Mensagem

Faça seu comentário no link abaixo da matéria publicada.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Um ano que desponta em meio ao caos...

 

Vejo o ano que se aproxima como uma longa e complexa equação a ser resolvida, onde os interesses eleitorais estarão na pauta nacional e nas pautas estaduais, comandadas ora pelo financeiro e ora pelas emoções à flor da pele que levam o povo a votar pela emoção e não por um programa ou projeto.

Cada um e uma de nós, que estamos no front das lutas diárias e temos conteúdo, somos capazes de fazer uma análise sobre o cenário político e que expectativa mínima temos para o ano que se inicia, além de desejarmos Lula Presidente novamente, porém não a qualquer custo, pois já sabemos o que ocorreu com a Presidenta Dilma em seu segundo mandato. O golpe foi construído no interior do Planalto.

A política eleitoral é um jogo de interesses, quase sempre pessoais ou de grupos, que passam longe da base da sociedade, principalmente das pessoas que mais precisam, além das combinações, acordos, negociatas e conchavos, confundirem a cabeça de quem vota e isso mostra o número de abstenções, brancos e nulos. Além disso, nosso ideário ideológico aponta sempre à esquerda com candidaturas coletivas, participativas e populares, pautadas por um conselho participativo e deliberativo de mandato.

No seio das disputas, fecharemos o ano com algumas inquietações e dúvidas, entre elas a consolidação da tal Frente Ampla como um instrumento criado para agradar gregos e troianos e um afago à direita. Uma mistura complicada que indica mais problemas à frente como já vimos nesse filme antes.

Além disso, vem ai a federação partidária chamada pelo PSB, que agregará o PT e outros partidos incertos. Algo que a meu ver é uma junção de interesses para salvar alguns partidos e com foco eleitoral apoiado na visão de que o PT terá um bom resultado e isso, além de salvar alguns beneficiará todos.

Não dá para endeusar como se fosse uma Frente de Esquerda, que não é tampouco ir fazendo a defesa apaixonada, sem esmiunçar o que isso significa na real. Necessita de um amplo debate interno para que sejamos convencidos ou tenhamos a convicção de que o caminho seria à esquerda, tanto para as alianças partidárias, como com os setores organizados e movimentos.

Vale tudo no processo eleitoral? Como nos diferenciar? Qual o custo político disso? Quem pagará essa conta? O que sobraremos? O que dizer de uma aliança com Alckmin, um neoliberal convicto e agressor de professores. Algo que nós de São Paulo ficamos com azia só em pensar. Será esse o caminho? É o que nos resta? Ou é o conjunto do partido quem vai decidir?

Negamos o socialismo por mais de 20 anos. Fizemos alianças das mais inusitadas e chamamos de “companheiros” quem nos traiu e nos golpeou. O que falta para aprendermos? Caso valha tudo era até preferível um empresário ou empresaria como vice, pelo menos não teríamos que convencer vários setores que o que era um demônio ontem, passou a “santo” dos milagres para a eleição. Algo bem difícil de explicar...

O PT é um partido confiável, para quase um terço de quem vota e não precisa de determinadas alianças que o exponha, tampouco levar o companheiro Lula a se juntar com velhas raposas para chegar a uma vitória. Existem outros caminhos, outras pessoas e outros valores em jogo.

Qualquer tipo de aliança na linha programática indica que o que é combinado não é caro. O próprio Lula deu o tom. É o PT quem vai discutir a questão do vice e se assim for entraremos o ano em debates, lembrando que só teremos até o dia 31 de março.

Quando as crises políticas invadem meu seu, recorro a Paulo Freire, vejo e revejo sua fantástica palestra, que indico: “O simbólico e diabólico na política”. É uma viagem para nos alertar das armadilhas do sistema, dos cantos da sereia e dos caminhos a seguir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


sábado, 18 de dezembro de 2021

Na ciranda do tempo eu plantei esperança...

 

A vida é um fio tênue que ao menor descuido podemos cair dela. Cair nas tentações, nas ilusões, nas emboscadas e principalmente no fim da estrada, quando o bom mesmo é chegar de pé. De pé com a vida e de pé com os sonhos repletos de fantasias e desejos realizáveis, daqueles que podemos realizar ao por do sol, ao cair da noite ou em pleno dia, pois não temos o que esconder. Quem se esconde e esconde um dia a vida jogará ao vento e nada sobrará...

Como se dá a passagem? O que leva à mudança? Que dança é essa que danças sós? Porque não me leva? Como arrumar mais tarefas se o fogão a lenha ainda não foi aceso? O tempo urge, o tempo voa. O tempo não se mede. O que pode se medir é a falta de tempo...

Tempo para abstrair. Tempo para se viver. Tempo para a troca. Tempo para se plantar. Tempo para a construção. Quando ficará pronta? Que cor a pintamos? Não se esqueça do fogão a lenha. É lá que podemos tomar um café torrado e moído na hora e termos uma boa prosa...

Preparei a terra. Adubei com amor. Separei as mudas e plantei uma a uma, como se planta a esperança no caminho à terra prometida. O que espero desse plantio? Um lindo jardim com flores diversas e um beija flor saudando a vida, o encontro e o néctar de cada flor...

Que venha! Que seja! Que aconteça! Te esperarei ao por do sol...

Antonio Lopes Cordeiro (Toni) Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

 


 

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Bem vindo amanhecer para o encontro com um novo dia...

Vida que te quero vida. Algo tão doce e frágil ao mesmo tempo. Em tempos de ventanias propositais que tangem tantas almas ao além, com sol ou com chuva paremos, oremos e miremos no infinito em agradecimento a mais um dia de vida.

O tempo vai marcando o compasso, o pulsar, o riso ou o choro e construindo os detalhes que vão compondo a nossa vida. O que nos alimenta é o que consegue sair da mente e ganhar um cantinho num coração alheio e a felicidade se completa quando se torna um terreno com duas moradas. Uma de frente para a outra, com comunicação diária para que não haja desconexão, nem ruídos. Algo mágico quando acontece.

Somos fragmentos de vidas passadas, misturados com a vontade de viver essa nova vida e o somatório de momentos que ela nos proporciona. Vamos deixando ao caminho nossos rastros ou marcas. Nosso amor para quem dele se nutriu e a vontade que algo de extraordinário aconteça enquanto tivermos tino para tocar e sentir a vida.

O velho e precioso Tempo que é o senhor da razão, onde dele dependemos para viver, vai aos poucos moldando o que somos, o que construímos, quem segue conosco estrada afora e o que deixaremos como história de vida para as vidas futuras.  

