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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A estranha relação entre Eleitor@s e Candidat@s

 

Imagem disponível em: https://www.tre-pa.jus.br/imprensa/noticias-tre-pa/2020/Fevereiro/eleicoes-2020-candidatos-e-partidos-devem-atentar-para-os-prazos-da-justica-eleitoral

Como explicar que as pessoas ou votam por uma paixão desmedida, ou por ódio contra alguém ou contra um partido? Aliado a isso está à trupe que anula o voto ou vota em branco e se gaba dizendo que não votou em ninguém. Votou sim! Tudo isso sem contar que grande parte do eleitorado está à venda. Diante desse caótico cenário, três fatores são importantes de serem observados.

O primeiro versa sobre a obrigatoriedade do voto. Um contrassenso, pois as pessoas tinham que ser livres para votarem ou não. Quem sabe com isso fosse possível mudar as estranhas relações existentes no processo eleitoral e quem sabe ainda diminuísse o grau de promiscuidade em nome da democracia. Porém há de se entender que há uma indústria eleitoral por trás das eleições e esse é o principal fator para justificar uma eleição a cada dois anos.

O segundo vem do alto grau de desinformação existente entre o eleitorado, por terem comprado a ideia de que política não se discute ou que política é apenas para políticos. Afirmam que todos e todas mentem para passar uma ótima imagem e assim nem vale a pena acompanhar ou se informar. Claro que em parte isso é verdade, por várias razões, porém é a desinformação e a alienação, que juntas elegem figuras como o genocida presidente.

O terceiro é que é o fator emocional que acaba decidindo as eleições, sem racionalidade alguma. As pessoas votam em pessoas sem as conhecerem ou o que defendem. Votam por favores presentes ou futuros e também pelo fervor que se dá com a figura do candidato ou candidata. Além disso, votam em profissionais da política que fazem de seus cargos profissão e nesse time tem gente da esquerda à direita, que não possuem base eleitoral construída a partir da participação e de projetos e sim apenas eleitor@s que normalmente são tratados como “garrafinhas”, a serem trocadas em barganhas eleitorais.

Como uma forma de alerta e também com certa provocação, no post anterior faço uma pergunta embaraçosa para o momento político: Vale a vida por um voto? Uma pergunta que não consegue ser respondida pela extrema maioria de candidatos e candidatas, da esquerda à direita, pois a disputa pelo voto não tem limites. Para se manterem ativos e visíveis, candidatos e candidatas vão para o tudo ou nada, principalmente na reta final, ignorando qualquer risco e ocupam feiras, comércio, bares e botecos em busca de possíveis eleitor@s.

Essa eleição é de uma tremenda irresponsabilidade. É expor o povo, aos apertos de mãos e abraços, nem sempre desejados e para milhares de candidatos e candidatas apostarem até a vida por uma possível vitória eleitoral.

Existe um descompasso econômico e financeiro entre os mais de 530 mil candidatos e candidatas para as eleições desse ano. Enquanto uma parte desfruta de campanhas milionárias, sem se saber de onde vem esse dinheiro, outra parte fica no limite dos repasses do Fundo Eleitoral, com classificações diferenciadas em relação ao volume de recursos recebidos e outra parte nada tem a não ser uma quantidade de material oferecido pelo próprio partido. Enfim, como bem dizia o Barão de Itararé, há algo no ar além dos aviões de carreira disfarçado ou maquiado pelo marketing eleitoral.

O que fazer para participar e não entrar no jogo do poder? Ter muita calma nessa hora. Trabalhar com o que for possível, porém com a responsabilidade de não se tornar um agente multiplicador da pandemia. Trabalhar com projetos a várias mãos. Acreditar na democracia direta ou participativa. Não por a dignidade à venda com a desculpa de que o sistema é assim. Além disso, construir projetos de ocupação com o compromisso das mudanças efetivas que a sociedade que sonhamos requer. Como dizia Paulo Freire: “Uma sociedade onde a exigência de justiça não signifique nenhuma limitação da liberdade e a plenitude da liberdade não signifique nenhuma restrição do dever de justiça”.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social