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sábado, 23 de janeiro de 2021

De volta ao começo. Qual será o próximo passo?

 


Mensagem solta no ar como um pássaro que voa em direção ao seu abrigo, ou apenas uma mensagem subliminar que veio dar o ar da graça, do que ainda poderá ser ou não. Um texto com duplo sentido e a possibilidade de se caminhar pela estrada que der mais prazer.

Noites que se confundem com os dias, sonhos que nascem como se fossem avisos e a gostosa sensação de acordar com um suspiro dizendo que a vida existe e que podemos fazer sempre melhor no dia seguinte.

Sinto-me em viagem acompanhado por um luar e uma leve brisa que vem ao meu encontro, como se fosse um momento de paz em minhas viagens mentais. Vagamente caminho em direção do que ainda não conheço ou em alguns momentos não vejo, mas faço a caminhada por sentir o que já foi, o que é e um sonhar do ainda poderá ser. Crio e recrio o ponto de partida e construo em pensamento um ponto de chegada a ser comemorado em momentos de alegria, onde a nostalgia dê espaço a um som de vida depois de um arco-íris.

Ando descalço para um contato maior com a natureza e quem sabe para saborear um pouco de magia que a terra firme onde nós pisamos passa. Às vezes tropeço nos obstáculos da vida, vindo uma sensação de desconforto e a lembrança de que preciso exercitar algo que só me faz bem. .

Canto canções inacabadas, cantarolo o que possa fazer alguém dormir e vejo por entres frestas um sol brilhante a me esperar. Olho nos olhos do infinito buscando o que ainda não consigo entender e vejo refletida a imagem do amanhã, que teimosamente insiste em me avisar que o que não foi ainda poderá ser e o que já foi serve de texto e contexto para uma poesia ainda a ser escrita fazendo um fechamento do que aconteceu entre o acaso e o destino.

Fecho os olhos e caminho em direção aos meus desejos e ao que mais quero. Lembro-me da noite anterior, do amanhecer, do jardim repleto de flores, do sonho interrompido pelo acordar, de várias borboletas coloridas voando em círculo e que além do sol que me aquece, logo virá o cair da tarde com toda sua ternura e uma noite estrelada onde tudo pode acontecer.

Refaço caminhos, conto história para por meu ego em dia e lembro-me do café com chantilly, do teatro em tarde de mimo, da movimentação noturna e de uma fada madrinha que veio me avisar que o amanhã é logo ali depois do hoje.

Faço planos do que ainda não sei, mas do que gostaria de ser. Escrevo contos para revelar a minha alma. Vou enfrentando os fantasmas do dia a dia e vou degustando devagar os momentos em fantasia que a vida por merecimento ou por descuido vai me ofertando todos os dias e não me esqueço de agradecer.

De onde poderão vir às convicções contidas em meus sonhos? Quem sabe das mudinhas do amanhã que plantei em meio a várias orquídeas como companhia, imaginando que tenham crescido e possam embelezar o jardim que todos os dias construo em meus pensamentos. A vida na verdade é uma grande fantasia onde cabem todos os sentimentos e é o coração que vai determinando o que fica e o que servirá apenas como ótimas lembranças.

Que o começo não seja o fim do que é, tampouco o rompimento de algo que ainda nem aconteceu, mas que seja o encontro de todos os momentos, na construção de um amanhã, regado por músicas, colorido por várias flores e encantado por uma fada que fará com que nossos corações batam mais forte.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social



terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Formação e Organização como início de conversa...

 

Para um bom entendimento tecnopolítico, que possibilite uma análise mais criteriosa do momento político e social, assim como para a criação de estratégias para possíveis enfrentamentos, se faz necessário saber fazer uma boa Avaliação de Conjuntura. Além disso, uma pesquisa científica e um bom diagnóstico local poderão ser essenciais para a tomada de decisões mais próximas da realidade.

Temos o mundo nas redes, mas pouco, sabemos utilizá-las como instrumentos de informação e de preparação organizada para os enfrentamentos das lutas do dia a dia. Vivemos conectados dia e noite, mas em grande parte só nas relações pessoais, Como se vivêssemos num mundo paralelo. Falta buscarmos nas redes seu papel político de trabalho integrado em rede que a direita sabe utilizar tão bem.

