Do
ponto de vista conceitual, é possível afirmar que uma ponte é qualquer
estrutura que liga duas partes, interrompidas por algum obstáculo.
Do
ponto de vista político e mirando na tragédia política brasileira da atualidade,
se torna muito fácil analisar a “ponte” do ponto de vista do cenário político. O tal projeto “Ponte para o
Futuro”, chamado pelo PMDB de projeto da modernidade e materializado pelo
golpista traidor-mor, não passa de uma pinguela de material deteriorado, separando
a população de um poço repleto de maldades e rodeado de vampiros sedentos por
sangue humano.
Uma
ponte que levou o Brasil independente do FMI e com Fundo Soberano de reserva, de
volta ao subterrâneo das trevas passadas e do ponto de vista trabalhista de
volta ao início do século XX. Uma passagem rápida ao universo neoliberal e a
submissão completa da classe trabalhadora ao capital.
Que
fique claro, que o tal projeto foi formatado durante o primeiro governo Dilma e
lançado oficialmente no encontro extraordinário que o PMDB fez, antes mesmo das
últimas eleições e deixando explicito já na época, que se tratava de um projeto
neoliberal, entreguista e chegando a ser pior do ponto de vista da submissão ao
capital internacional, até mesmo se comparado com o do PSDB e equivalente em
vários aspectos ao da Marina-Itaú.
O
que é inacreditável vem do fato de não ter acontecido um rompimento político de
governo naquele momento, principalmente com o PMDB. Ao contrário. O vampiro
novamente foi convidado a continuar como vice da Dilma e poucos dias depois das
eleições, chefiou, com total apoio do o PSDB e aliados, o golpe em curso. Um
folhetim de quinta categoria do ponto de vista do enredo, bem conhecido, mas de
uma sutileza maldosa fantástica, que fez o Brasil voltar em sua história há
quase um século. O país que do ponto de vista do desenvolvimento econômico
estava na transição da Teoria Y para a Z, volta de vez para a Teoria X, num
processo quase de escravidão absoluta do ponto de vista trabalhista e enterra
todos os avanços do início do século XXI.
Um
fator se destaca entre tantos outros. O golpe só se viabilizou e continua a se
viabilizar, seguindo seu curso natural, principalmente devido a fragilidade
política que a esquerda se encontra, além do vácuo deixado pelos movimentos
sociais e sindicais, ocasionando o fortalecimento da direita e o surgimento da
extrema direita organizada, que resultou na eleição de dois terços do Congresso
Nacional como seus representantes.
Como
explicar, por exemplo, que o patronato elegeu 75% de seus representantes em
função dos trabalhadores e mesmo assim, uma grande parte dessa parca
representatividade trabalhista seja representada pelas centrais sindicais que apoiaram
o golpe? Por isso a força da direita de
exterminar direitos e impor derrotas uma atrás da outra.
Quero
crer que essa “coisa” implantada na marra, em conluio com mais da metade do
Congresso e conivência com parte do judiciário, tem o real propósito de servir
de passagem de toda elite brasileira para uma nova casa-grande. Algo moderno e depois disso
implodir a ponte para que a senzala Brasil não ouse, por um longo tempo, atravessá-la
novamente. É a volta do passado a ameaçar o futuro. É a volta da pirâmide
econômica como reza o Consenso de Washington.
Aprendi
com a vida que cada crise tem lá suas experiências a serem tiradas e essa que envolve o Partido dos Trabalhadores não é diferente. Há de se aprender com os erros. Punir quem tem que ser punido e usou o partido para se beneficiar. Fazer uma autocrítica pública e nacional dos erros cometidos por essas pessoas e fazer uma defesa intransigente de todos e todas do partido que estão, injustamente sendo perseguidos.
Ao
usarmos a figura da ponte como metáfora, podemos analisá-la a partir das nossas
interpretações da própria vida. Nesse caso a ponte pode ligar o passado ao
presente, o interior do nosso ser ao mundo real, ou ainda servir de contexto
para falarmos do futuro. A ponte visa uma passagem. Um caminhar para seu outro
lado e quem sabe uma mudança circunstancial em nossas vidas.
Que a única ponte que tenhamos que
atravessar seja a que nos leva a uma mudança da sociedade atual, para uma
sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.
Antonio Lopes Cordeiro
(Toni)
Estatístico e Pesquisador em
Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com
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