Quero
iniciar esse último texto do ano afirmando como é difícil para uma pessoa que foi
forjada a partir de uma causa coletiva, usar a primeira pessoa do verbo em
qualquer situação. Não sou sozinho. Sou porque nós somos. Essa é uma das filosofias do
UBUNTU. Uma filosofia africana que nutre o conceito de humanidade em sua
essência. Humanidade para com os outros.
Fiz
questão de terminar um ano tão complexo com um texto simples e subjetivo, que do
ponto de vista pessoal, seu conteúdo faça companhia a minha alma e caminhe na
direção de fortalecer a minha essência. Algo que reafirme o que sou na
atualidade e o que ainda poderei ser, porém com o desejo que sirva também de
inspiração para alguém que como eu, procura fazer com que o amanhã não seja uma
fantasia e sim um sonho possível.
Você
já sentiu saudade do seu tempo de criança? Das brincadeiras tolas que nos
faziam passar o tempo com prazer? Pois é. Hoje amanheci com uma vontade imensa
de voltar aos meus tempos de criança, de tomar banho de rio e de descansar na
sombra de um pé de trapiá que tinha no sítio onde nasci, bem em frente da casa
dos meus avós maternos, onde toda família se reunia.
Sempre
quando me enveredo pelo campo da introspecção penso no fato de que somos seres
inacabados e em eterna construção e cada pessoa que passa pelas nossas vidas,
seja como for, tem um papel a desempenhar sendo ou não o que esperávamos e tem
aquelas que serão e ficarão para sempre.
No
meio dessa viagem ao centro da existência, vale lembrar que o ano de 2018 tinha
tudo para matar nossos sonhos e para nos fazer desacreditar da humanidade, tamanho
o descompasso em termos de relações humanas, como também a intensão era nos
fazer acreditar que o beco daquela rua tão estreita por onde passávamos não
tinha saída. Pura ilusão deles. Estamos mais vivos que nunca.
Para
os sonhadores e sonhadoras, existe uma luz no fim do túnel chamada esperança,
que jamais deixará morrer o que nutre alguém que veio ao mundo para construir
sua história a várias mãos e é ela que nos faz sempre acreditar e jamais desistir
do que sonhamos. Se não dá para ir só iremos juntos e de mãos dadas.
No
processo de construção do ato de viver, passado e presente disputam nossos
futuros, através dos pensamentos cotidianos, do que fomos capazes de produzir na
vida e o que até por descuido deixamos de fazer. Todo esse processo vai delineando
os traços das nossas vidas. Enquanto os princípios e valores vão reafirmando nossas
personalidades, nos aproximando ou distanciando de pessoas que pensam como nós
ou se confundem com o espectro do sistema e a partir daí várias dúvidas nos vêm à cabeça.
Será
que nos transformamos em máquinas presas ao tempo? Ou ainda em objetos de
nossas vaidades? Como atravessar um rio sem saber nadar? E ao atravessar o que
buscamos do outro lado? Quem estará nos esperando? Enfim, podemos levar a
vida inteira sem nenhuma resposta a essas e outras perguntas.
Erros
e acertos se confundem em nossas mentes e traçam em nossa viagem de vida uma batalha
pelo resultado final. Coisas mal resolvidas nos cobram definições, novas
situações nos mostram novos caminhos e assim a vida vai passando. Um dia após o
outro nos levando ao final das nossas missões.
Com
tudo isso aprendi algo primordial. O que importa mesmo é não termos medo e nem
vergonha de olharmos para trás. O que foi feito de certo ou errado ficará para
a história e julgamentos futuros, sempre lembrando que a vida nos vai dando
sinal que ainda podemos escrever e reescrever novos capítulos da nossa história que pretendemos deixar para o futuro. Para isso se faz necessário: aprender,
crescer e mudar.
Incomodo-me quando alguém, por alguma razão, tenta me definir sem saber a minha
impressão sobre o que estou sendo definido, ou ainda o porquê de tal situação, primeiro
porque o mundo gira e o que é hoje pode não ser amanhã e segundo pelo fato de
nem eu mesmo, em determinados momentos saber com exatidão quem eu sou.
Quem
sabe eu não seja o resultado das minhas certezas e contradições durante a vida,
ou ainda a projeção do que ainda serei. Porém, de uma coisa eu tenho certeza, sou
alguém com muito mais emoção que razão e isso me faz rir, chorar, viajar nas
emoções, mas, sobretudo me faz amar a vida e incondicionalmente amar as pessoas
com quem eu convivo.
A
partir dessa leitura e usando a filosofia do UBUNTU, sou o que formos construindo.
Sou o que determinarmos a ser. Sou eu e sou você e caso você que lê seja igual
a mim, em dias nublados passo eles em pura reflexão.
Aprendi
que o universo conspira de acordo com nossos pensamentos e às vezes nos
encontramos afogados no que achamos ser problemas, porém quando imaginamos que
tudo está acabado e não tem mais remédio, eis que surge uma divindade e nos
diz: “Calma o melhor ainda está por vir...”. É nisso que acredito e quem sabe
possamos nos deparar com os tesouros da vida.
Ouvi
certa vez que todos os tesouros das nossas vidas tem que ser preservados, pois tesouros
não se jogam ao mar...
Que
em 2019 cada pessoa que irá ler esse texto possa encontrar a melhor formar de
amar e de vivenciar todos os sonhos que ainda virão.
Antonio
Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
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