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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Como votou uma grande parte da população: o voto pelo voto, o ódio pelo ódio e consciência política zero



A partir dos resultados em nível nacional das eleições ocorridas no último dia 5, principalmente no que se refere à composição da Câmara Federal, não tenho a menor dúvida de afirmar que o Brasil deu um gigantesco passo para trás ou ainda um mergulho num futuro de aventuras, onde nem imaginamos onde tudo isso possa chegar. 

Com a alegação de que esquerda e direita não mais existem, o que é uma tremenda mentira e a de que todo político é ladrão, para que a população continue a odiar a política e os políticos, portando em quem votar está de bom tamanho, brasileiros e brasileiras elegeram uma das piores e mais conservadoras bancadas nacionais de Deputados e Senadores.

Desde a “bancada da bala”, composta por defensores da pena de morte, herdeiros da ditadura militar e de justiceiros, passando pela bancada da intolerância religiosa, encabeçada pelo Pastor Feliciano de São Paulo, aquele mesmo que lançou o Projeto de Lei da “Cura Gay”, apoiado por Malafaia um pastor que incentiva a violência generalizada aos homo afetivos, até chegarmos ao voto de Russomano e Tiririca como os mais votados do Brasil.

Só para termos uma ideia, quase metade da nova Câmara será formada por milionários, ou seja, por 248 deputados que têm patrimônios superiores a um milhão de reais, apenas os bens declarados, fora o que estão em nome de “laranjas” e de familiares. Isso significa 48% dos 513 deputados quem compõem o Congresso. Os números cresceram ao longo do tempo e os milionários pertencem à vários partidos, conforme os dados abaixo:



Segundo a reportagem do Portal G1, o eleito mais rico para a próxima legislatura é o deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR). O industrial declara possuir R$ 108,6 milhões. Entre os bens estão quotas de várias empresas em seu nome.


Ainda segundo a reportagem, no total, os parlamentares declaram um patrimônio de R$ 1,2 bilhão – o que representa uma média de R$ 2,4 milhões para cada um. A reportagem aponta ainda um dado no mínimo curioso ou mentiroso. Há quem diga não ter bem nenhum: são 11 políticos que declaram patrimônio “zero” ao TSE.

Ao vermos por Estado, o Estado de São Paulo puxa a fila com 32 deputados milionários, seguido por Minas com 26, Rio de Janeiro com 22, Bahia 20 e Pernambuco com 18. Não por acaso, São Paulo e Minas são os dois maiores colégios eleitorais do PSDB. A reportagem revela ainda que só o Estado do Amapá não terá deputado milionário eleito nessas eleições.

Apesar de 38,6% serem de deputados que nunca exerceram o cargo, pode-se afirmar que essa será uma das composições mais conservadores da história, com mais de 300 deputados que representam interesses muito particulares além dos partidos, como fundamentalistas religiosos, os megas empresários, o agronegócio e muitos outros lobies. 

O mais incrível é que a maioria deles foi eleita com centenas de milhares de votos exatamente dos setores humildes da sociedade, que serão enganados pois irão votar contra todos os direitos sociais conquistados ou ainda aos direitos trabalhistas existentes desde a década de 40.

Prova disso é a proposta de Marina de apoiar o decreto que abre geral para que as empresas de todos os seguimentos poderem terceirizar e quarterizar  à vontade, o que precariza o trabalho formal das categorias e a votação de uma lei que anulará o Decreto da Presidenta Dilma que cria a Política Nacional de Participação Social. O Decreto em questão pode ser acompanhado no endereço: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Decreto/D8243.htm.

Para se ter ideia da importância, a Política Nacional prevê a criação dos Conselhos Populares, em cada cidade, dando direito aos cidadãos e cidadãs de participarem ativamente da formulação, fiscalização e controle social das Políticas Públicas apresentadas pelos Executivos e Legislativos dos municípios, estados e da União.

A falsa alegação é a de que esse Decreto tira a autonomia dos eleitos, sejam vereadores, deputados ou senadores, como se a maioria desses representasse o povo e não seus escusos interesses. Quem tem medo do povo organizado é porque bom sujeito não é.

Tirar Dilma do governo e colocar Aécio com o apoio de Marina e de outras forças conservadoras, significa entre outras coisas, uma mudança de projeto significativa, com cada vez mais o encurtamento do Estado (Nação) nas suas funções sociais e a entrega completa do destino do povo brasileiro ao projeto neoliberal, onde o deus mercado será prioridade frente às necessidades da população.

É por isso que eles chamam o investimento em politicas sociais de gasto, assim como a aposentadoria como uma pensão para vagabundos. A prioridade deles é que os bancos e as empresas cada vez tenham mais lucros, que é justo na forma deles pensarem, porém isso não pode custar para milhares de brasileiros e brasileiras, a fome, a miséria, a pobreza, o desemprego e o investimento em tudo que é privado, como a educação e saúde, com o falso argumento de que tudo que é do governo é coisa do mal e tudo que é privado é um paraíso.

É por isso que eles não querem participação social, conselhos que discutam o papel da velha mídia (Rádios, TVs, Jornais e Revistas), assim como conscientização por parte da população de seus direitos e com isso poderem falar, transmitir e escrever tudo que querem, além de aprovar as leis que darão cada vez mais mordomia a elite brasileira em detrimento do sofrimento de milhares de pessoas. Usam para isso a mentira, a desinformação, os Malafaias e Felicianos da vida, além da impunidade, onde somente um partido paga o preço, enquanto os amigos dos amigos podem tudo.

Estamos diante de uma encruzilhada. Por um lado defendemos a ampla democracia, que em tese amplia os direitos da população, inclusive para tirar uma Presidenta que é vista pelo mundo como uma estadista que interviu na fome e criou inúmeras opções de crescimento da população, como o Minha Casa Minha Vida, Pronatec, Mais Médicos, Bolsas de Estudo para a população negra e os mais pobres, crescimento na economia com 20 milhões de pessoas empregadas com carteira assinada, entre tantos outros projetos e por outro estamos assistindo um discurso e uma prática homofóbica, machista, racista e discriminatória crescer aos nossos olhos e ainda com o apoio das instituições comandadas por falsos líderes.

O que fazer? Agir e reagir defendendo exatamente o que temos para defender. Expondo à população como foi o passado, o que aconteceu no Brasil nos últimos doze anos e lutando contra o ódio, a partir da solidariedade, união da militância e principalmente afirmando que só o bem pode vencer o mal e que a volta ao passado das trevas nos levará a um atraso de décadas como o Estado de São Pauloestá passando e pagará muito caro no futuro.

Só a reeleição de Dilma poderá garantir com que tudo que foi conquistado até o momento não escoe ralo abaixo e os incrédulos tenham que pagar com a dor, quando poderiam aprender por amor.

Antonio Lopes Cordeiro
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro@ig.com.br

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