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domingo, 30 de dezembro de 2018

O que sou e o que ainda poderei ser...


Quero iniciar esse último texto do ano afirmando como é difícil para uma pessoa que foi forjada a partir de uma causa coletiva, usar a primeira pessoa do verbo em qualquer situação. Não sou sozinho. Sou porque nós somos. Essa é uma das filosofias do UBUNTU. Uma filosofia africana que nutre o conceito de humanidade em sua essência. Humanidade para com os outros.

Fiz questão de terminar um ano tão complexo com um texto simples e subjetivo, que do ponto de vista pessoal, seu conteúdo faça companhia a minha alma e caminhe na direção de fortalecer a minha essência. Algo que reafirme o que sou na atualidade e o que ainda poderei ser, porém com o desejo que sirva também de inspiração para alguém que como eu, procura fazer com que o amanhã não seja uma fantasia e sim um sonho possível.

Você já sentiu saudade do seu tempo de criança? Das brincadeiras tolas que nos faziam passar o tempo com prazer? Pois é. Hoje amanheci com uma vontade imensa de voltar aos meus tempos de criança, de tomar banho de rio e de descansar na sombra de um pé de trapiá que tinha no sítio onde nasci, bem em frente da casa dos meus avós maternos, onde toda família se reunia.

Sempre quando me enveredo pelo campo da introspecção penso no fato de que somos seres inacabados e em eterna construção e cada pessoa que passa pelas nossas vidas, seja como for, tem um papel a desempenhar sendo ou não o que esperávamos e tem aquelas que serão e ficarão para sempre.

No meio dessa viagem ao centro da existência, vale lembrar que o ano de 2018 tinha tudo para matar nossos sonhos e para nos fazer desacreditar da humanidade, tamanho o descompasso em termos de relações humanas, como também a intensão era nos fazer acreditar que o beco daquela rua tão estreita por onde passávamos não tinha saída. Pura ilusão deles. Estamos mais vivos que nunca.

Para os sonhadores e sonhadoras, existe uma luz no fim do túnel chamada esperança, que jamais deixará morrer o que nutre alguém que veio ao mundo para construir sua história a várias mãos e é ela que nos faz sempre acreditar e jamais desistir do que sonhamos. Se não dá para ir só iremos juntos e de mãos dadas.

No processo de construção do ato de viver, passado e presente disputam nossos futuros, através dos pensamentos cotidianos, do que fomos capazes de produzir na vida e o que até por descuido deixamos de fazer. Todo esse processo vai delineando os traços das nossas vidas. Enquanto os princípios e valores vão reafirmando nossas personalidades, nos aproximando ou distanciando de pessoas que pensam como nós ou se confundem com o espectro do sistema e a partir daí várias dúvidas nos vêm à cabeça.

Será que nos transformamos em máquinas presas ao tempo? Ou ainda em objetos de nossas vaidades? Como atravessar um rio sem saber nadar? E ao atravessar o que buscamos do outro lado? Quem estará nos esperando? Enfim, podemos levar a vida inteira sem nenhuma resposta a essas e outras perguntas.

Erros e acertos se confundem em nossas mentes e traçam em nossa viagem de vida uma batalha pelo resultado final. Coisas mal resolvidas nos cobram definições, novas situações nos mostram novos caminhos e assim a vida vai passando. Um dia após o outro nos levando ao final das nossas missões.

Com tudo isso aprendi algo primordial. O que importa mesmo é não termos medo e nem vergonha de olharmos para trás. O que foi feito de certo ou errado ficará para a história e julgamentos futuros, sempre lembrando que a vida nos vai dando sinal que ainda podemos escrever e reescrever novos capítulos da nossa história que pretendemos deixar para o futuro. Para isso se faz necessário: aprender, crescer e mudar.

Incomodo-me quando alguém, por alguma razão, tenta me definir sem saber a minha impressão sobre o que estou sendo definido, ou ainda o porquê de tal situação, primeiro porque o mundo gira e o que é hoje pode não ser amanhã e segundo pelo fato de nem eu mesmo, em determinados momentos saber com exatidão quem eu sou.

Quem sabe eu não seja o resultado das minhas certezas e contradições durante a vida, ou ainda a projeção do que ainda serei. Porém, de uma coisa eu tenho certeza, sou alguém com muito mais emoção que razão e isso me faz rir, chorar, viajar nas emoções, mas, sobretudo me faz amar a vida e incondicionalmente amar as pessoas com quem eu convivo.

A partir dessa leitura e usando a filosofia do UBUNTU, sou o que formos construindo. Sou o que determinarmos a ser. Sou eu e sou você e caso você que lê seja igual a mim, em dias nublados passo eles em pura reflexão.

Aprendi que o universo conspira de acordo com nossos pensamentos e às vezes nos encontramos afogados no que achamos ser problemas, porém quando imaginamos que tudo está acabado e não tem mais remédio, eis que surge uma divindade e nos diz: “Calma o melhor ainda está por vir...”. É nisso que acredito e quem sabe possamos nos deparar com os tesouros da vida.

Ouvi certa vez que todos os tesouros das nossas vidas tem que ser preservados, pois tesouros não se jogam ao mar...

Que em 2019 cada pessoa que irá ler esse texto possa encontrar a melhor formar de amar e de vivenciar todos os sonhos que ainda virão.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

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