Inicio
essa conversa chamando a atenção para a importância de se descobrir a missão de
cada um de nós com o ato de viver. Chamo isso de causa. Algo que se adota como
principio de vida e que se torna regra básica de convivência, sonhos, lutas,
derrotas e conquistas. Algo que começa de forma individual pela escolha, mas
que ao longo do tempo vai se encontrando com outros seres humanos que também
seguem na mesma direção e aí vira uma causa coletiva.
O bom
de ter uma causa é saber, que cada vez que o trem da historia faz uma curva, viramos
sempre juntos com todos e todas que também as tem.
Que
cenário surreal é esse que vivemos na atualidade? De um lado uma trupe de
devoradores de almas, de sonhos e de esperança do povo, amigados com o
capitalismo selvagem; do outro uma nação anestesiada, com uma parte dela de
caso com um grande pato amarelo; e à margem do retrocesso milhares de
sonhadores e de sonhadoras buscando ganhar a atenção do maior número de pessoas
possíveis para a caminhada em busca da sociedade desejada. Uma sociedade justa,
fraterna e igual para todos e para todas. Essa é a meta.
Vivemos
uma verdadeira confusão ideológica. O que já era complicado agora complicou de
vez. A centro-esquerda flertando com a direita, a direita namorando com a
extrema direita e a extrema direita aliada ao fascismo e como resultado de tudo
isso uma conjuntura incerta e com prejuízos incalculáveis para diversos
setores, principalmente para a classe trabalhadora.
Apresentando-se
como se fosse a luz do fim do túnel, aí vem às eleições mais atípicas da
história do país, com vários interesses em jogo. A direita defendendo manter a estrutura do golpe e o avanço no
desmonte do Estado de Bem Estar Social, seguindo as regras do Consenso de
Washington; a extrema direita criando
a impressão de um poder nacionalista e fascista a la Trump e a esquerda, ou o que sobrou dela, junto
com os movimentos sociais e trabalhistas, lutando para resgatar os direitos
destruídos pela política do pato amarelo empresarial e seus aliados
internacionais, que rasgou a Constituição e a CLT e ampliou privilégios para apenas
um pequeno setor da sociedade, sendo necessário para isso um Plebiscito Nacional
que anule as medidas autoritárias tomadas até o momento pelo governo golpista e
seus aliados.
Esses
são apenas alguns dos grandes interesses e desafios em jogo. Caso a composição dos
setores progressistas perca as eleições, significa voltar o país ao cenário de
mais de cem anos atrás. Algo em torno de 1917, quando da primeira greve geral.
As reivindicações são as mesmas.
Um
processo eleitoral deturpado e violado, onde o favorito ao cargo de Presidente da
República se encontra preso para não ser vitorioso, a partir de um processo de
condenação contestado por juristas de várias partes do mundo. Além disso, com
algo até então inédito, que é o surgimento de forma clara e organizada da
extrema direita fascista, que prega o rompimento democrático e a volta da
ditadura militar. Um cenário de trevas.
Em
tempos eleitorais, de politicalha, de golpe e de negação da boa política, o que
sobra mesmo para a população eleitoral é o envolvimento emocional por seus
candidatos e candidatas, sem o menor critério político e muito menos
ideológico. Há uma perigosa paixão que se apodera das mentes e corações de quem
se comporta como massa de manobra e se deixa levar em troca de pequenos favores.
Normalmente votam nas pessoas e não em seus projetos ou a quem eles e elas
representam.
Diante
desse confuso cenário, como definir uma causa que resulte na forma de pensar e
agir? O que tem a ver a causa com a política tradicional?
A
escolha de uma causa se dá através de um processo de conscientização, que
poderá ocorrer a partir da militância, formação política e participação efetiva
em movimentos organizados. Não se escolhe uma causa do nada e sim a partir da
identidade com o lado que se escolheu para caminhar na vida.
No
meu particular entendimento, a política tradicional se tornou o ópio da
humanidade, pois alimenta a ilusão, permite a corrupção, com a máxima “rouba,
mas faz” e tudo vira troca de pequenos favores e privilégios, além de servir de
manutenção para os cargos presentes e futuros. O mais trágico é ver algumas
pessoas transformarem os cargos públicos em profissão vitalícia.
A
partir desse cenário, podemos definir duas formas de fazer política. Enquanto a
velha forma desencanta, pois foca em projetos pessoais e eleitoreiros, a luta
concreta por uma causa encanta quem a entende, pois se trata de um projeto
coletivo de transformação. Uma disputa, a outra conquista. Uma vive de
interesses, a outra vive de sonhar por uma nova sociedade. Uma se esconde por
trás da alienação e a outra desmistifica os códigos do poder dando voz à
população através da conscientização e da formação. Uma vive a caçar eleitores
e a outra investe na sociedade organizada em busca e novas lideranças. Uma
alimenta o sistema e a outra alimenta quem sonha por justiça, liberdade e
oportunidades para todos e todas.
Caminho
pelas trilhas da subversão, de acordo com quem quer comandar o país de cima
para baixo, na medida em que trabalho com formação e levo às pessoas a
possibilidade de entenderem o universo por onde andam.
Prefiro
continuar sonhando um sonho coletivo, mesmo que eu o imagine em muitas vezes utópico
ou longe da realidade, pois isso difere do ato de fantasiar individualmente pregando
que o mundo vai mudar a partir do próprio umbigo.
Porém,
o que seria nós seres humanos se não houvesse a utopia que nos joga na luta e
nos remete ao imponderável, como se a vitória já tivesse chegado.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
A vida sem um objetivo que traga o bem para a maioria não é uma vida... é arremedo. Pessoas como você me consolam, pois vejo que nem toda a humanidade está perdida
ResponderExcluirOlá Rita
ExcluirUm comentário como o seu é que alimenta a minha vontade de continuar.
Grato.