sinto vontade de descer e de intervir naquela situação, mas observo que uma grande parte delas trava uma luta desenfreada individual por algum tipo de poder e quando consegue seu objetivo não sabe o que fazer com ele. Por outro lado muita gente unida e de mãos dadas em busca da terra prometida.

Ao descer, chego à conclusão que as tensões do dia a dia vem sem a gente esperar. Dias nublados com frio intenso na alma. Coisa que nem mesmo uma pilha de cobertores aqueceria. Algo que vem no vento e no vento mesmo será despachado. Vivemos tensões as vezes que não são nossas, mas nos afetam pela solidariedade e pela convivência.

Existe nas entrelinhas de cada análise que fazemos de alguém e em especial daquelas pessoas que não conhecemos ao todo, apenas o que elas permitem que enxerguemos, suas verdades expostas, histórias de vida e culturas desconhecidas. As vezes exercemos um julgamento, porém sem nem sonharmos o que possa habitar nos corações das pessoas em julgamento, pois coração é terra que ninguém anda, além da própria pessoa. 

Em resumo, a vida é um eterno aprendizado. Passamos por altos e baixos, a partir das nossas escolhas. Sofremos e vibramos as vezes calados por não ter com quem dividir nossas emoções e em cada análise mostramos o quanto somos afetados por nossa cultura machista, por nossos preconceitos, por nosso senso de liberdade equivocado, que as vezes existe apenas para justificar determinada situação e por nossa forma de ser, que achamos ser a mais politicamente correta do universo.

Esquecemos ao justificar nossas ações que somos seres em constante transformação, em processo de busca de identidade permanente e porque não dizer, seres inacabados. Ninguém é o que parece ser e sim o que de fato é. Isso nos remete a necessidade de diálogos permanentes, de interação e de busca do conhecimento do universo onde a pessoa habita. Quem somos de fato cada um de nós? Será que nós mesmo nos conhecemos?

E o que falar da felicidade? Particularmente trato o senso de felicidade, a partir de referenciais e não de forma individual e isolada, porque isso não existe. Minha felicidade existe porque o entorno onde habito como ser humano e tudo o que me envolve me leva a um estado de espírito que se traduz em momentos felizes. Algo, no meu caso, que nasce e se fortalece com a filosofia central de Ubuntu: “Sou porque somos”. Esse, no meu entendimento é a razão central da nossa existência e de qualquer relacionamento que se preze.

Nesse mesmo contexto estão os julgamentos que fazemos das pessoas, ou de determinada pessoa. Mesmo com toda capacidade política de entendimento da realidade social que nos cercam, quando julgamos alguém usamos esteriótipos do mundo capitalista e dos diversos desvios da sociedade. O ter versus o ser. O querer exemplificar por conquistas individuais ou julgar fazendo comparações com outras pessoas do mesmo sexo ou da mesma idade. Seja lá por que for, no meu entendimento não há julgamentos sem isenção.

A partir dessa leitura de vida a grande pergunta que fica é: o que fazer para sermos convincentes enquanto seres que amam, que sofrem e que se alimentam do prazer de ver as pessoas felizes com suas conquistas?

Creio que a resposta para essa e outras perguntas que necessitamos fazer, fica subentendido nas entrelinhas das canções que cantamos para quem queremos bem, nos gestos que acenarmos para a vida e no grau de sintonia que estabelecemos com quem queremos nos comunicar. Porém, uma coisa é certa, se não houver comunicação clara entre quem emite e quem recebe e vice-versa, não há relacionamentos, tampouco revolução.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O tempo da comunicação e a falta de tempo para se comunicar...


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Quem somos? O que queremos para o amanhã? Quem estará conosco nessa viagem? Que momentos ainda serão eternos em nossa caminhada? Como fazer com que tudo tenha sentido? De onde vem a emoção e a razão que habitam em nós? O problema está nas diversas formas de comunicação ou na falta dela?

A forma como as pessoas se comunicam na atualidade ou não, acaba sendo um grande problema, tanto corporativo, como principalmente pessoal. O que fazer com tanta informação? O que se procura? O que isso afeta as diversas formas de relacionamento?