Há uma magia solta no ar que não é a terceira dose que revela, pois dela só saem os impulsos momentâneos e sim um suave aroma que se sente ao fecharmos os olhos e imaginarmos o melhor dos sons combinando com o cheiro suave que vem do infinito.

Muitas vezes queremos tudo e nada ao mesmo tempo e achamos que temos todas as respostas sobre o universo que nos envolve. De repente vem o tempo e muda todas as perguntas e aí temos que admitir com humildade que nada sabemos e temos que recomeçar por novos caminhos desconhecidos. A quem recorremos nessas horas?

Somos vários personagens numa só pessoa a bulirem com a nossa imaginação. Temos partes bem resolvidas e outras estamos tão distantes disso. Um contraponto com a atenção para não usarmos quem por convicção ou por descuido abriu a vida para entrarmos. Quem somos afinal? Quem gostaríamos de ser? Quem seremos amanhã?

Que sejamos quem quisermos ser, porém com os cuidados necessários de não pisarmos na semente que plantamos naquele vaso com tantos desejos e que acabou de brotar se não matamos a plantinha novamente e assim o jardim não prospera...

A vida é feita de ciclos, momento, ventanias, tempestades e também calmaria. Sábios e sábias são as pessoas que conseguem entender o próprio corpo, conterem o prazer excessivo, não usarem outras pessoas por pura distração e enxergar a própria alma.

Quando tudo parece consumado e imaginamos que pode se tratar de uma catarse necessária para expelir o que a alma pede, nos deparamos com novas emoções, comandadas pela solidariedade, humanismo, um pouco de sorte e todo espécie de amor que plantamos e a vida fez florescer para nos dar luz. São pessoas em movimentos onde as amizades sinceras e sem interesse nutrem um novo campo de ação que chamam de amor. Algo que requer apenas o entendimento de que não se mistura esses sentimentos, pois poderemos ficar reféns deles para o resto da vida.

Dizem que o Amor por outro ser pegou uma carruagem encantada e desapareceu na linha do horizonte por falta de sintonia, dando a vez a outras formas de sentimentos e de prazeres. Custo a acreditar, pois quando ele chega é algo inconfundível e abala qualquer estrutura, mas se assim for me nutrirei de cada ação de amor, de cada som, de cada estrela e revigorar-me-ei do sentir, do pulsar do coração em horas de pura beleza e da beleza das flores que plantei e rego todos os dias, com a esperança de virar um Belo Jardim a ser apreciado em par do alto de uma colina.

 Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Olá futuro seja bem vindo!

 

Imagem: https://www.publicdomainpictures.net/pt/view-image.php?image=296283&picture=fadas-e-duendes-dancando

Ainda dá tempo? Quem vai comigo? Vai por amor? Com que roupa eu vou? Como está o tempo? Que horas são? Vamos comemorar? Vai me convidar ao samba de quadra ou para aquela festa regada por lírios e rosas na calada da noite? Vai me levar aos oásis que você conhece? Vai me apresentar ao grupo seleto de nobres e nobreza? Conto o sonho que tive ontem sobre o presente e o futuro?

Exerço um diálogo permanente com a minha natureza, com meu outro eu e com a minha essência em busca de muitas respostas que ainda não disponho e me inquietam muito a essa altura da vida, mas com a lúcida convicção de que o melhor ainda está por vir e isso acaba me deixando com certo conforto...

Sigo atenciosamente as batidas do relógio da vida, mas sem me preocupar com o tempo futuro de como vou estar daqui a dez ou vinte anos, pois nem mesmo sei se vou estar e se estiver estarei sonhando em viver mais e bem. Como rota sigo uma estrela guia, que nunca a imaginei se apagando ou caindo de forma cadente... Pra mim ela sempre estará viva... 

O que mais sonho hoje é em ajustar as velas do barco da vida e remar rio afora curtindo a paisagem e sentindo a brisa, com quem não precise de um iate para estar comigo, pois só tenho uma pequena canoa e dois remos, além de alguém que me enxergue com o coração e com a alma e não com qualquer outra parte do corpo, pois células morrem todos os dias e a aparência também vai se modificando...

Vou deixando em alguns aspectos a vida me levar. Vou analisando caras e bocas e algumas falas que me levam à reflexão e à introspecção. Muito vezes falo mais do que devia e vou ouvindo atentamente o que por descuido ou por intensão algumas pessoas revelam o que pensam sobre a minha vida pessoal.

Depois de dias intensos, mal dormidos e complexos, tive algumas ótimas notícias que me deixaram feliz e com vontade de tocar em frente rumo ao futuro com quem vier comigo. Uma coisa é certa: Seguirei peitando as coisas tangíveis e deixando ficar apenas as coisas findas, pois essas, muito mais que lindas são as que vão compor a minha história de vida, como afirmava Drummond.

Na verdade eu quero muito pouco, mas de qualidade, perto de quem quer tudo ao mesmo tempo, ou acha que já tem tudo e não precisa de mais nada. Será que o que eu quero é algo tão complexo ou distante da realidade? Vai saber... Porém, enquanto houver uma luz acesa no caminho e uma fala carinhosa a ser ouvida, jamais me conformarei com a escuridão e com o silêncio imposto.

O que eu quero? Uma dose de gentileza, acompanhada por duas doses de carinho sincero e quem sabe ainda, como pretensão maior, sonhar com uma dose dupla de amor em flor que me faça peitar a ilusão, deixar o coração pulsando mais forte e minha alma em plena brisa.

Para completar o cenário uma divina luz. Uma rede e um som suave e agradável para peitar os silêncios que me envolvem, pois irei acariciar as coisas findas e viver o que pode tangenciar minha forma de ser, sempre com a certeza de que habito em coração alheio que me escolheu em par. Aprendi ao longo da vida que mais vale um tantinho assim especial de um estar real com alguém, do que um tantão do apenas “ficar” com muita gente, como se fosse um prazer em série, que acaba quando o fogo acaba.

Quando tudo isso acontecer, eu conseguir sentir e uma noite estrelada com uma lua nova der o ar da graça, te convido para uma dança, que mesmo que não saia do jeito que pudesse ser, pela minha falta de ensaio e traquejo pra coisa, sairá com o sabor da verdade, a cor vermelha do coração e o jeito carinhoso e envolvente de ser que embala as fadas em dias de festa de gala. Que tal? Te espero para o amanhã...

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

terça-feira, 14 de setembro de 2021

SERVIDOR NA RUA É SINAL DE ALERTA À SOCIEDADE

 

Em tramitação na Câmara Federal há quase um ano, a Proposta de Emenda à Constituição n° 32/2020, dentro do projeto de Reforma Administrativa do governo Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes, traz, em seu bojo, a inversão total do verdadeiro papel do Estado, firmado pelo contrato social do direito de cidadania assegurado pela Constituição Federal de 1988.

