O Brasil, desde sua invasão pelos portugueses em 1500,
somou uma grande quantidade de embates, lutas, revoltas e revoluções. Quero
crer que o século XIX tenha sido o responsável pelo maior número desses
enfrentamentos, porém foi no século XX que o país experimentou as ditaduras
mais sangrentas e em todas elas houve enfrentamento. Ou seja, um povo
determinado a lutar por seus direitos políticos e sociais, por liberdade e por
justiça social.
Com base nessa breve análise, como explicar essa
passividade absurda ocorrida num momento em que o Brasil é desmontado, a partir
de uma nova modalidade de golpe? Como analisar o comportamento inerte de
trabalhadores e trabalhadoras, mesmo tendo perdido todos seus direitos? Cadê
suas entidades representativas? Como não ficar pasmo com o congelamento do
investimento público em saúde, educação e assistência social por vinte anos?
Cadê os profissionais da área? Cadê as panelas?
Uma grande parte de pessoas da minha geração, criada em
plena ditadura militar e fazendo o enfrentamento do jeito que foi possível,
jamais se acostumará com a passividade atual, ainda mais para quem como eu,
luta por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Militamos
por uma causa de justiça, liberdade, enfretamento a todas as formas de exclusão
e de plena solidariedade com quem passa por necessidades.
Somos de uma geração que sonhou com a liberdade, que
cantou e lutou contra os inimigos da época e se alinhou aos povos latinos pela
completa liberdade da nossa América Latina. Como entender o completo desprezo
às lutas e aos direitos sociais? Como aceitar o ódio como pauta principal de
alguma mudança? Como entender que na maior parte dos estabelecimentos públicos
o único instrumento de lazer seja a globo? Uma emissora a serviço dos golpistas
seja militares ou civis como do golpe atual. Brizola tinha razão quando
afirmava que a globo era um instrumento servil, que servia ao imperialismo
americano e contra o povo brasileiro.
Há pouco mais de dois anos a sociedade brasileira, mais
especificamente as famílias mais necessitadas ensaiavam voltar a sonhar. Havia
emprego, condições de comprar uma casa, seus filhos estudando, entre tantas
conquistas e um pedreiro era disputado a preço de ouro. A felicidade fazia
parte do cenário nacional, tanto nas cidades como nos campos. É como se
irmanados por um sentimento de paixão, porém não tão distante da razão, se
juntassem para dançar em plena chuva de verão, tamanha era o saldo positivo de
suas conquistas. Como tudo desmoronou em tão pouco tempo?
A velha mídia teve um papel
fundamental nessa mudança de comportamento. Cumplice do poder global,
escravagista por princípios e sempre aliada à direita e à extrema direita, essa
velha mídia golpista brasileira se apresenta hoje como o quarto poder e reivindica
ou impõe uma verdade quase absoluta, ditando regras, fazendo análises absurdas
e confundindo a cabeça de milhares de pessoas, além de ter candidatos, fazer
campanha declarada e perseguir os partidos do campo da esquerda, principalmente
o Partido dos Trabalhadores.
Quem dá esse poder à mídia? Quem
legitima essa situação? Que instrumentos poderão ser usados para se contrapor a
esse falso poder?
Ouvindo e assistindo os últimos noticiários,
em qualquer veículo de comunicação do que chamamos de PIG (Partido da Imprensa
Golpista), a impressão que temos é a de que fora descoberto por ela o “olho do
furacão” e o epicentro do tremor de terra que abalou a velha republica
tupiniquim. Na calada noite, enquanto o povo assistia a tevê, lia veja e ouvia
a CBN e a esquerda só pensava em cargos, a direita e a extrema direita invadiu
o mundo da política e o imaginário de milhares de brasileiros e brasileiras e instalou
o caos, seguindo um velho roteiro bastante conhecido pela militância, porém
desconhecido pela maioria da sociedade e com grande poder de persuasão.
Como resultado, as ruas estão abarrotadas
de transeuntes, milhares de desempregados e desempregadas para fortalecer o
Exército Industrial de Reserva e um número jamais visto de pessoas depressivas.
O momento atual, em minha concepção retrata
um drama mal resolvido como sempre foi em épocas de crise e o pior ninguém
consegue decifrar nesse momento se é mais uma peça teatral de comédia da vida ou
de mais um folhetim escroto, como aqueles que passam na mãe do PIG.
Uma coisa é certa. Ou o povo de bem
brasileiro se une para mais uma revolta popular, como tantas que já ocorreram,
principalmente no Brasil Colônia, ou terão que decidir de última hora se
morrerão de fome ou em luta por sobrevivência.
Da minha parte e de milhares de
combatentes, vamos subvertendo a ordem. Criando Fóruns de Cidadania, Comitês de
Resistência, Observatórios Políticos e capacitando para liberdade um grande
número de pessoas que enxergam no presente uma grande oportunidade de organizar
o maior levante popular que essa república já viveu.
Quem viver verá!
Antonio Lopes
Cordeiro (Toni)
Estatístico e
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com