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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Os códigos do poder precisam ser revelados para que a população possa saber onde pisa



Tenho comentado nas aulas de Gestão Pública que ministro pela Fundação Perseu Abramo, que o poder tem códigos e que a maioria dos políticos não quer que a população os decifrem. Que códigos são esses? Porque os políticos de carreira não querem revelar os segredos? Onde estão guardados estes segredos? 

Para começar a tentar responder essas perguntas, se faz necessária uma viagem no tempo em busca de respostas para a frase: “Política não se discute”. Uma mentira que repetida por anos virou verdade na cabeça de muita gente. Porque não se discute? O que querem com essa afirmação? Qual o medo em se discutir?

Imaginamos que essa esdruxula afirmação seja o centro de codificação do poder no Brasil e também pode ser a porta de entrada para se desvendar o mistério. Nega-se a participação, através da negação da discussão e isso confunde de tal forma, que o melhor para muita gente é nem entrar na discussão, pois em regras gerais, só discute o que se tem conhecimento. Ninguém se arrisca em entrar numa discussão sem saber absolutamente nada do assunto principal.

A intenção é a seguinte: Fazer o povo pensar, que um assunto tão complexo na visão popular como é a política, só pode ser discutido e aplicado, por profissionais ou iluminados, que nasceram para serem políticos de carreira, assim como também nasceram para adivinhar o que o povo necessita como se fosse um dom divino e que de divino não existe nada.

Além disso, vale se perguntar, o porquê da omissão de se aprender política nas escolas. Imaginamos também que deva ser pelo mesmo motivo. Criar seres que pensam desde cedo se transforma num grande risco para quem quer se perpetuar na política. Com certeza iriam ter grandes concorrentes.

Vale ressaltar, que na época sombria dos militares, trocaram o livro OSPB (Organização Social e Política Brasileira) pelo livro de EMC (Educação Moral e Cívica). Uma troca que distanciava a discussão crítica, principalmente sobre a época e cultuava o medo como elemento principal de desmotivação. Matavam lá fora em nome da ordem e tentavam fazer lavagem cerebral nas crianças nas salas de aula. O mesmo procedimento ocorreu com o Método Paulo Freire de Alfabetização, que foi abruptamente substituído pelo ridículo Mobral.

Essa situação de negação da boa política, vem se agravando ao longo do tempo. Os partidos que nasceram com uma visão de esquerda, muitos deles se venderam ao sistema, como é o caso nos dias de hoje do PSB (Partido Socialista Brasileiro), que de socialista só sobrou o nome e tem uma candidata que remete seu Plano de Governo, ao que tem de mais atrasado e podre na política brasileira, ou ainda centra seu principal projeto na volta ao neoliberalismo, através de parceiros neo-intelectuais, como é o caso de André Lara Resende, que foi o mentor intelectual, entre outros casos, do confisco da poupança no governo Collor de Mello.

Porém, o pior cenário fica por conta da velha mídia, aquela mesma que pertence a apenas seis famílias abastadas. O PIG – Partido da Imprensa Golpista, como é conhecida, lutou e luta bravamente para desconstruir todos os avanços que Lula e Dilma construíram e continuam lutando, agora para eleger, tanto faz Aécio como Marina, pois ambos defendem os interesses de seus proprietários e colaboradores. Na verdade o PIG se comporta como o quarto poder e caso não se tomem os cuidados necessários, tomará de assalto o país na calada da noite.

Essa postura da velha mídia ampliou e amplia significativamente as possibilidades de eleição dos políticos de carreira, que querem a população distante das decisões e com o principal argumento de que se todos roubam não há o que se fazer, portanto, vota-se em qualquer um para se justificar o ato de votar. Esse é um dos fatos que fortalece o desinteresse da população com relação à política e os políticos e abre espaços para os oportunistas de plantão, como os Tiriricas da vida.

Os códigos do poder estão escritos em línguas que só um pequeno grupo entende e longe da compreensão popular. É essa a principal razão que faz com que a maioria dos políticos eleitos, além da Presidência da República, hoje comandada por alguém que defende a participação social, esconda informações preciosas pelo simples fato de buscarem a permanência em seus cargos, com a visão de terem nascido para Salvadores da Pátria. O importante é entender o seguinte: com essa forma de conduzir a política, não há necessidade de preocupação por parte da população em discuti-la, pois sempre haverá um político de carreira para fazer o que tem que ser feito em nome do povo. 

O processo é tão louco, que enquanto eles atuam em nome da população, essa por sua vez tem mais tempo para passear no universo de sua existência.

Conheço muita gente que veio ao mundo a passeio, como dizia Carlito Maia, em detrimento de tantas outras que vieram ao mundo a trabalho. Para quem veio ao mundo a passeio a vida simplesmente passa e para quem veio ao mundo a trabalho, cada minuto da vida é aproveitado como se fosse o último.

Não sei como você se enxerga. Como membro do primeiro grupo ou do segundo? Qual a importância disso, se mal temos controle do próximo passo, mas jamais do nosso futuro? O que dizer então das pessoas que vivem da vida dos outros? Imagino que para essas a vida já acabou só elas que não descobriram. 

Seja qual for o grupo que você faça parte, saiba apenas que se você não disser claramente o que pensa, ou ainda das suas reais necessidades, alguém muito mal intencionado lhe venderá como “garrafinha” e ainda usará o dinheiro em benefício próprio.