Desde o início da tramitação desta PEC, os servidores públicos têm alertado a população do perigo que sua aprovação representa para todo o conjunto da sociedade brasileira. Unidos com a Frente Parlamentar Mista do serviço público e com as entidades representativas de suas categorias, os trabalhadores e trabalhadoras se mobilizaram de todas as formas e, mesmo em período de pandemia, em virtude do perigo que a proposta representa, estão organizando e participado de atos presenciais em todas as regiões, em especial no último dia 18 de agosto.

Queremos mostrar à sociedade que os servidores públicos carregam o compromisso e a responsabilidade de serem o principal elo entre o Poder Público e o Cidadão, prestando serviços essenciais nas mais diferentes áreas como saúde, educação, segurança pública e judiciário, com esforço, dedicação e isenção, graças a estabilidade adquirida após o período de estágio probatório, pela natureza do cargo exercido por aprovação e nomeação em virtude de concurso público.

A PEC nº 32/2020, entre outras mazelas, permitirá que a cada eleição os Poderes possam demitir e contratar pessoal sem concurso público e sem exigência de qualificação, por tempo determinado, privilegiando maus políticos, que certamente contratarão seus apadrinhados, cenário este que contribui para o aumento de assédio, sobrecarga de trabalho e o famoso esquema de “rachadinhas”;

No intento de implantar o Estado mínimo, o governo propõe entregar grande parte do serviço público para quem visa somente o lucro, qual seja, o setor privado, repassando a este, recursos financeiros do Estado, sem retorno aos cofres públicos, restando para a sociedade setores sucateados e longa espera em atendimento, o que já é uma realidade com a terceirização já implantada.

Portanto, se a proposta em questão passar, sem dúvida, os servidores públicos serão prejudicados, porém o prejuízo maior será sentido pelo cidadão brasileiro, especialmente a parcela mais pobre, que depende dos postos de saúde, creches, escolas, judiciário, segurança pública, pois, uma vez extintas as políticas e os programas sociais devido ao corte de verbas, terceirização e/ou privatização dos órgãos públicos, restará a precarização, o desemprego, a fome e aumento no número de pessoas em situação de rua.

A pandemia da Covid-19 escancarou a importância e a necessidade dos serviços públicos: em teletrabalho ou presencialmente, os servidores públicos garantiram o atendimento à população, sendo que milhares de vidas foram salvas pelo conhecimento e experiência dos profissionais da saúde pública e pesquisadores da ciência, o que não foi garantido pela iniciativa privada, que chegou a fechar as portas, em determinados momentos, para o atendimento à população;

Ante o anúncio da votação da PEC 32 pela Comissão Especial e, se aprovada, pelo plenário, o servidor público volta às ruas nesta semana que se inicia, promovendo o “ocupa Brasília” no dia 14, mais uma vez expressando à sociedade seu compromisso de luta pelo serviço público, exigindo dos parlamentares a rejeição da proposta, e a promoção de políticas que garantam a valorização dos servidores públicos e respeito ao direito de acesso do cidadão ao Estado, conforme preconiza a nossa Carta Magna.


Arlete Rogoginski
Diretora Executiva do Sindijus-Pr e Coordenadora-Geral da Fenajud


sexta-feira, 3 de setembro de 2021

A Cultura pede passagem...

 

Imagem Disponível em: https://www.facebook.com/culturaemmovimentodf/

Vivemos um momento na história de muita tristeza e introspecção, com alterações significativas em nossos comportamentos pessoais e a incerteza do que nos espera no amanhã. O encontro com o doce mundo da Cultura vem de leve e nos encorajam a seguir em frente aonde nossos pensamentos nos levar.

O lançamento do Setorial de Cultura do Partido dos Trabalhadores de São Berardo do Campo, que tive a honra de ser convidado a compor, representou um momento épico, daqueles que temos que guardar num cantinho do peito, mas entendendo os grandes desafios à frente...

Diante de artistas consagrados, poetas e gente vivida no universo da cultura, tenho muito pouco a acrescentar, mas muito a viver e aprender. Meu universo cultural veio de uma vivência à procura de músicos e compositores pelo ABC, alguns anos de teatro amador, canto no Coral Municipal da cidade, alguns anos de escrita e um namoro recente com a prosa, que tomara que dê casamento.

A Cultura pede passagem nesse momento para dizer que ela é, em muitos casos, uma expressão individual, porém em busca de uma identidade coletiva e de ser movimento social, pois cria, renova, revoluciona e principalmente reacende a chama em suas diversas formas de expressão. O que se busca como movimento é uma Cidadania Cultural, peitando todos os impasses para a criação de uma Cultura Política de igualdade e com igualdades.

Nenhuma expressão cultural acontece sem plateia, que é parte integrante e essencial para sua existência e essa simbiose só ocorre quando um movimento cultural se faz mais forte que alguns governantes da hora, onde a cultura em pauta é o escambo de almas em busca da permanência no poder.

No campo particular, todas as vezes que me chamam de poeta eu me assusto, pois isso me traz uma responsabilidade muito forte, sabendo que as pessoas embarcam nas nossas emoções, ditas em versos e prosas, em gestos e em suaves expressões. O artista, poeta e poetisa estão para um povo desprovido de momentos de beleza, como uma divindade que leva o povo a sonhar.

Diante de uma sociedade preconceituosa com as pessoas de mais idade, que as segregam num puxadinho do mundo, ainda bem que a Cultura não tem idade para exercê-la, muito menos para nascer, que o diga Cora Coralina. Nasce de uma composição de dom, criação, exercício para que se movimente e oportunidade para acontecer. A cultura é vida em movimento que gira em torno de suas emoções.

A proposta é dançarmos os diversos sons, gingarmos ao som da capoeira, cantarmos e interpretarmos a vida através das escritas recitadas em versos e compormos e sentirmos os momentos de pura beleza, que afugentem a solidão e deem asas às nossas imaginações que voam pela imensidão em busca de par.

Que a cultura popular viva e sobreviva, como expressão e movimento e como porta de entrada para os diversos caminhos que se abrem como Resistência, nos fortalecendo na luta contínua por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.

Salve Mamberti. Um artista. Um ser político e alguém que tive o prazer de me encontrar em alguns momentos na Fundação Perseu Abramo. A ele que se fará sempre presente, minhas homenagens e boas lembranças com seu ar sempre de alegria.

