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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

De que futuro estamos falando?


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A conjuntura atual não está para principiantes. Trata-se de uma situação das mais adversas e complexas possíveis, principalmente porque estamos assistindo o mundo desmoronar ao nosso lado e à nossa frente e pouco podendo fazer devido ao indivíduo eleito ter recebido um cheque em branco de seus eleitores e eleitoras para barbarizar à vontade e eliminar quem quiser e como quiser. Algo já com profundas sequelas e cicatrizes para o futuro.

A partir desse cenário e após escrever três textos sobre o inominável e não me sentir contemplado para divulgá-los, resolvi me enveredar mais uma vez pelos caminhos da introspecção em busca de inspiração e um roteiro que me agrade.

Por falar em introspecção, que tal falarmos do futuro, visto que hoje não conseguimos enxergá-lo com clareza? Como definir o que seja o futuro? Como definir o nosso futuro, visto não termos domínio algum sobre ele e vivermos mergulhados em escolhas e consequências? O futuro sempre é uma aposta?

Para algumas pessoas o futuro é o hoje, vivendo um dia de cada vez. Ouço muito isso. Para outras é o resultado de uma vida inteira composta por pequenos sonhos, fantasias e algumas decepções e a projeção dela com todos seus ingredientes, mas acho mesmo que o futuro seja algo que esteja logo ali passando a primeira esquina da vida e se nutre pela história de cada um e de cada uma de nós que vai se completando em nossos percursos. A meu ver o futuro é o hoje, repleto de desejos de novas conquistas e realizações aliado ao livre pensar pelo que possamos ser no amanhã.

Talvez seja por isso que o ato de pensar seja tão subversivo para ditadores e tiranos como o que acabou de solapar a democracia. Enquanto a alienação e a ignorância política anulam qualquer projeção de futuro, pois aprisionam as pessoas no presente com base em algum sentimento de egoísmo, ódio e fundamentalismos de toda ordem, o livre pensar, nos liberta e nos faz termos coragem de sermos sujeitos de nossas histórias e dos nossos futuros, a partir de uma causa que nos faça viver, sonhar e dedicar nossas vidas para ela.

Além disso, falar de futuro é bem complexo, pois de alguma forma já estamos nele, se nos reportarmos ao tempo que passou e por outro lado, nos imaginamos como seremos e como estaremos no amanhã, que será passado, presente e futuro ao mesmo tempo. Uma viagem à ilusão do que imaginamos ser, com a perspectiva de bons momentos vividos.

Li uma frase do Érico Veríssimo que faz todo sentido e que nos leva à reflexão, inclusive sobre o futuro: “Todos nós somos um mistério para os outros e para nós mesmos”. Algo que transcende a própria existência e que nos coloca na missão contínua da descoberta de quem somos e para que viemos.

Tenho a clara impressão de que a maioria do povo brasileiro está em crise. Que crises são essas? Algumas de valores e de comportamento, outras de ordem existencial e tantas outras com pessoas sem saber ao certo onde estão e para onde vão. É como se um embrutecimento coletivo tivesse se apoderado desse contingente de pessoas e por falta do que fazer se antropofagiam a partir do ódio que as nutrem, além de quererem devorar também quem os cercam e pensam diferente delas. De repente viraram militante do nada.

Infelizmente de alguma forma essas crises externas também nos afetam, na medida em que temos que fazer escolhas, a partir de nossas crenças e questões ideológicas e selecionarmos com quem queremos caminhar lado a lado rumo ao futuro e quem entregamos ao submundo da vida.

No último texto fiz referência e reverência ao tempo, com o texto: “Uma oração ao tempo que virá”. Pedi nele que o tempo, que é senhor da razão me leve ao topo de uma montanha, se necessário for, para que eu lá possa primeiro sentir a brisa do vento tocar o meu rosto e segundo enxergar a linha do horizonte e por conta disso acordar caso esteja dormindo para a vida e refletir rumo ao que sou e ao que ainda gostaria de ser, pois isso compõe a minha história de vida que deixarei no futuro.

Na verdade uma intensão de profunda reflexão, principalmente para que nunca fraqueje para a luta que se trava diante das injustiças, da supressão à liberdade e dos direito à cidadania, que as aves de rapina querem levar.

Ontem à noite sonhei que o morro descia e tomava o asfalto em busca do direito de viver. Via homens e mulheres de mãos dadas lutando por dignidade e conquistando a liberdade. Antes de acordar eu me juntava ao grupo e caminhava junto com todos e com todas rumo ao futuro.

O Futuro é uma poesia em construção, onde o enredo fala de amor, de fraternidade e principalmente da paixão ao ato de viver.
A.   L. Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social