Olhando para o extenso cardápio de opções disponíveis de comunicação fico pensando como a minha geração sobreviveu sem nada disso, a começar pela TV que era para poucos, passando pelo telefone que a linha custava um absurdo, sem internet, sem celular e tantas outras ferramentas que hoje são triviais. Imagine no tempo das cavernas até o pombo correio, que evolução. Uma dúvida da atualidade é se as redes sociais são instrumentos que aproximam ou distanciam os casais? Como resolver essa equação?

Na atual vida moderna estamos cercados por todos os tipos de ondas, onde as eletromagnéticas comandam grande parte das nossas vidas, nos prendem a atenção e nos jogam a responsabilidade da escolha do universo a interagir. 

Uma longa caminhada onde a atenção maior fica para o infinito que as redes sociais oferecem. Uma extensa variedade de notícias, uma relação diária com centenas de pessoas próximas e situações bem ou mal resolvidas que podem comandar o nosso dia a dia, o nosso querer e a nossa forma de se comunicar ou não, principalmente com quem está próximo de nós. Algo que pode ser tudo ou nada. Depende da análise e do tipo de enfrentamento de cada situação.

Apesar de estarmos em plena era da comunicação e do conhecimento, a impressão que se dá é a de que a maioria das pessoas que usa as redes não se comunica, apenas transitam por elas e por todo acervo disponível, não gerando novos conhecimentos.

Quem sabe ainda estejamos enfiados numa das maiores crises de identidade que já se viveu. Algo que afeta seres humanos das diversas camadas sociais, de todos os credos, de todas as idades adultas e de todos as matrizes ideológicas e partidárias. Uma crise pelo modo de viver e em busca de portas que apontem saídas. Uma crise que se inicia pela intervenção das diversas mídias na disputa pelo público e deságua na vida pessoal de muita gente. Muitos e muitas confundindo muitas coisas e acabam em nada.

O resultado de tudo isso é uma sociedade dividida pelos seus valores, pela questão religiosa, pela questão ideológica, mas também pelas diversas formas de relacionamento e busca de prazer, que nem Freud seria capaz de explicar alguns comportamentos atuais.

Mudou-se ao longo do tempo a forma de convivência, de relacionamentos e porque não dizer as diversas formas de amar. Radicalizando diria até que o amor está em crise também, pois as pessoas não sabem mais o que buscar em nome de diversos sentimentos que não podem ser confundidos com o amor.

Além de tudo isso, as pessoas são avaliadas pelo que tem, pelo que mostram ter e pela diversão fácil em detrimento de milhares de outras pessoas que sonham apenas em viver.

A minha inquietação vem com o tempo. O tempo de escuta. O tempo da vontade que se confunde com o tempo da espera. O tempo do querer que se digladia com o tempo do poder. O tempo do plantio que aguarda ansioso pelo tempo da colheita, mas e se a chuva não chegar? Logo a chuva que tem o poder de destruir em alguns casos e salva milhares de vidas de outro

As inquietações fazem com que algo se mova dentro de mim. Razão e emoção disputam cada momento. Meu canto procura um canto para ser sempre ouvido e se alegra quando tem destino certo, porém a comunicação, essa musa do século XXI, em muitos momentos se torna uma densa barreira que divide os mundos. Em que mundo será que estamos?

Como filho do sol espero sempre a chuva chegar, mas não posso esquecer a realidade da seca. Rezo pedindo chuva, mas minhas orações nem sempre são ouvidas. Sinal que ainda preciso de muita fé ou meu merecimento anda muito curto. Hoje apostei no tempo que a chuva ia chegar e ela chegou e bem de mansinho molhou toda plantação. Quem sabe isso seja a minha nordestinidade (se não tem acabei de inventar), que está aguçada.

Hoje para comemorar tudo isso ainda tem a noite, com suas estrelas, uma lua por companhia e a vontade que a minha voz chegue sempre ao infinito do céu estrelado, que ecoe até aquela estrela e que por um minuto ela se desloque como uma estrela cadente em minha direção. Será que isso é querer demais?

Na dúvida vou esperar o sol nascer e com ele a esperança de um lindo dia e fazer tudo de novo em busca da chuva e se por ventura ela chegar novamente, vou me banhar num banho de chuva, sem pressa, em pleno quintal, só para sentir o gostinho dessa aventura do passado.

Que infinita seja a minha fé. Que paciente seja a espera do que ainda poderá vir e diante de tantas paisagens diversas e vontades infinitas, aguardo pacientemente a calmaria, depois da chuva para pintar o melhor cenário que eu puder gerar, mesmo que seja apenas para colorir o meu quarto, mas quem sabe um arco-íris não dê o ar da graça…

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


terça-feira, 1 de outubro de 2019

Ser ou estar feliz... Eis a questão...


