Venho de inquietudes geradas por noites
de insônia e de desencontros. Uso o tempo, depois das atividades, para uma
viagem interior em busca do outro eu que se encontra sutilmente escondido. Quem
sabe brincando de roda com todos os personagens que criei em meus anos de vida.
Caso seja isso mando um recado ao dito cujo: “Eu também quero me divertir”!
Esse ano foi de muita tensão e ainda está sendo, o que me obriga a me reinventar
todos os dias.
Ao levantar olho pela janela e me pergunto:
Que país é esse que brinca com a realidade? Que povo é esse que ignora o perigo
da morte brincando com a vida? O que sobrará depois dessa onda fascista onde o mal
vadia no quintal de casa e seus adoradores zombam do ato de viver? Seremos melhores
seres em vida? Saberemos usar melhor o tempo? Saberemos traduzir o que é o
amor?
De cara um desafio. Ficar em casa
preservando a vida ou ainda evitando de contaminar quem encontrar, ou ceder às vontades
de ir para a noite no aconchego de mais uma comemoração pela vida? Paro, penso
e continuo a pensar. Milhares de pensamentos me vêm à cabeça, mas a certeza de
que em vida ainda tenho muitos sonhos a realizar e um deles é continuar
vivendo...
Quem somos afinal? O ser que mostra ser
ou o que se busca para existir? O ser que ilumina a escuridão de alguém ou o que
busca luz para viver? O ser que se acha completo ou o que busca no amor uma
forma de se completar? Enfim, quem somos e o que seremos? Onde estamos e para
onde vamos?
Somos o que chegamos até aqui, como
resultado de nossas escolhas e da nossa forma de pensar e agir, porém com a
esperança que possamos ser o que guardamos em sonhos novos e antigos. Somos fragmentos
do tempo. Partículas do ar na imensidão da vida. Somos o que foi possível ser. Somos o ontem,
misturados com o hoje, tentando seduzir o amanhã para que cheguemos lá e
exploremos o mundo.
Somos uma composição de achados e
perdidos, de encontros e desencontros, que vão tecendo a colcha de retalhos que
é a vida. Somos fogo e água. Somos poemas inacabados em busca de par. Somos a
letra de uma canção que compusemos em noites de amor, mas que nas bordas trazem
nossas inquietações com o que ainda não aconteceu ou que nos fez chorar.
Nesse momento eu quero pouco. Quero uma manhã
ensolarada, com um regar das plantas em busca de alimento para a alma e um café
da manhã numa casinha de fogão de lenha acompanhado de quem me faz bem para
fazer a vida valer a pena e alguns passos em direção à liberdade de viver, numa
busca contida de respostas para os pensamentos da noite.
Enquanto eu sonho vou cantarolando um
trechinho de música, ainda inacabada, que fiz para uma fada que me prometeu me
levar ao paraíso em vida e ainda não fez. Estarei dormindo ou acordado? Fadas
existem? Na dúvida quero deitar novamente e ter o prazer de dormir com a cabeça
tranquila e o coração palpitando para o que me planejei realizar amanhã.
Vem comigo. A vida é simples, mas o
sonho é sofisticado. Construir uma nova sociedade a várias mãos onde o ato de viver
ou morrer dependa apenas do Criador e não de quem nos rouba todos os dias o
direito à vida com dignidade. Caso venha eu te espero enquanto leio versos do
Drummond e ouvindo Por uma Folha, que é uma viagem à nossa existência. Até
daqui a pouco...!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
Me sinto um peixe grande num lago pequeno. É como se tivesse amigos maravilhosos que sentem a dimensão do amor era vida em todas as artes, mas perto de mim só restassem os ladrões de oxigênio. Aqueles que vendo sua própria mesquinhez, ao invés de melhorar a si mesmos preferem arrastar-nos para junto no lodo
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