Foto de Francisco Proner Ramos
Amanhã
completa um ano da prisão de Luís Inácio Lula da Silva. O brasileiro mais
discutido no mundo na atualidade, inclusive indicado oficialmente para o Prêmio
Nobel da Paz, através de uma prisão arbitrária e questionada por centenas de
juristas de várias partes do mundo, que o torna no primeiro preso político, com
reconhecimento mundial, após a famigerada ditadura militar de 64, quando ele também
foi preso por defender a classe trabalhadora e tivemos a felicidade de festejar
junto com ele o dia da sua liberdade.
Resolvi
escrever sobre esse incômodo assunto, primeiro por eu ser uma das pessoas que o
acompanhou em sua trajetória de luta desde o inicio em São Bernardo do Campo e
segundo pelo fato de estar lá naquele dia fatídico da sua prisão, após três
dias de acampamento coletivo e uma pequena resistência mal organizada no final.
Ninguém queria que ele se entregasse, mas no final foi feito o que ele decidiu,
mesmo a contra gosto de centenas de pessoas que resistiram até onde puderam e vimos
Lula ser conduzido pelos policiais federais rumo à Curitiba, ficando uma sensação de derrota estampada em nossos rostos.
Não
é novidade para ninguém que o país está divido pelo ódio politico e Lula tem
muito a ver com tudo isso, pelo simples fato de sempre ter escolhido um lado
para atuar, além de ter feito os dois melhores governos que a país já viveu. Para
sustentar essa onda de ódio, a politica que deveria ser discutida como uma ciência
e como um instrumento que pauta e aponta para os interesses de classes no
Brasil, é negada e foi abruptamente distorcida, de forma proposital para que as
pessoas desinformadas a odiassem e repetissem o mantra, que todo político é ladrão
e politica é uma coisa ruim. Exatamente o que o sistema e a casa-grande desejam.
Um povo manso e mal informado.
O
resultado de tudo isso são problemas de toda ordem que levarão décadas para se
resolver, inclusive do desafio de organizar uma unidade com os setores e partidos de esquerda, que é um sonho antigo, além dos organismos que nasceram para defender os interesses dos trabalhadores, que sempre estiveram divididos. Como
explicar para um trabalhador ou uma trabalhadora, leigos na política e em seus
direitos, que existem oito Centrais Sindicais para defendê-los? Não deve ser
uma tarefa das mais fáceis.
A
cidade de São Bernardo do Campo, onde Lula nasceu politicamente, foi palco de
uma verdadeira revolução político-trabalhista no final da década de 70 e começo
da década de 80, que concentrava os famosos “Metalúrgicos do ABC”, com grandes passeatas
e concentrações e também muita repressão policial, principalmente após a
interdição do Sindicato dos Metalúrgicos e do Estádio
da Vila Euclides, hoje chamado de Primeiro de Maio, onde acontecia a maioria das
assembleias.
Lembro-me
bem do meu pai e eu acompanhando a maior parte das passeatas e as assembleias aos
domingos, principalmente para ouvirmos os discursos daquele sindicalista
que começava a fazer história e incomodar os detentores do poder econômico nacional
e até internacional. Um cenário que passou a fazer parte da história de lutas
dos trabalhadores no Brasil, como um dos capítulos mais decisivos para uma nova
forma de política no país, após a ditadura militar.
Porém,
de tudo que vivemos no cenário das lutas desde as grandes greves, iniciada
pelos metalúrgicos da Scania em 1978, até os dias de hoje, aquele sete de abril
ficou marcado em nossas mentes como um dos dias mais tristes em nossas vidas.
Um dia que pude observar e chorei junto com milhares de pessoas, ao nos despedir
de Lula, sem saber o que ia ocorrer depois.
Jamais imaginávamos que aquele dia reservaria mais um capítulo sombrio no processo
político e de luta do país, pois já se passaram doze meses e ninguém sabe
avaliar ao certo qual será o resultado final de tudo isso.
Ao
escrever esse texto, faço com ele a minha homenagem nessa data que não pede
comemoração e sim um dia de revolta em favor a essa grande liderança popular e
dizer em alto e bom tom: AQUI ESTIVE E
AQUI ESTAREI PRESIDENTE, para junto com milhares de pessoas que lutam por
uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas, continuar lutando também
pela sua liberdade. LULA LIVRE JÁ!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
A maior derrota não é a condenação do Lula e sim a indiferença da maioria da classe trabalhadora que sempre se beneficiou com o resultado daquilo que ele sempre defendeu que sao os direitos trabalhistas.
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