Salve a Cultura. Salve companheiros e companheiras em luta, em celebração e em momentos onde possamos alegrar corações alheios que ainda acreditam no amor e no amar...

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Qual é o seu mundo diante de tantos mundos?

 

Imagem disponível em: https://www.pngegg.com/pt/png-ywcum

De repente um mundo à minha frente, frágil pelo momento, líquido, se desfazendo e se diluindo a cada segundo, onde nada é feito para durar, como dizia Balman. Em crise permanente de identidade e de valores, com uma grande parte da humanidade em desencontros e mais da metade do planeta em fome ou em grandes necessidades diárias. Há um descompasso nas vivências humanas fatiadas em classes sociais nas diversas sociedades, que estão longe de serem comunidades.

Enquanto isso nos castelos de concreto ou nos de areia criados pela imaginação, nas ricas festas regadas a muitas bebidas, nos guetos burgueses ou numa casinha qualquer no sertão ou nas periferias, a vida rola. A vida leva e muitas vezes também é levada, sem que se perceba, como se nada valesse. Uma vida que segue independente do que se tem hoje ou do que se sonha para o amanhã. É hoje no calor das emoções, além dos corações, que a coisa acontece a toda hora.

Com isso, para isso e, além disso, uma pergunta se tornaria fundamental para início de uma conversa: “Como você está”? Algo simples. Algo reto, mas que seria uma oportunidade de ouvir quem está à nossa frente, ou à nossa escuta, que muitas vezes anda perdida no silêncio e gostaria muito de falar o que sente ou o que se passa com ela, até mesmo em horas não comuns. Porém como dar a atenção merecida se andamos tão ocupad@s com nossos afazeres diários? Em vários momentos não lembramos, ou não temos tempo, nem mesmo para um Bom Dia a quem nos espera de coração. A meu ver uma grande parte da humanidade se encontra perdida nas particularidades de seus mundos e acha que isso é vida e nem percebe que ao lado a vida real pede passagem.

Às vezes eu penso que somos apenas retratos da vida moderna expostos em prateleiras. Ora consumindo e ora sendo consumid@s. Estamos em pleno julgamento pelo que temos ou deixamos de ter e não pelo que somos, ou ainda pela idade, pelo porte físico, pela aparência e pelo que imaginamos ser. Quem gira à esquerda da Matrix tem um julgamento a mais pelos servos do poder, mas em compensação só pela utopia da criação de um novo mundo, justo fraterno e igual para todos e todas vale a pena ter nascido. Quando a luta vira causa e a causa vira sonho, a utopia manda avisar que isso se chama vida...

Que mundo você procura para viver? Eu procuro um pequeno mundo onde eu viva as minhas emoções em sua intensidade, de forma autêntica, e isso possa virar uma poesia, a ser recitada em tardes ao por do sol, nutrida em noites de estrelas e em passeios numa floresta encantada chamada esperança.

Sonho ou realidade? Ainda não sei. Sei apenas que quem sonha acaba sendo a expressão viva do amor que se tem e do amor que se tem coragem de dar. O que sobrará? O que sobraremos? O que os nossos corações resistirem e as nossas lutas interiores nos levarem, não esquecendo que alguém nos espera.

Somos uma mistura de resistência e sapiência misturadas com humaneidade em busca das nossas essências, rumo a um novo mundo criado pelas nossas utopias, onde o amor e o amar falem mais alto. O bom mesmo é que ainda somos vida e somos par quando se alma juntos.

Em nosso mundo particular, se a alma pede um pingo, que tal chover? Diz uma lenda que para se construir um belo lago, as chuvas contínuas são fundamentais, mas são as pequenas gotas que fazem a natureza vibrar. Sereno, brisa, orvalho... Verde que te quero verde!... Ontem eu sonhei pipando à beira do lago da minha imaginação diante de um novo mundo. 

Que eu Chova... Que tu Chovas... Que nós Chovamos... Chover nunca é demais quando o verbo a ser conjugado é  A l m a r...

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Quando partes de vários momentos completam um texto...

 

Começo essa nova conversa no meu cantinho predileto perguntando: Qual é o teu desejo? Ele é secreto ou pode ser compartilhado com quem Alma contigo? Até onde os teus desejos te levam? Até que ponto os desejos interferem diretamente numa relação se não puderem ser compartilhados?

Do outro lado do nosso mundo imaginário, uma sociedade pálida, sem cor, sem brilho e principalmente sem amor ou em completo desamor, onde os guetos tecnológicos substituem as brincadeiras de rodas, de pião, de bolas de gude, de pipas no ar e a construção de pequenos sonhos que se criavam num leve pensar do que seríamos quando crescesse.

Já dizia Bauman: “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar”. Quem sabe seja isso que faz com que muitas relações se construam e se desfaçam da forma mais natural possível, como se nunca tivessem acontecido, pois não existem mais para durar... Em outro trecho de sua obra ele afirma que escolheu chamar de “modernidade líquida”, a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza a única certeza.

Porém, do outro lado do universo há um céu azul nos convidando a pipar. É preciso que ocupemos sem licença o mundo que ajudamos a criar, enfrentando a discriminação e os preconceitos, cantando para alguém que nos queira ouvir, lutando de mãos dadas pelos nossos direitos e, sobretudo lembrando que vida e morte são irmãs gêmeas de acordo com as nossas crenças e mesmo o dinheiro ou a aparência corporal não evita a morte, mas enquanto o coração pulsar há esperanças de uma vida melhor e uma história única ou exclusiva a se contar.

Diante das nossas emoções, dizem as fadas e os duendes de plantão, que podemos ser o que quisermos ser, no micro universo que idealizamos ao sonhar com duas almas se encontrando para vadiar, seja em noites estreladas ou numa estradinha qualquer de uma floresta encantada, que pintamos em nossas imaginações. Chamam isso de amor. Eu prefiro me metamorfosear sempre a ser aquela velha opinião formada sobre tudo... Por isso continuo embalando meus sonhos na estrada da vida... 

Como um recado ao futuro, vou plantando as flores do amanhã, com a esperança de vê-las crescer, florir e dar frutos, com o compromisso de regar todos os dias, adubar a terra e cuidar para que as ervas daminhas não tome conta, com o desejo de quando o verão chegar encontrar um quintal florido como um brinde da primavera, com borboletas e até alguns pássaros dando vida ao jardim da alma.

Quando o sol novamente reaparecer e a lua der o ar da graça, aproveitaremos que estão brincando no cosmo e poderemos até sair às ruas saudando a liberdade de andarmos sem medo e agradeceremos o dia, à noite, à madrugada e principalmente ao raiar de um novo dia, com a esperança de realizarmos todos os nossos desejos com quem nossas naturezas e os nossos corações pedirem. Quem viver verá!

