
Escrevi ha pouco tempo no blog sobre a absurda passividade do povo
brasileiro da atualidade, afirmando que nosso povo nunca foi assim. O povo
sempre lutou por seus direitos na busca de melhores condições de vida e teve
conquistas históricas, principalmente ao longo dos últimos cem anos.
Porém, o que pretendo chamar
a atenção nesse post é da enorme dificuldade nos dias de hoje para se produzir um
texto com mensagens positivas e de otimismo, tamanho é o cenário de destruição,
tristeza e abandono produzido pelo golpe em curso, que de uma hora para outra
liquidou com conquistas históricas e memoráveis, seja no campo institucional,
político e principalmente no campo econômico e trabalhista. O Brasil deles é um país para
apenas 15 milhões de brasileiros e de brasileiras. O restante se
encontra nos guetos.
Há um enorme vazio entre a
felicidade de outrora (até pouco menos de três anos) e os tempos de crises
atuais. Entre o que a maioria do povo brasileiro imaginava ter e a dura
realidade que bateu às portas de milhões de pessoas. O que se torna urgente é
descobrir que mistério é esse, ou ainda que magia é essa, que faz com que o
povo se cale e aceite de forma pacífica diante de tudo que está ocorrendo e
ainda o que vai ocorrer.
Do ponto de vista existencial
vive-se uma profunda crise de identidade, do tipo: Quem fui? Quem sou? Quem
serei? Esse foi o resultado mais cruel do golpe e do desmonte nacional. Uma crise de identidade construída pela velha mídia pertencente a apenas seis famílias abastadas, que leva as pessoas até a se culparem por ter votado em Lula e Dilma. Como resultado final, temos uma
grande parte da população perdida em si mesmo. Paralisada e vivendo a expectativa
da próxima desgraça, mas sendo treinada que não há outra saída.
Infelizmente existem dois
mundos no cenário nacional. Dois Brasis, separados por sonhos, fantasias e
pesadelos. Duas partes do país, que vivem realidades completamente diferentes.
Um pequeno lado ilhado desfrutando das benesses produzidas pela maioria dos trabalhadores e das trabalhadoras e a maior parte
vivendo de preconceitos, vontades alheias e a completa falta de oportunidades.
O mais incrível é que apesar
de tudo isso, as pessoas transitam por esse meio como se nada tivesse ocorrendo.
Uns aprenderam que é assim mesmo, outros acham que a culpa é da política e dos políticos corruptos, enquanto a
militância das causas tentando mostrar que se faz necessário e urgente uma
resposta popular ao que vem acontecendo no Brasil. Em resumo, uma grande parte
da sociedade desnorteada, outra destilando ódio, outra ainda se aproveitando da
situação e uma pequena parte em luta permanente sem um amplo projeto que unifique suas diferenças políticas e ideológicas.
Quando se atua por uma causa
é necessário entender, que determinadas situações nos obriga a buscar na sabedoria
respostas de qual o caminho devemos percorrer em busca dos objetivos,
principalmente por sermos responsáveis por quem cativamos e por quem
construímos rotas que envolvam corações e mentes. Somos eternos condutores dos
sonhos que se perderam para milhares de pessoas ou ainda dos que não acreditam
mais poderem sonhar.
A vida pode ser um jogo para
alguns, uma arte para outros, ou ainda a plenitude do encontro existencial e
o que pretendemos deixar como história. A experiência de vida nos oferece a
reflexão, mas também as dúvidas, enquanto a sabedoria nos conduz ao ponto
determinado com maior segurança.
Ser sabido é muito fácil,
mas ser sábio requer determinação, reflexão, estudo e principalmente renúncias
ao que não há valor algum. Ser sábio exige antes de tudo, comprometimento com a
verdade, com a pureza e a leveza do ser e principalmente com a vida, coisas que
vão muito além das palavras.
Da minha parte, prefiro
brincar de ser sábio, mas que me leve à descoberta de minhas limitações e a disposição
de continuar lutando, do que me mostrar experiente, do tipo sabe-tudo, que
imagina de forma vã um sucesso inexistente. Prefiro viver dos desencontros
possíveis e palpáveis que a vida me leva, a viver achando que encontrou o que
jamais existiu ou existira.
Quem inventou a tristeza,
como na música de Chico Buarque, todos nós sabemos, porém para desinventar só
tem um caminho seguro: organização popular de forma consciente e o
enfrentamento contínuo à toda essa situação até o dia que o sol voltar a
brilhar e possamos caminhar rumo à uma sociedade justa, fraterna e igual para
todos e todas.
Enfim, a situação nos faz
refletir.
Antonio Lopes
Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública
Quem inventou a tristeza? Por certo não foi a esquerda.
ResponderExcluirIsso mesmo companheiro Elder.
ResponderExcluirEstá muito difícil fazer com que a esquerda se una num objetivo, infelizmente muitos são consumidos pelo idealismo e pelo poder. Não há consenso e, sinceramente, não tenho muita esperança.
ResponderExcluirOlá Cibele
ExcluirTenho essa mesma sensação. Disputam-se pequenos poderes, enquanto a sociedade continua perdida. Como otimista que sou, prefiro ouvir minha mãe que sempre fala: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Tem muita gente querendo lutar por seus direitos e nós somos para essas pessoas um ponto de partida. Abraço fraterno.