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quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Carta ao Tempo Senhor da Razão e Senhor da Verdade

 

O que é Tempo? O que somos diante de sua imensidão? Como dialogar com o Tempo e buscarmos nele as melhores respostas para a vida? 

De forma abstrata podemos entender o Tempo sentindo toda movimentação existente em nossas vidas, da hora que acordamos ao voltar a dormir, das tarefas que estabelecemos e às vezes não conseguimos completar ou quando descobrimos que falta Tempo para completar o quebra-cabeça da vida, que sempre está em construção.

A vida diante do Tempo representa uma complexa sequência existencial, tão única, tão particular, que o que sobra no final é a certeza de que a vida é curta demais para tantos sonhos que ora aparecem em nossas mentes e nos aquecem e ora se desfazem de forma gelada no caminho do coração quando não encontram sintonia e nem companhia. Quem sabe isso ocorra devido à lacuna existente ao descobrimos que pelo menos um terço de toda a nossa vida passamos dormindo, em outra onda, em outros sonhos e em outra dimensão. 

Em outros momentos, a materialização do Tempo se dá ao percebermos as transformações aparentes em nossos corpos refletidos no espelho da vida e nessa hora quem se prende à ditadura do corpo em sua complexa vaidade, vê que só sobraram as marcas aparentes e com elas apenas quem esteve ou está conosco por amor verdadeiro. As demais vieram para curtir a nossa boa aparência enquanto existia.

Enquanto para uns e umas somos um soneto inacabado e sem vida, para outros e outras somos as vírgulas, os acentos e os pontos de exclamação de um lindo poema de amor. Somos às vezes chaveirinhos a colorir uma parede de desenhos tão tênues, e em outros momentos somos o alicerce de uma construção em movimento. Viajamos nas mentes alheias, às vezes em corações que ainda se inquietam e se completam com a nossa presença e em outros apenas como mais um e uma na multidão.

Querido tempo. Tu que és Senhor da Razão e da Verdade, Senhor da nossa existência e Senhor que divide vida da morte, acalma meu coração e me ajuda a entender as entrelinhas da vida para que eu ainda possa reescrever as folhas que perdi do meu diário com os solavancos do dia a dia e continuar escrevendo a minha história de vida que é o que ficará para quem me amou e me ama de verdade, seguiu e segue comigo pelas veredas da vida e que se importa de fato com a minha existência.

Tu não existes para os deuses, que se deliciam com a vida em abundância, mas presos a uma forma de vida onde o erro inexiste, pois errar é só humano e é nessa lacuna onde tudo se explica e acontece. Tu só existes de forma latente para nós, pobres mortais, que por mais que vivam e gozem com a vida, se vão com suas obras incompletas, seus amores inacabados e sem data marcada para a despedida.

Tu que tens o grande poder da existência ajuda-me a conviver comigo mesmo e a entender que a vida é bela, que existem pessoas tão belas e o melhor ainda está por vir. 

Que eu ainda tenha tempo de desfiar o que é racional, me saciar com as emoções alheias em minha direção e continuar lutando para que valha a pena a minha existência e se não for muita ocupação, Senhor da Verdade e da Razão, me faça um sonhador ao acreditar ainda ser possível amar e se amado. 

Quem sabe seja Tempo de fechar os olhos e sentir uma sinfonia de violinos, com um solo de oboé, a compor uma melodia para minha alma se aquietar e eu possa acordar com ela em mente e cantarolar pelo resto do dia. Quero seguir pelo caminho da paciência, da persistência e do amor e acreditando que sempre poderei aprender, crescer e mudar... O Tempo dirá...! 

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social