Vida, bem estar , mensagens: É preciso pouco

A felicidade existe? Ou é apenas uma ilusão passageira? O que é a felicidade então? Porque algumas pessoas têm tanta dificuldade de se declararem felizes? Serão traumas passados?

Como a pretensão deste texto não é discutir do ponto de vista filosófico o conceito de felicidade, pois se assim fosse teríamos que recorrer a vários filósofos, tais como: Tales de Mileto, de onde vem a primeira citação, Demócrito de Abdera, Sócrates, Antístenes, Platão, Aristóteles, entre outros e sim transitar em seu universo a partir de algumas reações e percepções humanas, trago apenas algumas divagações sobre a tal felicidade e o ato de se considerar feliz.

Começo afirmando que essa é uma daquelas temáticas que ao não se pensar no assunto nada é nem nunca será, mas ao se concentrar em sua dimensão é capaz de gerar conteúdo para um romance literário, tamanha é a complexidade do que seja ser ou estar feliz. O próprio ato de negar a felicidade em situações pontuais, é uma forma de não se comprometer com ela ou com alguém que imagina ser o objeto da possível felicidade em questão. Algo silenciosamente penalizante.

Há quem diga que a felicidade seja um pulsar desordenado no peito, daqueles com gostinho de quero mais, ou ainda uma sensação de alegria num momento de reflexão, que as vezes não de sabe explicar de onde veio, por quanto tempo fará companhia e em que momento nos deixará sem aviso prévio. O mais incrível é que para quem eu pergunto, sempre me diz que a felicidade tem nome, cor, cheiro e até gosto. Algo que sempre brinco dizendo que se for tudo isso eu também quero e sempre.

Da minha parte fica o convite: “Felicidade esteja à vontade para me fazer companhia pelo tempo que quiser. Seja bem-vinda e pode entrar que a casa é sua”. Ando mesmo precisando de pequenas doses de felicidade, acompanhada por uma doce ilusão de que veio para ficar. Por enquanto vou degustando cada momento bom que a vida me conceder e acreditando que o melhor ainda está por vir. Não por acaso também chamarei esses momentos, assim que forem acontecendo, de felicidade.

Quem sabe a felicidade seja um processo de catarse para purificar alguns momentos ruins que a vida sempre nos põe à nossa frente e se não nos atermos e nos prevenir sucumbimos com eles. As vezes penso que a felicidade necessita ser provocada para que aconteça. Algo leve e suave como sentir a doce sensação que nos dá ao ganhar um presente desejado sem esperar. Ou alguém por descuido da vida ou por acaso, nos fizer uma surpresa daquelas que jamais imaginávamos.

Que tal imaginar a felicidade como um passeio pelo passado, que se mistura à vida presente propondo novos ares para um amanhã ainda melhor, mesmo que para algumas pessoas, por baixo dos tapetes da vida ainda exista muito pó acumulado de fragmentos e situações mal resolvidas e se de fato for isso, seria de bom grado ler Catherine Ponder em “As leis dinâmicas da prosperidade”, principalmente buscando a Lei do Vácuo, onde ela afirma que ou fechamos as diversas portas abertas ou semiabertas das nossas vidas, ou não conseguimos sequer pensar em felicidade.

Uma coisa é certa. Faz-se necessário uma alta dose de convicção para querer ser ou estar feliz numa nova morada e vontade para caiá-la com as cores da felicidade, tendo à frente na caminhada matinal, a um toque no olhar, as diversas moradas do passado, com cores diversas, com jardins floridos convidando a entrar e as lembranças que cada uma delas vai proporcionando. Algo que nos leva a pensar, que não conseguimos estar em dois lugares ao mesmo tempo. Apenas em um deles.

Do ponto de vista pessoal, parto do princípio de que não sei fingir e portanto não consigo negar sentimentos, seja de felicidade ou de tristeza, mesmo que sejam em ações e reações momentâneas a determinadas situações, porque entendo que ao negar eu negaria também minha própria essência. Seja o que for, ajo e reajo de acordo com o momento ou então simplesmente me ponho em estado de observação permanente e recorro a um silêncio necessário que me faz refletir.

