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terça-feira, 23 de abril de 2019

Qual utopia nos move?


" Nada do que foi será,  de novo do jeito que já foi um dia... " (Lulu Santos)

Partindo dessa premissa, faz-se necessário tecer breve comentário sobre qual modelo de política nos forjamos e nos propomos pactualmente a fazer, pois  o que nos moveu utopicamente outrora, já não  move muitos dos nossos nessa plataforma ideologicamente falando. Nota-se que outros caminhos, outros atalhos fizeram com que no limiar desse percurso, pudesse rever conceitos, preceitos e práticas motrizes que nos abduziam a pensar uma sociedade mais igual e mais decente.

Tudo isso, aqui mencionado, advém de um imbricamento de projeto de vida da boa política, a qual fomos protagonistas. Todavia, esse caminhar por atalhos pedregosos, espinhosos e rasos, levou nossos sonhos a deslocar- se da sedimentação "massapenta" para um terreno baldio, onde nossos passos, já não dão a mesma liga que nos sustentou e nos manteve de pé.

Sendo assim, caberia um olhar nosso mais acurado de maneira que pudéssemos rever nossa trajetória e com isso, repensar a liga que constrói pontes ao invés de muralhas!?
É tempo e há tempo de dar tempo ao tempo e de sabiamente reconectarmos com o chão que brotamos para que assim, seja possível reolhar o horizonte que nos espera.
Por fim, "Não temos nada de novo, o que temos de novo, é o jeito de caminhar."  (Thiago de Melo)

*Jivaldo Oliveira é Professor da Rede Municipal

Coordenador Pedagógico da Rede Estadual
e Especialista em Educação/Gestão Escolar.


sábado, 6 de abril de 2019

Eu estava lá e também chorei junto com milhares de pessoas...


Foto de Francisco Proner Ramos

Amanhã completa um ano da prisão de Luís Inácio Lula da Silva. O brasileiro mais discutido no mundo na atualidade, inclusive indicado oficialmente para o Prêmio Nobel da Paz, através de uma prisão arbitrária e questionada por centenas de juristas de várias partes do mundo, que o torna no primeiro preso político, com reconhecimento mundial, após a famigerada ditadura militar de 64, quando ele também foi preso por defender a classe trabalhadora e tivemos a felicidade de festejar junto com ele o dia da sua liberdade.

Resolvi escrever sobre esse incômodo assunto, primeiro por eu ser uma das pessoas que o acompanhou em sua trajetória de luta desde o inicio em São Bernardo do Campo e segundo pelo fato de estar lá naquele dia fatídico da sua prisão, após três dias de acampamento coletivo e uma pequena resistência mal organizada no final. Ninguém queria que ele se entregasse, mas no final foi feito o que ele decidiu, mesmo a contra gosto de centenas de pessoas que resistiram até onde puderam e vimos Lula ser conduzido pelos policiais federais rumo à Curitiba, ficando uma sensação de derrota estampada em nossos rostos.

Não é novidade para ninguém que o país está divido pelo ódio politico e Lula tem muito a ver com tudo isso, pelo simples fato de sempre ter escolhido um lado para atuar, além de ter feito os dois melhores governos que a país já viveu. Para sustentar essa onda de ódio, a politica que deveria ser discutida como uma ciência e como um instrumento que pauta e aponta para os interesses de classes no Brasil, é negada e foi abruptamente distorcida, de forma proposital para que as pessoas desinformadas a odiassem e repetissem o mantra, que todo político é ladrão e politica é uma coisa ruim. Exatamente o que o sistema e a casa-grande desejam. Um povo manso e mal informado.

O resultado de tudo isso são problemas de toda ordem que levarão décadas para se resolver, inclusive do desafio de organizar uma unidade com os setores e partidos de esquerda, que é um sonho antigo, além dos organismos que nasceram para defender os interesses dos trabalhadores, que sempre estiveram divididos. Como explicar para um trabalhador ou uma trabalhadora, leigos na política e em seus direitos, que existem oito Centrais Sindicais para defendê-los? Não deve ser uma tarefa das mais fáceis.  

A cidade de São Bernardo do Campo, onde Lula nasceu politicamente, foi palco de uma verdadeira revolução político-trabalhista no final da década de 70 e começo da década de 80, que concentrava os famosos “Metalúrgicos do ABC”, com grandes passeatas e concentrações e também muita repressão policial, principalmente após a interdição do Sindicato dos Metalúrgicos e do Estádio da Vila Euclides, hoje chamado de Primeiro de Maio, onde acontecia a maioria das assembleias.

Lembro-me bem do meu pai e eu acompanhando a maior parte das passeatas e as assembleias aos domingos, principalmente para ouvirmos os discursos daquele sindicalista que começava a fazer história e incomodar os detentores do poder econômico nacional e até internacional. Um cenário que passou a fazer parte da história de lutas dos trabalhadores no Brasil, como um dos capítulos mais decisivos para uma nova forma de política no país, após a ditadura militar.  

Porém, de tudo que vivemos no cenário das lutas desde as grandes greves, iniciada pelos metalúrgicos da Scania em 1978, até os dias de hoje, aquele sete de abril ficou marcado em nossas mentes como um dos dias mais tristes em nossas vidas. Um dia que pude observar e chorei junto com milhares de pessoas, ao nos despedir de Lula, sem saber o que ia ocorrer depois.

Jamais imaginávamos que aquele dia reservaria mais um capítulo sombrio no processo político e de luta do país, pois já se passaram doze meses e ninguém sabe avaliar ao certo qual será o resultado final de tudo isso.

Ao escrever esse texto, faço com ele a minha homenagem nessa data que não pede comemoração e sim um dia de revolta em favor a essa grande liderança popular e dizer em alto e bom tom: AQUI ESTIVE E AQUI ESTAREI PRESIDENTE, para junto com milhares de pessoas que lutam por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas, continuar lutando também pela sua liberdade. LULA LIVRE JÁ!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social