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domingo, 14 de março de 2021

A busca dos sonhos no limite do tempo e do vento

 

Hoje acordei inquieto, com uma vontade imensa de caminhar sem direção, apenas para sentir a brisa da manhã em meu rosto e deixar meus pensamentos voarem no rumo que o vento os levar, porém ainda me falta coragem para sair sem medo e achar que basta por uma máscara que tudo volta a normal. Pode até ser um ato de fraqueza ao ver a movimentação lá fora.

Fui à busca de conexão com dez amigos e amigas, para enganar o silêncio e me sentir vivo diante da imensidão do medo que paira no ar. Minha pergunta foi se realmente o mundo anda de cabeça para baixo ou se só eu estou vendo assim. Todas e todos falaram de forma contundente sobre a complexidade para entender o momento atual e garantir a sanidade mental, além da necessidade de administrar as introspecções pessoais, numa fase de tantas perdas humanas e ainda sem perspectivas seguras de como será o amanhã.  

Chegamos à conclusão que a vida só anda normal para a população que por necessidade tem que trabalhar e arrisca a vida em transportes lotados, para a galera da “night” que acha ser imortal e vive do prazer, para quem segue o “tinhoso” e não está nem ai e para a classe política, que os corpos estão presentes em busca de evidência se misturando ao povo, num momento de pleno risco, mas as cabeças só pensam naquilo. Votos em 2022 a qualquer custo. No mais a vida está por um fio e por vacina publica para todos e todas.

Quem sabe a minha prima tenha razão. Ela diz que temos que continuar fazendo o que o nosso coração pede, pois só vai morrer quem Deus quiser. Querendo dizer que tudo vale a pena enquanto vida tiver. É algo a se pensar...

Voltando para a alusão ao Tempo e ao Vento, a primeira coisa que me vem à mente quando penso em tempo e vento é do ato de pipar. Dê-me um sonho que volto a ser jovem e sonhador. Um carretel com linha, uma pipa feita com carinho, sol e vento brando, que meu dia será inesquecível e todos os problemas ficarão à margem do horizonte. Pipar é a emoção da afirmação de que o verdadeiro amor ainda existe e não se limita apenas ao voo que faz colorir o horizonte e que quando a pipa é recolhida, o amor chega ao fim.

Uma viagem mental do tamanho do mar das incertezas que atravessamos, onde o amanhã se confunde com uma brincadeira de faz de conta.

Porém o que a vida espera de nós? Coragem para seguir sem olhar para traz. Olhos abertos para o perigo que nos cerca, cuidados com as falsas promessas e muita disposição para enfrentar as ilusões que aparecem como os cantos das sereias, além da necessidade de lembrar que amanhã quando a velhice chegar, só fica conosco para ver o dia raiar todas as manhãs, quem o coração pulsar mais forte, mesmo que não sejamos mais tão belos e tão belas assim.

Vou passar o dia de hoje driblando o silêncio, organizando meus pensamentos que andam espalhados pela minha mente e com a certeza de que muita agua ainda passará por debaixo das pontes, enquanto vida tiver. O importante é sempre acreditarmos que o melhor ainda está por vir.

Sejamos meninos e meninas ao alimentar nossos sonhos, sem emendas, sem rasuras e enfrentando qualquer obstáculo que ouse nos deter. Viver o hoje sem pensar no amanhã é matar os sonhos que habitam em nós, que viajam nas asas do vento desafiando o tempo. Vamos voar juntos?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 8 de março de 2021

O que é vida? A vida é o que é. A vida é o que há...

 

Ao olharmos pelas frestas de uma janela em dia nublado a procura de sol, nos causa espanto a quietude diante do medo, mesmo que esse medo se disfarce em momentos de lazer ou em passeios para dar vida ao nosso ego. De repente sentimos que nos encontramos de frente pra vida em toda sua plenitude e é nesse momento que descobrimos a necessidade da força interior para avançarmos à frente.

Enquanto os hospitais andam cheios de pessoas que provarão o calvário e muitas perderão a própria vida, uma grande parte da humanidade é forçada à labuta, outra parte desfruta do lazer como se o perigo tivesse estacionado na casa ao lado e outro grande setor desafia a morte, como se a vida fosse gerada, em série, num grande laboratório, sem contar com quem se encontra indiferente a tudo.

Somos oriundos e oriundas do mesmo núcleo composto por um óvulo e um espermatozoide e muitas vezes por dois ou três, que entram apressados, porém de estados emocionais completamente diferentes uns dos outros e das outras e isso faz com que a vida seja todos os dias uma grande aventura para o ato de viver ou uma grande disputa pela própria natureza de ser e do ser, que dá o tom e a cor do momento.

Quem sabe a vida seja uma miragem com rios e montanhas, composta por doces ilusões, misturadas com uma bebida qualquer, onde em quase transe se comete todas as insanidades que ela permite e ao voltarmos à realidade nos deparamos com momentos de pura ventania onde tememos que a nossa história de vida seja comprometida e jogada ao vento como poeira do tempo, pois nada ficou ou restou.

A vida pode ser também um mar ou um paraíso de escolhas, onde na busca do prazer, o sexo e a poesia disputam lado a lado a razão e a emoção do estar com alguém e aí descobrimos que se aproxima a hora da grande escolha pelo caminho que nos levará ao amanhã e quem seguirá conosco. Porém, onde estará o amanhã? Quem sabe na palma da mão fechada que guarda um segredo ou no coração que pulsa mais forte querendo revelar o caminho que gostaríamos de seguir.