Faço sempre uma analogia como as inúmeras viagens que tive o prazer de fazer nos últimos anos. Nelas tento registrar quase tudo. Curto o que o tempo me permite curtir e vou tecendo aos poucos um cenário, há várias mãos, que deixarei para a história. Uma coisa é certa. Depois dessas viagens nunca mesmo serei o mesmo. Sou alguém totalmente analfabeto em termos do exterior, que até gera algumas gozações, mas tenho o prazer de dizer que conheço o Brasil e que fiz amigos e amigas por toda parte. Esse é o meu presente particular.

Em regras gerais defino a felicidade como um estado de espírito, temporário ou permanente pelo tempo que estiver presente. Algo inquieto que nos invade o peito quando chega não por acaso e nos deixa com um enorme vazio quando se vai. Bom mesmo é se declarar feliz, pois essa sensação transborda pelo nosso rosto, respinga no olhar e acaba colorindo a nossa caminhada.

Por fim, creio que a felicidade seja fechar os olhos e deixar fluir os pensamentos numa mente sem pesar e sem remorsos. Um crepúsculo que nos permite sonhar de forma descompromissada anunciando que estar feliz é por si só um ato de amor. Imagine ser feliz. Mesmo que essa sensação dure apenas alguns segundos, mesmo assim, se for algo que venha do coração, trará consigo as mais belas energias ou fantasias que a nossa mente pode alcançar. A isso chamo de felicidade!

Que bom seria se pudéssemos encomendar uma dúzia de "felicidade". Quem sabe para comemorarmos o tudo ou o nada, pois quando se está feliz, sendo ou estando, que diferença isso faz?

Que a felicidade contamine todos e todas que passarem por aqui.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Quando a primavera chegar…

Ricelle Miranda - Cartunista - Brasília - DF

A escolha desse tema aconteceu após eu sonhar, caminhando distraído por entre flores num longo campo de todos os tons e logo à frente uma densa floresta, me convidando para entrar. Acordei tentando entender que mensagens um sonho desse teria a me dar.

Uma cena que me levou de volta ao passado e me fez recordar de alguns medos que eu tinha ao adentrar numa mata que havia bem perto da minha casa. Entre eles, o de tocar sem querer num pé de urtiga, me ferir de forma desavisada no caminho num pé de jurema ou ainda que um pingo de leite de avelóz atingisse a minha vista. Coisas de criança que só descobriu o significado daquela parte da vida, depois de viver com o que veio a seguir. Descobri ao longo do tempo que éramos felizes e nem sabíamos.

Morávamos num sítio da família, com o privilégio de ter todos os dias um café torrado e moído na hora, feito com muito amor e quitutes da Vó Isabel. Uma corajosa velhinha, muito pequenina, mas de uma valentia sem igual, pois em plena década de sessenta teve a coragem de separar do meu avô, quando foi ameaçada de agressão física e nunca mais voltou para a sua casa e passou a morar conosco. Eu me lembro que dormia numa rede e acordava todos os dias, ou com seu chamado insistente ou com o delicioso cheiro de café que ela acabara de fazer. Era assim que começava todos os nossos dias.

Voltar ao passado em momentos felizes, para buscar disposição para os enfrentamentos necessários na construção de um novo amanhã, num país dividido entre quem sonha e quem tem pesadelos ou ainda quem é capaz de cultivar uma flor em plena guerra e quem a destrói apenas pelo prazer de matar. Esse é o momento atual que vivemos.

Vivemos numa época de permanentes dias nublados, de plena escuridão em telas sem cores e de um silêncio ensurdecedor que nos atinge nos momentos de solidão. Coisas que juntas geram um clima de abandono e impotência com a própria vida. Exatamente como eu e milhares de pessoas estamos nos sentindo nesse arremedo de país chamado Brasil. Falido, tomado, sequestrado e invadido por um grupo de justiceiros que resolveram punir tudo que se conquistou em mais de cem anos de lutas e para enfrentá-los, só a união de mãos dadas com as pessoas de bem, muita capacitação e a organização popular, pois nem de justiça dispomos mais.

Para aliviar nossas essências que andam meio desoladas e reprimidas, só sentindo o perfume das flores e caminhando por um jardim imaginário, até a primavera chegar, rumo ao Jardim do Eden. Quem sabe em busca de nossas origens mais primitivas, como se fosse um reencontro com a verdadeira essência humana, onde tudo que desejamos fosse feito apenas por amor e não por mero prazer ou por qualquer conveniência que fosse.