Se eu fosse você matava isso no ninho e simplesmente exigia seu direito de participar da política, que pode muito nem começar na entidade do seu bairro e a partir disso nunca mais ninguém ia pensar ou agir em seu nome.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública

Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro@ig.com.br

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

De onde nasce o ódio ao PT, Lula e Dilma?

Quando eu fazia teatro, em plena década de 80 em São Bernardo do Campo, aprendi que quando um autor escreve um texto para uma peça, novela ou um filme, conduz a vida e a personalidade dos personagens através da empatia. Ou seja, por aquele sentimento que nos faz imaginar no papel do personagem, sentindo o que ele sente e indo à sua defesa se necessário for.  

Isso na verdade acontece num campo tão subjetivo, que se torna quase imperceptível aos olhos da extrema maioria das pessoas que assistem e ouvem a trama. Na prática é a eterna luta do bem contra o mal, provando que ela está mais viva do que nunca.

Normalmente o recado é dado nas entre linhas do enredo. As pessoas vão se apaixonando de tal forma por um determinado personagem, que são capazes de irem às vias de fatos, caso sejam contrariadas. Assim, um filme inocente, uma novela infantil ou mesmo um filme de humor, traz no seu DNA a personalidade e a ideologia de quem o escreveu. A mensagem, mesmo que subliminar, está voltada à manutenção do sistema, caso esse autor seja um conservador ou em seu enfrentamento, caso seja um escritor progressista ou de esquerda, em maior ou menor proporção.

Assim também é na política. Nem sempre o que parece é. Nem tudo é verdade. Ou participamos, ou então tudo que disserem pode ser verdade ou mentira. Dependendo é claro dos interesses de quem está com a palavra.

Uma mentira contada várias vezes acaba virando pura verdade. Assim foi com o mito de que chupar manga e tomar leite fazia mal, com o pressuposto de afastar os escravos das únicas coisas que tinham acesso rápido. Ou ainda o fato de que política, religião nem futebol se discutem. Nesse caso a intensão era passar a ideia de que os três assuntos só podem ser discutidos em sua essência, por quem é o do ramo, justamente para afastar qualquer intruso que apareça no caminho de quem quer o poder para ele. Vejam a resistência e a negação de Aécio e Marina em relação ao Decreto que cria a Política Nacional de Participação Social. Dizem: “É um projeto bolivariano”. “É uma afronta à democracia representativa”, como se essa não estivesse em crise, quase falecendo.

Num caso mais recente, quem não se lembra do que falavam de Lula. Diziam que ele ia tomar metade do que cada brasileiro tinha, caso fosse eleito. Diziam que se a pessoa tivesse um apartamento, quando ele chegasse ao poder tomaria a metade. Os menos avisados e os que não participam do processo político do dia a dia na sociedade, não só acreditam como entregam seus destinos a um mercador e aventureiro, tanto da política como da fé. Esse é um dos motivos que faz com que sempre apareçam novas igrejas com novos pastores e novos partidos com salvadores da pátria de plantão.

Como agravante a tudo isso, assim como a Matrix do filme, o sistema vai selecionando quem lhe interessa e excluindo quem atravessar em seu caminho. Para isso, seus agentes se comportam como um exército e criam instrumentos de monitoramento e ataque a quem se comporte como uma ameaça.

Na época, para se contrapor a tudo isso, nasce o Partido dos trabalhadores na década de 80, principalmente como um campo político e ideológico de enfrentamento aos resquícios da ditadura, a partir do enfrentamento por parte dos trabalhadores em greve, ao arrocho salarial e outras mazelas impostas pelos empresários, aqueles mesmos que foram coniventes com a ditadura militar e a repressão, patrocinadas pela Operação Oban, com dinheiro de muitos empresários.

Tanto a criação do PT como a da CUT – Central Única dos Trabalhadores foi encarada e ainda é, como uma afronta ao sistema, desafiando os limites impostos, desde a Proclamação da República.

Por sua vez, Lula como a maior liderança do PT, carregou nos ombros o ódio dos reacionários de plantão e seu governo aprovado por mais de 80% da população, despertou a ira daqueles que querem um país com raça pura, sem negros, sem homossexuais, sem a mulher no poder, sem índios e principalmente sem a participação da sociedade organizada na formulação das políticas públicas e sem controle social. Ou seja, um país entregue a sorte a aos interesses internacionais e da grande elite brasileira, que na prática é bancada pela mais valia dos trabalhadores e trabalhadoras.

O ódio nasce da disputa de classe, pela ascensão da população mais frágil, pelos trabalhadores que agora têm carteiras assinadas, quando no passado eram manipulados pelo exército industrial de reserva (contingente de desempregados que ajuda o mercado a botar medo nos que estão trabalhando), pelas vagas através das cotas nas universidades públicas sequestradas pela elite, pelo PROUNI que possibilita vagas nas universidades particulares, pelo médicos do Mais Médicos que agora tratam da periferia e principalmente pela liberdade dada ao país, ao pagar o FMI, ao fazer um Fundo Soberano e pela abertura do mercado em diversos países, saindo da “barra da saia” dos EUA.

