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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Chega! Precisamos reagir já


Quando eu era criança, me lembro que quando brincava com os meninos e meninas lá na Vila Marchi em São Bernardo do Campo, uma das brincadeiras que mais me chamava à atenção era a do telefone sem fio. Crianças perfiladas uma ao lado da outra, onde a primeira cochichava no ouvido da segunda uma pequena história e essa falava para a terceira e assim sucessivamente. Dávamos muitas risadas todas às vezes, pois quando a história chegava ao último participante era completamente outra. No caminho a verdadeira história se perdera. O que era assim passou a ser assado e o que restava da história original era apenas “cacos” juntados em seu percurso. Como era brincadeira servia apenas de muita diversão e passa tempo.

Jamais podia imaginar que em pleno século XXI iria ver a história do telefone sem fio aplicado de forma tão didática na política brasileira e grande parte da população se comportando como aqueles meninos e meninas sem noção, que riam por ingenuidade e caçoavam da falta de atenção uns dos outros e não tinham nenhuma responsabilidade com o resultado. 

No Brasil de 2014, senhoras e senhores, por incrível que pareça, a velha mídia tucana junto com a direita golpista transformou a brincadeira do “telefone sem fio” num instrumento político necessário para disseminar sua forma diabólica de fazer política. Dizem o que querem, plantam factoides, passam a visão de que o PT é o pai da corrupção, vendem a ideia de que tudo está errado e que o país está quebrado, precisando de um “choque de gestão tucano” para voltar à sua rota natural. Ou seja, para privilegiar apenas a velha e a nova elite. 
Vale ressaltar que tal método já ocorreu no Brasil em outras ocasiões. Por exemplo, a LSN – Lei de Segurança Nacional, criada pelos golpistas militares a partir de 64 usava os meios de comunicação para plantar o medo dos “terroristas” de esquerda. Enquanto isso os torturavam e os matavam. Noutro momento, como conta Paulo Nogueira Batista em seu Livro “O Consenso de Washington”, os mesmo meios de comunicação, pregavam para a população que tudo que fosse estatal era do mal e tudo que fosse privado era uma coisa maravilhosa. Esse “conto da sereia” foi responsável pela privatização de todo patrimônio nacional por FHC, que seguindo o ideário internacional implantou o neoliberalismo no Brasil e reduziu drasticamente as funções sociais do Estado, tercerizando as ações, através do chamado "terceiro setor", com suas ONGs.

Vamos ser sinceros. A história que contam hoje sobre o Brasil nas revistas, nos jornais, nas programas de rádio e nos programas de TV, não passa de um conto de fadas com final infeliz, tal qual aquela velha mentira de que Pedro Alvarez Cabral descobriu o Brasil ou ainda que os Bandeirantes foram desbravadores do país. No primeiro caso houve uma invasão na terra dos índios e no segundo mataram os índios e levaram os minérios que encontravam no caminho. Trata-se na verdade da estória da carochinha, reeditada com um toque de crueldade contra a democracia.

Essa falta de interesse na política por parte da população e a ideia de que todos os políticos são bandidos e ladrões, vendidas pela mídia golpista, não nasceu por acaso. Tudo isso e muito mais faz parte do plano diabólico da direita e da extrema direita de acabar com as instituições e trazer os demônios torturadores de volta. Na cabeça deles, enquanto isso não ocorre, seus fieis escudeiros da mídia e da política direitosa vão arrotando verbos contra a Presidenta e escondendo seus enormes rabos, gerados quem sabe, para quem acredita, desde aquele episódio em praça pública quando optaram por Barrabás. São filhotes do “pecado social”.

Apenas para avivar a memória dos últimos tempos, como esquecer a compra dos deputados por FHC para aprovar sua reeleição, do mensalão tucano do Azeredo, do desvio de sete bilhões da saúde de Minas Gerais feita por Aécio Claudio da Silva quando governador e principalmente da propina mais cara do Brasil (30%), denunciada pela Siemens, onde os bravos gestores paulistas solaparam o patrimônio público em algo em torno de doze bilhões de propinas nos governos Covas, Serra e Alckmin. Episódio apelidado de trensalão tucano de São Paulo do metrô e dos trens, além de tantas outras barbaridades ocorridas, envolvendo a maioria dos partidos políticos do país. Basta dizer que um candidato a presidente morreu a bordo de um avião, que até hoje não tem dono, a não ser aquele pobre peixeiro de Recife. Porque isso não causa furor como algumas desgraças petistas? Simplesmente porque se age assim: para os amigos o silêncio e para os inimigos a lei.