Enquanto vida em grupo online, as redes prestam um grande serviço, embora repetitivo, pois se é verdade que apenas mandar notícias pode não levar a nenhuma situação prática que intervenha diretamente no processo político atual, por outro, é um ato de militância política informar o que está ocorrendo em primeira mão, além que diante da pandemia, em pleno crescimento, não dá para sairmos às ruas a qualquer hora, achando que vamos consertar o caos que vivemos ou ainda festejarmos o que vier pela frente, pois numa dessa a pandemia pode nos levar para onde não queremos ir tão cedo, ou ainda levarmos o vírus a tira colo para outras pessoas, o que é muito mais grave.

Entender o cenário atual não é para amador@s. É uma luta diária contra um sistema excludente que existe para apenas um terço da população. Outro terço imita quem tem e serve de manutenção ao primeiro e o outro terço nada tem. Além disso, há uma guerra política, de todas as matrizes ideológicas, pela disputa de pequenos poderes em nome da população. Uma parte da esquerda de caso com a direita. Uma baleia golpista no caminho, um monte de golpistas usando a fé, como mercado de trocas e assim caminhamos rumo a 2022.

Escrevendo isso me lembrei de algo que falei a um “capataz” enlouquecido na Prefeitura de Hortolândia, que se achava em pleno poder delegado e que tinha se revelado o monstro que era ao lidar com as pessoas que trabalhavam no setor. Chamei a criatura e disse: “Para você pensar em casa: O poder é como um saquinho de algodão doce colorido. Logo acabará sua festa”. Seis meses depois ele me procura, quase chorando, e me diz que tinha entendido o meu recado, pois estava sem poder algum e sem o “canto da sereia” que o deixara inebriado. Como dizia Carlos Matus “O teu poder é emprestado pelo povo”.

O que podemos fazer? Aprofundarmos o conhecimento político é um caminho. Organizarmos Fóruns Populares Participativos é outro, além de lutarmos por transparência nos espaços políticos que participamos, inclusive nas instituições, organismos e nos partidos e suas tendências, onde apenas quem comanda sabe do que acontece e nos passa somente o que podemos saber. Defendo a ideia que compor junto significa: avaliar, discutir, planejar e construir os referenciais de enfrentamento juntos e juntas, pois o que foi combinado nunca foi caro, mas o que não é, tem um preço impagável pelo resto da vida.

É inegável que estamos no caos de ladeira abaixo em alta velocidade. A dúvida é como resistir de forma organizada, com pessoas que saibam o que estão fazendo e não mudarão de lado ou abandonarão a luta em troca de um cargo.  

Creio que a construção de um projeto de organização popular com seus organismos e a formação política continuada voltada a que sociedade temos e a que sociedade queremos, seja um dos caminhos mais viáveis, assim como planejarmos ações que promovam a cidadania, intervenha nos bolsões de miséria e esteja na ala de frente contra todo tipo de discriminação e desigualdade, seja o ponto central para caminharmos rumo ao sonho de uma nova sociedade. Um projeto a várias mãos nutrido pelas nossas utopias e mantido pelos sonhos de pessoas que vieram ao mundo para servir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

sábado, 16 de janeiro de 2021

As tempestades internas que habitam em nós...

 


De vez enquanto eu necessito fazer algumas viagens mentais pelo interior da minha existência. Como uma longa caminhada pelas veredas da vida. Uma forma de eu ir ajustando contas com a minha consciência, fazendo um balanço das minhas ações e pensamentos e trabalhando a realidade existente, com a preocupação de não perder o foco das necessidades eminentes e principalmente imaginar o que serei no futuro e com quem poderei contar.

Ontem fiz algo inédito para o meu dia a dia. Junto com outras pessoas, fizemos uma trilha de três horas e meia por mata fechada e em pleno contato com a natureza. Procurei falar pouco durante o percurso, pois o que eu queria mesmo era saborear o cheiro de mato verde e das folhas secas que pisávamos ao percorrer a trilha. Além disso, queria refletir sobre a vida, sobre a minha existência e sobre tantas coisas que estou vivenciando. O que é real ou fantasia. O que conseguirei fazer em termos de oficio sem por minha dignidade em jogo. Enfim... Muitas coisas... O bom é saber que nada acontece por acaso.

Cada obstáculo que ia encontrado pelo caminho era como se fosse algo dentro de mim que tenho que criar, recriar ou enfrentar diante de tantas decisões a tomar e poder em breve saborear o que plantei e que vou colhendo lentamente em dias de sol de muita luz ou mesmo em dias de tempestades. Cada detalhe da mata e seus segredos vinham como uma nova possibilidade. Como algo novo. Como um encontro com a natureza e com sua resistência em sobreviver.