É esse o ódio que mata mais de 20 mil jovens negros por ano, que mata uma mulher a cada duas horas e que leva para a cadeia milhares de jovens excluídos pela sociedade e que num processo de ação e reação, são cooptados pelo crime organizado, treinados nas cadeias, que mais parece um campo de concentração, sem nenhuma política de recuperação e depois devolvidos novamente para o mundo da violência. Assim, sem políticas de recuperação, de nada adianta a redução penal, pois os bandidos após isso estarão aliciando os jovens de 14 e 15 anos e novamente estarão pedindo para reduzir para 13 anos.

O ódio contra o PT, contra Lula e contra Dilma, nasce diariamente nas entrelinhas dos jornais, das revistas, das rádios e principalmente da TVs abertas, pertencentes a seis famílias abastadas. Trata-se de um culto à elite branca e principalmente aos latifundiários, banqueiros e ao capital internacional, que resistem e refutam um país para todos e todas. Esse segmento depositou todas suas fichas em seus candidatos Marina e Aécio


Neste momento, Dilma Rousseff, representa não a revolução a um país socialista, mas a única possibilidade de colocar a serviço da população, principalmente a mais necessitada, os serviços nacionais de um pais capitalista de Bem Estar Social,  que possibilitem a inclusão e o crescimento econômico e intelectual de um segmento que sempre foi marginalizado. De forma contraditória, justamente a candidata de um Partido dito socialista, ao invés de oferecer o caminho para uma revolução conceitual, entrega de vez o país ao capital e as forças internacionais. Trata-se de uma traição às suas convicções, desde Chico Mendes, passando por sua trajetória como Ministra do Governo Lula e principalmente pela sua vida, que agora nem mesmo ela sabe quem ela é.

Só há um caminho contra o retrocesso: lutar com todas as armas que temos para que os candidatos neoliberais, Aécio e Marina, não destruam o que levou 514 anos para ser construído e depois ajudar a Presidenta Dilma a consolidar a participação, através de um Plano Nacional de Participação Nacional, que deverá ser levados aos estados e municípios brasileiros.

À luta, pois é que o que nos resta nesse maluco processo eleitoral de 2014.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)

Pesquisador em Gestão Pública e Social

Coordenador do Programa de Capacitação Continuada em Gestão Pública
Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro@ig.com.br

sábado, 30 de agosto de 2014

Uma breve análise política para sossegar os corações.

A pesquisa Data Golpe de hoje a noite desnuda todas as intenções da direita, do PIG e principalmente da extrema direita com sua candidata transgênica. Uma candidatura construída à beira de uma tragédia e transparente quanto aos seus escusos anseios de chegar ao poder a qualquer custo, inclusive passando por cima do PSB se necessário for. Ela conta nesse momento com os agentes financeiros e com velhas raposas que já delapidaram os galinheiros no passado, assim como o agronegócio e também os banqueiros. Algo que de alguma forma imaginávamos, até porque Marina, na sua nova versão, não hesitará em se juntar a todos os demais candidatos reacionários e direitosos contra Dilma no segundo turno, porém nem de longe imaginávamos que ela conseguiria juntar tanto reacionário de plantão para dar o bote e quem quebrou o país no passado, como ela conseguiu.

Nós que sempre lutamos por um país livre e soberano sabemos que estamos lutando nesse momento contra as forças do mal, ou seja, de um mal organizado e elaborado até nas mensagens subliminares. Um mal que quer levar novamente o país para os tempos de trevas, onde o trabalhador nada tinha e o mercado financeiro global era o rei do pedaço. Um país que, além de não ter crédito, mendigava um espaço no cenário político e econômico global. Quem mandava no Brasil até 2002 era o FMI e o presidente tucano vivia pedindo a benção para o Tio San, mês sim e mês não. Era uma situação deplorável. Essa crise se agravou quando FHC resolve assumir o projeto discutido na reunião chamada de Consenso de Washington, que previa a entrada do neoliberalismo na América Latina e no Caribe, ora com Collor que fracassou e quis tudo só para ele depois com FHC que de forma eficiente encurtou o tamanho e potencial do Estado brasileiro, através da tese do Estado Mínimo, vendendo praticamente todo patrimônio nacional e dando total autonomia ao Banco Central, como previa o Manual de Instruções Neoliberal. Após a venda o dinheiro foi parar nos lugares e contas descritos pelo Jornalista Amauri Ribeiro Júnior (amigo de Aécio Neves), em seu brilhante livro: A Privataria Tucana. Essa saga durou até a entrada em 2003 de Lula, que estancou a onda, pagou o FMI e de quebra emprestou dinheiro ao mesmo, só para ficar claro de quem é que deve agora.

Nunca para nós foi fácil, sempre conquistamos tudo com muita luta, desde a eleição de Lula, sua reeleição e principalmente para eleger uma mulher vinda da luta contra a ditadura, que não só ficou presa por quatro anos, como foi barbaramente torturada e dessa vez não será diferente. Eles têm a mídia que quer dar um golpe em Dilma e no PT ao seu lado, porém nós temos o que há de mais sagrado: uma militância apaixonada e comprometida que faz campanha de coração e por convicção política e não por dinheiro, como é o povo deles.

