Hoje
acordei inquieto, com uma vontade imensa de caminhar sem direção, apenas para
sentir a brisa da manhã em meu rosto e deixar meus pensamentos voarem no rumo
que o vento os levar, porém ainda me falta coragem para sair sem medo e achar
que basta por uma máscara que tudo volta a normal. Pode até ser um ato de
fraqueza ao ver a movimentação lá fora.
Fui
à busca de conexão com dez amigos e amigas, para enganar o silêncio e me sentir
vivo diante da imensidão do medo que paira no ar. Minha pergunta foi se
realmente o mundo anda de cabeça para baixo ou se só eu estou vendo assim. Todas
e todos falaram de forma contundente sobre a complexidade para entender o
momento atual e garantir a sanidade mental, além da necessidade de administrar
as introspecções pessoais, numa fase de tantas perdas humanas e ainda sem
perspectivas seguras de como será o amanhã.
Chegamos
à conclusão que a vida só anda normal para a população que por necessidade tem
que trabalhar e arrisca a vida em transportes lotados, para a galera da “night”
que acha ser imortal e vive do prazer, para quem segue o “tinhoso” e não está
nem ai e para a classe política, que os corpos estão presentes em busca de
evidência se misturando ao povo, num momento de pleno risco, mas as cabeças só
pensam naquilo. Votos em 2022 a qualquer custo. No mais a vida está por um fio e
por vacina publica para todos e todas.
Quem
sabe a minha prima tenha razão. Ela diz que temos que continuar fazendo o que o
nosso coração pede, pois só vai morrer quem Deus quiser. Querendo dizer que
tudo vale a pena enquanto vida tiver. É algo a se pensar...
Voltando
para a alusão ao Tempo e ao Vento, a primeira coisa que me vem à mente quando
penso em tempo e vento é do ato de pipar. Dê-me um sonho que volto a ser jovem
e sonhador. Um carretel com linha, uma pipa feita com carinho, sol e vento
brando, que meu dia será inesquecível e todos os problemas ficarão à margem do
horizonte. Pipar é a emoção da afirmação de que o verdadeiro amor ainda existe e
não se limita apenas ao voo que faz colorir o horizonte e que quando a pipa é recolhida,
o amor chega ao fim.
Uma
viagem mental do tamanho do mar das incertezas que atravessamos, onde o amanhã
se confunde com uma brincadeira de faz de conta.
Porém
o que a vida espera de nós? Coragem para seguir sem olhar para traz. Olhos
abertos para o perigo que nos cerca, cuidados com as falsas promessas e muita disposição
para enfrentar as ilusões que aparecem como os cantos das sereias, além da
necessidade de lembrar que amanhã quando a velhice chegar, só fica conosco para
ver o dia raiar todas as manhãs, quem o coração pulsar mais forte, mesmo que
não sejamos mais tão belos e tão belas assim.
Vou
passar o dia de hoje driblando o silêncio, organizando meus pensamentos que
andam espalhados pela minha mente e com a certeza de que muita agua ainda
passará por debaixo das pontes, enquanto vida tiver. O importante é sempre acreditarmos
que o melhor ainda está por vir.
Sejamos
meninos e meninas ao alimentar nossos sonhos, sem emendas, sem rasuras e enfrentando qualquer obstáculo que ouse nos deter. Viver o hoje sem pensar no amanhã é matar os
sonhos que habitam em nós, que viajam nas asas do vento desafiando o tempo.
Vamos voar juntos?
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social