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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Como identificar um ou uma fascista travestido de democrata?

É inegável afirmar que a sociedade tem uma nova doença contagiosa, elaborada passo-a-passo pela direita e pela extrema direita. Trata-se do ódio, individual e coletivo, que não chega a ser um fenômeno isolado quando estamos falando de ciúmes, invejas e tantas outras loucuras humanas, porém no campo da política e do modo como vem sendo tratado e disseminado, podemos sim afirmar que é algo novo e assustador para a democracia.

Esse ambiente de ódio revelou duas criaturas ocultas até então. A primeira o “Coxinha” e de quebra ampliou o espectro fascista. Entre ambos habita uma galera alienada comandada pelo caos midiático e com pouca massa cinzenta na cabeça, que não luta desfila.

Esse conjunto forma uma tropa de paranoicos travestidos de éticos, de democratas e com a visão de que nada presta nessa Nação chamada Brasil. Bom mesmo é o EUA, principalmente pelo fato do fascínio de saber que estão tratando com um império que tenta dominar o planeta. Sonham inclusive de voltarmos a ser um agregado dos Estados Unidos e do FMI, como éramos nos governos tucanos.

Enquanto coxinhas são espécies alienadas, normalmente de classe média, pessoas mimadinhas pelo dinheiro, que se julgam melhores que os outros, comandados pelo PIG e nem sabem por que desfilam de verde e amarelo contra o PT, Lula e Dilma; fascistas são vermes de outra categoria, que seguem um ritual ideológico e são de alta periculosidade.

Apoiado no artigo da filósofa Marcia Tiburi, escrito para a Carta capital, me arisco a traçar um breve perfil dessas criaturas, no sentido, muito mais de alerta do que de enfrentamento político a eles, principalmente porque temos que combater primeiro quem fomenta suas criações, quem lhes dá guarida e quem altera o comportamento da sociedade com o envenenamento coletivo.

Segundo Marcia, é impossível estabelecer uma conversa com um ou uma fascista, pois essa gente sofre de uma grave incapacidade de se relacionar com pessoas que pensem de forma diferente, sobre qualquer aspecto e sobre qualquer assunto. Normalmente reagem aos berros. Exaltam-se com tudo e com nada. Sentem-se vítimas constantes da sociedade e se consideram eternos perseguidos. Acreditam que só gritando e humilhando as pessoas, poderão mostrar que são superiores ou ainda como esconder suas inferioridades humanas.

Outra faceta desse tipo de gente é odiar a democracia. Aliás, nem imaginam o que venha a ser isso e enxergam na ditadura militar a única forma de estabelecer a ordem e a luta constante contra o comunismo, que também, nem de longe, sabem de que se trata. Imaginam algo como era a frase que originou o lema da Bandeira Nacional: “Ordem é Progresso”. Ou seja, só com ordens repressivas haverá progresso. Quem não conhece alguém assim?

Aqui no Brasil odeiam tudo que se referira às questões sociais e adoram a meritocracia. Adoram a riqueza e odeiam não a pobreza, mas os pobres.

Porém, o ódio maior é destinado ao PT, a Dilma e principalmente ao Lula, pois ousaram intervir e mudar radicalmente um cenário nacional esculpido desde a invasão de 1500, exclusivamente para os moradores da casa-grande e seus representantes e o ódio aumenta quando lembram que o PT e alguns de seus aliados, que militam por uma causa, impedem na prática que fascistas e direitistas de toda ordem, transformem os menos favorecidos, numa gigantesca senzala a lhe servir.

Em regras gerais, tanto “coxinhas”, como fascistas, são preconceituosos, machistas, racistas, homofóbicos e em especial odeiam pobres. São pessoas (se podem ser chamados assim), que mesmo sabendo que de alguma forma são elas as grandes responsáveis pelas desigualdades humanas, imputam isso, ou a sorte imaginam ter, ou ainda a falsa visão de que as oportunidades estão para todos e todas, só não aproveita quem não quer. Muitos deles ou delas se escondem atrás de uma religião e viram adoradores da Teologia da Prosperidade e odeiam a Teologia da Libertação.

Ainda segundo Marcia, que concordo plenamente, o fascismo é uma aberração política, que se origina da miséria de nossa época. A pobreza e a miséria no mundo acabam sendo uma grande fonte de renda e de inspiração para fascistas, direitistas, populistas, políticos que transformam a política em profissão, o tal do terceiro setor, ONGs, OSCIPs e tantas outras patifarias e comportamentos neoliberais e de extrema direita, que ao invés de combater os males em suas raízes, se nutrem deles.

A falta de informação e de conhecimentos acaba sendo em última instância, os alicerces dos oportunistas, dos falsos líderes e dos paranoicos pelo poder. Essas pessoas sequer se amam, pois não conhecem o que é amar e sim serem servidas. São consumidas diariamente pelos inimigos invisíveis e pelo ódio que habitam em suas mentes e corações.
A única coisa boa a se pensar é que representam a extrema minoria da sociedade e parecem muitos devido à mídia golpista os transformarem em milhares de dragões, com forças sobrenaturais, porém não passam de pessoas oportunistas, doentes mentais e atormentadas pela defesa do lado que ocupam na luta de classe.

É bom que se diga que quando um(a) gestor(a) ou um(a) legislador(a) se comporta como alguém que não quer perder o que chama de poder, também, em maior ou menor proporção, não passa de instrumento que fortalece, tanto “coxinhas”, como fascistas.

A partir desse cenário, infelizmente a eleição de 2016 será o palco de novas disputas, não políticas e ideológicas, mas do bem contra o mal, dos que lutam pela liberdade contra os que querem a volta da ditadura militar. Dos que sonham com uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas e aqueles e aquelas que querem aprisionar a liberdade e transformar o povo de bem desse país em escravos a lhes servir.

O antídoto para essa situação e a essa gente é a união intransigente das pessoas de bem que militam e lutam por uma causa, formando uma grande rede que luta por justiça e liberdade.

Quem se cala diante de uma injustiça é tão cúmplice do processo, como aqueles e aquelas que a provocaram.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social

toni.cordeiro@ig.com.br

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