O amanhã é sonho. É fantasia. É a ponte para os nossos desejos. É a busca incontida de qualidade de vida. É um caminho a ser trilhado por amor e por amar e também uma aposta nos encontros humanos. Por isso requer sonhos, vontades, lealdade, transparências nas etapas, carinhos e planos discutidos passo a passo, que contenham nossas expectativas, mesmo que não aconteçam. O amanhã é uma mistura de brincadeira de roda em noite enluarada, com outras formas de brincar de vida na ciranda do tempo.

O que mantém as pipas no ar? É a magia do momento. É um clima bom e um vento favorável. É o amor pelo ato de pipar, além da disposição e vontade de quem pipa, de querer continuar com essa gostosa brincadeira, pulando os obstáculos, vencendo os desafios e enfrentando as adversidades que possam ocorrer, principalmente a partir da crença de que o melhor clima e horizonte para as pipas continuarem no ar, ainda estão por vir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O que existe além do Destino ou Acaso?

 

Destino e Acaso existem? Onde encontram morada? Qual será a importância de ambos para quem ainda acredita ou para quem não acredita mais no Amor? Sobreviverão ao tempo e ao vento?

Quem sabe que em mentes ferteis e em horinhas de descuido existam também as caminhadas pelas areias das praias da nossa imaginação ou numa estradinha deserta arborizada num final de tarde qualquer, que veio ao pensamento, aonde vamos desfiando nossas lembranças e experiências e tentando alinhar o que ainda vale a pena lembrar. O que não vale entregamos ao vento antes de ontem. 

Destino ou Acaso. Duas situações distintas e diferenciadas, que andam acompanhadas, ora da emoção e ora da razão, dependendo de que corações e mentes acolham. Um cenário não planejado ou tampouco programado, bastando um descuido do que nos rodeiam ou uma pura acontecência e o mapa futuro pode estar sendo desenhado.

Uma viagem ao mundo das emoções, vivendo o presente sem medo do amanhã, ou o que seremos nos próximos dez anos, pois dependemos da sorte para chegarmos lá. Uma busca a partir do que somos e do que ainda gostaríamos de ser. Porem, quem somos ou imaginamos ser?

Somos seres únicos sem cópias. Nascemos muitas vezes do amor, noutras por acidentes e em alguns casos nem nascemos. Crescemos nos sonhos. Brincamos de ser felizes quando criança e desejamos ser tudo quando crescer. Porém acabamos sendo o resultado das nossas escolhas e do “meio”, que vivemos. Nem sempre como sonhamos ser, mas com a possibilidade de ainda mexermos em nossa incompletude.

Buscamos liberdade nos corpos em busca do prazer, por acharmos que nos completam ou nos saciam, mas esquecemos de perguntar à vida por quanto tempo seremos só desejos. Brincamos de encontros casuais e acabamos produzindo fantasmas a outras vidas assustando voltar. Definimos como "família-margarina", quem se junta de forma convencional, sem ao menos avaliarmos que tipo de felicidade há. 

Às vezes brincamos de ignorar o amor ou fugimos dele. Noutras brincamos de achar que todo amor é igual e misuturamos tudo. Aí não sabemos mais o que é ou o que poderá ser. Muitas vezes nos perdemos nas ansiedades e passamos a impressão de sonharmos com velhos padrões de amar, quando na verdade o que sonhamos mesmo é de brincar de vivências, daquelas que se brinca todos os dias. 

Quase sempre julgamos só o verbo viver, quando devíamos julgar junto o verbo conviver em tempo presente sem medo do futuro, desde que não matemos o amanhã antes do tempo, que tanto pode ser só uma fantasia, como um conto de encontros e vidas em noites estreladas e dias de sol ou em todos os dias.

Somos vida que pulsa para quem nos leva diariamente em mente e coração ou apenas silêncio quando somos esquecid@s ou ignorad@s. Na essência da vida o que desejamos mesmo é sermos lembrad@s, notad@s, desejad@s e principalmente amad@s. Uma conjunção de verbos e predicados, com os sonhos de sermos sujeitos da história de vida de alguém e da nossa própria história de amor e de amar.

Basta uma pausa. Um pequeno notar. Um momento de puro estar e de nos permitir, que tudo pode acontecer. Destino ou Acaso não é algo para o dia seguinte e sim um desafio para os anos seguintes, ou mesmo para toda uma vida, desde que sejam regados todos os dias, até virarem flores nos jardins de almas amorosas que buscam companhia nas caminhadas diárias da vida. Que sejamos vidas que se somam a quem Alma conosco e que possamos ser o que corações e mentes juntos desejarem ser.

O que existe além do Destino e do Acaso? Uma vida pulsando os convidando a entrar...

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


quinta-feira, 29 de julho de 2021

UTOPIA DO PÓS PANDEMIA

 

Imagem disponível em:
https://conexaoplaneta.com.br/blog/papa-francisco-puxa-a-orelha-de-ministros-das-financas-de-diversos-paises-em-encontro-sobre-mudancas-climaticas-no-vaticano/


Tempos difíceis vivemos
De incerteza e desalento
A morte ronda o caminho
Deixando a dor ao relento

Muitos irmãos já se foram
Nem pudemos nos despedir
Deixando só o vazio
Da saudade a nos ferir

Mas insistimos em crer
Que essa fase está no fim
E logo nova primavera
Florirá nosso jardim

E a vida será retomada
Mais fortes então seremos
Para honrar os que partiram
Novo mundo nós faremos

Unidos num só projeto
De paz e transformação
Da destruição da natureza
Para sua contemplação

Da exploração do trabalho
Para justiça e proteção
E juntos promoveremos
Vida nova a nossa nação!


Autoria: Arlete Rogoginski


quarta-feira, 28 de julho de 2021

Em tempos de desapego amar é revolucionário...

 


Imagem Disponivel em:
https://blog.cancaonova.com/metanoia/modernidade-liquida-entenda-o-conceito-e-aprofunde-se-no-assunto/

Ontem fui dormir cedo se comparado com as noites acordado até alta madrugada procurando o sono, mas em tempo para sonhar e deixar a minha imaginação criar o cenário e fazer o que não consigo dar conta acordado.Uma viagem pela fantasia em terras do Bem Virá.

Era uma manhãzinha de sol num vale florido em meio a duas montanhas. Uma delas representava a fala e os gestos e a outra o silêncio. Enquanto a fala tentava ser ouvida e entenida de todas as formas, o silêncio apenas escutava e ignorava, fazendo de conta que não era com ele. Mostrando que sabia dizer tudo o que queria sem nenhuma palavra ou um gesto. Bastava saber traduzir. 

