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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Um encontro marcado com a verdade...

Imagem: https://acasadevidro.com/2018/03/14/eu-sou-porque-nos-somos-ubuntu-por-tutu/

O que é a verdade? De qual verdade estamos falando? Existe verdade absoluta para cada situação?

Inicio buscando legitimidade para afirmar que uma das maiores verdades é a de que não existe verdade absoluta para nenhuma situação. O que existe é a verdade de cada um de nós, a partir de um sistema de valores recheado de interpretações, crenças, princípios e posições ideológicas.

Em várias situações do nosso cotidiano, a verdade que defendemos poderá caminhar no sentido oposto ao pensamento e prática de diversas pessoas e diversos setores da sociedade. Algo comum num processo democrático, mas surreal diante do fascismo, que é algo novo para todos nós. Como por numa mesma Cesta as verdades da Casa-Grande e da Senzala? Puro pragmatismo fundado em linhas de pensamentos sobre o ato de viver e nossas escolhas em termos existenciais e de futuro.

Do ponto de vista político não dá para negar o que estamos vivenciando na atualidade e suas diversas verdades. O golpe contra a Presidenta Dilma, a prisão de Lula e o resultado eleitoral das últimas eleições, que estão no mesmo pacote, além de representar a falência total do sistema judiciário brasileiro, que se encontra amordaçado, a velha forma de fazer política com base apenas no econômico e nos acordos por resultados, levarão o país por certo de volta ao século XIX, tamanho é o retrocesso defendido pelo presidente eleito e sua desastrosa equipe neoliberal. Nesse sentido existem pelo menos duas grandes verdades em curso, a partir de janeiro.

A primeira delas a ser defendida pela figura sinistra vitoriosa nas eleições será convencer a classe trabalhadora e demais segmentos pobres que votaram nele, que voltar ao século XIX, em termos de direitos civis, eficiência do Estado e conquistas trabalhistas e sociais será uma grande ideia para que o país volte a crescer economicamente com equidade e se desenvolva com justiça social.

A segunda será o desafio dos campos progressistas e de esquerda, para convencer a população que o caminho neofascista em curso é o mesmo que matou seis milhões de judeus, além de expor o Brasil à submissão americana e ao FMI mais uma vez. Duas verdades de cunho político-ideológico que a população nem imagina existir.

Para entender o que está ocorrendo se faz necessário conhecer minimamente os códigos do poder. Que códigos são esses? É todo ideário que compõe as escolhas para definição de que sociedade temos e que sociedade queremos.

Vale salientar que o que está em jogo no Brasil a pedido do império americano é o domínio da Amazônia, o controle do petróleo e a privatização da água, além da destruição de todo sistema de proteção social e trabalhista.

Voltando ao tema principal do post, a Jornalista Laura Loyo, dentro do conceito de verdade, afirma que há um choque muito forte entre relativismo moral e dogmatismo para o entendimento do que seja a verdade.

Segundo Loyo, o relativismo moral faz com que a verdade seja algo vinculado à moral de determinado grupo. Como se fosse algo particular. Exatamente como as últimas eleições foram decididas. Uma visão moral estreita carregada de fundamentalismo religioso, maquiando e escondendo os verdadeiros problemas político-sociais e trazendo à pauta nacional um falso nacionalismo e falsos valores disfarçados de combate à corrupção.

Já o dogmatismo, que é a verdade em caráter absoluto, traz algo ainda mais complexo. Ao mesmo tempo em que se apresenta como algo indiscutível e indissolúvel, traz inúmeras contradições, como é o caso das religiões e seus dogmas, por exemplo. Para cada uma das variáveis religiosas uma forma de enxergar o mundo e o semelhante e como lidar com o dia a dia de nossos desencontros.

Desmistificar as diversas verdades exige principalmente conhecimento da situação em questão, análise do contexto cultural e no campo da política formação e conscientização, além da clareza para o entendimento de que causa se defende, o porquê dela, com quem se caminha e aonde se quer chegar. Algo que vai compondo a história de quem milita por uma causa e de quem contesta a serviço do império.

Uma coisa é certa. As verdades terão encontro marcado com o futuro, seja pela via da conscientização e participação ou pela via da ignorância política que consiste em só enxergar um lado da história. Bom mesmo é enxergar todos os lados e todas as propostas em curso e escolher por convicção aquela que mais se identifica com sua historia de vida.

Do ponto de vista pessoal, a verdade em que me situo, vem sendo esculpida ao longo da minha existência, através da luta pela utopia de construir uma nova sociedade a várias mãos, junto com quem sonha com o direito de igualdade, de plena liberdade de expressão e de uma nova forma de convivência: Justa, Fraterna e Igual para todos e todas. Isso é o que me move e o que move também milhares de pessoas em várias partes do planeta.

Finalizo com duas frases filosóficas do Ubuntu: “Sou o que sou, porque somos todos nós”. “Sou afetado quando um semelhante meu também é afetado”

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

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