Em termos de projetos, principalmente o de Marina, se trata em regras gerais, de um projeto camaleão, indecifrável aos olhos da população, mas não para os nossos. Sabemos exatamente o que querem, como querem,  quem está construindo a estratégia e o tamanho do estrago que poderão fazer com esses anos de conquistas e de inclusão de milhares de famílias novamente na sociedade, sem nenhum apoio deles ou da velha mídia. Os projetos são claros, tanto o de Aécio, como o de Marina, resgatam o que há de pior das práticas do passado e com a população bem longe das decisões políticas, como ficou claro no último debate, ao se referirem ao Decreto que cria a Política Nacional de Participação Social e sobre o Plebiscito que estará sendo votado na semana de 1 a 7 de setembro por uma Assembleia Constituinte exclusiva para discutir a Reforma Política.

Nesse momento me arrisco a dizer que o projeto de Marina é o pior deles, pois vende a alma dos trabalhadores, do povo pobre e do pequeno e micro empreendedor ao mercado global e ao capital internacional e ao mesmo tempo em que ilude a população afirmando que será a sua autêntica representante e defensora de seus direitos. Além dela ter traído as convicções que dizia ter quando se encontrava ao lado de Chico Mendes, joga nos braços dos algozes o futuro da população, principalmente a mais necessitada, sem o menor escrúpulo, como se tivesse vendendo almas ou ainda trocando "garrafinhas" para se perpetuar no poder. Odeio quem trata a população como "garrafinhas" ou massa de manobra. Por sua vez o PIG fica entre a cruz e a espada, pois ambos os candidatos são ótimos para derrotarem Dilma, principalmente juntos, mas pende para Aécio, pois não saberão como Marina agiria se viesse a ganhar e por conhecer profundamente e apoiar as políticas entreguistas defendidas pelo candidato tucano.

Como estatístico, posso afirmar, sem medo de errar, que é tão fácil conduzir emocionalmente os resultados de uma pesquisa como roubar um doce de uma criança, com um agravante de uma reunião ocorrida há dias atrás entre os institutos de pesquisa, que vazou, onde o principal objetivo era construir uma forma de derrotar Dilma e para isso não medirão esforços.

Em resumo, o que está em jogo é o futuro dos Pais. É o futuro de milhares de crianças, jovens, trabalhadores e trabalhadoras, mulheres, negros e pessoas com mais idade, que não tinha chão quando os agentes ligados a eles governavam no passado e hoje tem à sua disposição centenas de políticas públicas construídas a várias mãos que mudaram o Brasil e o futuro de todos e todas. Estamos falando de milhares de empregos com carteira assinada, salário mínimo crescendo acima da inflação, casa própria para os pobres, médicos para a periferia do país, Plano Nacional de Educação e tantas outras situações inimagináveis no passado. O Brasil hoje é respeitado principalmente por ter agido na redução das desigualdades e na construção de milhares de ações afirmativas.

Vamos ficar de olhos bem abertos. Nesse caminho existem sete mortes, um avião, que ao que tudo indica foi comprado com dinheiro de empresas de fachadas, o rei da soja, os latifundiários, os barões do agro negócio, os banqueiros e todos aqueles que sempre tiveram contra os trabalhadores assalariados e um dos sonhos deles é abaixar o Salário Mínimo e mandar uma parcela dos trabalhadores embora, para que novamente possam dispor do exército industrial de reserva (massa desempregada), para que possam controlar o salário e principalmente aumentar sua margem de lucro.

Não recuaremos um milímetro, até porque sabemos quem estamos defendendo. Defendemos Dilma, não pela sua beleza, mas pelo seu projeto e pelo fato de ser um projeto para todos e todas e não somente para meia dúzia de privilegiados, que moldarão um País da Casa Grande para eles e da Senzala para a maioria da população brasileira.

Enfim, só temos um caminho: a luta. É vencer ou vencer. É seguir em frente ou se entregar ao passado. Então se assim for, vamos a ela, com vontade e determinação, como se estivéssemos numa guerra, onde o maior patrimônio que é a sorte da população pobre está em jogo.

Encontrarmo-nos nas ruas, com a estrela no peito e o coração cheio de vontade de libertar o povo brasileiro.

Abraços Fraternos
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro1608@gmail.com

domingo, 24 de agosto de 2014

É possível um candidato ou candidata ganhar o coração das pessoas além do voto?

Estamos nos aproximando das eleições. Um momento especial para a manutenção da democracia. O que vai ser decidido é se voltamos ao passado de trevas onde só um setor privilegiado tinha vez ou se continuamos em busca da inclusão da população, principalmente a mais carente no caminho da cidadania.

No meio desse oceano de incertezas com tantas promessas descabidas e mentirosas feitas pelos neoliberais e neoconservadores, tem algo que não tem explicação científica. Como os brasileiros adoram transformar algumas pessoas após a morte em santos do dia para a noite, sem ao menos um milagre sequer. Simples assim. Nem precisa de canonização e de milagres comprovados. O povo simplesmente o elege santo. Assim foi com Getúlio, Tancredo, Ulisses Guimarães e agora com Eduardo Campos. Não quero entrar no mérito desses homens como políticos, muito menos como homens públicos, isso fica para outra matéria, apenas da santidade atribuída. Pois de santos nenhum deles tinha nada. Tiveram seus momentos na história, mas não de santidade.