Essas inquietudes cotidianas me levam a alguns pensamentos: Quem de fato somos? O que há dentro de nós que vale a pena ser duplicado? O que precisamos mudar para nos aproximar do que sonhamos? Qual será o próximo capítulo da nossa vida a ser escrito para a nossa história? Quem fará parte dela? Que caminhos trilharmos para que a viagem continue sendo prazerosa?

Em busca de respostas chego à conclusão de que vivemos de momentos. Somos momentos. Vivemos tentando entender o próximo passo, como uma busca constante e também buscando entender o que cada pessoa que se aproxima de nós busca de fato ou o que buscamos junto com elas ao ser permitido como uma ação compartilhada. Vivemos em pleno diálogo com os outros “eu” que habitam dentro de nós, em busca do equilíbrio e procurando entender e mediar as reações de cada um deles em seus diversos momentos.

Em resumo, somos o que somos. Somos a extensão dos nossos pensamentos. Somos o que plantamos. Somos o resultado das nossas escolhas. Somos vida nova para muita gente e apenas lembranças para outras. Somos luzes no caminho de algumas pessoas e o pensamento vivo que pulsa em alguém que nos adota como uma flor que nasce em seu coração. Assim é a vida. Requer antes de tudo uma profunda observação para entendermos as nossas reações.

Hoje não tenho dúvidas que vir ao mundo para servir é uma grande prova de amor. Algo épico que se materializa nas pequenas ações que vamos realizando, que de alguma forma enfrente o caos, sirva de alento para o momento que passamos, além de trabalhar a esperança como elemento vivo de um mundo utópico onde não haja exploradores e nem explorados.

Assim caminhamos. Ocupando terrenos não habitados, plantando junto com sonhadores e sonhadoras, sonhos que nos servem como alimentos e nos alimentando do que as pessoas céticas chamam de “doces ilusões”, mas para nós, sonhadoras e sonhadores, é a prova viva das nossas existências.

Que consigamos vencer as tempestades internas que habitam em nós e possamos juntos e juntas apreciarmos o arco íris que por certo virá dar o ar da graça quando a tempestade passar e chegarmos à “terra prometida”.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

De onde nascem a discriminação e o preconceito?

Imagem disponível em: 
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/954/a-manipulacao-social-do-preconceito-e-da-discriminacao

Vivemos dias impensáveis com uma pandemia que continua matando devido ao abandono dos governantes a uma população que já se acostumou com o vírus e continua sua rotina profissional por necessidade e social e de lazer por opção. Uma sociedade em crise de identidade, afetada pelo ódio de classe e político, separada pelo econômico, confinada nas igrejas e doente pelo vício das drogas, bebidas e também pelo vício das redes sociais, que segrega pessoas e invade o universo de muita gente do acordar até na hora de dormir.

Ninguém nasce com preconceito ou com ideia de superioridade. São comportamentos construídos socialmente a se começar pelo núcleo familiar, que indicam uma postura política-ideológica de dominação, principalmente de uma supremacia branca que se impõe através do econômico e constrói o processo separatista ainda presente claramente nos dias de hoje. Porém o pensamento burguês ultrapassa as fronteiras e os limites e se individualiza.

Perdi a conta de quantas vezes eu sofri discriminação e preconceito devido a minha origem nordestina, meu físico ou meu estado econômico-financeiro, ou ainda fui ignorado. Ainda hoje passo por situações inconvenientes, quem sabe pela idade, questão econômica ou ainda por outras questões que desconheço. Algo que sempre me tira o chão quando ocorre. 

Como descrever uma situação dessas? Ouvi um relato de uma pessoa que nos dá uma impressão de como isso chega ao nosso ser: “Sinto um frio que invade a alma e me faz sentir um verdadeiro “puxadinho” da minha existência”. “Algo prestes a cair diante de alguma tempestade da vida”. Podo-me no lugar da pessoa me passou um filme pela cabeça de tantas coisas que já passei nessa direção.

O que nos resgata nessas horas é a nossa história de vida aliada aos amigos e amigas que nos encoraja e nos faz caminhar, além da consciência política que nos faz enfrentar a situação se necessário for, custe o que custar. Porém é um sentimento que se aloja dentro de nós e alguns ficam para sempre como um alerta dos diversos "cantos das sereias".

Do ponto de vista filosófico, o preconceito é um problema ético de grande relevância, pois além de criar vários problemas, invade a individualidade alheia, além de ser um desvio ideológico ou uma posição ideológica. Algo presente em larga escala no campo da extrema direita e da direita, mas infelizmente também de alguma forma, em menor proporção, no campo da esquerda. Afinal é uma manifestação de poder.

