Figura: netmarinha.uol.com.br
Quero
iniciar essa conversa nesse tempo de reflexão, me referindo ao humanismo em seu
sentido amplo, que significa a valorização do ser humano e a condição humana
acima de tudo.
Com
esse olhar humanista, fica difícil compreender e aceitar a guerra invisível
contida no seio da sociedade, às vezes entre pessoas que aparentemente caminham
juntas. Porém quem se considera melhor que o outro, vai excluindo as outras
pessoas, boicotando possibilidades, construindo a teoria da conspiração e
tentando afastar quem se mostra tão capaz quanto essa que se considera a única
opção possível e viável para a humanidade. Por incrível que pareça na maioria
das vezes isso ocorre pelo simples fato de uma disputa por uma ínfima parcela
de poder, ou ainda por simples paranoia e pura incompetência.
O
fato é que infelizmente nos deparamos com situações semelhantes em praticamente
todos os espaços onde seres humanos habitam. Quem não consegue se viabilizar e
não tem uma missão a seguir, tenta parar o mundo para que não gire numa velocidade
maior que a sua.
Que
mundo é esse, onde falsos líderes tratam pessoas simples como “garrafinhas”, somente
para provar que desfrutam de prestígio e de poder de voto? Nesse momento minha
revolta é tamanha que me enxergo totalmente anarquista e a minha atitude é
entrar na luta, apenas para não permitir que essas pessoas simples sejam mais
uma vez enganadas. Quem pensa e age assim não nos representa.
Já
repararam atentamente no trânsito? Algumas pessoas nos ultrapassam, até pela
direita, apenas para ganhar uma vaga e ficar à frente. Uma disputa insana pela
dianteira, simplesmente para ser o primeiro ou ainda para provar que o seu carro
é mais poderoso. Trata-se na verdade de um desvio de conduta rumo à violência.
Outra
questão que está destruindo a humanidade vem do fato de que se permitiu que a
velha mídia virasse o quarto poder e determinasse os hábitos e as vontades das
pessoas.
A
humanidade está em crise? Que tipo de crise? O que buscam as pessoas? Qual a
verdadeira intensão de quem: toca um projeto, chefia, gerencia, coordena ou
mesmo governa? É preciso anular as pessoas para provar quem manda? O que fazer
para resgatar o humanismo? Até que ponto isso tem a ver com cada um de nós?
É
impossível responder qualquer uma dessas perguntas sem antes descobrirmos qual
é a nossa missão, tanto como cidadãos, mas principalmente como seres humanos.
Qual é a sua causa que alimenta sua vida? Veio ao mundo à passeio ou a
trabalho?
A pressa no trânsito, a falta de crença, o desencontro com a
missão, a disputa pelo nada e uma busca incontida pelo senso comum, talvez sejam
apenas desculpas para a omissão. O que tenho a ver com isso? E nessa insensata
falta de compromisso muitas pessoas passam a maior parte de seu tempo. Como se
nada demandasse da omissão de cada um. No final das contas, ou por ação ou por
omissão todos que se omitem carregará para a eternidade sua parcela de culpa.
As pessoas estão tão envolvidas ou com o nada ou com sua sobrevivência,
que não conseguem enxergar que a sociedade capitalista é extremamente seletiva
e faz uma seleção natural para determinar quem serão seus escolhidos para a
continuidade.
De um lado seus escolhidos com direito a tudo e do outro os
que a servem, esses sem direito algum. Para esses a justificativa é que não
souberam aproveitar as oportunidades ou nasceram mesmo sem sorte. O pior é que
esse ciclo se transfere também para o mundo da política. Em regras regais a
maioria dos escolhidos por um sistema eleitoral falido e tendencioso defendem
exatamente os que nasceram com sorte. Sobra para a maioria da população
brasileira, ou a conformação de que nasceram sem sorte ou lutar bravamente
pelos seus direitos.
Das duas uma: ou a sociedade se reinventa, no sentido de incluir e receber
bem as pessoas que deram suas vidas para que a minoria pudesse se beneficiar às
suas custas e nunca tiveram nada em troca ou a maioria que nunca teve nada e
agora estão conquistando seus direitos marcharão rumo ao poder no sentido de
destruí-lo.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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