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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Um tributo às amizades sinceras

Após o ano inteiro de desabafos e enfrentamentos ao golpe e a muita gente que resolveu se revelar como seguidoras dos piratas do poder apresento-me para uma mensagem de otimismo, nesse mar de incertezas que virou o país, porém com grande capacidade de uma grande reviravolta jamais ocorrida.

A vida é dinâmica e nada é definitivo, apenas transitório. Nem a vida é para sempre, apenas a história de vida e mesmo assim se foi registrada. Um dia quem sabe, os de baixo, que por ironia do destino vivem em cima dos morros, poderão descer ao asfalto e tomar a selva de pedra, que eles mesmos construíram, mas não puderam desfrutar. Esse acaba sendo o princípio da exploração humana moderna. Muitos labutam enquanto apenas uma minoria desfruta dos resultados.

Começo revelando minha imperfeição e minha forma inacabada de ser, onde parte de mim caminha a passos largos para o futuro, enquanto a outra parte rebusca o passado à procura de alguns sinais que me ajude a decifrar minha missão. Por outro lado reafirmo minha lealdade à vida, às pessoas, à causa, à luta contra as injustiças e a toda forma de discriminação, aos meus amores familiares e às amizades sinceras construídas em anos de convivências ou há pouco tempo reveladas, que acaba se transformando numa outra forma de amar.  

Vivemos tempos complexos de difícil entendimento, de defesa de valores e de cooptação de aliados à causa humanística que se alimenta da solidariedade, porém é bom se diga, que todo processo leva a uma forma didática de análise de determinadas situações, assim como o acúmulo de fatos e atos acaba construindo a pedagogia do enfrentamento, uns por convicção e outros por pura distração.

No meio de toda essa complexidade, os tempos e a ciência nos brindaram com as redes sociais, algo tão assustador que nos promove, nos enfrenta, nos assedia, nos engrandece, tudo ao mesmo tempo e principalmente nos aproxima de pessoas que assim como nós compartilham as angústias da vida e suas melhores alegrias e se fazem presentes em nossos sonhos de mudar a vida e a sociedade. Assim ocorre com os quase cinco mil amigos e amigas presentes na minha página do facebook.

A maioria dessas pessoas caminha lado a lado comigo em busca de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas e enfrenta com determinação dia e noite os perigos da vida e do poder político, capaz nos dias de hoje de transformar o mal num paraíso com o intuito de atrair milhares de pessoas que se tornaram reféns de suas próprias ignorâncias políticas e viraram presas fáceis dos vampiros do poder.

Não tem nada mais gratificante do que saber que do outro lado das redes sempre há alguém disposto a interagir e até aconselhar se for o caso.

Quero neste início de ano me reportar exclusivamente a vocês amigos e amigas do face, que estivemos juntos em muitos momento. Senti na pele o amor fraterno e o carinho humano por duas vezes recentemente, na internação do meu pai e no avc que minha teve. Descobri que nunca estive só, pois foram centenas de mensagens recebidas de várias partes do país. Isso não tem preço e vale por uma vida.

Como bem dizia Mário Quintana: “A amizade é um amor que nunca morre”. Ou ainda como dizia Platão: “A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro”.

Obrigado pela amizade de vocês e que 2017 nos torne cada vez mais sábios para juntos decifrarmos os códigos do poder e o caminho para a terra prometida.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

