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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Onde estávamos quando tudo aconteceu?

Confesso minha enorme dificuldade para escrever algo nesse momento que faça sentido, diante desse triste cenário nacional que vivemos. Cada dia que passa ficamos mais revoltados com o golpe, com a politicalha profissional, com a mídia partidária e tendenciosa, com o partidarismo da Justiça e pelo fato de saber que parte da população está à venda por qualquer vantagem. Além disso, estamos diante das eleições mais ideologizadas da história. De um lado a direita golpista e o fascismo e do outro um projeto de retomada do país.

Porém, para não dizer que não falei das flores, vamos ao que interessa.

Inicio o post buscando o que a história tem a dizer do dia 11 de setembro. Além do atentado sangrento ocorrido nos EUA em 2001, que vitimou quase três mil pessoas e que ainda hoje continua nebuloso para se desvendar o que de fato ocorreu, pois esconde verdades que não foram contadas, particularmente quero chamar a atenção para dois outros fatos ocorridos nesta data.

Em 1973 o Presidente Salvador Allende é assassinado pelo exército chileno em seu local de trabalho e o episódio dava início a uma ditadura militar das mais sangrentas, que matou mais de 3 mil pessoas, prendeu mais de 80 mil e torturou mais de 30 mil. Tudo isso ocorreu pelas mãos do General Pinochet que em tese era seu aliado e seguindo as orientações do império deu o golpe fatal, assim como o ocorrido no Brasil da atualidade onde o Temerário trai a Presidenta Dilma e encabeça mais um golpe no país, que infelizmente está se tornando especialista em golpes, onde a própria República foi um deles.

O outro fato relevante e lamentável ocorreu aqui no Brasil. A substituição forçada do Ex-Presidente Lula por Haddad no processo eleitoral, impedido pela justiça partidária de concorrer às eleições, em desacordo até mesmo com a decisão da ONU, foi uma cena dolorosa e lastimável e que ficará na história do país para sempre, como o dia em que a jovem democracia brasileira foi mais uma vez violada e dessa vez manchando o nome do país perante aos organismos internacionais. Tudo isso para beneficiar o deus mercado.

É evidente que Lula está preso sem provas, apenas para que não venha ganhar as eleições, assim como Dilma foi deposta para que os agentes do sistema fizesse a varredura nos direitos civis e constitucionais, além do prejuízo maior que foi o ferimento de morte nos direitos trabalhistas e sindicais. Por outro lado, se Lula conseguir transferir seus votos para Haddad, elegerá seu representante mesmo estando preso de forma inusitada e mostrará ao mundo seu carisma e sua liderança mundial consolidada.

Com tudo isso acontecendo e eu muito longe de ficar dando milho aos pombos, como na música de Zé Geraldo, me sinto na necessidade de ao escrever, mesclar a dura realidade com o subjetivo em busca de fortalecimento, como algo que leve a quem lê a possibilidade de reflexão sobre a nossa existência e o papel que pudemos realizar enquanto vida em busca de nossas missões.

Ao ler dois belos textos sobre a meia idade, onde nela estou, tanto sobre suas consequências, como principalmente a beleza que é envelhecer, cheguei à conclusão do quanto perdemos na atualidade e do tamanho do enfrentamento que nos espera para os próximos anos. O Brasil da atualidade está envelhecendo, porém enxergando essa população como uma despesa civil.

Segundo o IBGE desde 2012 a população acima de 60 anos cresceu 19%. Essa população que em 2012 era de 25,4 milhões, hoje é de 30,2 milhões, sendo 56% de mulheres e 44% de homens. A previsão é que em 2060, 1 a cada 4 brasileiros(as) terá mais de 65 anos.

Portanto, ou se arruma um meio de exterminar essa população mais cedo, como por exemplo, com as doenças advindas dos agrotóxicos, com o fim do SUS ou ainda com a liberação das armas como o candidato fascista e seu vice defendem, ou se criam condições dessa população viver e bem.

Sinto que o momento é grave e não nos permite filosofar e sim agir para que as vidas de homens e mulheres que as perderam no passado lutando por democracia, justiça e liberdade sejam respeitadas e para que não nos envergonhemos quando nossas crias forem relatar para seus filhos e suas filhas que história de vida deixamos como herança.

Viver para um militante político é agir de acordo com as reviravoltas da vida e entender que é a linha da vida que define quem é cada um e cada uma de nós. Como na metáfora das pipas, a vida pode significar o desafio permanente de por uma pipa no ar. Entendendo a pipa nesse caso como o ato da defesa intransigente da cidadania, da democracia e da liberdade, além do combate permanente aos inimigos da população necessitada e de quem transforma a pobreza e a miséria numa indústria de votos.

Uma das coisas mais importantes que aprendi na vida é que quem é forjado na luta vive do calor de cada momento, do clima político-organizacional e de observar as ondas que ocorrem com o pulsar da sociedade.

Na prática, se eu tivesse nascido para viver atoa, ou tivesse vindo ao mundo a passeio, por certo teria que nascer novamente para refazer minha trajetória de vida, mas felizmente eu vim ao mundo a trabalho e para uma missão, que há tempo eu a descobri.

Buscar a paz pessoalmente significa entre outras coisas se enxergar com a missão cumprida. Vamos à luta!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

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