As últimas eleições foram decisivas em termos de compreensão política, principalmente para que fique claro que a luta de classe está mais viva do que nunca e dividiram o país. Para a direita golpista a eleição ainda não acabou. Até agora não aceitaram a derrota. Sem alternativas, ficamos refém do PIG – Partido da Imprensa Golpista pertencente a seis famílias abastadas, que simplesmente pautou o cenário político eleitoral a seu bel prazer. Esse fato trouxe uma extrema necessidade. Já passou da hora da esquerda brasileira criar seus próprios meios de comunicação.

Além disso, ocorreu nos últimos anos uma aposta perigosa do Governo Federal, que se deu ao luxo de reprimir o movimento das Rádios Comunitárias, fechando centenas delas, ao invés de tê-las como aliadas. Porém, resultado muito pior ocorreu no Congresso Nacional, onde a sociedade direcionada elegeu a bancada mais conservadora de sua história. Só para se ter uma ideia, enquanto a bancada dos trabalhadores encolheu de 83 deputados em 2010 para 46 em 2014, a dos empresários, mesmo tendo diminuído de 246 para 190, se consolida como uma bancada expressiva em busca de seus direitos e no enfrentamento aos trabalhadores, correndo-se o risco de voltar a pauta nacional, o PL 4330, que simplesmente abre para todos os segmentos tercerizarem, o que se configuraria na precarização total das leis trabalhistas. Para completar o cenário, a bancada milionária é composta por mais da metade do congresso e fortalecida pelos conservadores evangélicos, ruralistas e outros. Um cenário perturbador, que só não é pior porque os candidatos a presidente aliados do sistema não foram eleitos.

Para se ter uma ideia do efeito “telefone sem fio” na atualidade, basta dizer que na capital paulista ocorreu um fenômeno eleitoral extremamente complicado. Os magnatas abastados dos jardins votaram nos mesmos candidatos da periferia, o que quer dizer que a população pobre votou contra seu próprio futuro. Enquanto os barracos queimam através de estranhos incêndios contínuos, os magnatas fortalecem os cinturões que dividem o social do econômico.

O resultado de tudo isso beira à banalização. Nas ruas, ao invés de trabalhadores em busca de seus direitos, velhos e novos fascistas desfilam ao som de Lobão e os uivos de conservadores de toda ordem, comandados pelo candidato a presidente tucano derrotado, que não se conforma com a derrota, pelo senador tucano que foi seu vice que só vocifera ódio, além de seu mais novo senador tucano, o sempre representante da extrema direita e envolvido nas falcatruas do propinoduto tucano de São Paulo. O que querem? Simplesmente um golpe contra a Presidenta Dilma. Acham que isso ocorreria na mais perfeita ordem, apenas sob o comando da velha mídia golpista. 

A partir desse cenário, não nos resta outra alternativa a não ser entender que somente a pressão popular pode conter a ofensiva conservadora e nazifascista.

Chega! Precisamos organizar a Onda Vermelha contra a onda golpista que se instalou no país. Não dá para ser taxado de “petralhas” por indivíduos que envergonham a própria raça humana.

Que convoquemos as entidades populares, sociais, religiosas progressistas, políticas e a militância dos partidos aliados para ocupar as ruas e as redes sociais na defesa da nossa Presidenta e do projeto político que mudou o Brasil. 

A partir deste momento as palavras de ordem são:
JUNTOS PELA SOBERANIA NACIONAL E PELA DEFESA DA GOVERNABILIDADE DA PRESIDENTA DILMA!


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro@ig.com.br

Um comentário:

  1. Chegamos ao limite da nossa tolerância. Precisamos estar atentos na defesa da governabilidade da Presidenta Dilma.

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