Um cenário épico em meio há dias nublados e frios, onde o que mais gostaríamos era comermos pipocas quentinhas assistindo um bom filme, bem acompanhad@s.

O inusitado no sonho era um grande acontecimento que estava para ocorrer. Um duelo entre o Amor e o Desapego, simbolizando uma luta universal existente na natureza humana. Quando os seres humanos, por alguma razão, deixam de acreditar no amor, recorrem ao desapego e para a alternância de casos.

Para o duelo, o Desapego viria acompanhado da Mente, que vagava em suas lembranças passadas e o Amor trazia o Coração como aliado, que pulsava cada vez mais forte quando era correspondido. O vale estava agitado. A batalha prometia.

Dias e luas se passaram e o duelo foi marcado para quando o verão chegasse. Seria numa tarde de sol em plena luz do conhecimento. Como preparação, o Amor queria a selva para curtir, acompanhado por duendes e querubins, enquanto compunha uma ode em versos de amor e o Desapego um frevo ou um batuque nas planícies em orvalho, acompanhado por toda trupe que surfa de onda em onda, sem compromissos de amar.

Para aplacar a expectativa e ver se entrava na estória, o Tempo criou uma casinha branca no alto da colina, de frente para o por do sol e com um jardim florido, onde poderiam passar o verão em dias de sol e noites estreladas. Porém com um aviso: “Nada de se estranharem". Isso estava longe de acontecer, pois a única coisa que estava em disputa era se o amor ainda existia ou se o desapego o substituíra. 

Mente e Coração resolveram intervir, pois quando estão em sintonia um vai guiando o outro para as ações futuras. Decidiram que o duelo seria uma batalha poética, com o Tempo - Senhor da Razão, para mediar o evento. Quem tivesse mais capacidade de envolvimento seria o grande vencedor.

De repente eu me virei na cama e acordei antes do duelo acontecer. Querendo mais. Querendo saber quem iria vencer. Buscando respostas nas curvas dos rios, cheguei à conclusão de que a vida na "modernidade líquida" é isso ou um tanto disso.

Já dizia Bauman: “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar”. Quem sabe seja isso que faz com que as relações se construam e se desfaçam da forma mais natural possivel, pois não existem mais para durar... 
Em outro trecho de sua obra ele afirma que escolheu chamar de “modernidade líquida”, a crescente convicção de que a mudança é a única coisa permanente e a incerteza a única certeza.

Esse sonho atípico me levou a uma profunda reflexão sobre o Amor. Numa "sociedade líquida" que habitamos, quem sabe tenhamos que recorrer ao Vinicius em seu Soneto da Fidelidade, para entendermos que tempo é esse que vivemos, quando afirma: 
“E assim quando mais tarde me procure quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama, eu possa lhe dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.

Diante dessa complexa forma de viver e de compartilhar sentimentos ou momentos, suspeito, que quando o amor é verdadeiro não há espaço para duelo, porque o amor é vital. Porém, se por acaso ou destino o duelo for necessário, a vitória do amor será cantada em prosas e versos por luas e luas a fio.

De fato! Amar em tempos de desapego é antes de tudo, um ato revolucionário. Quem amar verá!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


                                                                              


sexta-feira, 23 de julho de 2021

Dizem os contos que podemos ser o que quisermos ser. Será...?

 

Quem somos de fato diante de uma sociedade de valores tão vis? Quem sabe sejamos o resultado das nossas escolhas, das nossas crenças e principalmente do que defendemos como modelo de vida e sociedade e com isso nos vão excluindo. No entanto, isso nos define e nos loga ao mundo das utopias, rumo a uma sociedade que não nasça do espólio de quem tem, mas que seja resultado da luta que travamos para que todos e todas possam também ter o que sonham desde crianças. Somos a resistência viva que pulsa nos corações utópicos.

Do outro lado do nosso mundo imaginário, uma sociedade pálida, sem cor, sem brilho e principalmente sem amor ou em desamor, onde os guetos tecnológicos substituem as brincadeiras de rodas, de pião, de bolas de gude, de pipas no ar e a construção de pequenos sonhos que se criavam num leve pensar do que seríamos quando crescesse.

Uma sociedade perdida nos desencontros amorosos, descartados em muitos casos com o risco de virar “casais margarina”. Algo que se aproxime do velho patriarcado. Sedenta apenas por prazer, como se só o prazer, desse conta da solidão, das incompleitudes humanas e das humaneidades ou humanescencias (como diz Mia Couto), que os seres humanos normais necessitam e se fundem quando Almam juntos.

Uma sociedade que nos mede pelas contas bancárias, pelo tipo e valor do carro que temos, pelos iphones versus os pobres celulares e por tantos outros equipamentos e bens de ultima geração, que só uma pequena parte tem direito a ter. Uma sociedade loucamente consumista que gira apenas para no máximo um terço da humanidade. As demais pessoas procuram a felicidade à sua maneira. Ao seu modo.

Nós pobres mortais do mundo real, às vezes sonhamos apenas em ser o último pensamento da noite e o primeiro do dia na vida de alguém e com o que gostaríamos de ser que ainda não somos, mas que um dia poderemos ser. Isso nos faz não desistirmos nunca.

Diante das nossas emoções, dizem as fadas e os duendes de plantão, que podemos ser o que quisermos ser, no micro universo que idealizamos ao sonhar com duas almas se encontrando para vadiar em noites estreladas ou numa estradinha qualquer de uma floresta encantada, que pintamos em nossas imaginações. Chamam isso de amor. Eu prefiro me metamorfosear sempre a ser aquela velha opinião formada sobre tudo... Por isso continuo em sonho... 

Ontem eu me lembrei que eu já fui tudo. Já fui nada e hoje me procuro para saber quem eu sou. Apenas sei que trago na bagagem anos de experiências e de vivências humanas e reais. Luto diariamente contra a dolorida discriminação de quem acha que não tenho mais idade para ser e sonho com uma casinha pintada de branco, com uma rede na varanda e uma noite estrelada, onde eu possa cantarolar o que o meu coração pedir, pois quem vai estar ao meu lado vai cantar comigo até o raiar do dia.

Que sejamos o que for possível ser e onde as nossas imaginações nos levar, mas bom mesmo é se formos liberdade de asas que voam nos pensamentos de alguém, que nos recebe em manhãs, tardes ou noites, porque o pulsar do coração não se limita ao tempo e pede sempre companhia para compor um conto que sirva para o futuro.