Quando a primavera chegar trará com ela a beleza e o segredo de cada flor, contando de forma sutil a história de cada uma delas e a certeza da esperança de colorir parte do mundo que se encontra sem cor, assim como um brilho natural ao que anda um tanto sem vida. Uma verdadeira revolução silenciosa na natureza, onde cores e perfumes se fundem num cenário propício para uma nova jornada convidando-nos a viver. Um novo cenário com os sonhos e fantasias que ocupam mentes e corações de quem ama a vida.

Algo que nos lembra o prazer de brincar de pipas em dias ensolarados sem ventanias, tomar um banho de cachoeira só para sentir o frescor da água gelada em nossos corpos ou quem sabe degustar pipoca quentinha assistindo em boa companhia bons filmes numa noite de luar e um céu estrelado para completar um momento de felicidade.

A luta diária se confunde com a própria vida. A vida se mistura entre sonhos e fantasias e entre elas o acaso ou destino vai compondo uma canção de ninar para quem ainda acredita na arte de amar e o amor que mesmo de forma escassa vai desafiando os amantes do prazer sem compromissos e os convidando para fazer a vida valer a pena.

Para quem observa a primavera como uma metáfora a ser vivida, existem duas formas de apreciação. Uma dela a partir de um bem cuidado jardim, onde tudo faça sentido, mas que é um privilégio pára apenas um setor da sociedade, e a outra um convite para apreciarmos uma única flor que nasceu de forma desavisada num cantinho de terra, num canto qualquer, mas de beleza igual as todas as outras nascidas e cuidados nos melhores jardins. Um convite para quem tiver sensibilidade para apreciá-la e quem sabe cuidar dela sem a arrancar do pé, até seus últimos dias de vida.

Viver bem é bom em todas as épocas. Sonhar é uma virtude, mas acordar com o pensamento numa determinada flor é o maior presente que a primavera possa nos dar.

Era tão mais fácil se eu fosse um poeta, pois assim teceria essa conversa em forma de poesia, mas como não sou vou terminar esse post recorrendo à primavera e contando as flores que encontrar no caminho para o amanhã.

Que as flores que plantamos ontem e cuidamos com carinho hoje, possam nos dar flores suficientes para nos inspirar a convencer todos aqueles e aquelas que ainda sonham com uma nova sociedade, sem opressores nem oprimidos e sim uma sociedade de iguais, a caminharem conosco para além das nossas imaginações e fazer o que tem que ser feito.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O que é viver por uma causa?

"Luta & Vida Pela Vida"
Ricelle Miranda - Cartunista - Brasília/DF
Criadora da tirinha @monologosconjuntos

Hoje senti vontade de sair um pouquinho da linha das metáforas da vida, que tem sido minha dinâmica nos últimos tempos e voltar um pouco à linha original do blog, que era trazer algumas temáticas para reflexão e a partir delas envolver o maior número de pessoas possíveis em busca de novas reflexões e cumplicidade no enredo tratado. A temática de hoje versará sobre a “Causa”.

O que é uma Causa? O que a alimenta? O que a Causa tem a ver com a missão de vida que cada ser humano traz em seu destino?

Em busca de algum alento diante da grave situação política que estamos vivendo na atualidade, onde a verdade, da forma que a entendemos morreu para muita gente, trago como reflexão alguns referenciais do que seja “Viver por uma Causa”. Algo que pauta as ações, de sonhadores e sonhadoras, no processo de enfrentamento aos desmandos do momento; contra a saga da Casa Grande que pretende aniquilar de vez a Senzala Brasil e nos encoraja para o enfrentamento ao sistema, rumo à construção de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Uma utopia que nos move e que nos faz cultivamos vários sonhos com a possibilidade de um novo amanhã.

Como parte da minha revolta como ser político a tudo que estamos vivendo, usarei nesse texto o termo “Viver por uma causa” em vez de “militar por uma causa”, onde militar poderia ser confundido como algo derivado do militarismo e portanto não faz parte do meu ideário. Não somos soldados a serviço de uma causa e sim pessoas politizadas e organizadas em busca da construção de uma nova sociedade, contra qualquer tipo de injustiça e no resgate da cidadania sequestrada.

