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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Viver entre a Emoção e a Razão

Escrever num blog tem algo de fascinante, principalmente pelo fato de termos a liberdade de escolhermos o tema que quisermos e não ter que passar por nenhum julgamento, seja literário ou político-ideológico, restando apenas uma prestação de serviço de qualidade aos leitores e leitoras que acompanham essa aventura literária desde 2013.

O tema escolhido de hoje é um caminhar por essa dualidade de sentimentos, tão distintos e tão antagônicos, que compõem as nossas vidas. Viver entre a Emoção e a Razão é, antes de tudo, algo que nos desafia em busca de equilíbrio.

Enxergo a Emoção e a Razão como dois lados de uma mesma moeda, que convivem com os seres humanos e tomam assento onde forem chamadas, porém de comportamentos e resultados completamente diferentes uma da outra, que faz com que identifiquemos cada ser humano, a partir do tratamento que se dá entre uma e outra.

Enquanto a Emoção nos joga no centro do universo de todas as emoções e a partir dele sentimos diretamente todos os efeitos do sol, da chuva, do sereno, do frio, do calor e principalmente dos efeitos do silêncio, além da entrega emocional ser intensa; a razão por sua vez tangencia tudo isso a partir da sua capacidade de enxergar a linha do horizonte, vista de cima e se antecipar a qualquer tempestade. Enquanto a Emoção nos bambeiam, a Razão sobe no telhado só para provar que não depende de nada para existir.

A Razão nos ensina o desapego, que do ponto de vista emocional é tudo que se precisa para deixar a vida nos levar, sem a preocupação do que venha a nos seguir ou nos habitar. Por outro lado a Emoção nos empurra ladeira abaixo e em muitas situações precisamos de uma mão invisível que não nos deixe cair. A Razão é fogo que queima quem se aproxima e a Emoção é chuva e tempestade, que requer um lugar seguro para não sermos arrastados e arrastadas pela correnteza.

Há quem diga que a Razão mora no alto de uma colina só para ter o controle da natureza, evitando atropelos e descendo do morro, apenas quando lhe dá na telha. Por outro lado, dizem que a Emoção mora numa casinha colorida, onde a felicidade habita, porém, sempre preocupada com a enxurrada em tempos de tempestade, que ponha abaixo a construção que levou anos para ficar pronta.

Como avaliar o que nos faz mais bem? Como enxergar se há tempos distintos para que uma ou outra conviva com nosso bem-estar? Como saber a melhor hora para usarmos a Emoção e qual a hora de chamar a Razão?

Prefiro fazer isso cantando para uma sereia que me desafia, antes de eu ser induzido por ela a entrar na água, sem saber nadar e sucumbir como nas lendas que crescemos ouvindo. Meu canto surge como uma defesa nos momentos mais inusitados e ancora naquela canto onde tudo começou.

De onde vem a minha segurança? Vem dos tempos vividos, das emoções que sempre transbordaram em minha vida e da vontade de voltar naquela noite estrelada que ficou na história, vencendo todos os medos e me apegando apenas na possibilidade de andar em plena escuridão de mãos dadas com uma fada madrinha que saiu das histórias em quadrinho e me fez companhia. Parece loucura não é? Aprendi nas curvas da vida que todo mundo que é sadio ou sadia necessita de uma alta dose de loucura para deixar que a Emoção venha por onde a Razão nem desconfia.

É muito bom ter várias histórias para contar, pois isso alimenta nosso ego e descreve, passo a passo várias etapas das nossas vidas, mas muito melhor é estar de corpo e alma dentro de uma lenda e escrever todos os dias um novo capítulo do que ainda nem desconfiamos como será o desfecho. Ao permitir que a vida siga conosco no comando, vamos assistindo um grande duelo diário entre nossas emoções e a nossa razão, onde no final sobreviverá quem nos der o maior tempo de prazer que possamos ter.

