Caro
leitor ou leitora, quem você respeita mais? Um Político de Carreira, onde a
política a única profissão e para tal afasta ou anula quem aparecer mais do que
ele ou ela, com medo de alguém que se destaque e venha a ameaçá-lo, ou
uma Liderança Comunitária que surja da população e dos setores
organizados e seja escolhida para representar o projeto ou o seguimento? Quem é
mais digno de sua confiança?
Você
acha que se o povo tivesse consciência política e clareza suficiente para
decifrar os códigos e os jogos do poder, quem seriam eleitos(as) nas eleições?
Os políticos profissionais com seus projetos pessoais ou de seus grupos de
interesse ou as lideranças populares escolhidas a partir do processo de
participação? A partir dessa visão, quem estaria mais frágil a um impeachment, Dilma
ou um político tipo Alckmin? Lula ou um feito FHC?
Quem
dos dois modelos (político de carreira ou liderança comunitária) está mais
propício à bandalheira e aos caixas dois para as campanhas milionárias? Quem
precisa mais de marketing eleitoral? Quem precisa mais de carregadores de
bandeiras? Quem vai ter mais gente voluntária interessada na campanha e
colaborando de forma gratuita?
São
várias perguntas com uma única resposta: a tal da democracia representativa sem
participação está em crise mortal. Está na UTI, convalescendo, pelo simples
fato de não representar ninguém a não serem os próprios políticos de carreira e
seus escusos interesses, pois não nasceram da participação e sim do oportunismo.
Na verdade esse tipo de político quer o povo que questiona bem longe,
principalmente depois de eleito.
Em
minha visão, aí está o nó crítico da política brasileira. O ponto de partida
para uma possível explicação do que chamamos de politicalha, ou ainda na longa
caminhada, desde a República para explicar tantos golpes, repressões, ditadores
e porque não dizer para o moderno golpe “democrático” em curso no país. São
políticos sem projetos participativos e se acham seres iluminados que vieram ao
mundo para serem servidos de votos.
Quem
não conhece um ser profissional de carreira que nasceu vereador, deputado ou
senador e pretende morrer como tal, sem contar que no meio desse oportunismo nascem
também os cargos executivos com prefeito(as), governadores(as) e para a
Presidência da República que são eternos candidatos(as). Esses ou essas jamais admitem o surgimento de alguém que ouse lhe tirar a possibilidade de uma
candidatura eterna. Creem piamente que nasceram com dons especiais. Que foram
escolhidos pelo Criador para velejarem eternamente pelos mares do poder. Acreditam ainda que só eles ou elas serão capazes de resolver todos problemas da humanidade.
Trata-se
de um fenômeno velho e conhecido, que está mais para a questão cultural do que
para a questão política em sua essência. Porém, na prática se transforma no que
estamos vendo hoje, com alianças mercantilistas, campanhas caras e a corrupção
como elemento chave para os desvios de dinheiro público, seja para enriquecimento
pessoal ou para financiamento de campanhas. Tudo em nome da tão surrupiada
democracia.
Ideologicamente
essas criaturas servem ao poder econômico global, seja de que partido for e
qual sua plataforma política, afinal papel aceita tudo e a política tradicional
também. Nela, vale mais quem tem um conchavo convincente do que um projeto
escrito a várias mãos.
A
verdadeira política se faz em campo, junto com os setores organizados da
sociedade, promovendo novas lideranças através do conhecimento, criando
conselhos de mandatos, criando conselhos populares, ajudando a população a se
organizar e, sobretudo, respeitando os Fóruns Temáticos e Populares, que é de
onde poderão sair os políticos de fato representativos para os próximos pleitos.
Quem faz o contrário serve aos seus interesses e se torna uma falsa liderança
no poder.
A
maioria dos atores da política brasileira nunca praticou nem dez por cento do
que pregam ou pregaram, portanto são palavras jogadas as vento, onde a
população sonhadora compra como verdade absoluta.
Como dizia Paulo Freire: “A teoria sem a prática vira
'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto,
quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e
modificadora da realidade”.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e
Social
tonicordeiro1608@gmail.com
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