É alta noite. Os pingos de chuva no telhado escorrem telhas afora. Uma ventania completa o cenário. A mente em alerta com os perigos iminentes que nos rodeiam, que muitas vezes moram ao lado da nossa imaginação. O coração às vezes aperta e o sono que não vem.
A madrugada longa se movimenta devagar e com ela as inquietações brincam de roda em nossas cabeças. Procurando disfarçar e sairmos dessa situação, fugimos cavalgando num cavalo de pau imaginário para nos esconder do perigo, como fazíamos quando crianças com medo do bicho papão.
O dia amanhece com o sol dando o ar da graça e convidando os casais apaixonados ou os que ousam e se arriscam em amar, para se envolverem em seu calor e depois escolherem a melhor sombra para repousar.
A vida é isso. Uma busca diária e cotidiana para espantarmos o que nos assombram, disputarmos atenção e sorrisos, sermos incluídos e incluídas nas conversas caseiras ou coletivas, acolhermos com carinho o que nos fizer bem e irmos construindo um ranchinho acolhedor aonde queremos morar e ficar.
Ainda com sono é hora de seguirmos rio afora, remando nas canoas da vida, mesmo sem sabermos nadar, porém com a vontade de curtirmos a paisagem, pararmos no próximo porto para ver o por do sol e deixar a vida nos levar.
Antonio Lopes
Cordeiro (Toni)
Estatístico e
Pesquisador em Gestão Social