Diante do cenário nebuloso após o desastroso acidente, construído pela velha mídia, que sonha dar um golpe em Dilma e no PT e por alguns oportunistas de plantão, tem algumas perguntas que ficam paradas no ar, como por exemplo: O processo eleitoral está em crise? Como a maioria escolhe seu candidato ou candidata pela emoção e não pela razão, ou ainda pelo vizinho, como se dá essa escolha? Será que a maioria dos eleitores sabe em quem votou nas últimas eleições para deputado, por exemplo? Como o cidadão pode participar do processo político do dia a dia, se a mídia lhe fala diariamente que todos roubam ou que a política é uma coisa ruim? O que fazer para conter essa barbárie da mídia golpista como o quarto poder?

Quero acreditar que o processo eleitoral em si não esteja em crise, pois representa em regras gerais a festa da democracia. O que está em crise é o modelo eleitoral adotado, assim como o modelo de democracia escolhido pelo sistema econômico. Esses caminham a passos largos para o descrédito total. A maioria não representa ninguém.

Por um lado à velha mídia ora assopra quem escolheu e ora empurra no fogo um próprio assecla que se desviou dos interesses combinados com o sistema, como foi o caso do Collor e por outro, uma grande parte dos políticos se apaixonam tanto pelo poder, que acabam transformando um cargo que deveria ser transitório numa profissão e assim nascem os políticos de carreira. Só não se eternizam de forma vitalícia, como era o caso do Senado no passado, quando não conseguem, porém alguns nascem e morrem vereadores, deputados e senadores. Salve o Partido dos Trabalhadores, que no seu quarto Congresso, aprovou que os novos eleitos não poderão ficar por mais de três mandatos consecutivos.

As pessoas que não participam de nada, por acharem que o universo político é uma coisa do mal, são embaladas pela onda de boatos ou ainda pela questão emocional e vão votando em qualquer um. Porém, é visível que esse processo está na reta final e passa por um momento de séria reflexão, necessitando de uma ampla reforma política, que moralize de uma só vez os políticos e a política.  

Para quem leva a coisa a sério, ou ainda para quem enxerga as eleições apenas como uma parte do processo de transformação da sociedade, não dá para ficar assistindo tudo isso “dando milho aos pombos”. É fato que a mídia direitosa e conservadora, pertencente a seis famílias abastadas, com seus escusos interesses, impõe seus candidatos na medida de seus interesses e ninguém consegue fazer absolutamente nada. Somente a criação, a revelia, de um Sistema Nacional de Comunicação, com conselhos estaduais, municipais e nacional, colocará ordem na casa, assim como a criação de um Sistema de Radiodifusão Comunitária, que coloque o rádio e a tv a serviços da população.

Além disso, se faz necessária uma ampla Reforma Política que aponte principalmente para um financiamento público de campanha, no sentido de evitar o que vemos hoje, onde as maiores empresas de cada segmento escolhem e elegem seus candidatos, na base do “é dando que se recebe”. As empresas investem e esperam as benesses futuras. Um verdadeiro investimento na coisa pública. Algo muito lucrativo. Como diz o Ministro Jorge Hage da CGU (Controladoria Geral da União), para ter o corrupto tem que ter o corruptor. Esse papel é desempenhado por muitas empresas, que no final saem como vítimas do processo e não como as verdadeiras corruptoras. Quem paga os dez por cento de propina para os corruptos senão as empresas?

Se isso não bastasse, ainda temos a corrupção direta como protagonista dessa negociata em nome da democracia representativa. Um grande número de políticos vive disso. Tiram dos cofres públicos os recursos que poderiam ser empregados em políticas públicas, voltadas à população carente do país, ou ainda para o desenvolvimento econômico e social.

Você leitor deve estar se perguntando: porque nunca dá nada? Primeiro devido a uma parte da Justiça brasileira estar atrelada ao processo e segundo pelo fato da população não participar do dia a dia da política, tanto na construção, como principalmente no controle social das políticas públicas, ao contrário, é incentivada pela mídia a não participar, com o pressuposto de que é assim mesmo, rouba-se mas faz. Isso já se configura quase que no censo comum, fazendo com que os políticos sérios sejam obrigados a explicar o inexplicável.

Mais uma coisa me aborrece e muito. Os políticos de carreira contabilizam suas forças políticas, contando “garrafinhas”, ou seja, a quantidade de votos que dizem dispor. Tratam o povo, principalmente o mais carente, como “garrafinhas” (termo vulgar que alguns políticos de carreira chamam ao cidadão comum atrelado a eles) e isso, além de ser uma postura covarde, pois não é tratada às claras com o eleitor, faz com que aumente cada vez mais a distância entre o bem e o mal, entre o bom e mau político, entre a boa política desenvolvida a várias mãos e os “santos” de plantão que usam o povo para resolverem seus anseios pessoais. Esses políticos não representam ninguém a não ser a eles mesmos.

Votar em qualquer um acreditando que todos são ladrões, como é pregado, é no mínimo uma grande contradição, se não fosse cumplicidade. É mais ou menos assim: vota-se num ladrão esperando que esse ladrão possa lhe ajudar no futuro. Ou seja, uma corrupção combinada.