Do ponto de vista particular, sou muito mais emoção que razão e isso me faz um ser dramático em tantas horas, e outro extremamente apaixonado pelo ato de viver.

Ser Emoção é viver se equilibrando entre o topo e a base, entre o riso frouxo e o choro contigo, mas de uma emoção sem igual quando a chuva passa e aparece no alto um arco-íris a ser contemplado. Só aí que podemos avaliar que a emoção entra pelo coração e invade alma a dentro, fazendo com que tudo valha a pena. Só assim descobrimos que quem vive de amor se banha naquela fonte ocupada por uma lenda que diz que amor foi dormir muito pobre e a noite sonhou que tinha ficado rico. Ao acordar deu de cara com um vasto jardim e pessoas apaixonadas colhendo flores para seus amores.

Bem-vinda a dose de Razão necessária para que a Emoção não tome conta do meu ser.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

M U L H E R



Arlete Rogoginski *
Essa linda criatura
Que ao mundo Deus mandou
Tem poder de dar a vida
Imitando o criador

Essa força criadora
Por todos chamada mulher
Tem a força de uma fera
E encara o que vier

Pelo filho faz de tudo
Dá a vida, se preciso
Chora, ri, cai e levanta
Padece no paraíso

Quando o filho adoece
É ela quem mais sofre
Passa noites sem dormir
Com bênçãos o filho cobre

Sofre muito vida afora
Machismo, preconceito, humilhação
Às vezes pensa que essa angústia
Não terá uma solução

Se é negra, pobre e analfabeta
Essa angústia ainda é maior
Pois a fome e a miséria
É o que enxerga ao seu redor

Mas mulher enfrenta tudo
Da dor do parto à velhice
Leva acalento a todo canto
E encanta com sua meiguice

Aos homens dou um recado:
A mulher não trates mal
Pois nascestes de uma delas
Sem mulher não há natal

Sem mulher não há beleza
Nem carinho ou harmonia
A mulher que traz a vida
Com amor e valentia

E ela é responsável
Por muitas transformações
Pois lutou em toda a história
Fazendo as revoluções

Às mulheres deste mundo
Tenhamos amor e gratidão
Pois como disse o papa Francisco:
Pelas coisas da criação
É a mulher a criatura
Com mais sensibilidade;
Diferente dos homens
Tem um olhar mais profundo
Sem a presença da mulher
Não haveria harmonia no mundo!
Arlete Rogoginski
Formada em História e Gestão Pública
Diretora do SINDIJUS - PR

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Que o vento leve o que não for leve...


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Quando me atrevo a escrever sobre a essência humana, me vem à memória o Samba da Benção de Vinícius de Moraes, que num dos versos diz: "Mas para fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não". Nessa mesma linha, para se escrever um texto com pureza é preciso um bocado de sentimentos, misturados com uma certa inquietação, para que o que se escreva venha do coração.

Vivemos tempos pesados, com uma estranha apatia pela extrema maioria da população. Uns e umas por pura conivência com a atual situação e outra parte, como na música do Zé Geraldo, tudo isso acontecendo e eles e elas na praça dando milhos aos pombos. Faz-se necessário uma forte ventania que varra toda erva daninha que foi plantada, de propósito, em meio aos roçados que estavam em plena produção, quem sabe que por maldade, para que nem os pássaros possam se alimentar.

Ao me reportar ao vento penso em duas situações bem distintas. Primeiro que vento e tempestade estão intimamente ligados e toda tempestade nos deixa em tensão e de alerta e necessita de um lugar seguro até ela passar e segundo que vento me lembra também que necessitamos dele, sem ventanias, para que as pipas continuem no ar.

Minha relação com uma pipa sempre foi das melhores. Uma brincadeira leve do ato de viver. Um desafio constante para aprender a empiná-la e permanecê-la no ar. Algo que me remete ao passado com tantos momentos felizes e de pura distração. Pipar é um dos melhores momentos que uma pessoa possa viver. Pipar é o remédio para tantos aborrecimentos da vida. Ah se eu pudesse pipar exatamente agora...

