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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Por trás dos escombros um novo amanhã...

Cinco anos se passaram, completados no último dia 23. Chegamos a mais de 20 países, com mais de 130 mil acessos, sem propagandas. Eu e colaborador@s produzimos 343 posts, com assuntos variados e em muitos casos chegamos aos corações de quem leu. Estou muito grato a quem se dedicou a ler, colaborar, divulgar e integrar seguindo o Blog. O que ontem era apenas uma gostosa brincadeira, ou um passa tempo, hoje virou coisa séria.

Por falar em coisa séria, a coisa anda muito séria no país do golpe e em pleno desmonte de sua dignidade mundial. O Brasil que havia conquistado sua independência financeira, com o pagamento ao FMI e com a criação do Fundo Soberano, voltou novamente ao posto de país servil ao império e em traição à sua soberania nacional. Hoje voltou a parecer com um puxadinho dos EUA.

Por certo sobrará muito pouco a administrar se alguém contrário ao golpe for eleito(a), a não ser que chame um Plebiscito Nacional para revogação de toda bandalheira aprovada até então. Porém, há de ficar claro, que só a luta concreta das organizações trabalhistas sérias, junto com as organizações populares poderá fazer o enfrentamento necessário ao golpe ou ao que sobrar dele e a resistência frente ao descalabro que o país se encontra.

Podemos nos perguntar que luta é essa, que se luta até por quem não quer mudar?  Respondo-te que é uma luta sem tréguas para a missão prosperar. Uma luta que responda do porque de se nascer e uma causa que explique a razão de se viver.

Dá para falar em sonhos, em meio a essa tempestade liberal? Qual a nossa responsabilidade diante da atual conjuntura? Que tipo de ação fizemos ou faremos para contribuir para uma nova sociedade? Que sociedade queremos?

Grande parte da população transita no vácuo do tempo meio que sem rumo e um tanto inerte. Estamos em pleno caos. Deslizando por precipícios e diante deles qualquer sinal de terra firme se torna um porto seguro. Existe um abismo entre o mundo imaginário formatado pelos golpistas, voltado apenas para um pequeno setor da sociedade e o mundo real onde a maioria da população foi sumariamente excluída e suprimida de seus direitos. O que fazer?

Quem já se deparou com uma tempestade sabe que depois que ela passa restam poucas coisas em seus devidos lugares, além do rastro de destruição deixado por esse fenômeno natural. Na vida política não é diferente. Uma cidade, um estado ou um país, se mal administrado ou se administrado para servir apenas a um grupo privilegiado, deixa também um rastro de destruição que poderá levar décadas para se consertar e tem coisas que mesmo um século depois continuam iguais e sem perspectivas, como é o caso dos direitos trabalhistas, que após a tal reforma golpista voltou às reivindicações de 1917.

Ai vem às eleições e é bom não esquecer que de nada vale achar que votou bem para presidente e governador e esquecer que quem faz as leis são os deputados estaduais, federais e senadores e senadoras e escolher mal. Os cargos legislativos são de extrema importância. É só lembrar como foi a aprovação do golpe contra a Presidenta Dilma. 

O país está carrancudo com cara de poucos amigos, com um desemprego de 27 milhões, o retorno da miséria e a volta ao Mapa da Fome da ONU.  Há um peso enorme de responsabilidade e esperança nas próximas eleições, que sem dúvidas serão das mais importantes para o momento que o país atravessa. Uma eleição sem brilho, pois o líder em todas as pesquisas se encontra preso sem provas, mas comandando o espetáculo de dentro da cadeia. Lula é a grande novidade do século XX e principalmente do século XXI.

Estamos viajando por cenários conhecidos de outros tempos sombrios. Algo inquietante age de dentro para fora tentando com seu disfarce ficar invisível e transmitir medo em quem se aproxima. Por trás dos escombros emergem grotescas criaturas neoliberais para devorar a democracia. Porém do outro lado da cortina existe um mundo a se reinventar e mesmo com o medo a vida passa, as pessoas se renovam e novas vidas nos promete um futuro melhor.