O resultado de tudo isso é desastroso, pois a maioria nem percebe que vota as vezes contra sua própria vida. Só para se ter uma ideia, 61% da sociedade brasileira é composta por trabalhadores e apenas 6% por patrões, porém no Congresso Nacional a coisa se inverte. A bancada dos empresários é bem maior, representando 49%, contra apenas 19% de trabalhadores. Com relação às mulheres, representam apenas 8% das cadeiras da Câmara e 2% a do Senado e negros e pardos apenas 8% dos parlamentares. Ou seja, acaba se elegendo quem tem mais dinheiro para propagandas e quem consegue mais tempo nos veículos de comunicação.

Esses números apenas revelam que o Congresso Nacional está muito longe de ser democrático. Revela também o retrato da sociedade brasileira, que transfere seus sonhos para seus pretensos representantes e depois os criticam, sem ao menos conhecê-los, seja na hora do voto ou durante o processo de seus mandatos.

A escolha de forma consciente de um candidato ou candidata deveria ser primeiro pela razão, a partir de um projeto construído a várias mãos e só chegar ao coração quando houver uma aproximação suficiente e ao ser chamado para construir juntos. Vale salientar, que quando se fala de coração, está se falando de uma relação construída a partir da sinceridade, da lealdade, de valores sólidos e principalmente a partir da transparência. A população tem que parar de eleger políticos de carreira e eleger representantes de projetos coletivos, onde esteja vinculada a alternância de pessoas do próprio grupo, no sentido de produzir novas lideranças e novos formatos.

Faz-se necessário também que se enterre de vez essa história de santos políticos ou políticos santos. O que existe de fato e de direito nesse processo, são homens e mulheres sérios, comprometidos com a mudança da sociedade e com a fim da miséria e a exploração, que uma vez eleitos, são confundidos com a bandalheira, da qual a mídia é a primeira cumplice. A santidade está no comprometimento e não no milagre. Está na transparência e não na bondade oculta. Está na forma de tratar os cidadãos e as cidadãs e principalmente na forma de se fazer política.

Na minha concepção não há milagres e muito menos santos no processo político numa sociedade capitalista e sim pessoas que fazem com a população e outras que a população por comodismo, permite que seja usada como verdadeira massa de manobra.

Somente a participação popular poderá mudar esse cenário e tirar a hegemonia de quem quer fazer pelo povo. Quem é sério chama o povo para participar e quem não é fica arrumando desculpas como justificativas e amuletos para que a população fique bem longe.

Para que um candidato ganhe o coração de seus eleitores, não precisa de barganha e muito menos troca de favores, precisa apenas tratá-los como protagonistas de uma causa política e de um projeto coletivo. Algo mais simples que o fluir das águas de um rio.

Garrafinhas do Brasil Uni-vos!
Quem lhe trata como garrafinha não lhe representa. 


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Como transformar um momento trágico numa verdadeira epopeia

Fazendo um recorte sobre sua definição, vamos aqui entender epopeia como: Um poema heroico narrativo extenso, uma coleção de feitos, de fatos históricos, de um ou de vários indivíduos, reais, lendários ou mitológicos. Essa é uma definição que se encaixa perfeitamente nos últimos acontecimentos.

Até o dia de ontem eu imaginava que já tinha visto de tudo em termos de politicalha, ou seja, a má politica, aquela que não mede esforços para enfiar de “goela abaixo” o que um grupo determina. Nesse caso estamos falando de um grupo econômico e político que governou o Brasil por muitos anos, até a chegada de Lula e Dilma e de seus asseclas. Além disso, nasce como estratégia de poder um novo partido que pretende determinar todas as ações da humanidade e principalmente o que julga ser certo e errado: o PIG – Partido da Imprensa Golpista, pertencente a apenas seis famílias abastadas, que dominam 75% de todos os jornais, revistas, rádios e canais de televisão. Estamos falando de algo que representa na atualidade o quarto poder.   

Porém, os últimos acontecimentos foram "pacabá", como dizem na gíria popular. A mídia e a direita raivosa, que pretendem dar um golpe em Dilma e no PT em nível nacional, transformaram a morte e o velório do Eduardo Campos num episódio político e ideológico com muitos holofotes. Entre as barbaridades ocorridas, os presentes no velório pediam justiça e vaiavam Dilma, puxando inclusive um grito de “Fora Dilma”. Gente da mesma espécie daquela que mandou a Presidenta para aquele lugar em plena abertura da Copa do Mundo. Ou seja, gente da pior espécie, apesar da maioria ser pernambucana como eu. Gostaria muito de saber justiça sobre o que. Será que imaginam que a oposição ao Campos sabotou o avião? Só falta isso acontecer. Aí será o fim.

O PIG com o então candidato Campos ainda desaparecido nos escombros, trocava de candidato em pleno voo, ou em plena tragédia e à luz do dia. De Aécio para Marina. Vale lembrar que a Globo colocou o 40 e o 45 na logomarca de sua novela: Geração Brasil. Ou seja, tanto lá como cá. Numa alusão de quais seriam seus candidatos e no sentido de influenciar seus pobres telespectadores.