As diversas crises de 2016

Como avaliar 2016? O que esperar de 2017? Um ano que presenciamos angustiados um dos maiores retrocessos que a história do Brasil já passou. De uma só vez o povo pobre e trabalhador perdeu sua representante eleita, seus direitos trabalhistas e o congelamento por vinte anos do investimento em Saúde, Educação e Assistência Social. Porém, como as Políticas Públicas são integradas, essas medidas afetarão em cascata, praticamente todo o universo público e principalmente a população que mais precisa.
O golpe em curso trouxe para a pauta nacional uma nova modalidade de divergência, acompanhada por um ódio de classe, plantado e disseminado pela mídia golpista. Não está se falando de divergência política partidária, mesmo sob a compreensão de que nos dias de hoje está difícil caracterizar um partido, sua matriz ideológica e seus reais interesses, mas de um enfrentamento que invadiu as ruas do país, sob o pretexto de caça aos petistas.
Por outro lado, há algo no ar além dos aviões de carreira, como dizia o Barão de Itararé. O que leva alguns indivíduos e indivíduas a abandonarem seus partidos de origem, após terem desfrutado a parte boa desses, sob o pretexto de que não foram ouvidos, notados ou ainda não reconhecidos como a última “bolacha do pacote” e que só eles e elas poderão salvar a humanidade nas próximas eleições? Como podemos chamar esse fenômeno em moda principalmente no PT? Oportunismo? Traidores da causa? Profissionais da política? 
Sei lá, me vem à cabeça inúmeros adjetivos, porém se faz necessário esclarecer que não me refiro de quem sai do PT para o PSOL, PCO, PSTU ou mesmo o PC do B, além dos que defendem a luta armada e pretendem, quem sabe, fundar o PLUA - Partido da Luta Armada, mas de pessoas que migram na calada da noite em busca de cargos ou de projeção política, as vezes às custas da miserabilidade da sociedade. 
O que se presenciou desde o início do ano foi uma enxurrada de barbaridades acontecerem, a começar pela destruição do Projeto de Participação Social proposto pela Presidenta Dilma, destruído pela maioria do Congresso Nacional que tem lado, cor, partido e principalmente dinheiro público desviado para financiar as mudanças que a elite vai determinando como essenciais.
Na sequência veio a construção do cenário do golpe. Algo milimetricamente pensado, muito bem articulado e elaborado a partir de argumentos convincentes voltados ao público jovem e para uma nação alienada que bailou em busca de vingança, não contra seus possíveis algozes ou contra a corrupção, mas pela possibilidade de extermínio do PT, de Lula e de Dilma, com a falsa ilusão de uma luta contra a corrupção e de que toda banalidade política, nasceu na era dos governos petistas.
Vale lembrar que só existem políticos corrutos em evidência porque uma enorme parte da sociedade também é corrupta e se coloca sempre a venda para quem pagar mais ou em troca de privilégios futuros.
Além dessas e outras desgraças impostas pelo governo golpista e seus aliados, para fechar o ano aí vem à aprovação da PEC da Morte, mudanças nas leis trabalhistas que enterrarão de vez a CLT e a tal Reforma da Previdência, que levará a Previdência ao seu fim. Uma grande parte de quem vive de salário, vai morrer bem antes de se aposentar. Um plano diabólico para o fim de direitos, conquistados com muita luta ao longo de mais de cem anos. 
Porém uma coisa não pode ser esquecida, que é a capitulação de grande parte da esquerda e o enorme vacilo dos governos de Lula e Dilma, que poderiam ter feito as reformas necessárias quando tudo parecia favorável. Claro que também poderia ter sido um fiasco, porém não foi tentado fazer e isso deixa um vazio entre o que não foi feito e o que está sendo feito agora à revelia de nossos interesses políticos, econômicos e principalmente sociais.
Para 2017 grandes pontos de interrogação: O que aconteceu com os movimentos sociais e com as entidades de classe? Que tipo de reação ainda poderá ser feita a partir do completo caos político? Que tipo de ser a sociedade moderna produziu nas últimas décadas? Como juntar os cacos sem um projeto político definido? Cadê as lideranças políticas e comunitárias, por onde andam? Como conviver com a República de Mandatos, que quer determinar o jogo, intervir nas instâncias partidárias e anular as possíveis lideranças?
O ano que se inicia nos fará conviver com uma sociedade moralmente abatida, individualizada em termos de interesses políticos e econômicos e principalmente infectada com a grave doença do analfabetismo político, que leva à alienação, ao apoio do fundamentalismo religioso, ao preconceito, a toda forma de discriminação e a venerar cegamente os inimigos políticos de classe, que almejam uma raça pura, sem negros, índios, homo afetivos, nordestinos e principalmente pobres. Talvez seja a hora de recomeçar do zero rumo ao resgate de nossas dignidades. Caminhar com a parte sadia da juventude que luta por seus direitos e principalmente por ideais.
Para não dizer que não falei das flores, a única coisa preciosa que se tem para comemorar no dia 31 de dezembro à meia noite é a vida. O fato de estarmos vivos já é a certeza de que o mundo ainda não acabou e, portanto enquanto houver vida haverá esperança e sonhos de mudanças.
Além do mais, não existe militância sem sonhos, assim como militantes que não ouse sonhar em busca de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Que em 2017 possamos unir os sonhadores e sonhadoras em busca da terra prometida.
Paulo Freire certa vez nos disse: “Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanha pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina”.

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com