As crônicas e sátiras não devem levar em sua elaboração questões
legais ou jurisprudências. Elas são feitas para provocar e deixar o leitor
refletindo sobre o desejo do escritor quando coloca nas palavras seu
sentimento. Afinal, escrevo com a tinta dos meus sonhos.
Fato é que em Belo Horizonte, ha aproximadamente dois anos, morreu uma
cidadã que ao passar próximo do parque municipal, no centro, levou uma jaca
sobre sua cabeça. O trágico fato; esta sim uma tragédia ambiental diferente das
mineradoras, levou a morte desta senhora de forma súbita. Creio que mesmo sendo
um acidente a Jaca deva ter respondido por homicídio culposo.
Dai uma série de debates sobre as frutíferas além do incentivo da
legislação ambiental dos governos em todas esferas federativas proibindo o
plantio deste tipo de árvores. "Que não caia mais jacas nas cabeças"
dizia o responsável pela capital mandando cortar todas elas.
Portanto, na contramão do entendimento, a constituição entende que a
alimentação adequada é um direito humano. Pois hora, diferente de outros
direitos legalmente constituídos (ainda muitos não são, diga-se de passagem)
este dialoga diretamente com a continuidade da vida. Alimentar dos frutos
expostos gratuitamente nas cidades é provocar a discussão sobre o valor desta
vida.
Quanto custa a vida? Quanto custa os alimentos? Qual a incidência
econômica e quanto é a mais valia quando falamos da exposição e do uso dos
alimentos produzidos nas cidades em espaços públicos? As leis que proíbem a
possibilidade dos alimentos gratuitos são menores do que a lei que entende o
direito humano a alimentação?
Se existe manutenção para as praças e parques, porque não assistência
técnica as árvores frutíferas e outras formas alimentares de promoção da vida.
Estas por sua vez, obviamente nutritivas e saudáveis pois não queremos qualquer
tipo de vida.
Queria eu, nas trilhas de uma caminhada, na forma mais sensível e
apropriada ter uma goiabeira perto me esperando. Não importaria de que neste
dia pudesse aproveitar do que ao certo estaria a mim e aos outros alimentando.
Enquanto isso, sobre uma cidade melhor vou escrevendo e sonhando.
Leonardo Koury
Escritor, Assistente Social
e Militante dos Movimentos
Sociais
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