Os ditos analistas neoliberais de plantão: Merval, Miriam Leitão, Jabor, um indivíduo da Veja e todos os demais golpistas que estão festejando a nova opção pós-morte, fizeram projeções, contaram casos do passado, cantaram o resultado da pesquisa como seria e para terminar, em pleno enterro, o locutor da Band News, comentando que só Marina poderia cumprir o lema da faixa: “Não desistiremos do Brasil”, como se o governo de Lula e Dilma, não tivesse tirado o Brasil do caos, da lama financeira, do FMI, do privatismo, do marasmo econômico, do desemprego, da falta de moradia, dos sem médicos, dos desempregados e principalmente da barra da saia dos Estados Unidos e do Clube de Paris.

O ódio é principalmente porque o Brasil de hoje não é mais de meia dúzia de privilegiados, mas de todos e todas com as novas oportunidades. O Brasil não é mais do “deus mercado” e sim de um Estado forte, que leva bem estar para a maioria da população e provê recursos materiais, financeiros e humanos.

No velório, vaias para a Dilma e comentários escabrosos de alguns políticos que seus passados dariam um filme de terror. Tudo isso como se estivessem nos bastidores de uma grande partida. Enquanto na frente muitos choravam, nos fundos do prédio muitos políticos faziam planos e conchavos.

Para mim tudo foi lamentável. Da tragédia ao uso dela por muita gente, da dor da família aos gritos insanos de militantes em chama e principalmente pelos conchavos políticos descabidos numa hora, onde principalmente seus aliados deveriam estar chorando pela perda de um de seus líderes, que controlava tudo à mão de ferro e já preparava seu filho mais velho para sua sucessão futura e não fazendo planos de sucessão. Essa é a verdadeira politicalha. Ficou claro que politicamente falando, Eduardo Campos para eles mesmos, representa apenas números e mais números.

Como estatístico, avalio que a pesquisa do Datagolpe não foi surpresa alguma, pois seu resultado já estava definido. Primeiro ela empata com Aécio e depois empata em segundo turno com Dilma. Tudo muito previsível. Tudo muito combinado. Uma pesquisa forjada pela emoção e não pela razão.

Agora é esperar para ver o que a sorte determina. Dilma, o PT e seus aliados terão que lutar contra o PIG, contra a direita raivosa e principalmente contra os remanescentes da epopeia.

Quem são aqueles cavaleiros do apocalipse? De que apocalipse estão falando? Que país é esse onde todos desistiram dele? Estarão falando eles de marte? De que caos estão falando? Ou representam eles o próprio caos?

Acredito piamente que essa história está apenas começando. Ainda muito mais estar por vir a se iniciar pelos acontecimentos da próxima quarta feira.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Você já pensou na importância do voto para você e para a democracia?

Quero iniciar essa conversa, indignado e lamentando a morte de Eduardo Campos, que por coincidência ou não, ocorreu no mesmo dia da morte do seu avô Miguel Arraes. Sua morte deixa o processo eleitoral mais pobre. Quem perde é a democracia.

É inacreditável o que rola no momento nos diversos noticiários do PIG. Eles não estão preocupados com o que aconteceu do ponto de vista humano, mas apenas e tão somente com a preocupação do que possa ocorrer no cenário político eleitoral. Como dar uma virada ou uma reviravolta nas projeções eleitorais. Para isso estão usando a figura fragilizada de Marina Silva, que é obvio que assumirá o posto de sucessora de Campo, até mesmo por uma questão de humanidade. São urubólogos urubologando.

Para o PIG Marina Silva é como se fosse um antídoto contra Dilma e o Partido dos Trabalhadores. Para isso fazem projeções, puxam fatos semelhantes que ocorreram no passado e pregam: “Contra Dilma? Marina nela!”. Lamentável! Profundamente lamentável. Imagino que a hora seja de lamentar o ocorrido e deixar para que o PSB e Marina decidam o que todos sabemos que ocorrerá. Da minha parte acharei ótimo que venha Marina, pois ela só irá tirar o sono do candidato Aécio.

Enquanto assistia o noticiário, apesar da minha revolta, senti vontade de escrever sobre o processo eleitoral. Falar um pouco sobre a importância do voto e de votar, principalmente para mostrar para muita gente que posta no facebook e outras redes coisas inacreditáveis, que o voto ou o ato de votar, não caiu do céu e sim foi uma dura conquista a partir de muita luta. Estamos nos aproximando das próximas eleições. Uma data importantíssima para a manutenção do processo democrático brasileiro e para o exercício da cidadania.

Um amigo hoje no facebook postou um cartaz com a seguinte frase: “Em 2014 vote em Ali Babá, Ele só tem 40 ladrões”. Uma frase que reflete o extremo do senso comum imposto pela velha mídia golpista, aquela mesma que pertence a apenas seis famílias abastadas e que torce para que o PT e a Presidenta Dilma errem feio, tanto pelo fato de provar que um Partido de origem de trabalhadores não tem condições de governar o Brasil, como também por tentar emplacar seu principal candidato.

