Adeus
ano velho! Feliz Ano Novo!?
Com
essas frases a maioria das pessoas comemora a virada do ano. Culpam o ano que está
terminando pelos fracassos pessoais e fazem jura de amor ao ano que se inicia,
porém sem o cuidado suficiente para se avaliar qual foi o papel de cada um e de
cada uma na história do ano que se finda e qual será o papel a desempenhar no
ano novo. É como se tudo estivesse no automático.
Do
ponto de vista político-econômico-social o ano de 2018 não deixará saudades,
muito ao contrário e com muito pouco a se comemorar, a não ser o fato de estarmos
vivos e contando a nossa versão da história. Isso nos remete à esperança de continuarmos
firmes na luta pela sobrevivência e na resistência a todas as formas de
agressão aos direitos conquistados de milhares de pessoas ao longo de suas
existências e a tantos absurdos defendidos pelo presidente eleito e sua equipe
de trabalho. Algo que beira ao surreal.
Um
ano para ser esquecido, ou melhor, um ano para se aprender com ele. Quem sabe o
ano de 2018 deva ter começado em 1989, com o Consenso de Washington, que visava
à implantação do neoliberalismo na American Latina e no Caribe, processo interrompido
por Lula e Dilma e retomado por Temer, ou em 2012 com o Plano Atlanta que
visava e visa uma intervenção neoliberal na América Latina e que resultou no
impeachment de Lugo e de Dilma, além da eleição vitoriosa de algumas figuras de
direita e de ultra direita, como é o caso do eleito no Brasil, ou ainda que esse
ano deva ter iniciado suas atividades em 2013, com aquelas manifestações que
resultaram no ódio implacável à democracia e a tudo que é social, além do PT e seus dirigentes e que perdura
até os dias de hoje.
Em
regras gerais, um ano em que a Casa-Grande termina em festa por tudo que
conquistou e a Senzala Brasil não consegue dormir, pois está cercada pelos abutres
do sistema que disputam com velhas hienas do poder as sobras do sinistro banquete
eleitoral.
Por
outro lado existe um provérbio português que diz: “Não há bem que sempre dure,
nem mal que nunca se acabe”. Essa farra fascista um dia acaba e enquanto isso
não ocorrer, vamos caminhando de mãos dadas rumo ao que acreditamos e
enfrentando o que tivemos que enfrentar.
O
governo que se inicia tem como princípios o ódio, o preconceito, a intolerância
e a violência. Isso fere os preceitos democráticos e transforma em inimigos quem
luta por direitos, por liberdade e pela democracia direta. A principal proposta do novo governo é agir para sequestrar da democracia a soberania popular.
O
que mais impressiona e assusta é o fato do novo presidente ter sido eleito
falando o que realmente pensa o que nos dá a entender que seus seguidores e uma
grande parte de eleitores e eleitoras pensam exatamente como ele e transferem a
materialização de seus pensamentos a uma espécie de justiceiro nacional de
plantão. Algo tão sinistro que só de pensar dói na alma, pois é a sorte e a vida de milhares de pessoas que estará em jogo.
Quem
em sã consciência apoia alguém que enaltece a tortura, que defende tomar as
terras dos índios e quilombolas, que defende a ideia que armando a população
ela estará segura, que defende uma escola que não pode pensar e tantas outras
ideias fascistas e consegue dormir em paz? Quem concorda e apoia coisas
absurdas como essas, além de pensar como o Tal, jamais entenderá o que pensamos
e defendemos. Estamos em lados opostos.
Caso
o tal capitão eleito execute um terço das maldades e aberrações que vociferou na
campanha, além do extermínio humano, o prejuízo ao processo democrático e a todas
as conquistas obtidas com muita luta ao longo de um século será devastador e levará décadas para se recompor.
Para
ilustrar as aberrações do eleito, trazer alguém de Israel para importar um modelo de um
plano de dessalinização, tendo a Embrapa desenvolvido essa técnica há anos e
implantado em vários estados, só pode ser uma piada de mau gosto ou alguém que
considera o povo brasileiro burro e mal informado. A escolha de Israel tem
outra conotação de ordem fundamentalista-política-ideológica.
O
ano de 2018 nos fez aprendermos algumas coisas. Uma delas é que a luta pela soberania
popular há de ser contínua, outra que nunca chegamos ao poder com os governos e
sim a apenas uma instância de poder, pois como bem dizia Marx, no capitalismo quem
determina é o econômico e a coisa mais importante de todas, que quem dorme com
os dois olhos fechados diante do sistema não consegue enxergar suas engrenagens
se recomporem e avançar. Quem não entendeu, que tal assistir Matrix?
O
que esperar de 2019 com esse cenário descrito? Contarmos com a saúde física e
mental, além de nossa disposição para enfrentarmos o que for necessário. Além
disso, contarmos também com os sonhos e a utopia que nos permite sempre
acreditar ser possível a construção de uma sociedade justa, fraterna e
igualitária para todos e todas.
Que
o ano que se aproxima nos encha de esperanças e que renove
nossas forças para caminharmos de mãos dadas rumo ao futuro.
Um
Feliz 2019 para todos os sonhadores e para todas as sonhadoras que sonham com um mundo
melhor.
Antonio
Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Feliz 2019 pra vc tb meu irmão. Parabéns por mais este texto.
ResponderExcluirGrande Mano
ExcluirGrato. Para você também.
Magnifico, me encontrei no texto que revela toda minha indignação e mostra minhas dificuldades de expressar meus sentimentos que se contaminaram com o ódio, contra quem ajudou a nortear a campanha deste demente e seus seguidores "ZUMBIS" sedentos por uma justiça os imbecis conquistavam com o governo Lula e se iludiram pelas bravata e forte investimento em marketing mostraram que o "COISO" era o justiceiro... Meu amigão, feliz ano pra vc e sua linda família... Feliz 2.019
ResponderExcluirObrigado pelas palavras. Escrevo normalmente o que sinto.
ResponderExcluirQuem és tu? Não consigo identificar.
Grande abraço
Temos que ter muita luz, muita energia!
ResponderExcluirObrigada pelo texto, Toni. E muita saúde física, mental e emocional para todos nós em 2019. Vamos precisar. Contem comigo! Abraços fraternos!
ResponderExcluirMru caro Toni, sempre muito lúcido e preciso! Abstraindo-nos por um instante do sombrio que se anuncia no horizonte, feliz 2019!
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