A
partir do entendimento do momento atual, dá para viver sem inquietar-se?
Inquieto-me pela destruição das conquistas de mais de cem anos de lutas, mas muito mais por ocasião da ausência de questionamentos organizados por parte da maioria da população brasileira que perdeu praticamente tudo. Isso provoca entre outras situações, uma invasão na essência humana para quem veio ao mundo a trabalho e continua lutando por uma causa humanista e de igualdade.
Inquieto-me pela destruição das conquistas de mais de cem anos de lutas, mas muito mais por ocasião da ausência de questionamentos organizados por parte da maioria da população brasileira que perdeu praticamente tudo. Isso provoca entre outras situações, uma invasão na essência humana para quem veio ao mundo a trabalho e continua lutando por uma causa humanista e de igualdade.
Parto
da avaliação da existência de uma séria crise de identidade na sociedade brasileira,
advinda de vários fatores e de diversas matrizes, principalmente ideológicas e
isso faz com que em muitas situações, inúmeras pessoas mais pareçam transeuntes
de uma terra de ninguém do que habitantes de um planeta que se propõe a viver
em harmonia. Além disso, uma grande parte da população não possui um projeto de
vida. Apenas vive. Isso faz com que o caos mostre sua verdadeira face e avance
sobre os sonhos das pessoas.
Essas
transformações a meu ver estão modificando profundamente o estado emocional de um
contingente enorme da população, com prejuízos incalculáveis para o emocional e
também para o mental, tornando as pessoas alvos fáceis do “sistema” e
principalmente de seus agentes. Um dos eventos observados vem da ausência quase
completa dessas pessoas do entendimento dos códigos do poder e isso provoca,
entre outros fatores, o desinteresse completo da vida cotidiana, da política e
dos políticos.
Grandes
perguntas que nos vêm em mente: Esse desinteresse é consciente ou construído
lentamente pelas forças dominantes? Para o “sistema”, esse processo de ausência
de lutas concretas é uma coisa boa ou ruim? Como intervir? Podemos definir tudo
isso como um processo de letargia?
Por
definição, ausência pode ser entendida como ação de afastar-se de algo ou de alguém,
mas também pode ser se ausentar de si. Andar de forma atabalhoada pelos
corredores da vida, meio que sem rumo. Ou ainda a ausência provocada pelo desprezo
humano que produz estragos emocionais nas pessoas acometidas, muitas vezes
irreversíveis. É preciso amar a vida para poder amar a causa.
Por
ser um tema tão complexo, esse post não tem a pretensão de se enveredar pela área
da saúde e tampouco psicológica para explicar sobre as diversas formas de
ausência, mas buscar entendimentos que nos ajude a entender essa paralisia
geral que acomete grande parte da população brasileira.
Um
dos caminhos possíveis dessa letargia pode vir da ausência de emoções e
indiferença a tudo, que é uma patologia, que consiste em regras gerais, num
desinteresse total de tudo e de todos. Nesse caso não há emoções em jogo ou em
disputa. Pode ser causada, por exemplo, pela falta de qualidade das relações
interpessoais e de sonhos desfeitos, gerando o que a medicina chama de Transtornos
de Humor.
Porém, será
que isso é suficiente para entendermos essa crise de ausência nas ruas? Como explicar então se as ruas enchem quando a Globo chama a população para pular
diante de um pato, escondendo as verdadeiras razões dos problemas do país?
Vamos
por outro caminho. E se tiver ocorrendo um controle e manipulação das massas, numa
ação ordenada por quem provocou essa enorme crise e por seus aliados? Vejam
o que diz Noam Chomsky:
“Um estado totalitário não se importa com o que as pessoas pensam desde
que o governo possa controlá-la pela força usando cassetetes. Mas num
estado democrático, quando você não pode controlar as pessoas pela força, você
tem que controlar o que as pessoas pensam e a maneira típica de fazer isso é
através da propaganda (fabricação de consentimento, criação de ilusões
necessárias), marginalizando o público em geral ou reduzindo-a a alguma forma
de apatia”.