Como não tem pipa agora, fecho os olhos e logo me imagino em pleno voo, como uma pipa, pelos ares dos meus pensamentos. Uma gostosa viagem de emoção e equilíbrio. Paro para tomar fôlego e conseguir ir muito mais além, que é o principal objetivo, sendo que de vez enquanto aparece um obstáculo intruso no caminho sem nenhum sinal e tenho que desviar em tempo, com todo cuidado para não cair de uma altura que eu não dê conta. Um momento de reflexão, onde metáfora e vida real se fundem num só pensamento e nas diversas possibilidades que a vida nos dá e nos remete a pensar.

Em voo, observo a cidade em movimento. Pessoas transitam de um lado para o outro sem se olharem ou se cumprimentarem. Sinto vontade de descer e de intervir naquela situação, mas observo que uma grande parte delas trava uma luta desenfreada individual por algum tipo de poder e quando consegue seu objetivo não sabe o que fazer com ele. Por outro lado muita gente unida e de mãos dadas em busca da terra prometida.

Ao descer, chego à conclusão que as tensões do dia a dia vem sem a gente esperar. Dias nublados com frio intenso na alma. Coisa que nem mesmo uma pilha de cobertores aqueceria. Algo que vem no vento e no vento mesmo será despachado. Vivemos tensões as vezes que não são nossas, mas nos afetam pela solidariedade e pela convivência.

Existe nas entrelinhas de cada análise que fazemos de alguém e em especial daquelas pessoas que não conhecemos ao todo, apenas o que elas permitem que enxerguemos, suas verdades expostas, histórias de vida e culturas desconhecidas. As vezes exercemos um julgamento, porém sem nem sonharmos o que possa habitar nos corações das pessoas em julgamento, pois coração é terra que ninguém anda, além da própria pessoa. 

Em resumo, a vida é um eterno aprendizado. Passamos por altos e baixos, a partir das nossas escolhas. Sofremos e vibramos as vezes calados por não ter com quem dividir nossas emoções e em cada análise mostramos o quanto somos afetados por nossa cultura machista, por nossos preconceitos, por nosso senso de liberdade equivocado, que as vezes existe apenas para justificar determinada situação e por nossa forma de ser, que achamos ser a mais politicamente correta do universo.

Esquecemos ao justificar nossas ações que somos seres em constante transformação, em processo de busca de identidade permanente e porque não dizer, seres inacabados. Ninguém é o que parece ser e sim o que de fato é. Isso nos remete a necessidade de diálogos permanentes, de interação e de busca do conhecimento do universo onde a pessoa habita. Quem somos de fato cada um de nós? Será que nós mesmo nos conhecemos?

E o que falar da felicidade? Particularmente trato o senso de felicidade, a partir de referenciais e não de forma individual e isolada, porque isso não existe. Minha felicidade existe porque o entorno onde habito como ser humano e tudo o que me envolve me leva a um estado de espírito que se traduz em momentos felizes. Algo, no meu caso, que nasce e se fortalece com a filosofia central de Ubuntu: “Sou porque somos”. Esse, no meu entendimento é a razão central da nossa existência e de qualquer relacionamento que se preze.

Nesse mesmo contexto estão os julgamentos que fazemos das pessoas, ou de determinada pessoa. Mesmo com toda capacidade política de entendimento da realidade social que nos cercam, quando julgamos alguém usamos esteriótipos do mundo capitalista e dos diversos desvios da sociedade. O ter versus o ser. O querer exemplificar por conquistas individuais ou julgar fazendo comparações com outras pessoas do mesmo sexo ou da mesma idade. Seja lá por que for, no meu entendimento não há julgamentos sem isenção.

A partir dessa leitura de vida a grande pergunta que fica é: o que fazer para sermos convincentes enquanto seres que amam, que sofrem e que se alimentam do prazer de ver as pessoas felizes com suas conquistas?