Sempre quando penso em formação ou atuação política, penso antes em buscar compreensão do que seja defender e viver por uma causa. Algo que se constitui muito mais abrangente do que atuar por um partido ou por um segmento da sociedade. A meu ver, uma causa poderia ser explicada como sendo um conjunto de valores que define a forma de relação com determinados setores da sociedade e os enfrentamentos ao que se diverge de forma ideológica, alinhado aos princípios que adotamos como regra de conduta em nossa forma de pensar e agir durante nossas vidas. Ficou complexo?

Uma causa representa ainda o alinhamento político-ideológico de quem a defende, que vai se constituindo em sua trajetória de vida e que poderá se caracterizar na razão da existência de quem faz essa opção. No caso de quem luta à esquerda, uma causa é um caso de amor coletivo, onde o que se deseja é a vitória das diversas lutas organizadas pelos direitos básicos, respeito pelas diferenças existentes e principalmente a conquista do que se move em direção à base da pirâmide econômica, no sentido de elevar economicamente as pessoas que são jogadas nessa direção. Assim sendo, não se concilia com quem explora ou com quem defende quem explora a classe trabalhadora.

Com o passar do tempo e a participação em diversas frentes no enfrentamento aos desmandos dos representantes do sistema, fica mais claro entender o que levou milhares de pessoas a doarem suas vidas pelas causas que defendiam e pelos sonhos da criação de uma nova sociedade onde a qualidade de vida para todos e todas fosse algo natural ao invés da luta pela sobrevivência e os direitos individuais constitucionais respeitados. São pessoas que morreram para defender a democracia, a liberdade, a qualidade de vida e a justiça soberana para todos e todas.

Como uma forma de provocação e de levantar a percepção dos participantes dos cursos que faço a abertura em várias partes do país, pergunto sempre se a causa que defendem ou a luta que estão envolvidos vale a própria vida e concluo dizendo: “Caso não valha tem que ser melhor avaliado”, pois o momento político se caracteriza como uma verdadeira guerra pela destruição completa dos direitos, principalmente das pessoas mais necessitadas e sobretudo das que pensam e agem entendendo para onde estamos caminhando. Essas estão sendo perseguidas, banidas e assassinadas.

Do ponto de vista pessoal, tenho uma tese de que viver por uma causa é fazer tudo que a vida nos oferece por amor. É amar de forma incondicional a vida. É brincar de viver, sendo leal com quem nos segue e acreditar no humanismo que nos move, porém isso não nos limita de enfrentarmos os agentes do caos e seus seguidores e seguidoras, que por convicção, alienação ou mesmo por completa ignorância, se aliam a quem usa o poder em benefício próprio e transformam num verdadeiro inferno a vida de milhões de pessoas que passam fome e todos os tipos de necessidades.

Quem sabe o ato de sair do individual para o coletivo, como apontou um dos grupos da Associação de Construção Comunitária Novo Horizonte de São Bernardo do Campo, ao discutir e procurar uma resposta para a metáfora criada por Paulo Freire no final da década de 80, ao responder a minha pergunta, de como tirar o melhor proveito da luta encampada pela nossa entidade por habitação, seja o caminho para a transformação necessária rumo a tão sonhada sociedade a ser criada.

Ao buscar uma finalização para esse texto, se faz necessário que eu diga que a causa que me move ha muito tempo, não foi plantada por alguém por qualquer interesse e sim nasceu das sementes vindas comigo das sertanias da vida como imigrante da cidade de Belo Jardim - PE, regada pela chuva e o frio insistente de São Bernardo do Campo onde viemos parar e cultivada com os enfrentamentos desde cedo contra a discriminação por ser nordestino, pobre e de família muito humilde. Aprendi na prática o que é luta de classe e quem são os agentes da Matrix.

Paulo Freire terminou a nossa conversa que tivemos em 1989 me dizendo: “O que move o ser humano são seus sonhos e o que alimenta esses sonhos é a utopia de sabermos que viemos ao mundo para servir e que podemos exercitar isso na medida em que essa utopia se torna a nossa missão de vida.”. Depois daquela conversa nunca mais fui o mesmo e transformei essa utopia na razão da minha existência.

Aqui estou destino. Faça hoje de mim instrumento das melhores notícias que possam colorir o amanhã e que minha disposição de luta por uma vida digna para todos e todas seja minha eterna companheira junto com as pessoas que quero bem.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


Salve Ricelle Miranda a nova parceira do Blog Gestão Pública Social.