Quem sabe sejamos flores que nasceram por destino ou acaso, sem avisar, num lugar que seria quase impossível germinar. Reguem-nos que seremos jardim!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em gestao Social


quinta-feira, 15 de julho de 2021

O que é a velhice? A velhice te assusta?

 

Imgem Disponivel em: 
https://www.facebook.com/323678117812485/photos/a.323688127811484/323688134478150/

Vivemos numa sociedade machista, racista, homofóbica, seletiva e desrespeitosa, que olha seus idosos de forma preconceituosa, acreditando e fazendo-os acreditar que são pessoas improdutivas e inúteis. Nem mesmo os Planos Governo apontam Políticas Públicas para as pessoas idosas. 

Qualquer termo que configure esse setor, numa sociedade capitalista que enxerga o ser humano como mercadoria não condiz com o respeito necessário. Terceira Idade, Feliz Idade, Melhor Idade e tantas outras, são apenas rótulos que determinam quem não faz mais parte do mercado de consumo. Algo que vai do trabalho ao lazer. Do mundo exterior ao familiar.

A idade vai chegando sem notarmos. Quando vemos o tempo passou. Vamos sentindo aos poucos suas marcas e selecionados por quem tem menos idade onde podemos estar ou onde não nos cabe mais. Do ponto de vista de algumas pessoas, onde tiver um grupo de pessoas jovens, pessoas do dobro de suas idades ou mais não podem frequentar ou se misturar. Eu já senti esse preconceito e sei o tamanho da dor. Nessas horas passa um filme pela nossa mente. 

Ser velho ou velha numa sociedade viciada é conviver com a experiência que acumulamos e não sabermos onde poderá ser útil, mediante a uma radical mudança sistêmica de valores e de novos modelos de vidas descartáveis hoje em curso. Algo tão superficial que nos põe à prova, até mesmo em alguns momentos em reuniões da nossa linha de pensamento e isso nos leva a uma profunda reflexão. Às vezes nesses casos só nos resta o silêncio.

Existe uma necessidade de provarmos todos os dias que estamos vivos (as), ativos e ainda sonhando com o amanhã e com os nossos desejos, que nada há de secretos. É a audácia de queremos ainda tocar o coração de alguém que imaginamos nos enxergar com a alma. É uma caminhada teimosa contra a tirania dos sutis ou explícitos preconceitos, que segrega a humanidade em classes econômicas ou de conhecimentos, através de todo tipo de aparências que imaginam ser imortais, onde o TER vale muito mais que o SER.

É sorrirmos quando tudo nos leva ao Jardim do Éden e chorarmos em silêncio quando alguém nos lembra de que os nossos limites vão além da linha do horizonte.

Porém, do outro lado do universo há um céu azul nos convidando a pipar. É preciso que ocupemos sem licença o mundo que ajudamos a criar, enfrentando a discriminação e os preconceitos, cantando para alguém que nos queira ouvir, lutando de mãos dadas pelos nossos direitos e, sobretudo lembrando que vida e morte são irmãs gêmeas de acordo com as nossas crenças e mesmo o dinheiro ou a aparência corporal não evita a morte, mas enquanto o coração pulsar há esperanças de uma vida melhor e uma história a contar.

Que valorizemos e sejamos sempre gratos (as) a quem nos respeita e por quem caminha conosco, mesmo nos momentos de pura chatice ou de mudança de humor. Que procuremos colorir com as cores do universo o tempo que nos for concedido futuro afora.

Ousar viver bem na velhice é antes de tudo um ato revolucionário, uma guerra contra o sistema excludente e desigual e principalmente um ato de amor pela vida.

Amanhã quando acordarmos, vamos celebrar mais um dia de vida rumo ao futuro, mesmo que seja do infinito enquanto dure. Que seja uma manhã de sol onde possamos tomar café, mesmo em pensamento, com quem amamos e quem sabe façamos até bolinhos de chuva...

O que vou ser ou como estarei daqui a dez anos? O que o destino me reservar e a nossa luta tiver alcance. Vou continuar celebrando com as pessoas que amo e com aquelas que por descuido ou por escolha ou ainda por destino ou acaso, também me escolherem para amar.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Mente e Coração...

 

Imagem disponivel em: 
https://professorrafaelporcari.com/2021/03/12/os-problemas-da-mente-nascem-no-coracao/


Mente e Coração


Uma conexão perfeita quando estão em sintonia.

Um lembrar. Um esquecer - Um ser. Um querer ser.

Duas faces de uma mesma moeda girando em círculos...

Somos passageiros da nave da vida em busca de um cenário que nos ponha em evidencia e impressione quem gostaríamos de fazer morada em seus pensamentos.

Quem sabe o segredo esteja na mistura das cores ou na dimensão da paisagem que queremos nos abrigar e que nos faz caminhar sem cansar, mesmo em dias de chuva.

Amanhã vou à busca de tinta de várias cores para colorir meu cenário da vida...


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social 

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Quando chegar o verão as flores da primavera ainda estarão presentes...

Imagem Disponivel em:
 https://www.facebook.com/jjardimdaalma/photos/a.100716844652880/111648973559667/?type=1&theater

Um dia me perguntaram se eu me sinto um poeta. Respondi: “Quem me dera!”. Considero-me apenas alguém que gosta de escrever e escreve para satisfazer a alma e aplacar determinados sentimentos que transitam pelos meus momentos. Escrevo para minha história de vida e para quem caminha comigo.

Em dias frios, nublados e de puro silêncio, ao fugir da introspecção, recorro à escrita como uma terapia necessária, buscando uma conexão entre a vida real do dia a dia e os meus sonhos e fantasias que vou construindo noite adentro. Uma viagem no carrossel do tempo ao meu mundo interior, saindo da realidade presente ao cenário que gostaria de viver quando o verão chegar. Quem sabe o sonho mesmo seja florir o jardim da alma para alguém especial visitar.

Quem curte plantas, seja num quintal ou mesmo num vaso, sabe que da raiz à flor há uma longa caminhada comandada pelo tempo e pelo carinho que temos com o que plantamos. Assim são as plantas e assim são as pessoas. Quem não cultiva o jardim da alma não é capaz de cultivar nem mesmo uma flor. Quem não enxerga a beleza numa planta e não sente sua forma de comunicação em cada mudança ou em cada toque, como entender a metamorfose que gerou uma borboleta?

Lá atrás havia uma casinha no alto rodeada de vegetação, um terreiro de terra batida, cheiro de relva misturada com a de terra molhada, banho de chuva e de rio, fogão de lenha, milho no quintal e uma avó carinhosa a me fazer cafuné, mas dura também quando alguém mexia em suas bolachas e biscoitos. Quem pensava em felicidade? A felicidade era o que se vivia no dia a dia e só depois de velho descobrimos essas pequenas coisas que ficam grudadas na alma.