Bobbio afirma que o preconceito se constitui de uma opinião errônea (ou de um conjunto de opiniões) que é aceita passivamente, sem passar pelo crivo do raciocínio, da razão. Ele chama a atenção para a diferenciação do preconceito individual e do coletivo, quando um grupo social apresenta um juízo de valor negativo sobre outro grupo social, onde a tendência é sua ampliação.

Negros e negras, pessoas homo afetivas, pessoas pobres, nordestinos e nordestinas e índios e índias são as pessoas mais afetadas em termos de preconceito e discriminação, porém normalmente quem tem recursos financeiros discrimina quem não tem a se começar pelas diversas formas de ostentação.

Há uma gigantesca pedra no caminho da paz na convivência com situações como essas e no sentido de removê-la recorro à história de todas as pessoas que deram suas vidas na luta por uma sociedade onde não haja preconceitos ou qualquer forma de discriminação, além de me juntar a quem continua na luta, em posição, ora de defesa e ora de ataque, porém o importante é que eu nunca me sinta superior a ninguém, pois ninguém é Senhor de ninguém, como bem afirmou o Capitão Lamarca na carta aos filhos..

Às vezes a única coisa que nos resta é poetizar a situação. Olhar o dia chegar e acompanhar sua trajetória até o por do sol e esperar que a vida nos faça sermos luzes em caminhos onde a treva predomina. Eu sou luz e você?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Quem perdeu entregue e quem ganhou assuma: lições da gestão pública

 

Todos os janeiros pós-eleições municipais nos 5.570 municípios do país ocorrem os mesmos fenômenos recorrentes: o apontamento dos erros da gestão passada pelo grupo vencedor e o grupo perdedor desqualificando, do ponto de vista técnico, a composição política exitosa. Isso ocorre até quando dá continuidade de governos. Apontar o erro do passado é uma necessidade dos que chegam. Porque chegam com a premissa do mito fundador da política, que é a mudança. Todos os políticos de todos os partidos prometem mudança nas campanhas. Até os que vão para reeleição prometem alteração na gestão. Até aí tudo quase bem. Normal. 

O problema se agrava quando quem ganha não assume e quem perdeu parece não querer entregar. E, saliento e oriento: quem perdeu não tem mais o que perder. Mas, quem ganhou tem.

Quem ganhou, ganhou para trabalhar. Para consertar os erros. Para apontar o que estava de errado também, judicializar se for o caso, mas, antes de tudo apontar e implementar as soluções. Não ganhou para reclamar.

Uma das novidades deste 2021 é o uso exagerado do WhatsApp, por onde passarão as fotos de carcaças de veículos, de estradas esburacadas , áudios de salários atrasados, de rombo nas contas etc.

Vencedores, esqueçam os grupos. Vocês (me digiro a todos os municípios brasileiros) não ganharam para reclamar. Ganharam para consertar o que tiver de errado. Não se limitem a somente apontar os erros e nem usem deste instrumento como desculpas para não fazer. Gestar é diferente de ganhar e a cadeira do poder tem brasa. Queima muito e passa rápido.

Ter um planejamento estratégico a partir do Programa de Governo registrado no Cartório Eleitoral, que se torna, doravante em Plano de Governo é a tarefa primária da gestão. (Plano Plurianual não é um Planejamento Estratégico de Governo) Construção do que se elé conhecido como os 100 dias rosweltiano (avaliação da gestão nos primeiros 100 dias), composição de uma equipe de trabalho e capacitá-la para a função a ser exercida é primordial. Capacitar sim. E capacitar todos. Inclusive o gestor eleito. Na grande maioria dos municípios brasileiros não se usa a capacitação e o planejamento como elemento necessário para a gestão. Erram por isso e pagam num período de 4 anos somente. E paga-se caro, geralmente. O que acha que sabe tudo é o que menos sabe. Quem ganha a eleição é o político,  não o gestor. O gestor precisa de se capacitar e de capacitar a sua equipe para a condução de uma gestão qualificada. Quem perdeu vai apostar no desgaste. E está correto. Quem ganhou tem de apostar no êxito. Mas, fazer o mesmo de sempre e querer resultados diferentes é uma contradição existencial e política.

Eu já tive nos dois lados. Do lado que ganhou e do que perdeu. Sei o quão é difícil. Difícil para quem perdeu e tem de ajustar as vidas, inclusive dos seus. Mas, o lado do vencedor é muito mais difícil. É desafiador.