Como militante de uma causa, sei que é possível mudar esse jogo, principalmente porque milhares de pessoas ainda acreditam na sociedade prometida, porém com a grande tarefa de construí-la a várias mãos.

Particularmente não gosto de dias nublados, tampouco carrancudos como já revelei, embora saiba que a partir dele poderá vir uma chuva branda tão bem vinda, mas também uma tempestade daquelas que ninguém se prepara. Gosto mesmo é de dias de sol e uma chuva leve que possa molhar o chão sem destruí-lo, que nos encha de esperança e quem sabe nos brinde com um arco-íris como moldura do que ainda virá. Uma nova sociedade justa fraterna e igual para todos e todas poderá ser a moldura que guardará o resultado de todas as lutas contra as injustiças e por liberdade de todos os tempos.

Ontem me deparei com o que sobrou da última festa na casa grande. Comemos as sobras, bebemos os restos e vimos os semblantes sorridentes de quem nos explorou. Hoje acordei com uma vontade imensa de ultrapassar a barreira do tempo, juntar o maior número de pessoas revoltadas e tomar o que é nosso por direito, solapado ao cair da tarde. Mal sabem eles que construiremos à força se necessário for um novo amanhã.

Um novo dia nasce quando sol vem nos brindar. Um novo momento nasce quando decidimos mudar. Uma missão ao nascer nos remete a caminhar. E uma nova sociedade só quando decidirmos lutar.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A importância de ser ter uma causa para se viver


Inicio essa conversa chamando a atenção para a importância de se descobrir a missão de cada um de nós com o ato de viver. Chamo isso de causa. Algo que se adota como principio de vida e que se torna regra básica de convivência, sonhos, lutas, derrotas e conquistas. Algo que começa de forma individual pela escolha, mas que ao longo do tempo vai se encontrando com outros seres humanos que também seguem na mesma direção e aí vira uma causa coletiva.

O bom de ter uma causa é saber, que cada vez que o trem da historia faz uma curva, viramos sempre juntos com todos e todas que também as tem.

Que cenário surreal é esse que vivemos na atualidade? De um lado uma trupe de devoradores de almas, de sonhos e de esperança do povo, amigados com o capitalismo selvagem; do outro uma nação anestesiada, com uma parte dela de caso com um grande pato amarelo; e à margem do retrocesso milhares de sonhadores e de sonhadoras buscando ganhar a atenção do maior número de pessoas possíveis para a caminhada em busca da sociedade desejada. Uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e para todas. Essa é a meta.

Vivemos uma verdadeira confusão ideológica. O que já era complicado agora complicou de vez. A centro-esquerda flertando com a direita, a direita namorando com a extrema direita e a extrema direita aliada ao fascismo e como resultado de tudo isso uma conjuntura incerta e com prejuízos incalculáveis para diversos setores, principalmente para a classe trabalhadora.

Apresentando-se como se fosse a luz do fim do túnel, aí vem às eleições mais atípicas da história do país, com vários interesses em jogo. A direita defendendo manter a estrutura do golpe e o avanço no desmonte do Estado de Bem Estar Social, seguindo as regras do Consenso de Washington; a extrema direita criando a impressão de um poder nacionalista e fascista a la Trump e a esquerda, ou o que sobrou dela, junto com os movimentos sociais e trabalhistas, lutando para resgatar os direitos destruídos pela política do pato amarelo empresarial e seus aliados internacionais, que rasgou a Constituição e a CLT e ampliou privilégios para apenas um pequeno setor da sociedade, sendo necessário para isso um Plebiscito Nacional que anule as medidas autoritárias tomadas até o momento pelo governo golpista e seus aliados.

Esses são apenas alguns dos grandes interesses e desafios em jogo. Caso a composição dos setores progressistas perca as eleições, significa voltar o país ao cenário de mais de cem anos atrás. Algo em torno de 1917, quando da primeira greve geral. As reivindicações são as mesmas.