Ao olhar um ferrinho de passar roupas que era uma brincadeira de criança e foi transformado numa ferramenta de trabalho, vem à lembrança de que muitas vezes a vida aparece como uma leve brincadeira do faz de conta, onde brincamos de heróis e heroínas num mundo de fantasias, onde tudo é possível e permitido, basta que tenhamos tempo e disposição para brincar.

Noutras vezes a vida aparece nas histórias e advertências feitas por nossas avós e nossas mães, nos alertando para as ilusões, as armadilhas e os contratempos onde seremos avaliados pelo que temos e não pelo que somos. É nessas horas que descobrimos quem veio para ficar em nossas vidas.  

O que não deveríamos esquecer jamais? De que com o tempo as aparências mudam, a idade chega e já não somos tão desejáveis assim. Caminharão conosco por amor apenas quem ficou até mesmo diante da maior tempestade. Quem sabe seja por isso que se faz necessário lembrar da nossa responsabilidade com quem cativarmos e sabemos que é por nós que seu coração pulsa mais forte. Quem sabe ainda num momento de reflexão qualquer ou mesmo nas baladas na calada da noite regadas de muita bebida, possamos parar, pensar e agir antes que o dia amanheça e o sol se ponha.

Dizem que a vida é um feixe de luz com várias mutações durante o trajeto. Ao nascermos uma mistura de cores, quando amamos vira arco-íris, quando envelhecemos a cor do céu nos representa e quando morremos a luz sai de nós e se transforma numa estrela, para que a existência perdure.

O que vou fazer amanhã? Vou brincar de ser menino com asas e me imaginar voando, voando... e pousando onde o meu coração faz morada e pulsa mais forte. Vem comigo...!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


quinta-feira, 4 de março de 2021

O que esperar e o que fazer diante do caos?

 

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Há um ano estamos acuados e com medo sob o efeito da pandemia e em pleno crescimento desordenado.  O que esperar diante de tudo isso? O que estamos enfrentando? As festas clandestinas de carnaval? O efeito de ônibus, trens e metrô lotados levando e trazendo o povo do trabalho? A rebeldia das festas, comemorações e bares lotados? A volta das aulas e das reuniões e atos presenciais? Os cultos com igrejas lotadas? Ou tudo isso junto?

Nesse momento não faz a menor diferença do tipo de rebeldia, descaso ou descrença que estamos falando. A verdade é uma só. Mesmo com os números oficiais subnotificados com apenas às pessoas que fizerem o teste, o Brasil chegou ao seu limite na saúde, com hospitais lotados e no seu maior nível de mortes, perdendo em números apenas para os Estados Unidos.

Imaginem nessa seara se não fosse o SUS – Sistema Único de Saúde, que garante atendimento para a maioria da população. Defender o SUS é como defender a própria vida e ter a solidariedade como elemento fundamental.

Estamos diante da maior tragédia humana que o país já passou e num cenário de total incerteza à nossa frente. Poucos testes, pouca vacina, pouca vontade política, um presidente genocida que dialoga com a morte e a reverência necessária do capital ao deus mercado, que se impõe mesmo diante do caos. Só uma mudança de comportamento da população, aliada com a atuação de governadores e prefeitos de forma direta, com vacina pública para todos e todas poderá mudar o triste ciclo em curso.

Cá nos bastidores da vida real a única toada tem sido as eleições de 2022. Algo que preenche o universo de vaidade de algumas pessoas, além de despejar dinheiro no mercado para a indústria das eleições e de quebra dá uma amenizada na parte emocional, pois tudo se decide pela emoção e não pela razão. Sobrou algo para mirarmos nessa terra de ninguém?

Sobrou sim! Para quem foi forjado, ou forjada na luta e tem uma causa como referência de vida, no capitalismo sempre haverá um front de exclusão e desrespeito a ser enfrentado, para que os direitos da classe trabalhadora e de outros segmentos oprimidos pelo sistema não desapareçam, além das lutas específicas que necessitam de apoio e reforços para continuidade.

Garantia da saúde pública com vacina para todos e todas, defesa do SUS, garantia de continuidade da renda emergencial e Fora Bolsonaro e toda sua trupe, são as bandeiras prioritárias para o momento político que vivemos.

A grande tarefa é a construção de um projeto coletivo visando uma nova sociedade, o enfrentamento contra a usurpação de direitos e a busca imediata por melhores condições de vida, especialmente para quem mais precisa, com o empoderamento das mulheres, da juventude que pensa e luta, dos negros e das negras, da comunidade LGBT e de outros segmentos organizados.

Por onde começar? Por juntar pessoas inquietas e sonhadoras, para a criação de um espaço de cidadania, aberto a todas e a todos que queiram participar, onde seja possível misturar cultura com necessidades específicas, uma dose alta de solidariedade e ouvir as pessoas e aí tudo isso poderá virar um novo Projeto Coletivo, Compartilhado e Participativo, onde a participação nas eleições de 2022, necessariamente nasça nesse ambiente ou a partir dele. Com isso evitaremos que muita gente seja usada, apenas como “garrafinhas”, a serem trocadas por algum desejo alheio.

Como a luta não é geográfica e sim nacional, precisamos dialogar além das questões locais. Criarmos um ambiente comum para uma avaliação permanente das conjunturas, construirmos ações organizadas, focarmos nos nossos sonhos e planejarmos juntos e juntas um novo amanhã. Que tal?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social