Depois vieram as figurinhas, bolas de gude, pipas em dias de sol, disputa de corrida com carrinho de rolimã e brincadeiras de rua em noites enluaradas. Uma infância pobre financeiramente, mas rica em aprendizado e em como enfrentar as discriminações da pobreza e por ser nordestino num bairro burguês de São Bernardo do Campo, além de aprender que pessoas com depressão precisam mesmo é de carinho e não de palpites que só machucam.

Creio que tenha sido nesse momento que a minha consciência crítica foi despertada e aprendi que luta de classe começa bem cedo pela dignidade humana. Isso me levou à Teologia da Libertação, há anos de luta habitacional e em inúmeras passeatas com milhares de pessoas para inundar de gente a Igreja Matriz, o Paço Municipal, Estádio da Vila Euclides e Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, juntos na luta trabalhista e contra a ditadura militar. Dessa luta surgiu uma moradia nascida num mutirão habitacional com 200 famílias.

Quem sabe essa vivência tenha me ajudado a enxergar as diversas formas de amar. Amor pela vida. Amor pela luta e pela causa. Amor fraterno e solidário. Amor pelos amigos e pelas amigas que são para sempre e em especial o amor exclusivo que sentimos por alguém que faz o coração bater mais forte, onde sexo se torna complemento e não a razão principal para manter alguém ao nosso lado. Ao entendermos isso entendemos também o que nos leva a optar por alguém para caminharmos juntos rumo ao futuro do infinito enquanto dure.

Como um recado ao futuro, vou plantando com a esperança de ver crescer, florir e dar frutos, com o compromisso de regar todos os dias, adubar a terra e cuidar para que as ervas daminhas não tome conta, com o desejo de quando o verão chegar encontrar um quintal florido como um brinde da primavera, com borboletas e até alguns pássaros dando vida ao jardim da alma.

Bem vindos e bem vindas poetas e poetisas que vão me inspirando a escrever pensando naquela fada madrinha que esteve no meu sonho ontem à noite.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social




 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

CPI da Covid escancara importância da estabilidade no serviço público

 “Vários são os exemplos de servidores estáveis que trouxeram à tona, casos de corrupção, como o delegado da Polícia Federal que denunciou o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, por esquema de venda ilegal de madeira. Também graças à garantia do emprego, vários servidores notificaram e multaram autoridades, entre elas o próprio presidente da República, pela flagrante infração do não uso da máscara em municípios cujo uso é obrigatório em locais públicos, neste período de pandemia”

Arlete Rogoginski*

Foto: Joka Madruga

O recente depoimento do servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, à CPI da Covid, instaurado no Senado Federal, que denunciou ter sofridos pressões de seus superiores, com conhecimento do presidente da República, segundo o deputado Luis Miranda, para liberar a importação da vacina indiana Covaxin, por um preço muito mais alto do que as outras vacinas adquiridas pelo Brasil, num latente escândalo de corrupção que envolve também o líder do governo, o parlamentar Ricardo Barros (PP PR), expõe, de maneira incontroversa a toda sociedade, a importância da estabilidade do servidor público.

A negociação denunciada, que continuará a ser investigada, levou o governo a empenhar R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses do imunizante, em torno de US$ 15 (R$ 80,70) por dose, enquanto rejeitava a proposta da Pfizer com valor em torno de US$ 10 a dose, e da Coronavac, R$ 58,20,e perdíamos em nosso país, neste período de negociação, quase 100.000 vidas para a Covid-19.

Nossa legislação impõe ao servidor público uma série de deveres como requisitos para o bom desempenho de seus encargos e regular funcionamento dos serviços públicos. A Lei de Improbidade Administrativa, de caráter nacional, proíbe qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às leis e às instituições.

O dever de obediência impõe ao servidor o acatamento às ordens legais de seus superiores e sua fiel execução, devendo se recusar a praticar qualquer ato ilegal, sem medo de perder o seu emprego.

Já o dever de eficiência, decorre do inciso LXXVIII do art. 5º da CF, acrescentado pela EC 45/2004. Outros deveres são comumente especificados nos estatutos, códigos, normas e regulamentos próprios de cada poder e órgãos, procurando adequar a conduta do servidor, para melhor atender os fins da administração pública.

Toda essa legislação não existe por acaso. Cuidar da coisa pública exige dos cuidadores, todos esses requisitos para que a sociedade fique protegida de políticos que poderiam fazer uso indevido do poder para fins particulares, eleitoreiros, econômicos e, ainda, aprofundar e facilitar a corrupção em órgãos públicos.

O servidor público adquire estabilidade após período probatório, como garantia contra a exoneração discricionária, é avaliado periodicamente, e poderá ser mandado embora por justa causa respondendo a um processo administrativo, lhe sendo garantido o contraditório e a sua defesa. Dessa forma, é possível evitar que sejam pressionados por seus superiores a favorecer propensões individuais em detrimento dos interesses coletivos.

O governo Bolsonaro, ao encaminhar ao Congresso nacional a PEC 32/2020 que prevê, entre outras coisas, o fim da estabilidade do servidor público, traz, em seu bojo, prejuízos para toda a sociedade brasileira, com o visível aparelhamento do Estado.

Vários são os exemplos de servidores estáveis que trouxeram à tona, casos de corrupção, como o delegado da Polícia Federal que denunciou o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, por esquema de venda ilegal de madeira. Também graças à garantia do emprego, vários servidores notificaram e multaram autoridades, entre elas o próprio presidente da república, pela flagrante infração do não uso da máscara em municípios cujo uso é obrigatório em locais públicos, neste período de pandemia.

Estudos apontam que o fim da estabilidade vai, seguramente, resultar, entre outros, na descontinuidade da prestação do serviço público, perda da memória técnica, dificuldade de planejamento em longo prazo, rompimento do fluxo de informações, além do estímulo ao apadrinhamento político, nepotismo e cabides de emprego, ao declarar o fim dos concursos públicos e a contratação de forma precarizada, com a transferência das atividades públicas para a iniciativa privada, que visa somente o lucro.

Por isso, todos precisam entender que defender a estabilidade do servidor público, é proteger a sociedade da corrupção e da sobreposição dos interesses particulares sobre o interesse público, e, de uma vez por todas, exigir dos parlamentares o voto contrário à proposta.

*Arlete Rogoginski – Diretora do Sindijus-PR e coordenadora-Geral da Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados)