Israel Gonçalves
Há, na teoria política uma obra importante chamada Leviatã,
escrito por Thomas Hobbes, em 1651.
A
obra versa sobre a importância da intervenção do Estado (chamado de Leviatã) no
dia a dia dos cidadãos. A intervenção é necessária, segundo Hobbes, para se
manter a ordem dentro do Estado, pois os indivíduos tomados por egoísmo
poderiam matar uns aos outros por ambição ou por outros motivos supérfluos. O
Estado é o guardião do equilíbrio da sociedade
e em contra partida os cidadãos deixam de fazer algumas de suas vontades para o
Leviatã governar soberano.
A questão de intervenção do
poder público na vida dos cidadãos comuns ganhou destaque, na atualidade, com o
código de postura elaborado pela prefeitura municipal de Limeira. O código vem
sofrendo várias críticas. Uma delas é que as ações
que o código prevê já existem em lei, por isso, o código é desnecessário. Esse
olhar sore o Código de Postura é conservador. Pois as leis devem passar pelo
crivo da moral, da política, do contexto econômico da geração que vivencia as
leis existentes, nesse sentido aperfeiçoa-las é um ato positivo do poder
público.
Já o conjunto de críticos que entoam a ideia de que a
existência de um código muda pouco a realidade em si, se não tiver uma equipe
de fiscalização atuante, podem estar certo. Aprovar
o código na Câmara de Vereadores não fará com que o cidadão irresponsável mude
de postura, nesses casos é preciso ter fiscal para emitir advertências ou
multas. Indo para além das controvérsias do código de postura, deveríamos nos perguntar
sobre a seguinte questão: porque precisamos da
intervenção do município nas questões cotidianas?
Bem, é só andarmos pela cidade e para vermos lixo
na rua, panfletos em carros, nas calçadas e sendo jogados dentro das casas das
pessoas. Profissionais da área da construção, entre outros, usando a calçada
para preparar material que será usado em construção e afins. Pessoas jogando comida na rua, entre
outras ações que poderiam ser evitadas. Há uma certa
desordem no processo da nossa socialização. O bom senso, há tempos deixou de
existir e a ética individualista se tornou um estilo de vida em Limeira.
O Leviatã moderno, pautado dentro da democracia, às vezes, é necessário para
colocar no “plumo” o rumo de uma sociedade. Acredito que a discussão não é se o
código é “bom ou ruim” ou que tem peculiaridades, mas para onde está caminhando
à sociedade limeirense. O código de postura elaborado pelo governo municipal traz
questões que são mais profundas do que seus artigos expressam. Por estes
argumentos acredito que o código de postura é necessário para equilibrar e
aprimorar nossas relações sociais.
Israel Gonçalves é cientista político e autor do livro: O
Brasil na missão de paz no Haiti. (e-mail: educa_isra@yahoo.com.br)
Caro Israel
ResponderExcluirPertinente seu post, pois traz uma discussão que está no ordem do dia que é a questão da Mobilidade Urbana, que envolve: trânsito, transporte e assessibilidade.
A Política Nacional de Mobilidade Urbana, expressa na Lei 12.587/12, impõe uma ampla discussão a respeito de como as cidades vão se preparar para o futuro, para serem minimamente consideradas como inclusivas. Nos dias de hoje é impossível um cadeirante, por exemplo, andar 500 metros numa calçada. O Plano que necessita ser discutido e implantado nos município vai à fundo nessas questões e o primeiro instrumento a ser radicalmente alterado é o Código de Obras.
Que bom que Limeira está saindo na frente, apenas com a observação que ele terá que estar adequado à Política Nacional de Mobilidade Urbana.