Será o destino? Vidas que se cruzam. Caminhos a passar. O que o destino
me reserva? Sorte ou azar? Enfim... Ao divagarmos sobre o destino, transitamos
por um caminho desconhecido perante nossa falta de percepção da vida.
O que dizer então do acaso? Algo que ocorre sem
intenção prévia. Podemos afirmar que no caminho para o destino nos deparamos em
vários momentos com o acaso? Ao aceitarmos essa hipótese um debate se
estabelece. Como explicar se o que ocorre em nossas vidas ocorre por sorte ou
por azar? Ou ainda, ocorrem ou ocorreram em função do destino ou ao acaso? Seja
o que for o que está feito, feito está, mas o que ainda está por ocorrer, quem
sabe por um acaso possamos intervir em nosso destino. Sabe o que é mais
assustador? É saber que a única coisa certa em nosso destino é o fim ou o
começo para quem acredita.
Fernando Pessoa escreveu sobre o destino: “Segue
o teu destino. Rega as tuas plantas. Ama as tuas rosas. O resto é à sombra de
árvores alheias”. Tem um mundo de interpretações nessas frases, que encara
o destino como algo inerente a cada ser humano, não antes de chamar a atenção
para que sempre reguemos nossas plantas e amemos as rosas, ou bem que poderiam
ser flores amarelas do campo. O resto meu caro e minha cara são árvores
alheias, que se não lhe pertencerem, estarão margeando seus destinos.
Segundo a Profa. Salete de Oliveira
Buffoni, a Teoria do Caos propõe uma ideia de destino. “Em
termos filosóficos, podemos dizer que o destino existe, mas nós o modificamos
toda vez que fazemos determinadas escolhas que vão influenciar
o futuro”. Cada uma dessas escolhas se conscientes, poderão produzir
efeitos mais ou menos previstos, mas se forem ao acaso, os efeitos poderão ser
catastróficos em nossas vidas, tanto de ação-reação, como principalmente de
causa e efeito.
Nunca no Brasil (vi esse termo certa vez espetado num lindo jardim)
quero viver de escolhas ao acaso, embora nem sempre tenha certeza disso. Se o
destino colaborar, gostaria que minhas escolhas fossem sempre conscientes, pois
quero ter a esperança de revisar meus erros, de refazer caminhos e
principalmente de me refazer sempre que a vida me botar numa encruzilhada.
Jamais imponho a minha verdade como única e absoluta. Toda vez que minha dita
verdade, comandada normalmente pela minha cabeça, quer prevalecer, recorro à
voz que vem do coração. Por isso sou emoção.
Estou convencido de que escolher é muito mais fácil do que ser
escolhido, porque quando escolhemos e sofremos as consequências dos revezes da
vida, as frustrações são sós nossas, mas quando somos escolhidos e frustramos
as pessoas que nos escolheram, por certo ficaremos para sempre com o estigma e
o ônus do Pequeno Príncipe.
Ainda nessa linha, Clarice Lispector escreveu: “Decifra-me, mas não
me conclua. Eu posso te surpreender...” Uma frase enigmática que
provoca o presente e inquieta o futuro. Fiquei pensando vários dias nessa
frase. O que será que se passava na cabeça dela quando escreveu? Seria uma
provocação ou uma desilusão? Ou ainda as duas juntas? Uma frase que expressa em
seu universo: Fim, dúvidas, mas quem sabe uma possibilidade...
Algo hoje nesse campo me inquieta. Será que o destino influencia
diretamente a vida política de um país, de um estado ou de um município? E seus
personagens centrais como são escolhidos? Ou será que no mundo complexo da
política, pois inclui um sistema, opções ideológicas e os meios para se
conseguir avançar ou retroceder, são tocados pelo acaso? A resistência através da
organização popular é uma certeza para quem quer mudar o destino político de um
país, de um estado ou de um município, mesmo que só seja infinito enquanto
dure, mas por certo ficará.
A única certeza que tenho é a de que a escolha de uma causa para se lutar,
daquela que faça valer nossa própria vida e que acaba virando o que rege a
nossa militância política, essa não tem nada de acaso, pois vem da certeza. Quando a causa é
escolhida por pura convicção política-ideológica, se torna real e ficará para sempre.
Ah Clarice Lispector, como me identifico com suas inquietudes... “Sim, minha força
está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes
ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Sou como você me
vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar”.
No mais, cada vez que o trem da história faz uma curva e eu me
desequilibro, sinto no momento seguinte que a vida está me testando para saber
qual é o meu limite. Aí olho para trás e vejo o quanto plantei e mesmo que
tenha deixado de regar algumas plantas, em alguns momentos por pura estupidez,
sei que o tempo como senhor da razão vai me proporcionar uma ótima colheita.
Que venha o amanhã, o depois do amanhã e principalmente o futuro onde
depositarei minha história.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Gostei do texto. Recheado de autores maravilhosos! Gostei da reflexão. Mas acho que não devemos focar em futuro. " Meu tempo é hoje ".
ResponderExcluirDestino? Acho que existem variáveis. Nós vamos fazendo opções
E vamos talhando nossos caminhos. Acredito que teremos surpresas e imprevistos ao longo da caminhada. E acredito que são parte da nossa evolução.
Os filhos nos trazem experiências doces e amargas, assim como os amores, os amigos. Mas a escolha do caminho . Às vezes nos sentimos feridos de morte. Quase mortos, para nunca mais levantar. Mas o tempo, senhor da razão se encarrega de nos mostrar que podemos é devemos seguir. Não há opção.
Quem tem sentimentos sempre terá altos e baixos. Acho que o mais importante é aprender a lidar com isso.
Creio que Clarice Lispector disse " não me conclua " pq isso levará a erro. Enquanto estamos vivos, jamais estaremos concluídos.
Nem sei se é uma análise crítica, mas é a intenção do debate, da provocação mesmo que nos leva a pensar e evoluir
Obrigado Raquel pelo comentário.
ResponderExcluirAprendo muito assim.
Grato
Muito bom o texto, oferece oportunidade para reflexões. Por acaso eu li, dei a sorte de clicar no link... precisava ler isso para refletir sobre algumas decisões a adotar...
ResponderExcluir