Creio que a resposta para essa e outras perguntas que necessitamos fazer, fica subentendido nas entrelinhas das canções que cantamos para quem queremos bem, nos gestos que acenarmos para a vida e no grau de sintonia que estabelecemos com quem queremos nos comunicar. Porém, uma coisa é certa, se não houver comunicação clara entre quem emite e quem recebe e vice-versa, não há relacionamentos, tampouco revolução.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O tempo da comunicação e a falta de tempo para se comunicar...


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Quem somos? O que queremos para o amanhã? Quem estará conosco nessa viagem? Que momentos ainda serão eternos em nossa caminhada? Como fazer com que tudo tenha sentido? De onde vem a emoção e a razão que habitam em nós? O problema está nas diversas formas de comunicação ou na falta dela?

A forma como as pessoas se comunicam na atualidade ou não, acaba sendo um grande problema, tanto corporativo, como principalmente pessoal. O que fazer com tanta informação? O que se procura? O que isso afeta as diversas formas de relacionamento?

Olhando para o extenso cardápio de opções disponíveis de comunicação fico pensando como a minha geração sobreviveu sem nada disso, a começar pela TV que era para poucos, passando pelo telefone que a linha custava um absurdo, sem internet, sem celular e tantas outras ferramentas que hoje são triviais. Imagine no tempo das cavernas até o pombo correio, que evolução. Uma dúvida da atualidade é se as redes sociais são instrumentos que aproximam ou distanciam os casais? Como resolver essa equação?

Na atual vida moderna estamos cercados por todos os tipos de ondas, onde as eletromagnéticas comandam grande parte das nossas vidas, nos prendem a atenção e nos jogam a responsabilidade da escolha do universo a interagir. 

Uma longa caminhada onde a atenção maior fica para o infinito que as redes sociais oferecem. Uma extensa variedade de notícias, uma relação diária com centenas de pessoas próximas e situações bem ou mal resolvidas que podem comandar o nosso dia a dia, o nosso querer e a nossa forma de se comunicar ou não, principalmente com quem está próximo de nós. Algo que pode ser tudo ou nada. Depende da análise e do tipo de enfrentamento de cada situação.

Apesar de estarmos em plena era da comunicação e do conhecimento, a impressão que se dá é a de que a maioria das pessoas que usa as redes não se comunica, apenas transitam por elas e por todo acervo disponível, não gerando novos conhecimentos.

Quem sabe ainda estejamos enfiados numa das maiores crises de identidade que já se viveu. Algo que afeta seres humanos das diversas camadas sociais, de todos os credos, de todas as idades adultas e de todos as matrizes ideológicas e partidárias. Uma crise pelo modo de viver e em busca de portas que apontem saídas. Uma crise que se inicia pela intervenção das diversas mídias na disputa pelo público e deságua na vida pessoal de muita gente. Muitos e muitas confundindo muitas coisas e acabam em nada.

O resultado de tudo isso é uma sociedade dividida pelos seus valores, pela questão religiosa, pela questão ideológica, mas também pelas diversas formas de relacionamento e busca de prazer, que nem Freud seria capaz de explicar alguns comportamentos atuais.

Mudou-se ao longo do tempo a forma de convivência, de relacionamentos e porque não dizer as diversas formas de amar. Radicalizando diria até que o amor está em crise também, pois as pessoas não sabem mais o que buscar em nome de diversos sentimentos que não podem ser confundidos com o amor.

Além de tudo isso, as pessoas são avaliadas pelo que tem, pelo que mostram ter e pela diversão fácil em detrimento de milhares de outras pessoas que sonham apenas em viver.

