O que
é uma boa política? A população de fato não gosta de política ou não é
incentivada a participar? Em época de satanização e de escândalos da política e
dos políticos, dá pra dizer que ainda existe uma saída capaz de mudar essa situação?
O que é verdade e o que é plantado para que a população continue acreditando
que política é para políticos?
Há evidências de que uma boa política seja aquela criada, gerida e mantida a partir da organização da população, onde todos e todas possam defender suas ideias e ideais e não apenas as forjada por interesses escusos pessoais ou de grupos e por uma mídia partidária que agride diariamente a democracia participativa. Infelizmente a boa política foi cada vez mais se distanciando do povo e se tornando algo extremamente complexo ao longo da história, na medida em que não se discutem e não se popularizam os códigos do poder.
Há evidências de que uma boa política seja aquela criada, gerida e mantida a partir da organização da população, onde todos e todas possam defender suas ideias e ideais e não apenas as forjada por interesses escusos pessoais ou de grupos e por uma mídia partidária que agride diariamente a democracia participativa. Infelizmente a boa política foi cada vez mais se distanciando do povo e se tornando algo extremamente complexo ao longo da história, na medida em que não se discutem e não se popularizam os códigos do poder.
Na prática,
oportunistas de plantão e alguns ditos bem intencionados, mas em se perpetuarem
no poder, que se consideram iluminados, defendem a ideia de que são os únicos,
legítimos e verdadeiros representantes da população, sejam pela via dos votos,
capitaneados por uma intensa propaganda ou ainda pela simples indicação feita pelos
gestores principais e, portanto na visão deles, representam os anseios e os
sonhos, inclusive dos setores mais frágeis da sociedade, mesmo que a maioria desses
iluminados esteja aliada, como sempre esteve a quem sempre produziu esse
processo de desigualdades.
Apenas
a título de esclarecimento, os códigos do poder poderão ser interpretados, por
exemplo, no entendimento das questões ideológicas que estão nas entrelinhas, tanto
dos partidos como das gestões, ou como que os governantes fazem seus arranjos
na composição de suas bases aliadas, ou ainda como inúmeros governantes,
legisladores e dirigentes interpretam o ato de governar ou de legislar. Fazem
seus mandatos para si e não para e com o partido e com a população.
A
partir desse cenário, é assustador afirmar, mas a sorte e o futuro da maioria
da população em infinitos casos são decididos numa reunião de conchavos de portas
fechadas, com alguns caciques, onde apenas os interesses dos que estão na
reunião e seus aliados é o que interessa. O povo? Ora o povo, segundo a
interpretação deles, o povo gosta mesmo é de políticos que sabem falar bonito,
mesmo que sejam palavras ao vento. A isso eles chamam de austeridade.
Estamos
assistindo diariamente um processo de degeneração e degradação dos valores e
princípios do que pode ser considerado como sendo a boa política e essa
degeneração é alimentada pelas notícias e pelos factoides plantados pelos
veículos de comunicação pertencentes a apenas seis famílias abastadas. Isso faz
com que passe a ideia para a população de que todos os políticos são iguais e,
portanto bandidos, além da política ser algo apenas para políticos de carreira
e não para principiantes.
O
resultado de tudo é o distanciamento natural da população de algo desprezível,
além do nascimento de falsos líderes assumindo o comando do processo político e
social e buscando a perpetuação no poder e o pior, com total conivência dos
setores conservadores da sociedade e de milhares de eleitores sedentos por uma
troca que compense seu voto.
O que
ocorreu nas últimas eleições na capital de São Paulo dá bem para ilustrar essa
onda de extrema direita que assola o país. Como pode inúmeros favelados sem
perspectivas econômicas e de vida votarem no mesmo candidato dos magnatas que
em muitos casos pagam para alguém botar fogo em seus barracos? Esse fenômeno só
pode ser entendido se levarmos em consideração o fato dessas pessoas serem bombardeadas
diariamente com informações que só interessam aos donos dos meios de
comunicação e a elite branca e racista do país.
Falsos
líderes só valorizam a população em épocas de eleições e as pessoas simples e/ou
desinformadas viram presas fáceis de velhos e novos abutres que as tem próximas
em troca de pequenos favores, além de as caracterizarem como “garrafinhas”, a
serem trocadas por espaços de poder. Algo desprezível que infelizmente ainda é
praticado por algumas pessoas de todos os partidos, pois faz parte da cultura e
do pensamento estratégico mesquinho e individual de quem se considera maior e
melhor do que toda a humanidade e, portanto quase um deus da política.
Esse
termo “garrafinha” é tão vulgar e agressivo, que me fez indignar até os dias de
hoje, pois simplesmente fui avisado que não poderia participar de uma chapa na
eleição de uma das instâncias de poder do partido que estou nele por mais da
metade da minha vida, por não ter “garrafinhas” para trocar. Algo que me fez
escrever por várias vezes no Blog Gestão Pública Social (http://gestaopublicasocial.blogspot.com.br/2013/09/voce-tem-garrafinhas-para-disputar-o.html)
(http://gestaopublicasocial.blogspot.com.br/2013/12/que-tal-um-movimento-nacional-quem-me.html) a respeito e lançar um movimento nacional: “Garrafinhas do Brasil uni-vos. Quem me
trata como garrafinha não me representa”.
Além
dos estereótipos naturalmente forçados para que a população não se aproxime de
um entendimento mínimo da política, a sociedade se depara com o deprimente evento
da corrupção, responsável pelo desvio para os bolsos dos corruptos ou para os
famosos “caixa dois” das campanhas milionárias, bilhões de reais que poderiam
ser destinados à boa política e para a solução de problemas que afetam a vida de
milhares de pessoas.
Vale
ressaltar que a maior parte da corrupção só existe devido à conivência dos
corruptores. Empresários que se submetem aos pagamentos de propinas para
continuarem fornecendo produtos e serviços aos órgãos públicos. Além disso, a
sonegação fiscal consiste numa forma de corrupção imperceptível aos olhos da
população. O que tem de novidade é a Lei 12.846/14 chamada de Lei anticorrupção,
responsável pela prisão de empresários na atualidade.
Sem
essa de dizer que a população não está preparada para a participação. Já ouvi
isso de muita gente. Dizer isso é negar o direito de participação e de controle
social por parte da sociedade e reforça cada vez mais a má política.
O que
fazer diante de uma situação como essa? Os militantes de uma causa
política-ideológica que lutam por uma sociedade justa, fraterna e igual para
todos e todas precisam reagir. Precisam se organizar. Precisam organizar os
fóruns na sociedade (mulher, trabalhador, juventude, pessoas com deficiência,
pessoas idosa e outros segmentos), para que esses setores não sejam nem
contaminados pela bandalheira existente e muito menos esqueçam que nada é
concedido em forma de milagre e sim conquistado com muito luta e determinação,
como sempre foi.
Somente
uma ampla aliança com os trabalhadores, com os setores organizados da sociedade
e com as lideranças que surgem dos projetos coletivos, poderá salvar a boa
política. Além disso, se faz necessária à organização de uma Frente Política Popular
com os setores progressistas da sociedade, no sentido de intervir e resgatar
valores que estão se perdendo por falta de ação.
Para finalizar, é fundamental o entendimento de
que apenas com uma ampla Reforma Política, que moralize o processo, que crie
novas regras transparentes e intervenha no financiamento privado das campanhas,
sob o comando dos setores progressistas da sociedade, será capaz de mudar o
atual quadro que tem como principal fundamento desconstruir tudo que foi
conquistado em mais de cem anos de luta, além da destruição dos partidos de
esquerda.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br
toni.cordeiro@ig.com.br