Quero começar esse post
fazendo algumas afirmações que estão presentes na atual conjuntura e no seio da
resistência ao golpe parlamentar que depôs uma Presidenta eleita e roubou de
mais de 54 milhões de brasileiros e de brasileiras o voto e a esperança de
mudança via eleições. Como acreditar que nosso voto não será roubado novamente
nas próximas eleições?
A primeira afirmação é a de
que existe uma profunda crise na democracia representativa, onde a maioria das
pessoas eleitas não representa ninguém, a não serem elas mesmas ou seus grupos
de interesses. Isso decorre da ignorância coletiva de achar que política é uma
coisa ruim e de que todos os políticos são ladrões. Plantaram isso na cabeça da
população de forma proposital e a reação normal é a de afastamento. É nesse
vazio que nasce as aberrações tratadas como lideranças.
A segunda é a de que a
democracia participativa ou direta acaba sendo um fenômeno, principalmente pela
falta de uso e pela raridade de gestores e parlamentares que tem a coragem de
coloca-la em prática. E porque isso ocorre? Por várias razões, eis algumas:
As pessoas que não respeitam
a participação nascem de pelo menos duas vertentes. As que debocham da
população e a compra com dinheiro, benefícios e favores e as que acreditam que
são seres insubstituíveis dotadas de conhecimento supremo e que só eles ou elas
poderão fazer o que a população precisa. Jamais se afastam do assistencialismo
e quando realizam eventos participativos o fazem a apenas por convenção.
Em geral essas pessoas morrem
de medo de concorrentes para o próximo pleito e isso faz com que mate no ninho
qualquer possibilidade de concorrência provinda, principalmente dos setores
organizados da sociedade. Defendem a ideia de que a população não está
preparada para a participação e, portanto não podem ter muitas conferências,
encontros e abominam Conselhos de Mandatos. Era isso que afirmava um abominável
prefeito que tive o desprazer de trabalhar com ele. Ainda bem que foi por muito
pouco tempo. Quem despreza o povo, despreza a própria vida. Nem sabe por que
nasceram.
A participação espontânea provoca
reações que só um líder e não chefe é capaz de lidar. Por exemplo, as
pessoas que participam querem construir as ideias juntos, fiscalizar sua
implantação e, sobretudo fazer avaliações positivas e negativas. Outro fato é
a de que a participação leva as pessoas a um nível de entendimento fantástico,
de forma rápida e com isso nasce a vontade de participação e a busca de novos
conhecimentos, prejudicial para quem não quer concorrência e para quem quer
passar a ideia de ser um ser inigualável.
Quando a população descobre
que pode participar começa uma estranha sinergia entre o eleito e as pessoas
participantes, que se bem aproveitadas poderá iniciar uma verdadeira revolução.
Trata-se de um processo horizontal de gestão e não vertical onde apenas um sabe
e os demais obedecem. Nesse caso é a decisão da maioria que é acatada.
O principal medo dos
dirigentes de alguns partidos com relação aos mandatos participativos é a de é
que isso gere a formação de um verdadeiro exército popular a serviço das
mudanças efetivas na sociedade e aí, como um tsunami, esse exército irá peitar
tudo aquilo que discorda. A partir de então serão criadas novas regras de
conduta e novos valores estarão na pauta partidária.
Em Americana está sendo
assim com o mandato participativo e popular do Vereador Professor Padre Sergio.
Em tão pouco tempo já se produziu um Seminário, os filiados e filiadas foram
notificados sobre como o mandato irá se constituir e o início de um curso de
formação em parceria com a Fundação Perseu Abramo.
Uma voz do além esbravejou:
“Conselho Popular não pode e não será aceito!!!”, no entanto a população disse
sim ao chamado do Vereador e essa prática coletiva acabou virando algo novo no
meios de tantos eleitos. O efeito disso é simples. Quem quiser peitar o Padre
Sergio terá antes que antes peitar os membros do Conselho Popular Participativo
e do Fórum Permanente. Um verdadeiro paredão humano.
Que essa visão e essa
prática adotadas pelo Vereador Professor Padre Sergio e pela Deputada Estadual
Marcia Lia que tem um Conselho Popular eleito em quase cem cidades, contamine
nossa militância e possa mudar os rumos partidários.
Segundo Mário Sergio
Cortella: "Para nós, em última
instância, adaptar-se é morrer. Estar adaptado significa estar acomodado,
circunscrito a uma determinada situação, recluso em uma posição específica;
adaptar-se é, sobretudo, conformar-se (acatar a forma), ou seja,
submeter-se".
Ao invés de ter que se
adaptar ao convencional em declínio, porque não subverter a ordem, se
necessário for, em busca de algo novo que seduza novamente a população?
Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública
tonicordeiro1608@gmail.com
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