A minha inquietação vem com o tempo. O tempo de escuta. O tempo da vontade que se confunde com o tempo da espera. O tempo do querer que se digladia com o tempo do poder. O tempo do plantio que aguarda ansioso pelo tempo da colheita, mas e se a chuva não chegar? Logo a chuva que tem o poder de destruir em alguns casos e salva milhares de vidas de outro

As inquietações fazem com que algo se mova dentro de mim. Razão e emoção disputam cada momento. Meu canto procura um canto para ser sempre ouvido e se alegra quando tem destino certo, porém a comunicação, essa musa do século XXI, em muitos momentos se torna uma densa barreira que divide os mundos. Em que mundo será que estamos?

Como filho do sol espero sempre a chuva chegar, mas não posso esquecer a realidade da seca. Rezo pedindo chuva, mas minhas orações nem sempre são ouvidas. Sinal que ainda preciso de muita fé ou meu merecimento anda muito curto. Hoje apostei no tempo que a chuva ia chegar e ela chegou e bem de mansinho molhou toda plantação. Quem sabe isso seja a minha nordestinidade (se não tem acabei de inventar), que está aguçada.

Hoje para comemorar tudo isso ainda tem a noite, com suas estrelas, uma lua por companhia e a vontade que a minha voz chegue sempre ao infinito do céu estrelado, que ecoe até aquela estrela e que por um minuto ela se desloque como uma estrela cadente em minha direção. Será que isso é querer demais?

Na dúvida vou esperar o sol nascer e com ele a esperança de um lindo dia e fazer tudo de novo em busca da chuva e se por ventura ela chegar novamente, vou me banhar num banho de chuva, sem pressa, em pleno quintal, só para sentir o gostinho dessa aventura do passado.

Que infinita seja a minha fé. Que paciente seja a espera do que ainda poderá vir e diante de tantas paisagens diversas e vontades infinitas, aguardo pacientemente a calmaria, depois da chuva para pintar o melhor cenário que eu puder gerar, mesmo que seja apenas para colorir o meu quarto, mas quem sabe um arco-íris não dê o ar da graça…

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


terça-feira, 1 de outubro de 2019

Ser ou estar feliz... Eis a questão...


Vida, bem estar , mensagens: É preciso pouco

A felicidade existe? Ou é apenas uma ilusão passageira? O que é a felicidade então? Porque algumas pessoas têm tanta dificuldade de se declararem felizes? Serão traumas passados?

Como a pretensão deste texto não é discutir do ponto de vista filosófico o conceito de felicidade, pois se assim fosse teríamos que recorrer a vários filósofos, tais como: Tales de Mileto, de onde vem a primeira citação, Demócrito de Abdera, Sócrates, Antístenes, Platão, Aristóteles, entre outros e sim transitar em seu universo a partir de algumas reações e percepções humanas, trago apenas algumas divagações sobre a tal felicidade e o ato de se considerar feliz.

Começo afirmando que essa é uma daquelas temáticas que ao não se pensar no assunto nada é nem nunca será, mas ao se concentrar em sua dimensão é capaz de gerar conteúdo para um romance literário, tamanha é a complexidade do que seja ser ou estar feliz. O próprio ato de negar a felicidade em situações pontuais, é uma forma de não se comprometer com ela ou com alguém que imagina ser o objeto da possível felicidade em questão. Algo silenciosamente penalizante.

Há quem diga que a felicidade seja um pulsar desordenado no peito, daqueles com gostinho de quero mais, ou ainda uma sensação de alegria num momento de reflexão, que as vezes não de sabe explicar de onde veio, por quanto tempo fará companhia e em que momento nos deixará sem aviso prévio. O mais incrível é que para quem eu pergunto, sempre me diz que a felicidade tem nome, cor, cheiro e até gosto. Algo que sempre brinco dizendo que se for tudo isso eu também quero e sempre.

Da minha parte fica o convite: “Felicidade esteja à vontade para me fazer companhia pelo tempo que quiser. Seja bem-vinda e pode entrar que a casa é sua”. Ando mesmo precisando de pequenas doses de felicidade, acompanhada por uma doce ilusão de que veio para ficar. Por enquanto vou degustando cada momento bom que a vida me conceder e acreditando que o melhor ainda está por vir. Não por acaso também chamarei esses momentos, assim que forem acontecendo, de felicidade.