Às vezes quem ganha não tem entre os seus políticos pessoas com capacidade técnica para a assunção dos cargos. Eu digo: “coloque os políticos e capacitem”. Os que não desejarem se capacitar para a gestão, infelizmente na cabe ou deva caber na gestão. Estou falando desde o menos relevante  ao mais importante cargo. Todos os cargos na gestão são cargos políticos. Não há nenhum cargo técnico.

É preciso de ter metas, objetivos entendidos, método de trabalho, metodologia de avaliação constante e aferição dos resultados, pelo menos trimestral. Fazer diferente é investir no erro. E, se valer dos grupos de WhatsApp para reclamar que a gestão passada deixou um buraco não é somente equivocado. É desastroso. Especialmente em seus resultados políticos-administrativos. A população não está interessada neste assunto do que ficou. Está querendo quem resolva os seus problemas. Para isso elegeu esta gestão.

Quatro anos passa rápido para se perder tempo reclamando e não apontar soluções. É preciso agir. É preciso qualificar a gestão. A gestão precisa de apresentar resultados. O gestor precisa alcançar estes resultados. A política e o político vivem disso.

Jocivaldo dos Anjos
Salvador - BA


Ah, Brasil mostra a tua cara...

 

Para não dizer que não conheço nada do exterior, conheço alguma coisa do Paraguai e da Bolívia. Algo deprimente e pobre perto de quem conhece grande parte do mundo, mas ao mesmo tempo me sinto gratificado e rico por conhecer alguma coisa de uns e bastante de outros, dos 21 estados que fiz trabalho pela Fundação Perseu Abramo e dos 23 que conheço.

Uma viagem ao mundo e ao submundo de um país construído a partir das desigualdades econômico-sociais. Estudo da Oxfam revela que os 5% mais ricos detêm mesma fatia de renda que outros 95%. Mulheres ganharão como homens só em 2047 e os negros como os brancos em 2089 (https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/22/politica/1506096531_079176.html). Esse é o país real mantido principalmente pelo comportamento da classe média que ostenta imitando os ricos e acaba dando uma grande contribuição.

Vivemos no país das negociatas políticas por grande parte dos eleitos e das eleitas por uma população que vota pela emoção e se recusa a entender o processo político, o que faz com que as figuras eleitas sigam negociando nossas almas em busca de projeção e de acordos para as eleições de 2022. Uma vergonha nacional e um grande problema humanístico a se resolver.

Ao chegarmos a algumas cidades brasileiras, criadas e mantidas por uma cultura europeia, no sentido de atrair turistas e fazer com que se venda a ilusão de que nem existem pobres, pois por certo são proibidos até de transitarem, ficamos com a sensação de que bom seria que o país com toda sua riqueza, fosse cuidado e requintado como essas cidades que são mantidas pela aparência para atrair turistas, como se fosse uma cópia perfeita de uma Europa que 99,99% da população brasileira não conhece e nunca vai conhecer.

São cidades para se sonhar acordado e se sentir fora do Brasil. Porém ao voltarmos à vida real o que temos na extrema maioria são cidades que não foram projetadas e planejadas para todos e todas. Apenas para um pequeno setor. Cidade que vive vários conflitos onde o maior deles é o da terra ou a falta dela, desde as primeiras privatizações em 1850 com a primeira Lei da Terra e hoje, 170 anos depois, praticamente a terra foi parar nas as mãos de 1% da população. A pergunta é: quem invadiu o que e em nome de quem?

A vida urbana no formato que temos hoje foi composta pela necessidade de sobrevivência, primeiro pelos trabalhadores e trabalhadoras que tiveram que abandonar suas localidades de forma forçada e depois pela pobreza urbana que foi ocupando os morros por falta de política habitacional e outras políticas. Esse é o Brasil real. Um encanto aos olhos de pouca gente endinheirada e grandes tarefas para a maior parte da população.

No interior dessas contradições nos encontramos a reivindicar e lutar por outra forma de civilização. Por uma cidade e campo que queremos em defesa da agricultura familiar. Por novas formas de ocupação e principalmente por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Sonho ou fantasia? Como dizia Paulo Freire, prefiro acreditar ser uma utopia que nos move a continuar lutando, mesmo com nossas dificuldades e contradições de unir uma esquerda que só pensa na disputa de pequenos poderes e não se junta numa frente para lutar contra todas as desigualdades. O poder burguês ainda ocupa as mentes e os corações de muita gente que se diz lutar por uma causa.

