Tem momentos da vida que achamos que nunca vai passar, que
por mais que você lute, que você tente, não passa. Em um desses momentos eu
escrevi muito, sobre a situação, sobre os sentimentos vividos e sentidos, e
sobre o passar.
Senti vontade de compartilhar um apanhado de frases soltas
que se conectam e que me fizeram e fazem refletir e ressignificar os
sentimentos, enfim, sem mais delongas:
_Está no limbo, num lugar que nunca imaginou estar, empurrada
por quem você nunca imaginou que pudesse te machucar, e sem conseguir sair, sem
conseguir ao menos respirar. E ainda se sentir culpada.
Culpada, por quê? Afinal você não é forte o suficiente
pra esquecer, deixar pra lá, ou até suportar o insuportável?
Culpada por permitir que toda construção de uma vida na
sua autoestima, na sua pessoa sendo colocada a prova e te trazendo dúvidas,
mesmo sabendo que não depende de ninguém, ainda sente.
Pensa, onde foi que errou, como pode falhar, não ver,
não sentir e não se proteger. E sente muito.
Pensa e sente muito ultimamente, numa proporção de um
vazio tão grande, pedindo socorro pra uma fortaleza que tem medo de levantar
novamente, ou pra uma versão sua tão perigosa que tem medo de acordá-la. Chega
a ser engraçado que a fortaleza foi derrubada por quem te obriga a
reconstrui-la.
Sente culpa, por ver seu brilho que outrora ofuscava
qualquer possibilidade de escuridão se esvaindo, lenta e doloridamente.
Mas ainda se sente culpada por erros e ações que não
são suas, por escolhas e impulsos que não são seus, sente vergonha.
Culpada por permitir que te exponham a situação de
constrangimento e humilhação. E ainda assim, pelos olhares dos que pouco ou
nada sabem, vem as impressões: dramática, mal-humorada, possessiva, rabugenta
ou a melhor de todas, louca.
Culpada, por não sentir culpa pelos seus próprios
fantasmas - hipócrita e egoísta, mas mesmo assim, ainda sente muito.
No fundo, você sabe que vai passar, mas tem medo do que vai levar consigo, do que vai perder aí dentro e o quanto é triste saber que pra ser forte, precisará matar algo bom e ingênuo.
Débora Machado
Profundo. Obrigado por compartilhar.
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