Respondi a esse amigo: “Caro amigo. Permita-me discordar radicalmente de você. Esse é um tipo de comentário que coloca todos na lata do lixo. Trata-se do senso comum imposto pela mídia. É claro que não é assim. Mário Sergio Cortela, por exemplo, respondeu a essa pergunta afirmando o seguinte: menos de 10% da população pode ser considerada de pessoas corruptas, envolvidas com a violência e com coisas antiéticas, o restante são pessoas trabalhadoras e do bem. É essa mídia golpista, que pertence a seis famílias abastadas, que vende a ideia de que todos são iguais e que todos roubam, que passam essa ideia distorcida da democracia. Eu particularmente defendo a ideia de que a maior responsabilidade é do próprio povo, que ao não participar da vida politica do país, votam em qualquer um, seja por desprezo da política como a mídia determina, por ignorância ou ainda pela falta de completa de conhecimento. Assim, como muita gente morreu para que você eu tivéssemos o direito de votar, vale a pena participar e votar de forma consciente. Um país sem partido é uma ditadura e toda ditadura é algo do mal. Eu vou votar em pessoas que sou capaz de jurar que não roubam. Se você quiser lhe passo a lista. Abraço e saudade dos velhos tempos de nossos debates”.

A propósito, coletei alguns dados sobre a história do voto e do processo eleitoral no Brasil, apenas para dar sentido ao assunto desse artigo e também para que algumas pessoas que o lerem, possam se informar e saber que nada caiu do céu. Foram anos de luta contra ditadores, onde muitos pagaram com a própria vida.
Segundo dados da Câmara dos Deputados, a primeira eleição no Brasil, que se tem conhecimento, aconteceu em 1532 quando os moradores da Vila de São Vicente em São Paulo foram às urnas para eleger o Conselho Municipal. Isso mesmo. Um Conselho Municipal. Numa eleição indireta, o povo elegeu seis representantes e em seguida a escolha dos oficiais do Conselho.
Nas diversas contradições da democracia brasileira, o voto transitou por diversos momentos. Em 1821, por exemplo, os homens livres acima de 25 anos, inclusive analfabetos, puderam eleger representantes para a Corte Portuguesa. As pessoas com menos de 25 anos, só podiam votar se fossem casados ou oficiais militares, desde que tivessem no mínimo 21 anos. A permissão para os maiores de 18 só ocorreu em 1934.

Em 1881 a Lei Saraiva estabelece a obrigatoriedade do Título de Eleitor, porém estabelece a proibição do voto do analfabeto.

Imaginava-se que a Proclamação da República em 1889, trouxesse mudanças importantes na Legislação Eleitoral criada em 1824, porém o que aconteceu foi a manutenção da proibição de eleitores menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, soldados rasos, indígenas e integrantes do clero. Ainda era o setor privilegiado quem decidia sobre os rumos da Nação. Apenas em 1891 a população teve acesso ao voto para presidente e vice da República.

Dando continuidade ao processo eleitoral, há de se destacar o ano de 1932. Nesse ano foi criada a Justiça Eleitoral, a mulher ganhou o direito de votar e foi aprovado o sigilo do voto.

Tudo ia muito bem até que em 1937 o Código Eleitoral é revogado. As eleições livres são suspensas e é estabelecida a eleição indireta para presidente com mandato de seis anos. Vale registrar que de 37 a 45 foi o período do Estado Novo, onde certo cidadão que já estava no poder a muito tempo de nome Vargas impõe uma nova Constituição, em um golpe de Estado autoritário, dilui o Congresso e assume poderes ditatoriais com o objetivo de perpetuar seu governo. Essa situação só muda com a nova Constituição de 1946, onde o processo democrático foi retomado.

Essa Constituição dura até 1964, quando um novo golpe, agora militar assume o poder, destituindo o Congresso e somente em 1989, a partir de muita luta por democracia e diretas já, o povo pode novamente eleger um presidente de forma direta (Collor), que não dura muito tempo no poder e é cassado pouco tempo depois, assumindo seu vice, nada mais, nada menos que o Sr. Sarney. O período militar foi um dos períodos mais sombrios do nosso país, tomado por uma forte repressão, tortura e muitas mortes e desaparecidos na luta por liberdade e por eleições livres e diretas.

Com a constituição de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, uma nova era eleitoral tem início, além de restabelecer as eleições diretas, os jovens passam a ter o direito de votar a partir dos 16 anos e as pessoas acima de 70 anos também.

Esse pequeno histórico revela apenas a importância do voto e das eleições, que na verdade é indiscutível, mesmo que seja obrigatório, que não deveria ser, porém o que está em discussão não é o voto em si, mas a grande luta do momento pela moralização da política e dos políticos, onde o combate à corrupção seja a grande palavra de ordem. Precisamos sair na defesa de quem é sério, mas diante do sistema que impõe que um candidato a Deputado Federal, para disputar é pé de igualdade com os demais tenha que dispor de 10 milhões de reais para a campanha, fica difícil para a população entender tamanha heresia. Perguntam: de onde veio esse dinheiro? Qual a vantagem diante de um custo tão alto? Quem financiou? E eu pergunto: a quem pertencem os mandatos? Porque se for do próprio indivíduo, sinceramente não vale a pena nem o apoio. Os mandatos tem que serem da população junto com os partidos que originou a candidatura. Prestação de contas permanentes para a população e para os filiados do partido. Assim deveria ser.

Uma saída é a provação de uma Constituinte exclusiva para uma ampla Reforma Política, que aprove um financiamento público de campanha e outras medidas visando maior controle por parte da população e um absoluto controle no financiamento privado, que se constitui na principal fonte de corrupção quando as empresas pedem de volta seus investimentos.

Apesar da importância do voto e do ato de votar, se você meu caro ou cara, leitor ou leitora, não participar, continuará votando em quem pensa por você.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com