Inspirado nas ideias de Chomsky, o
francês Sylvain Timsit elaborou
a Lista das 10 estratégias mais comuns de manipulação em massa
através dos meios de comunicação de massa:
1. Estratégia da Distração: Manter a atenção do
público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas
sem importância real.
2. Criar problemas e depois
oferecer soluções: Se cria um problema, uma “situação” prevista para causar
certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se
deseja aceitar.
3. Estratégia da Gradação ou
da Gradualidade: Para fazer que se aceite uma medida inaceitável,
basta aplicá-la gradualmente, a
conta-gotas, por anos consecutivos.
4. Estratégia do Diferimento: Outra maneira de se fazer
aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária“, obtendo a aceitação pública, no
momento, para uma aplicação futura.
5. Tratar o público como se
fosse criança:
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso,
argumentos, personagens e entonação particularmente
infantis, muitas vezes próximos à debilidade.
6. Utilizar o aspecto
emocional muito mais do que a reflexão: Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar
um curto circuito na análise racional, e finalmente no sentido crítico dos indivíduos.
7. Manter o público na
ignorância e na mediocridade: Fazer com que o público seja incapaz de
compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua
escravidão.
8. Estimular o público a ser
complacente com a mediocridade: Promover ao público a crer que é moda o ato de ser estúpido, vulgar e inculto.
Introduzir a ideia de que quem argumenta demais e pensa demais é chato e mal
humorado, que lhe falta humor de sorrir das mazelas da vida.
9. Fortalecer a culpa: Fazer com que o indivíduo
acredite que somente ele é culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou
de seus esforços. Aqui a meritocracia se encaixa como uma luva.
10. Conhecer melhor os
indivíduos do que eles mesmos se conhecem: O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele conhece a si mesmo.
Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e
um grande poder sobre os indivíduos, maior que dos indivíduos sobre si mesmos.
Minhas
inquietações se tornam mais aguçadas quando me convenço que o golpe em curso no
Brasil nada tema ver com Temer ou com a politicalha do momento e sim o Consenso
de Washington estruturado em 1989, assim como também me inquieto quando me
convenço que a ausência do povo das ruas no combate à destruição de suas
conquistas se dá por um processo de manipulação e alienação promovido pelos
agentes do “sistema”.
Para combater esse estado de abandono e desagregação popular, só uma grande dose de formação
política cidadã, que seja capaz de intervir e motivar outras pessoas. Algo que as conquistem pelo conhecimento, ajudando-as a entenderem o “sistema” e a se
defenderem da opressão presente na atualidade em cada esquina, assim como
tomarem tento e lutarem pelos seus direitos.
Finalizo essa conversa com duas frases
de Maquiavel: “Um povo corrompido que
atinge a liberdade tem maior dificuldade em mantê-la”. “Para bem conhecer o
caráter do povo é preciso ser príncipe e para bem conhecer o do príncipe é
preciso pertencer ao povo”.
Vídeo - As dez estratégias de manipulação das massas de Noan Chonsky
https://www.youtube.com/watch?v=xBVUBJXWXWY
https://www.youtube.com/watch?v=xBVUBJXWXWY
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão
Pública e Social
Parabéns irmão
ResponderExcluirObrigado Mano Velho.
ExcluirÓtimo texto!
ResponderExcluirOlá Patricia. Que bom que gostou.
ExcluirGrato
Bela reflexão, parabéns meu querido✨ é uma triste realidade✨
ResponderExcluirMuito bom texto, nos coloca diante da realidade que ests posta. Sempre digo que nosso pecado mortal foi não apostar nas mudanças estruturais do estado. Não é só melhorando os índices sociais e econômicos que irremos conseguir alcançar uma sociedade mais justa e igualitária. Num país de origem escravocrata e com uma elite perversa como a nossa é preciso ir muito mais além. Diria que para fazer mudanças profundas num Brasil com nosso histórico é necessário á frieza,coragem,generosidade e crueldadade Alexandre o Grande, a grandeza de Mandela e o espiriro revolucionário de Lênin.
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