Quem sabe a felicidade seja um processo de catarse para purificar alguns momentos ruins que a vida sempre nos põe à nossa frente e se não nos atermos e nos prevenir sucumbimos com eles. As vezes penso que a felicidade necessita ser provocada para que aconteça. Algo leve e suave como sentir a doce sensação que nos dá ao ganhar um presente desejado sem esperar. Ou alguém por descuido da vida ou por acaso, nos fizer uma surpresa daquelas que jamais imaginávamos.

Que tal imaginar a felicidade como um passeio pelo passado, que se mistura à vida presente propondo novos ares para um amanhã ainda melhor, mesmo que para algumas pessoas, por baixo dos tapetes da vida ainda exista muito pó acumulado de fragmentos e situações mal resolvidas e se de fato for isso, seria de bom grado ler Catherine Ponder em “As leis dinâmicas da prosperidade”, principalmente buscando a Lei do Vácuo, onde ela afirma que ou fechamos as diversas portas abertas ou semiabertas das nossas vidas, ou não conseguimos sequer pensar em felicidade.

Uma coisa é certa. Faz-se necessário uma alta dose de convicção para querer ser ou estar feliz numa nova morada e vontade para caiá-la com as cores da felicidade, tendo à frente na caminhada matinal, a um toque no olhar, as diversas moradas do passado, com cores diversas, com jardins floridos convidando a entrar e as lembranças que cada uma delas vai proporcionando. Algo que nos leva a pensar, que não conseguimos estar em dois lugares ao mesmo tempo. Apenas em um deles.

Do ponto de vista pessoal, parto do princípio de que não sei fingir e portanto não consigo negar sentimentos, seja de felicidade ou de tristeza, mesmo que sejam em ações e reações momentâneas a determinadas situações, porque entendo que ao negar eu negaria também minha própria essência. Seja o que for, ajo e reajo de acordo com o momento ou então simplesmente me ponho em estado de observação permanente e recorro a um silêncio necessário que me faz refletir.

Faço sempre uma analogia como as inúmeras viagens que tive o prazer de fazer nos últimos anos. Nelas tento registrar quase tudo. Curto o que o tempo me permite curtir e vou tecendo aos poucos um cenário, há várias mãos, que deixarei para a história. Uma coisa é certa. Depois dessas viagens nunca mesmo serei o mesmo. Sou alguém totalmente analfabeto em termos do exterior, que até gera algumas gozações, mas tenho o prazer de dizer que conheço o Brasil e que fiz amigos e amigas por toda parte. Esse é o meu presente particular.

Em regras gerais defino a felicidade como um estado de espírito, temporário ou permanente pelo tempo que estiver presente. Algo inquieto que nos invade o peito quando chega não por acaso e nos deixa com um enorme vazio quando se vai. Bom mesmo é se declarar feliz, pois essa sensação transborda pelo nosso rosto, respinga no olhar e acaba colorindo a nossa caminhada.

Por fim, creio que a felicidade seja fechar os olhos e deixar fluir os pensamentos numa mente sem pesar e sem remorsos. Um crepúsculo que nos permite sonhar de forma descompromissada anunciando que estar feliz é por si só um ato de amor. Imagine ser feliz. Mesmo que essa sensação dure apenas alguns segundos, mesmo assim, se for algo que venha do coração, trará consigo as mais belas energias ou fantasias que a nossa mente pode alcançar. A isso chamo de felicidade!

Que bom seria se pudéssemos encomendar uma dúzia de "felicidade". Quem sabe para comemorarmos o tudo ou o nada, pois quando se está feliz, sendo ou estando, que diferença isso faz?

Que a felicidade contamine todos e todas que passarem por aqui.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social