Um processo eleitoral deturpado e violado, onde o favorito ao cargo de Presidente da República se encontra preso para não ser vitorioso, a partir de um processo de condenação contestado por juristas de várias partes do mundo. Além disso, com algo até então inédito, que é o surgimento de forma clara e organizada da extrema direita fascista, que prega o rompimento democrático e a volta da ditadura militar. Um cenário de trevas.

Em tempos eleitorais, de politicalha, de golpe e de negação da boa política, o que sobra mesmo para a população eleitoral é o envolvimento emocional por seus candidatos e candidatas, sem o menor critério político e muito menos ideológico. Há uma perigosa paixão que se apodera das mentes e corações de quem se comporta como massa de manobra e se deixa levar em troca de pequenos favores. Normalmente votam nas pessoas e não em seus projetos ou a quem eles e elas representam.

Diante desse confuso cenário, como definir uma causa que resulte na forma de pensar e agir? O que tem a ver a causa com a política tradicional?

A escolha de uma causa se dá através de um processo de conscientização, que poderá ocorrer a partir da militância, formação política e participação efetiva em movimentos organizados. Não se escolhe uma causa do nada e sim a partir da identidade com o lado que se escolheu para caminhar na vida.

No meu particular entendimento, a política tradicional se tornou o ópio da humanidade, pois alimenta a ilusão, permite a corrupção, com a máxima “rouba, mas faz” e tudo vira troca de pequenos favores e privilégios, além de servir de manutenção para os cargos presentes e futuros. O mais trágico é ver algumas pessoas transformarem os cargos públicos em profissão vitalícia.

A partir desse cenário, podemos definir duas formas de fazer política. Enquanto a velha forma desencanta, pois foca em projetos pessoais e eleitoreiros, a luta concreta por uma causa encanta quem a entende, pois se trata de um projeto coletivo de transformação. Uma disputa, a outra conquista. Uma vive de interesses, a outra vive de sonhar por uma nova sociedade. Uma se esconde por trás da alienação e a outra desmistifica os códigos do poder dando voz à população através da conscientização e da formação. Uma vive a caçar eleitores e a outra investe na sociedade organizada em busca e novas lideranças. Uma alimenta o sistema e a outra alimenta quem sonha por justiça, liberdade e oportunidades para todos e todas.

Caminho pelas trilhas da subversão, de acordo com quem quer comandar o país de cima para baixo, na medida em que trabalho com formação e levo às pessoas a possibilidade de entenderem o universo por onde andam.

Prefiro continuar sonhando um sonho coletivo, mesmo que eu o imagine em muitas vezes utópico ou longe da realidade, pois isso difere do ato de fantasiar individualmente pregando que o mundo vai mudar a partir do próprio umbigo.

Porém, o que seria nós seres humanos se não houvesse a utopia que nos joga na luta e nos remete ao imponderável, como se a vitória já tivesse chegado.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Enquanto houver estrelas é sinal que o céu continua azul

Por saber onde quero ir escolhi uma estrela para seguir e acompanhado vamos virando estrelas também. Que céu pode resistir a uma constelação?

Um céu azul é um convite para apreciarmos as estrelas e desfrutarmos de um dia de sol. Algo que nos vai aproximando do infinito. Suspeito que sejamos filhos do sol e nascemos das estrelas, por isso essa relação tão próxima.

Diante de nossos dilemas e desafios, um céu azul nos convida sempre a refletir sobre o futuro, sobre que história de vida deixar e que causa estamos dispostos a defender, onde o infinito seja o limite entre nossas vontades e a capacidade que temos de chegar até o final.

Perdemos muito tempo em busca de respostas para os problemas que surgem no nosso dia a dia e quase sempre as respostas estão dentro de nós, porém para descobri-las, precisamos antes de tudo, saber onde queremos chegar.

Numa dessas caminhadas, me pus a observar duas pipas que voavam juntas, desafiando a natureza e driblando o vento para permanecerem no ar. Uma ao lado da outra e senti além da saudade do meu tempo de criança, o quanto existe de mistério e liberdade na simbologia de empinar uma pipa. Algo que exige atenção, controle, cuidados e principalmente conhecimento com a direção do vento. Mesmo de forma imperceptível se cria uma estratégia para que o resultado seja no mínimo o esperado. Assim deveriam ser todas as nossas ações. Um plano, um projeto, um planejamento e uma estratégia.

