Ao olhar pela janela da vida, às vezes
fico a me perguntar o que move as pessoas? Qual a razão de suas existências?
Como fazer para que não sejam usadas como massa de manobra, seja por quem for?
Ou ainda, porque as pessoas mudam tão rápido de opinião sem a menor convicção
ou sem elementos que lhes deem sustentação? Simplesmente embarcam na teoria da
conspiração sem o menor constrangimento. O que fazer para conter a violência
generalizada que aos poucos vai tomando conta da sociedade e nos fazendo refém
da indústria do crime?
Vivemos numa sociedade de interesses e
de pleno consumo comandada pelo mercado. Para que sua manutenção esteja sempre
ativa, os que caminham na mesma direção vão sendo selecionados, bastando para
isso jogar o jogo sem reclamar e os que se colocam contra ou não se enquadram
por não terem tido as mesmas oportunidades vão sendo excluídos ou separados
para servir. Isso se transforma no dia a dia numa das maiores violência contra
a humanidade.
Ao falar em violência, o que falar dos
números? Em 2012 ocorreram 50 mil assassinatos no Brasil e só no Rio de
Janeiro, quase 10 mil foram assassinatos nos últimos 10 anos. Trata-se de um
número maior do que os assassinados em todos os países que adotam a pena de
morte. Esses assassinatos foram cometidos, parte deles pelas próprias vítimas
em disputa pelo tráfico, outras por várias razões e tantas outras pela polícia,
que se tornou uma máquina de matar. Errados ou inocentes, o fato é que já
adotamos nossa pena de morte legitimada pelo Estado e pela sociedade.
Dados do Blog
Viomundo, mostra que a polícia brasileira é extremamente mal vista por
organismos internacionais. “Violenta. Truculenta. Máquina de matar. É assim que
a polícia brasileira, e em especial a Polícia Militar, tem sido classificada
por organismos e entidades de defesa dos direitos humanos. Ano passado, no âmbito
da Organização das Nações Unidas (ONU), foi recomendado sua extinção, como
forma de combate à violação aos direitos humanos e à prática de execuções
extrajudiciais cometidas por uma parcela dos membros da corporação”.
Uma sociedade enlouquecida, que vai
matando mesmo sem motivos ou os que incomodam o sistema. Fazendo na verdade uma
grande limpeza, onde a maioria é composta por negros e pobres. Trata-se da
visão do sistema, que de uma forma segura encontrou uma solução para os
conflitos humanos, onde não se resolve os problemas centrais, pois esses
incomodariam os agentes do mercado e em troca eliminam-se todos aqueles que
caíram em desgraça ou de alguma forma incomodam quem controla ou quer controlar
a sociedade.
O cientista político Luis Eduardo
Soares, que já foi Secretário Nacional de Segurança Pública, revela algo
preocupante: o Batalhão de Operações
Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope) ofereceu aulas de tortura
até 2006. A Polícia Civil do Rio também ensinava como bater até 1996. Ou
seja, práticas herdadas dos agentes do golpe militar e que ainda hoje estão
infiltradas na sociedade, onde o pior é saber que essas práticas são
homologadas pela justiça, seja por ação ou por omissão.
Se for fato que a violência está
instalada nos municípios brasileiros, também é fato que um dos maiores
problemas está na falta de políticas públicas de segurança e prevenção à
violência, principalmente nos estados e municípios e isso faz com que cada
governante trate à sua maneira e interesse o problema.
Porém, se a proposta for de recuperar o
cidadão que caiu em desgraça, de criar mecanismos que evite que as pessoas
escolham o caminho do mal por falta de opção, de lutar contra o mercado das
drogas e incluir novamente os recuperados no seio da sociedade, se faz
necessária a criação de políticas de segurança cidadã, que fortaleça os laços
de humanidade, que coloque a educação de qualidade como fonte de saber, que não
tolere a impunidade e muito menos a discriminação e que assegure as mesmas
oportunidades para homens e mulheres, brancos e negros e deficientes e não
deficientes. Caso isso não ocorra, todas as tentativas serão em vão, apenas iludirão
ainda mais a população, além de fazer com que cada vez mais o estado de
violência se fortaleça e se generalize.
O Poder Público precisa urgentemente
criar mecanismos que possibilite a recuperação das pessoas e não eliminá-las
para ser ver livre da situação. Policial que mata primeiro para depois
perguntar quem era, ou está completamente louco e necessita de internação ou é
tão bandido como outro qualquer.
A grande pergunta que muita gente se
faz é: o que eu tenho a ver com isso? “Pago meus impostos, sou bem informado
através dos veículos do PIG, não gosto de política, defendo pena de
morte, meto a boca no mundo quando vejo coisas erradas, principalmente com meus
vizinhos e odeio todos os políticos”.
Talvez para responder com mais precisão
essa pergunta, seja necessário recorrer a Bertold Brecht e ler e reler “O
analfabeto Político”. Por ação ou por omissão, a sociedade tem sua parcela de
culpa.
Você parou para pensar o que você tem a
ver com isso?
Que
continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida
pública mais querem. (Bertold Brecht)
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
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