Uma coisa é certa. Continuamos muito distantes dos nossos sonhos e há anos luz das nossas utopias. Uma situação movida pelo nosso individualismo. Porém quem veio ao mundo a trabalho e para servir, continuará a doar sua vida se necessário for e grande parte do seu tempo na construção de uma terra sem amos, sem exploradores nem explorados, lutando pelo Bem Comum.

Viva todos e todas que estarão juntos e juntas em 2021, lutando contra toda forma de discriminação e principalmente contra todas as formas de se ignorar o ser humano fazendo-o nem existir para o mundo real.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

O vírus e as redes sociais. Quem nos divide mais?

 

Imagem disponível em: https://canaltech.com.br/redes-sociais/viciado-em-redes-sociais-confira-dicas-de-como-comecar-a-se-livrar-delas-156835/

O conteúdo do filme “O Dilema das Redes” é algo inquietante e preocupante, pois revela com exatidão como as empresas nos usam e manipulam, além de deixar no ar que o comportamento das pessoas em rede está se tornando uma grande doença social, que faz as pessoas abandonarem seu convívio e ficarem dia e noite presos e presas a um mundo virtual onde não há limites e nada que dê conta. Muito ao contrário. Cada vez se abre um espaço novo ou uma rede nova e como ficar fora de uma onda dessas? Praticamente impossível!

Segundo o filme o sintoma se apresenta visível e de forma clara, principalmente na hora de dormir e das refeições, onde as pessoas põem com uma mão a colher na boca e com a outra dedilha para ver o que o Facebook, Instagran, Whatsapp e tantas outras trazem de novidades ou que resposta as pessoas deram para as mensagens que enviamos. Conta uma lenda que as redes acompanham as criaturas viciadas até no banheiro na hora das necessidades. Será? Custo a acreditar...!!!

Na verdade estamos diante de vários dilemas a começar por um vírus que parece não ter fim, mas que as pessoas já se acostumaram a conviver com ele de boa e não pouparam as festas de final de ano com suas aglomerações familiares sem máscara e sem nenhuma medida de proteção. A partir desse cenário o Bozo tem razão quando afirma que se trata de uma gripezinha. Na proporção o Brasil chegou a 7,5 milhões de pessoas infectadas e os números de mortes, mesmo fazendo uma correção sobre os ditos oficiais, chegará a 250 mil, o que significa apenas 3,3% das pessoas infectadas. Ou seja. Quase nada para um genocida que defende a morte em seu discurso diário.

Na sociedade de consumo e de grife que vivemos somos divididos e classificados pelo que temos e possuímos ou não e agora as redes sociais nos classifica por idade ou pela nossa intelectualidade. O Facebook como uma comunidade de pessoas velhas, o Instagram de jovens e o Twitter da galera intelectual. Verdade ou mentira? Infelizmente se trata da mais pura verdade. Hoje temos até vergonha de dizermos as redes que frequentamos, pois passamos como bregas ou desatualizados. Que loucura...!!!

Que fenômeno ou comportamento é esse que estamos vivendo? O que esperar dos novos tempos? O que sobrará das nossas relações presenciais? Podemos chamar tudo isso de doença social? O que fazer para voltarmos ao normal?

Há estudos que afirmam que há um sentimento narcisista no comportamento das redes, principalmente pelas pessoas conseguirem medir suas audiências e evidências, se sentirem importantes ao participarem de uma live, ou mesmo de afagarem seus egos ao verem dezenas de figurinhas amorosas em resposta as suas mensagens e ao responderem na mesma proporção. Ou seja. O prazer a um clique de sua imaginação como nunca se havia pensado.

Vale salientar que principalmente num mundo em pandemia, esses espaços vieram para ficar. Porém quem exagera nas redes a seu bel prazer, acaba subtraindo grandes momentos da vida com alguém. Não há espaço para as duas coisas ao mesmo tempo. Pelo menos de forma presencial.

Escrevo e me incluo também no contexto, como um alerta ao vício, como uma forma de protesto quando ocorre comigo e como uma busca de saber como administrar para que eu também não vire um total viciado virtual.

O que seremos no futuro virtual? O que sobrar desse mundo de Big Bhother. O que as relações de afeto sobressaírem e o que os corações suportarem.  

Que as nossas relações reais sejam mais consistentes e verdadeiras que o vício virtual e que possamos usar as redes como ferramentas de suporte e não como a nossa própria vida. Que assim seja!!!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social