Vale salientar nessa conversa duas situações. A primeira de que mesmo nessa brincadeira de soltar pipas, existem disputas pelo espaço no horizonte e até certa dose de maldade ao cortar a pipa de outra pessoa, às vezes só por prazer e a segunda, como fui lembrado por uma pessoa próxima, que as pipas precisam de vento para subir e não de ventania que as façam perder o controle. Assim também são as nossas vidas. Precisamos de motivação que nos movam e não de turbulências que nos tirem do controle.

Só é pipa quando se sabe que do outro lado existe uma forte linha que dá sustentação aos sonhos, que voam livres pelas mentes e corações de quem brinca livremente ao sabor do vento. Algo que pode ser apenas um passa tempo delicioso, mas também algo mais duradouro que fique para sempre em nossas mentes. Depende muito do que se busca com essa brincadeira de pipar. Pipar, seja qual for à intensidade, é algo que nunca se esquece.

Escrevo como se estivesse pipando e como resposta ao que escrevo, tive uma observação bem diferente das que normalmente recebo, dessa vez de uma leitora terapeuta, que me disse que meus textos são previsíveis, que por eles observa meus pensamentos e que eu tentasse ser mau em alguns deles, pois não é feio ser fora do ecologicamente correto. Nunca tinha pensado nisso, visto que escrevo para quem lê e busco contextualizar pensamentos e observações, buscando sempre a identidade do publico leitor.

Fiquei pensando o que deveria ser fora do ecologicamente correto? Que lado ruim eu deveria revelar, se nem ao menos conheço os vários eu(s) que habitam em mim? O que de fato ela quis abordar com essa análise? Bom, no mínimo ela conseguiu me chamar à atenção para suas observações.

Não sei escrever se não for com o coração e isso é se deixar levar sem a preocupação de buscar enquadramento seja qual for, para o conteúdo proposto; enquanto que escrever com os olhos de quem lê se torna um desafio constante, tanto para prender a atenção, como principalmente para atrair o público para caminhar e sonhar junto com quem escreve. Uma identidade que vai se fortalecendo através da empatia e uma conquista literária de cada vez através da possibilidade de interação,.

Voltando ao tema do post, em tempos de ódio e desamor precisamos de um céu azul para voltar a sonhar e buscarmos afinidade com o maior número de pessoas possíveis no sentido de uma nova sociedade. Uma sociedade onde o senso de justiça seja o imperativo à ausência de igualdade e de oportunidades.

Suspeito que não há mais tempo. O tempo de tomar uma decisão, se não foi ontem é hoje, pois amanhã poderá ser tarde demais.  

Existe uma linha ideológica que divide quem sonha só e quem sonha acompanhado com todos os loucos e loucas que expõem suas vidas em busca de mudanças profundas na sociedade pelo respeito à cidadania e a dignidade de viver. Um sonho coletivo onde caibam todas as pessoas excluídas e as façam sonhar novamente. É nesse ponto que se estabelece a causa, além da escolha de que lado optar para caminhar e com quem.

Que a empatia seja o elemento principal de encontro do que queremos para o futuro, assim como a catarse esteja sempre presente para expelir de nós todas as energias negativas que nos fazem recuar da necessidade de lutar.

Somos mensageiros do futuro e responsáveis para anunciar que o céu continua azul para quem escolheu dividir sonhos e somar energias em busca de um novo amanhã.

Caso o céu escureça e o sol tarde a chegar, que o brilho que vem da luta por justiça e liberdade seja o condutor para os caminhos rumo ao futuro.

Quero a causa que se funde como projeto de vida. Quero o lado da história com a multidão desvalida. Quero o hoje e o amanhã e os sonhos que virão. Quero junto com esse povo lutar por uma nova nação.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social