Um
dos fatos que levou nosso sistema político ao descrédito
da sociedade civil é a falta de coerência entre as alianças partidárias. O
atual contexto das coalizões partidárias descaracteriza até o próprio conceito
de partido, isto é, partido como um grupo de pessoas que se reúne em torno de
uma proposta, ou ideologia, e visa atuar de forma a mudar ou manter um tipo de
relação social, de comportamento ou de sistema político e normativo com a
sociedade. Nessa configuração, uma parte
significativa dos nossos partidos, em sua atuação, são, na realidade, agremiações
que buscam fins próprios.
Um caso que demonstra o samba político e a falta de unidade
partidária no Brasil é o jogo feito entre o Partido Social Democrático Brasileiro
(PSDB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). No âmbito nacional o PSDB
apoiou o candidato Júlio Delgado do PSB à presidência da Câmara dos Deputados
Federais, buscando construir uma oposição no Congresso Nacional contra o
governo federal do PT. Já em Limeira o PSDB tenta construir um discurso de
oposição contra a administração municipal.
O PSB de Limeira-SP decidiu nas eleições de 2014 apoiar a candidata Dilma
Rousseff do PT à presidência da República e ao mesmo tempo o partido apoiava o
atual governador à reeleição, Geraldo Alckmin do PSDB. Outro caso enigmático, o PSDB que apoia o PSB
no âmbito nacional, mas que não apoia o PSB de Limeira, tem alguns de seus militantes
em cargos comissionados no governo municipal.
Não
há democracia efetiva sem partidos organizados e com projetos coerentes. Uma
parte significativa dos nossos partidos organiza-se pelo mandonismo, onde há um
líder que manda na organização de forma unilateral. Esses partidos têm projetos
de tomada de poder pelo poder apenas, e com baixo compromisso com a sociedade
civil. A falta de projetos foi a
característica das eleições de 2014 e também no início desse ano, quando ficou
evidente que o marketing político do PSDB de São Paulo resolveu escamotear a
crise hídrica que ocorre no Estado para favorecer seu candidato a reeleição (e
de fato conseguiu votos de voluntários para ser reeleito). As distorções que os
partidos produzem no sistema político brasileiro gera aquele sentimento, na
nação, de que os partidos são apenas fisiologistas e oportunistas, mudando o
discurso e configuração política a cada momento, essas atitudes colaboram para
o fracasso do nosso sistema político. Por tanto, é preciso uma reforma política
que crie leis que impeçam o samba político dos partidos e, como isso, nosso sistema
política contribua para o aperfeiçoamento da nossa democracia.
Israel
Gonçalves é cientista político, professor e autor do livro: O Brasil na missão
de paz no Haiti. Editora Novas edições Acadêmicas.
E-mail:
educa_isra@yahoo.com.br
Artigo
publicado no Jornal Gazeta de Limeira dia 16/02/2015.
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