Como
explicar que as pessoas ou votam por uma paixão desmedida, ou por ódio contra
alguém ou contra um partido? Aliado a isso está à trupe que anula o voto ou vota
em branco e se gaba dizendo que não votou em ninguém. Votou sim! Tudo isso sem
contar que grande parte do eleitorado está à venda. Diante desse caótico cenário,
três fatores são importantes de serem observados.
O
primeiro versa sobre a obrigatoriedade do voto. Um contrassenso, pois as
pessoas tinham que ser livres para votarem ou não. Quem sabe com isso fosse
possível mudar as estranhas relações existentes no processo eleitoral e quem
sabe ainda diminuísse o grau de promiscuidade em nome da democracia. Porém há
de se entender que há uma indústria eleitoral por trás das eleições e esse é o
principal fator para justificar uma eleição a cada dois anos.
O
segundo vem do alto grau de desinformação existente entre o eleitorado, por
terem comprado a ideia de que política não se discute ou que política é apenas para
políticos. Afirmam que todos e todas mentem para passar uma ótima imagem e
assim nem vale a pena acompanhar ou se informar. Claro que em parte isso é
verdade, por várias razões, porém é a desinformação e a alienação, que juntas
elegem figuras como o genocida presidente.
O terceiro
é que é o fator emocional que acaba decidindo as eleições, sem racionalidade
alguma. As pessoas votam em pessoas sem as conhecerem ou o que defendem. Votam
por favores presentes ou futuros e também pelo fervor que se dá com a figura do
candidato ou candidata. Além disso, votam em profissionais da política que fazem
de seus cargos profissão e nesse time tem gente da esquerda à direita, que não
possuem base eleitoral construída a partir da participação e de projetos e sim apenas
eleitor@s que normalmente são tratados como “garrafinhas”, a serem trocadas em
barganhas eleitorais.
Como
uma forma de alerta e também com certa provocação, no post anterior faço uma
pergunta embaraçosa para o momento político: Vale a vida por um voto? Uma
pergunta que não consegue ser respondida pela extrema maioria de candidatos e
candidatas, da esquerda à direita, pois a disputa pelo voto não tem limites. Para
se manterem ativos e visíveis, candidatos e candidatas vão para o tudo ou nada,
principalmente na reta final, ignorando qualquer risco e ocupam feiras, comércio,
bares e botecos em busca de possíveis eleitor@s.
Essa
eleição é de uma tremenda irresponsabilidade. É expor o povo, aos apertos de
mãos e abraços, nem sempre desejados e para milhares de candidatos e candidatas
apostarem até a vida por uma possível vitória eleitoral.
Existe
um descompasso econômico e financeiro entre os mais de 530 mil candidatos e
candidatas para as eleições desse ano. Enquanto uma parte desfruta de campanhas
milionárias, sem se saber de onde vem esse dinheiro, outra parte fica no limite
dos repasses do Fundo Eleitoral, com classificações diferenciadas em relação ao
volume de recursos recebidos e outra parte nada tem a não ser uma quantidade de
material oferecido pelo próprio partido. Enfim, como bem dizia o Barão de
Itararé, há algo no ar além dos aviões de carreira disfarçado ou maquiado pelo
marketing eleitoral.
O
que fazer para participar e não entrar no jogo do poder? Ter muita calma nessa
hora. Trabalhar com o que for possível, porém com a responsabilidade de não se
tornar um agente multiplicador da pandemia. Trabalhar com projetos a várias
mãos. Acreditar na democracia direta ou participativa. Não por a dignidade à venda
com a desculpa de que o sistema é assim. Além disso, construir projetos de
ocupação com o compromisso das mudanças efetivas que a sociedade que sonhamos
requer. Como dizia Paulo Freire: “Uma
sociedade onde a exigência de justiça não signifique nenhuma limitação da
liberdade e a plenitude da liberdade não signifique nenhuma restrição do dever
de justiça”.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
O marketing eleitoreiro que suscita no povo o ódio pela democracia, a aversão a cultura, a ojeriza à ciência objetivando o caos e a confusão é o método mais refinado de barbárie, é a imersão na mais tenebrosa escravidão humana, por conseguint,a mais covarde forma de se cometer injustiças.
ResponderExcluirOlá Cacau. Obrigado pela sua leitura e comentário.
ResponderExcluirDe fato o marketing eleitoral transforma monstros em santos. Esse o seu papel, quando deveria ser o de divulgar a ampliar o projeto que a pessoa tem a oferecer.
Caminhemos e lutemos rumo às nossas vitórias. Abraço